sexta-feira, 10 de março de 2017

Exaltemos o Niltão! Abaixo o cretinismo clubista!

Exaltemos o Niltão! Abaixo o cretinismo clubista!

Gabriel Marques
Botafoguense desde 30 de maio de 1985
Autor do livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”

                Uma desnecessária e mesquinha polêmica tem aparecido nas redes sociais e no jornalismo esportivo nas últimas semanas.

No Estado do Rio de Janeiro, nas últimas décadas, acompanhamos milionárias obras que absurdamente utilizaram recursos públicos, diminuíram a capacidade do até então maior Estádio do mundo, retiraram a sua folclórica geral, culminando com sua transferência para a iniciativa privada. Em suma, o resultado do legado dos megaeventos esportivos para o Estádio Jornalista Mario Filho foi sua adequação ao elitista padrão FIFA e sua subutilização, não apenas afastando muitos torcedores devido aos altos preços dos ingressos, como também não sediar jogos devido à ausência de acordos com o consórcio que nos tomou de assalto o querido Maracanã!

Seguindo algumas estações da linha de trem, em virtude da realização dos Jogos PanAmericanos, em 2007, houve a construção de um novo Estádio na Cidade Maravilhosa. Bastante ouvido pela voz de Jorge Ben Jor, o suburbano bairro Engenho de Dentro ficou nacional e até mesmo internacionalmente famoso, recebendo shows como da banda Guns N’ Roses e do ex Beatles Paul McCartney e sendo o palco de emocionantes momentos nos Jogos Olímpicos de 2016, como as vitórias de Usain Bolt no Atletismo. Contudo, estes marcantes momentos estão precedidos de algumas histórias importantes.

Em 2007, foi aberto um edital de licitação para administração do então denominado Estádio Olímpico Municipal João Havelange, que recebeu a alcunha de Engenhão devido à localização geográfica. Neste mesmo ano, apesar da divulgação midiática sobre interesses de Fluminense e Flamengo, o único concorrente ao edital, sagrando-se vencedor, fora o Consórcio Botafogo. Estabelece-se, assim, uma relação de concessão para administração por duas décadas, vinculada ao Botafogo de Futebol e Regatas. Portanto, durante este período, a casa está alugada e pertence ao Glorioso – que inclusive foi o maior prejudicado quando os governos estadual e municipal do PMDB forçaram a suspensão temporária da concessão, sob a infundada alegação do risco de queda de sua cobertura. Passados este absurdo e os Jogos Olímpicos 2016, o Estádio ganhou vida nova. Com significativa adesão da torcida, o Estádio ficou a cada dia mais alvinegro, com a bela Estrela Solitária brilhando por diversas partes, com tremendo potencial de ser um trunfo para belíssimas campanhas do Fogão.

Como vocês perceberam, o nome de 2007 nunca teve forte adesão. Não por João Havelange ser tricolor, mas pelo fato do ex-mandatário da FIFA e seu ex-genro e ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira serem cartolas conhecidos por medidas contrárias ao futebol para o povo e por terem envolvimento em casos de corrupção mundo afora. O nome do Estádio era um incômodo, um engodo para os verdadeiros amantes do Futebol. Foram realizadas campanhas públicas defendendo a retirada da homenagem a João Havelange. Houve inicialmente uma proposta pelo nome de João Saldanha. Em seguida, a Câmara de Vereadores rejeitou o nome de Nilton Santos, após projeto de lei apresentado pelos vereadores Paulo Pinheiro e Renato Cinco (PSOL) e Marcelino de Almeida (PROS). Apesar dos apelos da população carioca, os governantes só recuaram na defesa do antigo nome após o FBI entrar em cena, incluindo oficialmente os nomes de João Havelange e Ricardo Teixeira em esquemas internacionais de propina.

Créditos: Botafogo de Futebol e Regatas. Disponível em: http://www.botafogo.com.br/estadioniltonsantos/index.php?cat=estadioniltonsantos#ad-image-17 

Apesar de aproximadamente dez anos de vida, é nesse conturbado contexto que a partir de 2016 podemos dizer que o Estádio Nilton Santos se consolida como um importante local para o futebol carioca e brasileiro – até mesmo porque é uma das poucas obras dos megaeventos esportivos que tem sido bem utilizada. Pois bem, se temos vida nova, podemos e devemos exaltar seu novo nome. Nilton dos Santos, durante sua carreira, vestiu duas camisas no Futebol: a do Botafogo e a da Seleção Brasileira. Marcou presença em quatro Copas do Mundo, sagrando-se bicampeão mundial. Conhecido como A Enciclopédia do Futebol, o camisa 6 também é considerado o maior lateral esquerdo da história deste esporte que envolve bilhões de apaixonados por todo o mundo. Uma das histórias inclusive aponta que foi o pivô da contratação do Mané Garrincha, após este ter lhe aplicado um ovinho durante o treinamento. Além da estátua no Setor Oeste do Estádio que agora recebeu seu nome e diversas outras homenagens, Nilton Santos publicou o livro “Minha Bola, Minha Vida” e é enredo do filme “Ídolo”. Infelizmente, muitos de nós não tivemos a grata oportunidade de vê-lo nos gramados com as bolas nos pés e revolucionando a posição de lateral esquerdo ao rumar para o ataque e marcar gols. Mas basta perguntar a pais, avós ou consultar a história do Futebol, que perceberemos que a homenagem é deveras merecida.


Portanto, é fundamental que nós, botafoguenses, contra tudo e contra todos que, por pirraça, desconhecimento, ou inveja, insistam em utilizar outro tipo de nomenclatura, exaltemos o apelido Niltão! Nas redes sociais, nas conversas, nos locais de estudo e trabalho, podemos e devemos ressaltar que houve um rebatizado e agora temos no Engenho de Dentro o ESTÁDIO NILTON SANTOS. E você, torcedor de outros times, que tenha alguma ética e ame o futebol, contamos com você nesta empreitada, até mesmo porque muitos ajudaram a criticar o nome anterior. Agora, quem não quer aceitar e inventar desculpas alegando que ‘o nome não pegou’ e seguindo o desserviço cumprido por parte da mídia, sinto muito, mas tal prática não passa de um cretinismo clubista.