Desde a final da Taça Guanabara do ano passado, quando o Botafogo venceu a equipe do Resende por 3 x 0, não comparecia ao Maracanã, já que os jogos do clube têm sido no Engenhão. Estive nas finais da Taça Guanabara de 2006, 2009 e 2010 e na da Taça Rio em 2007 e saí comemorando título nas quatro ocasiões.
Alguns fantasmas acompanhavam fortemente o Glorioso: uma goleada de 6 x 0 semanas antes para o suposto time da virada em pleno Engenhão; dois anos depois, o retorno do árbitro Marcelo de Lima Henrique no sorteio para a arbitragem da final (o mesmo da decisão da Taça Guanabara de 2008, que garfou escandalosamente o alvinegro); e o binômio desconfiança-impaciência da oscilante torcida do Botafogo, boa parte acostumada a acompanhar o Fogão apelas pelo sofá!
Mas o domingo de 21 de fevereiro foi dos caça-fantasmas! O árbitro do chororô quase influenciou negativamente no primeiro tempo ao não marcar pênalti claríssimo em cima de El Loco Abreu, mas acertou ao expulsar o gângster Nilton – que merece uma severa punição após a falta criminosa – e marcar o pênalti de Titi e expulsá-lo. A Sofá-Fogo não compareceu em muito peso; estava em menor número que os vascaínos, mas apoiou o Fogão durante toda a partida, cantando, incentivando e vibrando com mais uma conquista, fazendo muito mais barulho que a torcida da Colina. Ainda há muitos daqueles que insistem em ir ao Maraca para assistir ao jogo sentadinho, vício dos dias que ficam sentados nos sofás! E certamente o Ghostbuster Joel Santana mostrou sua Estrela, referendando sua campanha em finais de turno.
Confesso que não sou muito fã de Joel, mas preciso destacar que nosso novo técnico conseguiu acertar a defesa do time e criar um estilo de jogo com o cartel – fraco para a história gloriosa do Botafogo, diga-se de passagem – que já demonstrara garra e dedicação para eliminar a urubuzada na semifinal e fazer uma boa campanha nos jogos restantes da primeira fase. Algumas contratações, como já se anunciam, são necessárias. Assim como um patrocinador, pois o Botafogo tem sido divulgado internacionalmente com seu ataque Mercosul e tem uma história a contar e ainda em curso para ser construída. Todavia, o que o Botafogo deve investir com seriedade é no aproveitamento da garotada. O goleiro Renan, o lateral-esquerdo Gabriel, o meia Wellington Junior e o agora xodó Caio devem receber chances para crescer profissionalmente e a torcida precisa apoiar e ter paciência com as pratas da casa!
Retornando ao jogo de domingo, dia de Maracanã, tivemos a certeza de que os 6 x 0 foram bem retribuídos. Phelipe Coutinho e Carlos Alberto firularam e não produziram nada. Dodô novamente sentiu a pressão de enfrentar a torcida alvinegra e viu que está no clube certo para ser vice-campeão! Aos vascaínos, portanto: Uh, aceita! Porque Vice é o Vasco! E no Maracanã o Bacalhau virou Sardinha! Infelizmente há ainda muitas pessoas que insistem em levar resultados e gozações para a porrada! Precisamos aprender e entender que o futebol deve ser um espetáculo harmônico. Entre as torcidas, precisa-se de paz. A guerra que precisamos é em outra instância: contra a fome, a miséria e as mazelas que se multiplicam pela base opressora e cruel em que vivemos.
Ao conjunto do time do Botafogo falta habilidade, qualidade no passe e criação de jogadas, dentre outros fatores. Talvez o atual quartel seja o pior dentre os quatro grandes do Rio. Mas não faltou determinação, garra e atitude para que em menos de uma semana derrotássemos os campeões brasileiros das Séries A e B e nos tornássemos com categoria bicampeões da Taça Guanabara. Ao finalizar o Estadual, teremos estado em pelo menos 12 das 15 finais, vencendo por enquanto 1 Estadual, 2 Taças Rio e 3 Taças Guanabara. Uma regularidade bastante relevante, que pode avançar com mais conquistas e servir como exemplo para as competições nacionais.
*Gabriel Marques, botafoguense desde 30/05/1985.