Exaltemos o Niltão!
Abaixo o cretinismo clubista!
Gabriel Marques
Botafoguense desde 30 de maio de 1985
Autor do livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”
Uma
desnecessária e mesquinha polêmica tem aparecido nas redes sociais e no
jornalismo esportivo nas últimas semanas.
No Estado do
Rio de Janeiro, nas últimas décadas, acompanhamos milionárias obras que
absurdamente utilizaram recursos públicos, diminuíram a capacidade do até então
maior Estádio do mundo, retiraram a sua folclórica geral, culminando com sua transferência para a iniciativa privada. Em suma, o resultado do legado dos
megaeventos esportivos para o Estádio Jornalista Mario Filho foi sua adequação
ao elitista padrão FIFA e sua subutilização, não apenas afastando muitos
torcedores devido aos altos preços dos ingressos, como também não sediar jogos
devido à ausência de acordos com o consórcio que nos tomou de assalto o querido
Maracanã!
Seguindo
algumas estações da linha de trem, em virtude da realização dos Jogos
PanAmericanos, em 2007, houve a
construção de um novo Estádio na Cidade Maravilhosa. Bastante ouvido pela voz
de Jorge Ben Jor, o suburbano bairro Engenho de Dentro ficou nacional e até
mesmo internacionalmente famoso, recebendo shows como da banda Guns N’
Roses e do ex Beatles Paul McCartney e sendo o palco de emocionantes momentos
nos Jogos Olímpicos de 2016, como as vitórias de Usain Bolt no Atletismo. Contudo,
estes marcantes momentos estão precedidos de algumas histórias importantes.
Em 2007, foi
aberto um edital de licitação para administração do então denominado Estádio
Olímpico Municipal João Havelange, que recebeu a alcunha de Engenhão devido à
localização geográfica. Neste mesmo ano, apesar da divulgação midiática sobre
interesses de Fluminense e Flamengo, o
único concorrente ao edital, sagrando-se vencedor, fora o Consórcio Botafogo.
Estabelece-se, assim, uma relação de concessão para administração por duas
décadas, vinculada ao Botafogo de Futebol e Regatas. Portanto, durante este período,
a casa está alugada e pertence ao Glorioso – que inclusive foi o maior
prejudicado quando os governos estadual e municipal do PMDB forçaram a
suspensão temporária da concessão, sob a infundada alegação do risco de queda
de sua cobertura. Passados este absurdo e os Jogos Olímpicos 2016, o Estádio ganhou
vida nova. Com significativa adesão da torcida, o Estádio ficou a cada dia mais
alvinegro, com a bela Estrela Solitária brilhando por diversas partes, com
tremendo potencial de ser um trunfo para belíssimas campanhas do Fogão.
Como vocês
perceberam, o nome de 2007 nunca teve forte adesão. Não por João Havelange ser
tricolor, mas pelo fato do ex-mandatário da FIFA e seu ex-genro e ex-presidente
da CBF Ricardo Teixeira serem cartolas conhecidos
por medidas contrárias ao futebol para o povo e por terem envolvimento em casos
de corrupção mundo afora. O nome do
Estádio era um incômodo, um engodo para os verdadeiros amantes do Futebol.
Foram realizadas campanhas públicas defendendo a retirada da homenagem a João
Havelange. Houve inicialmente uma proposta pelo nome de João Saldanha. Em
seguida, a Câmara de Vereadores rejeitou o nome de Nilton Santos, após projeto
de lei apresentado pelos vereadores Paulo Pinheiro e Renato Cinco (PSOL) e
Marcelino de Almeida (PROS). Apesar dos apelos da população carioca, os
governantes só recuaram na defesa do antigo nome após o FBI entrar em cena,
incluindo oficialmente os nomes de João Havelange e Ricardo Teixeira em
esquemas internacionais de propina.
Créditos: Botafogo de Futebol e Regatas. Disponível em: http://www.botafogo.com.br/estadioniltonsantos/index.php?cat=estadioniltonsantos#ad-image-17 |
Apesar de
aproximadamente dez anos de vida, é nesse conturbado contexto que a partir de
2016 podemos dizer que o Estádio Nilton Santos se consolida como um importante
local para o futebol carioca e brasileiro – até mesmo porque é uma das poucas
obras dos megaeventos esportivos que tem sido bem utilizada. Pois bem, se temos
vida nova, podemos e devemos exaltar seu novo nome. Nilton dos Santos, durante
sua carreira, vestiu duas camisas no Futebol: a do Botafogo e a da Seleção
Brasileira. Marcou presença em quatro Copas do Mundo, sagrando-se bicampeão
mundial. Conhecido como A Enciclopédia do Futebol, o camisa 6
também é considerado o maior lateral esquerdo da história deste esporte que
envolve bilhões de apaixonados por todo o mundo. Uma das histórias inclusive
aponta que foi o pivô da contratação do Mané
Garrincha, após este ter lhe aplicado um ovinho
durante o treinamento. Além da estátua no Setor Oeste do Estádio que agora
recebeu seu nome e diversas outras homenagens, Nilton Santos publicou o livro “Minha
Bola, Minha Vida” e é enredo do filme “Ídolo”. Infelizmente, muitos de nós não
tivemos a grata oportunidade de vê-lo nos gramados com as bolas nos pés e
revolucionando a posição de lateral esquerdo ao rumar para o ataque e marcar
gols. Mas basta perguntar a pais, avós ou consultar a história do Futebol, que
perceberemos que a homenagem é deveras merecida.
Portanto, é
fundamental que nós, botafoguenses, contra tudo e contra todos que, por
pirraça, desconhecimento, ou inveja, insistam em utilizar outro tipo de
nomenclatura, exaltemos o apelido Niltão!
Nas redes sociais, nas conversas, nos locais de estudo e trabalho, podemos e
devemos ressaltar que houve um rebatizado e agora temos no Engenho de Dentro o
ESTÁDIO NILTON SANTOS. E você, torcedor de outros times, que tenha alguma ética
e ame o futebol, contamos com você nesta empreitada, até mesmo porque muitos
ajudaram a criticar o nome anterior. Agora, quem não quer aceitar e inventar desculpas alegando que ‘o nome não
pegou’ e seguindo o desserviço cumprido por parte da mídia, sinto muito, mas
tal prática não passa de um cretinismo clubista.