domingo, 25 de outubro de 2009

Total apoio à chapa QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA

CARTA DE APOIO À CHAPA
QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA
PARA O CENTRO ACADÊMICO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇA DA UFRJ



Em seus 70 anos de existência, a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) – outrora Escola Nacional de Educação Física e Desportos – se constitui nacionalmente em significativa referência para a formação de gerações de professores de Educação Física e recentemente Bacharéis em Dança. Durante esse período, o corpo discente esteve à altura dessa história, protagonizando eventos e situando-se na vanguarda das lutas, como a greve estudantil de 1956, a criação da União Nacional dos Estudantes de Educação Física, a resistência à Ditadura empresarial-militar, a realização de Encontros Nacionais e Regionais, a criação e consolidação da Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física etc.

A partir de 1990, a cartilha neoliberal imposta pelos organismos internacionais e a submissão dos sucessivos governantes brasileiros impulsionaram o processo de sucateamento da Educação Pública, materializado por meio de cortes de verbas, privatizações, terceirizações, aligeiramento da formação na graduação e na pós-graduação, intensificação da lógica produtivista, dentre outros. Nos anos 2000, acompanhamos mais ataques, como a Reforma Universitária do Governo Lula/PT, apresentada vagarosa e destrutivamente de maneira fatiada: Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior / Exame Nacional de Avaliação do Desempenho Estudantil (SINAES/ENADE); Programa Universidade Para Todos (Pró-Uni); Lei de Inovação Tecnológica; Parcerias Público-Privadas; Decreto das Fundações; e para sacramentar a adequação do Ensino Superior à divisão internacional do trabalho, travestido de democratização do acesso – o popular lobo em pele de cordeiro – o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Instituições Federais de Ensino Superior (REUNI), imposto através da força e da coerção sobre as comunidades universitárias em diversos locais do país.

Os dominantes lançam mão de diversos mecanismos para garantir a continuidade da ordem vigente. A aprovação da Lei que regulamenta a profissão de Educação Física em 1/9/1998 – em um mundo de trabalho cada vez mais desregulamentado – e a criação do famigerado sistema CONFEF/CREFs e suas estruturas fantoches estudantis como os CREFinhos e a CEEF-Br, visam jogar trabalhadores contra trabalhadores, funcionando enquanto um retrocesso para os profissionais de diversas áreas, como a Educação Física, a Dança, as Lutas, a Capoeira, a Yoga etc. Além disso, sua influência na fragmentação da formação em Licenciatura e Graduação ocorre de maneira camuflada porém nefasta.

Em tempos de crise estrutural da economia capitalista, vale reafirmarmos a importância de organizar a classe trabalhadora para enfrentar esses ataques que vêm de todos os lados – demissões, retirada de direitos, perseguições políticas etc. A juventude pode e deve ter um papel fundamental nesse contexto. O processo de ruptura com os velhos Movimentos Sindical e Estudantil em curso é importante de ser mencionado: a Central Única dos Trabalhadores e a União Nacional dos Estudantes são hoje instrumentos de sustentação da política de Lula/PT, ou seja, agentes políticos da classe dominante, que não nos servem mais. Nossa batalha para a construção do novo passa pela superação do velho e pelo enfrentamento aos nossos inimigos.

Diante do exposto, desde 2002 o Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ tem atuado para intervir com qualidade no dia-a-dia da EEFD, da UFRJ, do Movimento Estudantil de Educação Física, do Movimento Estudantil de Artes e nacionalmente no processo de construção de uma nova entidade estudantil nacional.

A conscientização política por meio de reuniões, Assembléias, panfletos, jornais O DARDO; as lutas em defesa das reivindicações estudantis, da Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, de melhorias na EEFD, contra os cursos pagos; a participação em Encontros Nacionais e Regionais de Estudantes de Educação Física e Nacionais de Estudantes de Arte; a organização de eventos como o III e o IV Simpósio; a articulação com o conjunto da juventude e da classe trabalhadora brasileira; o protagonismo das lutas contra a Reforma Universitária e o REUNI de Lula/PT, pela regulamentação do Trabalho e contra a regulamentação da profissão, a defesa da Licenciatura Ampliada em vez da fragmentação curricular; enfim a construção do Movimento Estudantil combativo, formativo e presente no cotidiano fazem parte da realidade do CAEFD-UFRJ.

Tive a oportunidade de participar das gestões 2004, 2005, 2006 e 2007, assim como acompanhar as gestões 2008 e 2009 dessa entidade. Finalizo essa carta ratificando meu total e irrestrito apoio à chapa QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA para a gestão 2010, certo de que se configura como uma opção coerente, coesa, combativa e classista.


Professor Gabriel Marques
Mestrando em Educação (UFRJ)
Professor de Ed. Física da rede estadual do RJ e da rede municipal de Saquarema-RJ

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

REUNI e ocupações de Reitorias

Recupero abaixo um texto de 21 de outubro de 2007, 2 dias depois da absurda adesão da UFRJ ao REUNI, com o Reitor falando nove vezes ao microfone para os conselheiros levantarem os braços em meio ao tumulto generalizado. Após isso, numa Assembléia improvisada com mais de 700 participantes, foi a intervenção do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, terceira fala do espaço, que defendeu a imediata OCUPAÇÃO da Reitoria da UFRJ, fortalecendo o novo Movimento Estudantil.

Um ano depois, no dia 30 de agosto de 2008, nova manifestação ocorreu no CONSUNI, dessa vez contra o Plano Diretor, também conseqüência da lógica nefasta do REUNI (http://movimentoquemvemcomtudonaocansa.blogspot.com/2008/08/barrar-o-plano-diretor-do-reuni.html). Antes disso, outras atividades aconteceram, como no dia 10 de abril (http://movimentoquemvemcomtudonaocansa.blogspot.com/2008/04/reitor-cancela-consuni-para-fugir-do.html) e no dia 12 de junho (http://movimentoquemvemcomtudonaocansa.blogspot.com/2008/06/12-de-junho-na-ufrj-sobre-namorados-e.html).


Alguma das Assembleias durante a segunda Ocupação da Reitoria em 2007.

Atualmente, diante dos sucessivos cortes de verbas, o próprio Ministro da Educação Fernando Haddad já explicitou que não há mais verbas para o REUNI. Várias vagas e cursos novos foram criados e estão com imensas dificuldades para ocorrer com qualidade. A luta hoje passa pelo enfrentamento à implementação do REUNI; na UFRJ, a campanha Revida, Minerva! foi organizada para potencializar a defesa da Educação Pública.



10/04/2008, época em que era representante estudantil no Conselho Universitário da UFRJ.


POR QUE AO REUNI EU DIGO NÃO


Gabriel Rodrigues Daumas Marques, em 21/10/2007*

Que os justos avancem
Solidários como abelhas
Aguerridos como feras
E empunhem todos seus nãos
Para instalar a grande afirmação

Mario Benedetti

Em 24 de abril do ano corrente, o Ministério da Educação lança o seu ‘Plano de Desenvolvimento da Educação’ (PDE), componente educacional do ‘Programa de Aceleração do Crescimento’. Inserido no PDE, o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, conhecido como REUNI, tem sido alvo de grandes polêmicas e mobilizações, por conta de seu nefasto significado de sucateamento da educação pública e chantagem com ‘esmola’ para adesão das Universidades Federais.

Discorrer acerca do REUNI requer uma análise da atual conjuntura em que vivemos. O Governo Lula/PT, reeleito por milhões de trabalhadores, não escolheu o lado dos oprimidos para governar. Desde o primeiro mandato, onde a coalizão governista já contava com representantes da classe patronal, inclusive na Vice-Presidência da República, o Governo tem seguido à risca a cartilha neoliberal, elaborada pelos organismos internacionais como Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Quando o Governo tucano de FHC não conseguia mais implementar as reformas necessárias para dar sobrevida ao sistema opressor em que vivemos, Lula/PT ganha força para cumprir as exigências da ordem vigente e da manutenção do status quo, principalmente por conta de sua origem nos movimentos sindicais e de sua relação tênue com os principais Movimentos Sociais do país, como MST, CUT e UNE, facilitando a tal ‘governabilidade’ com aliados que historicamente atacaram os trabalhadores e os estudantes e freando as possibilidades de lutas existentes.(1)

No ano de 2003, o Governo demonstra seu principal ataque, através da Reforma da Previdência, alegando ser esse sistema deficitário.(2) No final desse mesmo ano, um Grupo Inter-Ministerial vai apontar algumas diretrizes para a realização de uma Reforma Universitária. Portanto, em 2004 a reorganização dos trabalhadores e da juventude começa a dar saltos de qualidade. Apesar da ‘traição’ do Governo Lula/PT e do papel cumprido pela Central Única dos Trabalhadores (cujo presidente vai virar Ministro do Trabalho) e pela União Nacional dos Estudantes (realiza caravanas pelas Universidades defendendo a Reforma Universitária e a cada ano se concretiza como a Juventude do Mensalão), alternativas de luta começam a surgir, como a CONLUTAS e a CONLUTE, que têm sido importantes ferramentas que demonstram que os Movimentos Sindical e Estudantil não estão ‘comprados’ e vão defender os interesses maiores da classe trabalhadora.

Porém, apesar do anteprojeto de Reforma Universitária (PL 7200/06) até o presente momento não ter sido votado (teve quatro versões, foi paralisado por conta da crise do ‘mensalão’ e sua versão final foi colocada como caráter de urgência solicitado pela UNE), diversas medidas privatizantes já foram aprovadas, através de Decretos e/ou Medidas Provisórias. A Lei de Inovação Tecnológica (que coloca nossa pesquisa a serviço de interesses privados e não de conhecimentos essenciais para o conjunto da sociedade), o Programa Universidade Para Todos – ProUNI (que isenta as instituições ‘pilantrópicas’, abrindo vagas ‘públicas’ nas mesmas, enquanto poderia triplicar os estudantes nas federais com a isenção de impostos realizada para a educação como mercadoria), a Educação a distância (cada vez mais precarizando o ensino e diminuindo o papel do docente), o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior – SINAES, que tem como um dos componentes o Exame Nacional de Avaliação do Desempenho Estudantil – ENADE, que ranqueia as instituições para ‘premiar’ com verbas as que obtiverem melhores resultados, inclusive possibilitando que as particulares ingressem nessa concorrência.

Todas essas medidas demonstram afinadamente a política educacional com a econômica do Governo Lula/PT, que pagou mais juros da dívida e(x)terna em quatro anos do que FHC em oito; onde banqueiros comemoram a cada mês recordes de lucros. Nesse segundo mandato, portanto, os ataques vêm com maior força e o Decreto 6096/07, denominado REUNI, segue a lógica do ataque à educação pública.

No Decreto, o Governo se utiliza de bandeiras históricas dos Movimentos Sociais, como aumento de vagas, para demagogicamente tentar receber apoio. Porém, inserido na lógica de precarização do ensino público, o REUNI realiza uma chantagem financeira para que as Universidades Federais realizem a adesão. Infelizmente, os burocratas e Reitores de norte a sul do país têm acatado essa chantagem, aceitando a esmola de 20% de aumento de verbas (que, inclusive, no próprio decreto, coloca-se que dependerá da capacidade orçamentária e operacional do MEC – ou seja, nem esses 20% estão garantidos) e tentando ‘enfiar goela abaixo’ da comunidade acadêmica, com poucas discussões e deixando essas importantes deliberações a cargo de órgãos restritos como os Conselhos Universitários, que possuem uma estrutura arcaica e anti-democrática.

Felizmente, a nível nacional, o ANDES-SN (sindicato dos professores)(3), os estudantes organizados através da CONLUTE e da Frente de Luta Contra a Reforma Universitária e técnico-administrativos têm se mobilizado e fizeram com que a discussão fosse minimamente ampliada, pois, se dependesse do tripé Governo/UNE/Reitorias, essa adesão teria acontecido no próprio lançamento do PDE. Manifestações na UNIR, UFSC, UFJF, UFRGS, UFPR, UFMA, UFSM, UFF, UFMG, entre outras, têm acontecido e demonstrado que o REUNI não vai passar como o Governo esperava. Na UFRJ, foi proposto um Plebiscito para essa decisão, mas a Reitoria se nega a aceitar, pois sabe que a maioria da instituição é CONTRA O REUNI e quer construir uma Universidade pública e de qualidade.

O aumento da relação de 10 alunos para cada professor para 18/1, o índice de aprovação ser de 90% e a criação dos Bacharelados Interdisciplinares demonstram a lógica simplista de análise da realidade por parte dos setores conservadores que se dizem de esquerda. O PAC prevê praticamente congelamento do salário dos servidores (ou seja, dobra-se o trabalho sem aumentar o salário. Isso vai sobrecarregar a atividade docente, ou criar vagas através de educação à distância ou colocar estudantes da pós-graduação para lecionar). O índice de aprovação, que atualmente encontra-se em média de 60%, aumentar para 90% desconsiderando a inexistência de Bandejões, Alojamentos, Bolsas de Assistência Estudantil e Acadêmicas, é uma realidade que provavelmente será conseguida através da aprovação automática. E os Bacharelados Interdisciplinares, sob justificativa da especialização precoce, dentro de uma sociedade com índices de desemprego cada vez mais elevados e de desregulamentação do trabalho, tende a elitizar ainda mais a Universidade, bem como formar Bacharéis apenas para ter um ‘diploma de ensino superior’.

Na UFRJ, o Plano de Reestruturação e Expansão (PRE) é o reflexo do REUNI, ou seja, sua colateral. Por isso, dizer não ao anteprojeto é dizer não ao REUNI. E, no momento, a defesa da educação pública, passa por dizer NÃO AO REUNI, NÃO À REFORMA UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO LULA/PT, para que, após garantirmos a defesa contra esses ataques, possamos consolidar e construir conjuntamente a Universidade que queremos, com amplas discussões entre professores, funcionários e estudantes, bem como o conjunto da sociedade que se encontra à margem desse processo. Pontos como a transferência de todos os cursos para o Fundão são problemáticos, mas não podemos fazer a crítica apenas por conta do deslocamento ou da falta de segurança, e sim por conta do que significa a totalidade da implementação do REUNI, que está junto à Reforma Universitária privatizante.

A Reitoria da UFRJ ‘passou o rodo’ nos ‘debates’ promovidos e no dia 18/10, em seu Conselho Universitário, fez uma ‘votação’ absurda (4), gritando nove vezes para os conselheiros levantarem os braços, com a presença de seguranças que agrediram os manifestantes e da União Nacional dos Estudantes ‘Juventude do Mensalão’ que levou cerca de 40 pessoas mais os ‘vendidos’ Professor Fernando Amorim (que socou um estudante) e da representante do PT na UFRJ e que se diz sindicalista Ana Maria Ribeiro para criar tumulto entre os mais de 600 que participaram para dizer Não ao REUNI e solicitar um PLEBISCITO para decisão!

Portanto, estamos OCUPADOS na Reitoria da UFRJ e temos Assembléia na próxima segunda-feira, às 22:30 para encaminharmos as próximas atividades! A participação é fundamental e em todo o país a organização cresce e o Governo estremece.


E O REUNI NEOLIBERAL...
NÃO VAI PASSAR
EM NENHUMA FEDERAL

VAMOS À LUTA
É OUSADIA!
OCUPAÇÃO EM TODA REITORIA!

(1) Conceitos como ‘social-chauvinismo’ ou ‘bonapartismo’, demonstram historicamente o papel dos ‘tentáculos’ da burguesia nos Movimentos Sociais

(2) Para maiores informações demonstrando que a Previdência não é deficitária, Denise Gentil tem entrevistas em jornais locais da UFRJ (SINTUFRJ, AdUFRJ e UFRJ)

(3) DOSSIÊ DO ANDES-SN SOBRE O REUNI, COM DIVERSOS DOCUMENTOS, TEXTOS, ETC.: http://www.andes.org.br/dossie_reuni.htm

(4) Ver vídeo do CONSUNI de 18/10 na íntegra: http://tv.ufrj.br/consuni/

*Licenciado em Educação Física e Estudante de Pedagogia da UFRJ
Ocupado na Reitoria
Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mercadoria

Desde o ano passado, o capitalismo passa por mais uma de suas crises cíclicas, inerentes ao seu funcionamento. Mais uma crise estrutural, que afeta todo o setor produtivo e reprodutivo a nível internacional. Os dominantes pedem que juntos superemos a crise que eles mesmos criam por conta da lógica funcional de exploração da força de trabalho alheia para a obtenção de taxas de lucro. Porém, na verdade impõem que os fracos paguem pela crise, aumentando o desemprego, retirando direitos e aprofundando perseguições políticas. Aqui no Brasil, Lula afirmou que a crise seria uma marolinha e considera que estamos indo de vento em popa diante dos mega-eventos esportivos e da presença brasileira no cenário internacional em casos como a vaga no Conselho de Segurança da ONU e do abrigo político a Zelaya em Honduras. Porém, precisamos explicitar que o atual Governo garantiu recursos públicos para salvar empresários, banqueiros e latifundiários e sistematicamente nos ataca, garantindo a manutenção da ordem vigente e servindo como excelente marionete ao subsidiar a política imperialista enviando tropas militares para reprimir e massacrar a população pobre e negra do Haiti e possibilitar a continuidade do projeto neoliberal dos governos antecedentes, atacando a Educação e a Saúde Públicas, por exemplo. É necessário que os trabalhadores, mundialmente, elaborem uma resposta política à crise, apontando para a transformação revolucionária do sistema em que vivemos - opressor, cruel, desigual, degenerativo.

Abaixo um quadrinho que expressa o quão supérfluo é o patrão, o que aponta para nosso entendimento da possibilidade de superação da atual lógica e criação de nova divisão social do trabalho. Senhores, patrões, chefes supremos / Nada esperamos de nenhum! é um interessante trecho do Hino da Internacional Socialista para relacionarmos à extração de mais-valia realizada pelo capital. Segue também uma recente reportagem sobre os rastros da crise econômica. E, para refletirmos, uma bela composição de Gonzaguinha: "Comportamento Geral".




Crise levou 89 milhões de pessoas
à pobreza extrema, diz Banco Mundial *


*Publicidade
da France Presse, na Cidade do México
da Folha Online

A crise financeira internacional foi responsável pela entrada de 89 milhões de pessoas na faixa de renda correspondente à pobreza extrema, disse nesta terça-feira (20) no México o vice-presidente do Banco Mundial, Justin Yifu Lin.

"Antes da crise, o mundo tinha mais ou menos 1,4 bilhão de pessoas abaixo da linha de pobreza internacional, e a crise acrescentou ao menos outras 89 milhões de pessoas", disse Yifu Lin, em um seminário organizado pelo banco central do México.

Pobreza extrema é definida pelo Banco Mundial como a situação das pessoas em países em desenvolvimento que vivem com menos de US$ 1,25 (US$ 2,19, no câmbio de hoje) por dia. Os dados do banco sobre pobreza cobrem 96% das populações dos países em desenvolvimento.

As Metas do Milênio são um conjunto de diretrizes fixadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para reduzir pela metade, até 2015, os níveis da pobreza extrema de 1990. O programa inclui ainda a redução da mortalidade infantil e a garantia da sustentabilidade ambiental, entre outros objetivos.

Para combater a pobreza, os países em desenvolvimento devem ter uma economia "semelhante à dos países com alta renda", acrescentou Yifu Lin, de origem chinesa, e em tempos de crise devem manter uma política monetária "mais pró-ativa", dado que o espaço para melhorar sua economia é maior.

Em um documento divulgado no último dia 5 pelo banco já constava a estimativa de que a crise econômica atual --a pior desde a Grande Depressão dos anos 30-- poderia deixar até 90 milhões de pessoas.

"A economia global tem mostrado sinais de recuperação, mas riscos permanecem. Em muitos países em desenvolvimento, o impacto sobre as pessoas mais pobres e vulneráveis está crescendo", diz o documento --que acrescenta que o progresso "duramente conquistado" sobre as metas do Milênio corre o risco de ser revertido.

"Para a proteção dos mais pobres, pedimos que os países-membros [do banco] cumpram seus compromissos de elevar a ajuda. Países em desenvolvimento desempenham um papel importante na recuperação global e seu progresso será essencial para o crescimento futuro", diz o documento.

 
Comportamento Geral

Gonzaguinha

Composição: Gonzaguinha

Você deve notar que não tem mais tutu
e dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
e dizer que está recompensado
Você deve estampar sempre um ar de alegria
e dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
e esquecer que está desempregado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

E um Fuscão no juízo final
Você merece, você merece

E diploma de bem comportado
Você merece, você merece

Esqueça que está desempregado
Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

domingo, 18 de outubro de 2009

O jogo do século*

Excelente e descontraído texto que me foi repassado há um tempo. Fica a certeza de que podemos intervir nesse time e virar o resultado!


Está prestes a começar uma grande partida de futebol! Capitalistas X Proletários. Esta partida que muitos estão chamando de “O Jogo do Século”. Karl Marx, o técnico de um dos times, em tom de provocação, chamou este jogo de “O duelo das classes”. Provocações à parte este tem tudo para ser um jogo limpo, com dois times de muita qualidade. Os capitalistas têm como principal arma a organização, e um grande aparato técnico fora de campo. Os proletários têm a seu favor a garra e a vontade, além de contar com a imensa maioria da torcida. O time não teve muito tempo para se reunir, por isso encontra-se bastante desorganizado.


E a bola rola...Os proletários começam fazendo pressão, o meio campo trabalha muito bem com Kautski jogando recuado, Rosa, Lênin e Gramsci dando um toque de qualidade e mantendo a posse de bola. 5 minutos de jogo, Lênin e Trotsqui fazem uma bela tabela pela esquerda, Lênin vai sair sozinho, mas é parado com falta na entrada da área pelo Czar.



Cartão amarelo para ele! Os Capitalistas estão recuados e os vermelhos aproveitam. Aos 17 nova tabela entre Trotsqui e Lênin, a jogada se repete, desta vez o Czar não alcançou Lênin que bate no ângulo GOLAAAAÇO!!!!! Mas parece que o Czar atingiu Lênin fora do lance, na comemoração, e não dá mais para ele. A torcida ameaça invadir o campo, é um momento de euforia no Estádio, mas o goleiro Stálin pede para a torcida se acalmar, põe a bola debaixo do braço e se encaminha para o meio do campo, Trotsqui tenta impedi-lo e os dois discutem no meio do campo! Mas o que é isso?! O juiz separa os brigões e conversa com os dois capitães, Stálin e Tio Sam, parece que chegaram a um acordo, o juiz caminha na direção de Trotsqui e o expulsa! Stálin aplaude e o jogo está pronto para recomeçar.



Foi dado o reinício, e os proletários não são mais os mesmos, parecem ter ficado abalados com a perda dos dois principais jogadores. Os laterais Proudhon e Bakunin continuam a demonstrar a mesma disposição de jogo, mas nunca estão bem posicionados, ou estão muito avançados ou muito recuados. E o apagão no meio campo favorece ao time dos capitalistas que agora passeia em campo. 36' de jogo Franco entra na área e chuta uma bola despretenciosa, fácil para o goleiro... Stálin tá olhando para onde?! A bola entrou e o goleiro estava olhando para o outro lado. É gol dos Capitalistas...Os proletários ainda conseguem segurar o resultado até o intervalo. Fim de primeiro tempo Capitalistas 1 X 1 Proletários.



Os dois times vão para os vestiários, Karl Marx é impedido de ir ao vestiário passar instruções ao time, que absurdo! Mas Stálin, muito solícito, pega as informações com o técnico para passar aos seus companheiros. Marx parece muito alterado e a polícia decide retirá-lo do estádio junto com Engels, seu auxiliar. Tudo pelo bem do clássico, não pode ter confusão, ordem por favor camaradas! Adam Smith, o técnico adversário, aplaude a atitude da polícia e desce com sua equipe para o vestiário.



Os times voltam a campo e vamos entrevistar o capitão Stálin: “- Qual vai ser a tática para ganhar o jogo?”



“- O time capitalista é muito bom, não temos condições de vencê-los, mas se ficarmos tocando a bola de lado até o fim do jogo, sem arriscar muito, talvez nós conseguiremos um empate, que à essa altura é um ótimo resultado.”



“- Quer dizer que a instrução do Marx foi esta?!”



“- Foi mais ou menos isso que ele quis dizer...”



Bom, falou o capitão Stálin, que agora estranhamente entrou na corrente dos Capitalistas, antes do início do jogo. Isso é que é fair-play, eles se cumprimentam, brincam, e vai começar o segundo tempo. Parece que os Proletários estão seguindo as instruções de Marx, e tocam a bola de lado, sem pretensão de atacar. Che Guevara corre feito um louco, isolado no ataque, mas ninguém passa a bola para ele. Mas Guevara pega a bola no meio campo e parte com tudo para o ataque, não tem ninguém com ele, ele faz uma bela jogada individual, bota entre as pernas do Tio-Sam, deixa Batista caído, e toca na saída do goleiro! GOOOLLLLL!!!!! CHE GUEVARA!!! Os Proletários estão na frente de novo! 14' do segundo tempo 2 X 1 !



Parece que o gol não acendeu o time, que continua apático. Ford e Keynes tocam a bola com muita categoria pelo time dos capitalistas, enquanto o ataque se movimenta muito bem com os sul-americanos Castelo Branco, Pinochet e Somoza, até que aos 19' Castelo Branco empata novamente. 2 X 2. Os capitalistas são só pressão, mas com 23' Che novamente tenta uma jogada heróica, partindo sozinho com a bola do campo de defesa, mas uma falta dura do Tio-Sam tira ele do jogo. A torcida vaia, o juiz não dá nem amarelo. Enquanto isso, Stálin olha para a torcida com uma cara de “não disse...”. Agora o moral dos capitalistas está mais alto do que nunca. Trocam passes como se estivessem treinando, até que Pinochet arrisca um chute da intermediária aos 28' e a bola passa entre os braços de Stálin, GOOOLLL!!!!!



Os capitalistas viraram o jogo, 3 X 2!! Os capitalistas comemoram muito! E vão pintar duas substituições no finalzinho. Sangue novo nos capitalistas, Reagan e Tatcher no ataque! E eles entram muito bem no jogo. Trocam bons passes e na primeira jogada perigosa...GOOOOLLL!!!! 4 X 2, tá ficando fácil!



A defesa está apática, entregando o ouro toda hora. Se não acabar o jogo vai ser goleada... 44', pode ser o último ataque, Reagan cruzou para Tatcher na área, mas Gorbachev se antecipa e ... marca contra ... É 5 X 2! Gol contra de Gorbachev, e o juiz bota a bola no meio e apita o final do jogo. Capitalistas 5 X 2 Proletários, a torcida sai do estádio calada...



(...e se desse para mudar o resultado desse jogo? Bom, o tempo não volta, mas a revanche sempre é possível, e nesse jogo, a bola está sempre rolando.)

Fonte: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=32538338&tid=2533089058864403350&start=1

* publicado no n°4

sábado, 17 de outubro de 2009

Comemorações do Dia do Professor

O Governador Sergio Cabral - vale ressaltar inimigo dos profissionais da Educação, adotando uma política de privatização da Educação Pública e arrocho salarial aos trabalhadores - transferiu o ponto facultativo de 15 de outubro para o dia seguinte (sexta-feira 16), em comemoração ao Dia do Professor. Com isso, os docentes da rede estadual de diversas escolas do Rio de Janeiro trabalharam na data comemorativa.


No Colégio Estadual Professor Ubiratan Reis Barbosa, em Nilópolis, na hora do recreio fomos recepcionados com um café da manhã e lembranças comemorando o nosso dia.



Eu com alguns dos colegas de trabalho das manhãs de quinta-feira no CEPURB.


Já em Saquarema, os trabalhadores da Escola Municipal Edilson Vignoli Marins tiveram uma confraternização em uma casa de festas local, que contou com a presença de DJ e bateria do SaquaBloco, animando a noite de 16 de outubro.


Eu com colegas de trabalho das noites de segunda e terça em Saquarema.


Com muita disposição e alegria, a bateria do SaquaBloco animou a noite repleta de samba.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DESEMPREGO

A divisão social do trabalho no capitalismo coloca, de um lado, proprietários do meio de produção, e do outro, trabalhadores que precisam vender sua força de trabalho para garantir o sustento e sobrevivência de sua família. Nessa dinâmica, a força de trabalho também funciona enquanto uma mercadoria, comprada por meio do pagamento de salários. Portanto, para a ordem vigente, é essencial a existência de um exército industrial de reserva, ou seja, trabalhadores desempregados, possibilitando que salários baixos, retirada de direitos trabalhistas e péssimas condições de trabalho sejam a realidade dos oprimidos.



Conseqüências maléficas como a fome se multiplicam diariamente.

Estamos diante de um cenário em que quase metade da humanidade vive com condições elementares insuficientes, enquanto mais da metade dos bens produzidos está concentrada nas mãos de exclusivamente um décimo da população mundial. Os dados do desemprego são extremamente limitados, pois excluem aqueles que estão no mercado informal ou aqueles que exerceram qualquer atividade remunerada na semana anterior à pesquisa. Recupero abaixo um texto que escrevi após uma propaganda televisiva de criação de 5 milhões novos postos de trabalho, no dia 30 de junho de 2006, ainda no primeiro mandato do Governo Lula/PT, certamente agente político dos empresários, banqueiros e latifundiários; portanto, inimigo dos trabalhadores! Como complemento ao título, mais um brilhante poema de Bertolt Brecht.


Diminuiu o desemprego aí? Favor refletir!*

Sexta-feira de manhã: hora de ir para a faculdade.

No primeiro ponto, diversos micro-ônibus passam e reparo: não há trocador, o motorista realiza duplo trabalho. Mas será que ele recebe dobrado?

Aguardo mais um pouco; eis que surge o "transporte alternativo" - uma kombi, cuja passagem é menos cara que a do ônibus. Mas por que há "alternativa" de transportes?

Por toda a Rua Dias da Cruz, diversos "camelôs" começam a expor suas mercadorias, carretas de churros ou sucos vagam de um lado a outro, enquanto trailers dos populares "podrões" estão fechando após trabalhosa madrugada. Por que o mercado é informal?

Desço da kombi e preciso atravessar a linha do trem, para chegar ao ponto final do 696 (Méier-Fundão - diversos microônibus): em cinco minutos, recebi nove propagandas de empréstimos, hospitais ou planos de saúde PRIVADOS, mães-de-santo) distribuídas por panfletadores (conta para os empregos criados?); três simpáticas meninas tentaram me convencer a adquirir crédito na Taií ou Fininvest (será que elas têm salários? Ou ganham por comissão em cima dos juros que pagaremos pelos empréstimos?), além de diversos produtos expostos na passarela por outros e mais "camelôs".

Ufa: consegui meu lugarzinho sentado no ônibus com trocador, mas ele começa a lotar: estudantes e trabalhadores pagam passagem para ir em pé! Por que não há mais ônibus na frota? Será que diminuiria a taxa de lucro do "dono", "ameaçada" pela concorrência "alternativa" de vans e kombis?

Quase "caindo numa sonequinha", ouço uma voz: "Bom dia, senhores passageiros..." (e o resto todos já conhecem). Um "mercado itinerante" oferecendo produtos a 1 real, fato que ocorreria mais uma vez antes de chegar ao Fundão, com outro "mercado itinerante".

Chego na Escola de Educação Física e Desportos e deparo-me com a seguinte situação em uma Universidade Pública: funcionários da limpeza e da segurança que NÃO são servidores públicos, mas terceirizados! Quanto será que as empresas estão ganhando sobre cada um deles???

Vou para a sala de aula, sabendo que em breve (no máximo, 2 anos) o professor não mais estará lá, pois ele é contratado TEMPORARIAMENTE! E vem aí fortalecida a Educação à distância, que não é presencial! Vamos acabar com os professores... Dá-lhe Reforma Universitária! Apoiada por aquela que se diz representante dos estudantes: a UNE, que hoje não passa de fábrica de carteirinhas, e trai os estudantes brasileiros!

"Parabéns", Governo Lula! Mas esses 5 milhões de empregos não afetaram a realidade ao meu redor. Vou perguntar aos meus colegas de ORKUT e de e-mail de outros locais do país, para saber se apenas no Grande Méier (região em que resido) que não chegaram mais empregos!

É, galerinha, e o "exército de reserva" cresce cada vez mais querendo EMPREGO! Mas há espaço para todos e todas nesse mercado? Certo que não. TRABALHO? Com certeza há, mas com essa divisão não sei onde vamos parar.

*Gabriel Marques, em 30/06/2006
 
 
Esse Desemprego!


Meus senhores, é mesmo um problema
Esse desemprego!
Com satisfação acolhemos
Toda oportunidade
De discutir a questão.
Quando queiram os senhores! A todo momento!
Pois o desemprego é para o povo
Um enfraquecimento.
Para nós é inexplicável
Tanto desemprego.
Algo realmente lamentável
Que só traz desassossego.
Mas não se deve na verdade
Dizer que é inexplicável
Pois pode ser fatal
Dificilmente nos pode trazer
A confiança das massas
Para nós imprescindível.
É preciso que nos deixem valer
Pois seria mais que temível
Permitir ao caos vencer
Num tempo tão pouco esclarecido!
Algo assim não se pode conceber
Com esse desemprego!
Ou qual a sua opinião?
Só nos pode convir
Esta opinião: o problema
Assim como veio, deve sumir.
Mas a questão é: nosso desemprego
Não será solucionado
Enquanto os senhores não
Ficarem desempregados!

Bertolt Brecht

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Inauguração do Blog Além do Trivial

Hoje inauguro o blog Além do Trivial, numa data repleta de significados: 15 de outubro é Dia do Professor. Apesar de pouca afeição às datas, inicio essa primeira postagem agradecendo a todos aqueles com quem tive a oportunidade do convívio ao lecionar. Certamente pude aprender com cada um de vocês, na Escolinha de Futsal do Grajaú Country Club (2004); nas Colônias de Férias no Sport Club Mackenzie (2005 a 2009) e na Creche Escola Esperança do Amanhã (2007); nas aulas de Natação do Projeto de Extensão de Atividades Aquáticas da EEFD-UFRJ (2006); e nas aulas de Forró do Projeto COMUNIDANÇA (2007); na Prática de Ensino no Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, em Copacabana (2006); e no Colégio Pedro II, Unidade Engenho Novo II (2007); como professor de Educação Física no Colégio de Aplicação da UFRJ (2008); e atualmente no Colégio Estadual Professor Ubiratan Reis Barbosa, em Nilópolis; e na Escola Municipal Edilson Vignoli Marins, em Saquarema.


Para além dos presentes e congratulações, é demasiadamente gratificante e satisfatória a prática docente. Educar é um ato de amor, mas principalmente um instrumento de luta para criticarmos, questionarmos e subvertermos a atual organização da sociedade, cujas características se baseiam na exploração, na opressão de uma pequena parcela sobre a maior parte da população mundial, gerando conseqüências maléficas, como a fome, a miséria, o desemprego, a violência etc. As escolas precisam se entender enquanto síntese de uma complexidade que aglutina professores, funcionários, estudantes, pais e responsáveis, ou seja, a comunidade escolar em sua totalidade, para que avance no processo de conscientização e transformação efetiva da realidade. Por fim, parabéns a todos os educadores!


É minha pretensão utilizar esse blog como um espaço crítico e reflexivo, que se choque com o habitual, cuja tentativa é naturalizar a ordem vigente em nossos corpos, mentes e corações para a reprodução. Influenciado pelas palavras sempre inspiradoras do poeta Bertolt Brecht, cujo poema “Nada é impossível de mudar” me ajudou a chegar ao título desse veículo de comunicação, corto a fita para inaugurarmos Além do Trivial, com um simples poema de minha autoria, pretendendo sempre que possível atualizar e aguardando comentários e contribuições.


Além do Trivial

Nessa luta internacional
o desafio é enorme pois
almejamos uma ruptura radical
enquanto trabalhadores bravam por
uma nova ordem social
os dominantes decidem
a capa do próximo jornal

Se perguntamos
respondem que é normal
se questionamos pedem
calma é natural
se confrontamos
sempre foi é e será assim o habitual

Apesar de forças ocultas e explícitas
insistimos prosseguimos enxergamos e lutamos
além do trivial
aceitamos somente uma constatação
para um novo amanhã nossa estrada
é além do capital

Gabriel Marques



Nada É Impossível De Mudar

Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

Bertolt Brecht