sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pra ficar legal? Que os sonhos transcendam as urnas!*

Semana passada prestei atenção em alguns momentos do debate entre os quatro dos nove candidatos à Presidência da República (por que não convidam todos os candidatos e não chamam um defensor do voto nulo?). Hoje novamente me esforcei para ouvir as “propostas” e as “diferenças” entre os candidatos ao Governo do Rio de Janeiro. No todo, um saldo positivo dos debates na rede Bandeirantes! Mais do mesmo. Mais da mesmice. Mais da enrolação. Mais do continuísmo. Mais da conservação. Mais da ilusão. Mais da exploração.

            Conhecido internacionalmente por belas paisagens, excelentes e animados Carnavais e pelo bom futebol, o Rio sofre absurdamente as contradições e conseqüências inerentes à lógica do sistema opressor e desigual em que vivemos. A ordem do capital modifica os personagens: Moreira Franco, Marcello Alencar, Anthony Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Matheus, Sergio Cabral... Todavia, mantém o conjunto da população silenciado, cabisbaixo, com medo e refém das escolhas que privilegiam o continuísmo, obviamente com apoio duma mídia televisiva e impressa lacaia dos dominantes.

            O atual governador afirma orgulhosamente que dirige o “Rio que enxerga a paz, a parceria e a união”, apoiado pela maioria maciça das Prefeituras e pelo Governo de Lula e futuramente Dilma. E continuará dirigindo, pois o circo está montado para Cabral Filho perdurar até 2014. Fernando Gabeira, que se auto-afirmou contundentemente como “o ex-Gabeira”, que não quer fazer a Revolução Socialista, algo do século passado, que não precisa definir uma identidade, pois isso é coisa de adolescente. É “o novo Gabeira que precisa fazer alianças para chegar ao poder”, alianças essas sem escrúpulo algum, com os direitistas PSDB de José Serra e DEM de César Maia. O outro Fernando – Peregrino – não passa de um fantoche na tentativa de defender a família Garotinho e recuperar parte de seu prestígio e influência políticas. O PSOL, apesar de se encontrar no campo anti-governista, esbarra na institucionalidade, na crença no Parlamento por meio do “voto consciente” e não avança na apresentação de uma real alternativa para a classe trabalhadora. Seu candidato à Presidência falara que o PSOL é o PT de antigamente. Hoje eu me pergunto: como pude acreditar nesse projeto em 2002 e 2004?

            Durante a troca de farpas e acusações, problemas cotidianos jamais vivenciados por aqueles senhores são levantados única e exclusivamente para a disputa de votos, já que depois de eleitos governarão para manter o status quo e no máximo apresentarão alguns paliativos para aparecer nos jornais. Antes de finalizar, apenas alguns pontos marcantes:

  • Cabral explicitou que colocou 30.000 professores em sala de aula. Quantos desses já pediram exoneração em virtude das péssimas condições de trabalho e do salário líquido inicial de pouco mais que R$600,00?
  • Quanto custou aos cofres públicos e quem realmente saiu beneficiado com os aluguéis dos aparelhos de ar condicionado para climatização das salas de aula e dos computadores para o corpo docente?
  • Os reajustes das passagens de trem, metrô, barcas e ônibus caminha na mesma proporção que os reajustes salariais da classe trabalhadora?
  • Por que mais uma obra do Maracanã para atender aos interesses da Fifa por conta da Copa do Mundo de 2014, que fará diminuir ainda mais a capacidade do estádio? Ou seja, menos torcedores poderão apreciar um jogo de futebol no espaço.
  • Se a chuva é natural, a catástrofe é social? Certamente! No século XXI, não temos condições de garantir moradias dignas, em áreas sem risco, para o conjunto da população? Mas as tragédias, nas quais vidas foram perdidas, no Morro do Bumba e em Ilha Grande serviram para clamar pela solidariedade da população e continuar sua “pacificação” sob os moldes de “Choque de Gestão”.
  • De onde vêm e virão os milhões de reais para financiar as campanhas de Cabral e Gabeira?
  • Segundo Cabral, o Rio hoje é de paz. Como ele explica a morte de crianças e jovens por balas perdidas e intervenções policiais? Ou sua própria postura “pacífica” ao denominar como “fábricas de marginais” mães moradoras de favelas e periferias; “vagabundos” os médicos; e “otário” um garoto de 17 anos que questiona?
  • Por fim, Gabeira ratifica que abre mão de sua história, jogada no lixo ao aliar-se com o DEMônio e o PSDB. Classifica de trágica a situação de países onde houve tentativas de construção do socialismo. Nosso Rio de Janeiro, sob os marcos capitalistas, conseguirá superar a atual tragédia em que se encontra?
             Pra ficar legal? A gente quer o melhor, Sergio Cabral! E o melhor é um Rio sem você, Gabeiras, Peregrinos, Garotinhos nem Maias ou Paes! No dia 3 de outubro, eu, como militante do Coletivo Marxista, anularei meu voto para Presidente, Governador, Senadores e Deputados Federal e Estadual. Nossos sonhos, de um Rio e um Brasil sem patrões e sem marionetes como os candidatos apresentados, não cabem nas urnas!

*Gabriel Rodrigues Daumas Marques
VOTO NULO EM 2010!

3 comentários:

  1. Eu queria ter visto o debate,mas como vc mesmo disse é sempre a mesma coisa... não perdi nada... rsrs... Sabe não tenho ideais socialista, nem faço parte do coletivo marxista, mas tbm pretendo anular meu voto, pq é indignante ter que escolher entre esses canditados... o melhor seria nem votar, ma infelizmente não temos liberdade pra fazer essa escolha!

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  2. Assistir o debate,e infelismente,o espetáculo tragicomico se mantem.Mesmo com a mudança de alguns personagens,o enredo torna desafiador permanecer focado em busca de algum elemento distinto.Sempre os mesmos questionamentos;uma série de acusaçoes e poucas propostas.Mesmice.No entanto,sou contrário ao voto nulo.É nulo em todos os aspectos.Nos torna mais impotentes.Precisamos sim,votar!Não apenas votar,mas também,participar ativamente do contexto político,reinvindicando,precionando..VOTO CONSCIENTE!!!

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  3. Estou pensando em anular meu voto para governador e deputado. Já para presidente eu gosto da Marina, mas ainda não tenho certeza se votarei nela. :x
    Porém tenho consciencia que independente de quem for ocupar o Executivo não melhorará o Brasil como queremos. E dependendo de quem ocupar o cargo ainda poderá ser pior, como o Serra.
    Mas infelizmente a política é assim, feita de aliança fortes e onde só estes ascendem. :/

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