domingo, 29 de agosto de 2010

Belezas Maranhenses - 21 a 28 de agosto

Sábado, 21 de agosto, parti do Rio de Janeiro para São Luís, capital do Maranhão. Começaria no dia seguinte o VIII Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, com a temática “Infância, Juventude e Relações de Gênero na História da Educação”, onde na segunda-feira 23/08 apresentei minha comunicação individual “O Compêndio de Gymnastica Escolar de Arthur Higgins: formulações e concepções pedagógicas para a educação do corpo no início do século XX”(1), primeiro trabalho que apresentei num evento do campo de História da Educação. Mesmo sendo o motivo da viagem, o trabalho passo a coadjuvante diante do que segue abaixo.

Como até a semana anterior meu pedido de apoio pelo Programa de Pós-Graduação da UFRJ não havia nem saído da Faculdade de Educação, por já ter apresentado meu trabalho na segunda e pelo fato do Maranhão reservar diversas belas paisagens, os demais momentos foram de turista. Já tinha reservado quinta e sexta para passeios e acabei ganhando a terça e a quarta!

Antes de discorrer sobre as belezas dessa Unidade da Federação, gostaria de registrar meus agradecimentos pela carona e pela hospitalidade da família da colega Ketruin e também aos combativos e hospitaleiros companheiros do PSTU-Maranhão(2) pelas dicas, pela companhia e por me abrigar durante esse período [principalmente Rielda Alves, a professora Vanda, o professor e ativista do movimento hip hop Hertz (Quilombo Urbano[3]), o candidato a deputado estadual Eloy, o candidato a Governador Marco Silva, Wagner, Felipe e a família da candidata a vice-presidente Claudia Durans].

Na capital maranhense, passei por bairros e localidades como COHATRAC, COHAB, Liberdade [90% da população negra, onde treinaram as malditas tropas brasileiras situadas no Haiti], Ponta d’Areia, Centro Histórico etc. Não consegui conhecer a UFMA nem a UEMA, instituições públicas de ensino superior. Além da capital, estive nas cidades de Alcântara, Raposa, São José de Ribamar e Barreirinhas. Como nem tudo são flores, é perceptível e lastimável a forte influência da oligarquia Sarney no Maranhão.

Como não dá para descrever, postarei algumas fotos para apresentar um pouco das belas localidades por onde passei durante a semana. Infelizmente, o Submarino não colaborou ao atrasar o envio da máquina digital que tive que comprar após a minha mergulhar na Praia do Cumbuco, em Fortaleza, no mês passado. Algumas fotos foram registradas pelo celular e outras por máquinas da galera.


Bar Adventure, na Avenida Litorânea. Noite de 23/08.


No catamarã de São Luís para Alcântara, Cidade Histórica. 22 km de puro balanço. Manhã de 24/08.

Do Mirante. Ao fundo, antigamente funcionava a Câmara no segundo andar e a prisão no primeiro. Hoje a Prefeitura funciona no prédio todo. Miscelânea curiosa da casa dos políticos com a cadeia...


Ruínas. Mar ao fundo. Alcântara já foi capital do Grão-Pará!

Essa parte tivemos de atravessar num barquinho. Até ajudei a remar. Depois de andar durante horas, almoçar, só sobraram cinco minutos para a praia antes de voltar pra São Luís. No trajeto, algumas pessoas viram um golfinho! Eu fui na frente do catamarã, tomando banho a cada sobe e desce nas ondas. Tarde de 24/08.

Município de São José de Ribamar. Essa é a Praia de Araçagy, onde os carros percorrem sobre a areia sem atolar. Nessa aí eu fui sozinho, depois da tentativa frustrada de conhecer Raposa. Quando cheguei, não havia mais passeio porque a maré não estava propícia. Mas valeu demais conhecer Araçagy e almoçar um peixinho frito bem baratinho com uma ventania excelente. Tarde de 25/08.

Belo pôr-do-Sol em São Luís. Entardecer de 25/08.
Uma das mais de 3.000 lagoas dos Grandes Lençóis Maranhenses. Município de Barreirinhas. Para chegar às lagoas, são 10 km de passeio num caminhão que sacode demais. O nosso atolou umas vezes. Além do motorista e do guia, eu era o único brasileiro no grupo, que contava com um português e oito franceses. Tarde de 26/08.

Dunas, lagoas e o Sol.

 
Visitamos cinco lagoas. Apenas a Lagoa dos Peixes era funda, com pontos que chegavam a 2m de profundidade. Entardecer de 26/08.

Passeio de Lancha Voadeira pelo Rio Preguiças, que conta com 120 km de águas navegáveis, média de 9 a 12m de profundidade com pontos que chegam a 35m. Manhã de 27/08.

Fauna presente: o simpático quati. Essa parada foi em Vassouras, onde há os Pequenos Lençóis Maranhenses (estavam secos!)


Os papagaios bacanas e comilões.
Do alto dos 160 degraus do Farol das Preguiças, o visual do local denominado Mandacaru, onde guias-mirins de 5 a 8 anos recitam poemas e contam a história da localidade. Após Mandacaru, a parada mais longe é em Caburé, onde de um lado está o mar e do outro o rio.


(1) Em breve disponibilizo a versão completa virtualmente.


sábado, 28 de agosto de 2010

Um cochilo de sábado à noite*

            Desde que comecei a escrever sobre os jogos do Botafogo nesse Campeonato Brasileiro, é hora de inaugurar reflexões após uma derrota. O ataque que há duas rodadas era o melhor do campeonato, passou em branco. A defesa, que não tomava gol há quatro rodadas, levou apenas um, suficiente para a oferenda de três pontos para o atual Campeão da Libertadores da América. O time adversário conta com ótimos jogadores, boa troca de passes. Contudo, com um pouco mais de ousadia e categoria, poderíamos pelo menos ter mantido a invencibilidade com um empate.

            No último texto, desafiei a superstição. O jogo passado não acompanhei, pois não encontrei nenhum local que transmitisse a vitória contra o Ceará na capital maranhense, onde me localizava. Não foi possível comentar o jogo passado no Engenhão. Apenas pude ver a bela jogada tramada por Herrera, que resultou no bonito gol de Jobson. Não ter comentado a última vitória e ver essa derrota hoje volta a deixar uma pulga atrás da orelha.

            O histórico do confronto entre as duas equipes continua extremamente equilibrado. Em 2009, o Glorioso venceu as duas partidas contra o Internacional, sendo um dos grandes responsáveis pelo vice-campeonato do time gaúcho, que ainda esbarrou na atitude benevolente de seu arquirrival contra os rubro-negros cariocas para os mesmos garantirem a primeira colocação. É interessante percebermos que o Fogão, apesar das duas recentes vitórias em casa, caiu de produção. Vencemos duas por apenas 1 x 0, com dificuldades aparecendo. E hoje veio a quarta derrota no campeonato, custando a queda na tabela, que nos tirará temporariamente do G-4 para a Libertadores 2011.

            No jogo de hoje, tanto o time quanto Joel cochilaram demais, respeitaram uma boa equipe demasiadamente. Os primeiros 35 minutos de jogo foram dominados pelo Colorado, com o alvinegro assistindo às investidas do adversário. E numa bobeada conjunta da zaga, Jefferson não pôde garantir o paredão. Nos últimos 10 minutos do primeiro tempo, cinco oportunidades criadas mostraram que seria possível virarmos o jogo após o intervalo. Logo nos primeiros minutos da segunda etapa, vale destacar o erro crasso do bandeirinha que marcou impedimente inexistente de Jobson, que ficaria cara a cara com o Renan! Já declarei em outras oportunidades não gostar da presença de Fahel no time, mas ele não comprometeu a ponto de ser o primeiro substituído. Édson errou tudo que tentou e a melhor opção seria sacá-lo para entrar logo com o Edno na ala esquerda. Marcelo Mattos fez falta. Maicossuel não rendeu e Somália errou todas as tentativas de dribles e passes. Com a contusão de Jóbson, Joel se equivocou posteriormente ao retirar Herrera, que vinha batalhando e arriscando jogadas, para trocá-lo por El Loco, que também entrou bem. O mais coerente teria sido a saída do Édson, totalmente perdido, que ainda quase entregou de bandeja o segundo gol do Inter numa recuada de peito para o Jefferson com a bola a 10 cm do chão.

            Seria bem mais legal comentar a continuidade da ascensão, interrompida com o cochilo neste sábado, 28 de agosto. Mas valeu retornar de viagem e curtir o tira-gosto em família, sempre uma boa companhia. E aguardar as próximas duas rodadas desse turno, em que podemos retomar a expectativa de 100% de aproveitamento contra os dois Grêmios. O primeiro, paulista e fora de casa. E o segundo, com a torcida transformando o Engenhão num grande caldeirão para apoiar nosso retorno ao G-4 e começar o returno pronto para uma arrancada ainda mais ousada!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

domingo, 22 de agosto de 2010

Superando a superstição, mais 3 pontos para o Fogão*

Sábado, 21 de agosto. Foi um sábado cuja manhã demonstrou como está coesa e eficaz a política de segurança esbravejada por Sergio Cabral e cia. Ironia à parte, percebemos as conseqüências desastrosas de um sistema organizado para manter poucos na elite e o povão na miséria e na ignorância, trabalhando para garantir as riquezas dos poucos! O Fluminense escapou de estar no hotel em São Conrado... Será este um prenúncio de dias mais complicados para o atual líder ou confirmação de sorte de campeão? Dúvidas à parte, sou mais mandarmos o recado: “Olha o Fogão, que tá chegando!” Inclusive, parabéns aos 112 anos do Vasco. Apesar das péssimas administrações... Como presente, a vitória hoje seria interessante!

Ingresso já comprado antecipadamente para mais um jogo do Fogão. Já declaro que não gostei da decisão da diretoria de aumentar os preços por conta do bom momento do time. Infelizmente, os preços afastam sim parte da torcida e acredito que com os preços anteriores poderíamos ter nos aproximado da lotação do estádio. Mesmo assim, 35.000 botafoguenses fizeram uma bonita festa. Uma bela homenagem a mais um grande ídolo de nossa história para começar: a estátua de Jairzinho, colocada ao lado das homenagens a Nilton Santos e Garrincha. Queria ter acompanhado esse momento, mas não foi possível... Ainda consegui ver a volta olímpica do time de juniores campeão na Bélgica. Dá-lhe, Fogão!

            Sempre fico preocupado quando a torcida comparece em peso. Ano passado contra o Avaí a história não tinha sido muito bacana (tivemos que buscar o empate em 2 gols no segundo tempo). Para piorar a apreensão, levei minha toca (que não costuma dar muita sorte); coloquei a camisa comemorativa dos 46 convocados (azul, cor do time adversário); fiz a barba, que crescia acompanhando a invencibilidade da equipe; lanchei no estádio. Dizem que todo botafoguense é supersticioso e para um marxista como eu fica mais complexo acompanhar essa máxima. Mesmo com diversos riscos e preocupações, os três pontos vieram.

            Uma situação interessante de questionar: teremos de aturar propagandas de candidatos oportunistas chegando ao Engenhão até dias 3 e 17 de outubro? Luiz Paulo, Marcelo Itagiba, Gabeira, Crivella... Haja paciência! Por que no dia-a-dia fora das eleições eles não mandam militantes para panfletar sobre as questões que são debatidas em Brasília? Só aparecem para pegar o teu voto! Para eles e outros representantes da elite burguesa, meu recado: VOTO NULO em 2010! Nossos sonhos não cabem nas urnas! Em homenagem a esse contexto, entrei pela esquerda no estádio!

            Com relação ao jogo, estava marcado o duelo dos velhinhos (os técnicos mais idosos do Brasileirão 2010): de um lado, Antonio Lopes; do outro, nosso Joel Santana! Estava em jogo também o terceiro lugar do Campeonato. Tivemos a ilustre presença do técnico canarinho Mano Menezes e outra disputa poderia aparecer: quem tem mais condições de ser o goleiro titular da Seleção Brasileira? Jefferson ou Renan? Sou mais o primeiro! Apesar das medianas atuações de Jobson e Maicossuel, esse trio (os 2 mais Jefferson) tem tudo para elevar para 49 convocados do Fogão em 2014. E a camisa comemorativa terá de ser: 49 + 1, por conta do Loco na celeste.

            Quando o forte comparecimento da SofáFogo começava a dar sinais de insatisfação e impaciência com o time, numa jogada simples, queimei minha língua. Esbravejei antes da cobrança de falta: “Por que o Botafogo está insistindo em jogadas aéreas com o Loco Abreu no banco?”. Com um toque sutil e categórico, Fabio Ferreira resolveu o que o ataque não conseguira: bola pra dentro das redes do Avaí! 1 x 0 Fogão. Com a torcida fazendo olas e aplaudindo o time no intervalo, anunciava-se um segundo tempo com a ânsia de Mais Um! Infelizmente, foi atípica a atuação do Glorioso no segundo tempo em relação aos últimos jogos. Talvez Antonio Lopes, mesmo com 8 reservas, tenha conseguido dar um nó na criatividade alvinegras. Ou talvez tenha sido culpa minha enfrentar tanto a superstição. Ou talvez os jogadores tenham ficado nervosos com a presença de Mano, principalmente Jobson e Maicossuel, que deixaram a desejar. Mas o certo é que nesse sábado, o terceiro lugar é nosso (Ainda é pouco)! E a equipe catarinense pode pensar à vontade na Sul-Americana ou lembrar de seu maior ídolo e torcedor... No Tênis!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

sábado, 14 de agosto de 2010

Ainda é pouco*

Pelo nosso caminho, o lanterna do Brasileirão, que já perdera para Vasco, Fluminense e Flamengo. Por sinal, o Rio de Janeiro vive um bom momento no cenário nacional. Fizemos nosso dever, dessa vez fora de casa, mas com uma presença muito maior da torcida alvinegra no Estádio Serra Dourada. Outro adversário com o mando de campo – e rubro-negro – batido pelo Fogão. Terceira vitória consecutiva e já são seis rodadas de invencibilidade. Também é a terceira vitória como visitante, retrospecto importantíssimo para quem aspira as primeiras posições na tabela.

            O primeiro tempo foi extremamente morno. Um ou outro drible, mais por iniciativa de Jobson. Mas ainda faltava seria necessária maior precisão. Teria colocado o Caio no lugar de Herrera, que ainda não está em dia com as finalizações. Mas foi o guerreiro argentino quem, num belo passe de peito, como se jogasse uma partida de futevôlei, entregou a bola também no peito do incansável e batalhador Somália – que já xinguei muito nos primeiros jogos e duvidei de um futebol sequer fraco – para se esticar e fazer 1 x 0 para o Alvinegro. Com o gol, houve um recuo exagerado da equipe, que bateu cabeça em alguns momentos na defesa. Felizmente continuamos contando com a precisa, tranqüila e segura presença do melhor goleiro do Brasil: Jefferson! Em mais uma bobeada do time adversário, em lance rápido do Botafogo, Maicossuel lançou Jobson, que fingiu chutar, driblou o goleiro e marcou seu quarto gol no Campeonato. Tem tudo para ser o artilheiro e em breve estar na Seleção! Os gols forneceram direito às dancinhas, de certa forma desengonçadas e mal ensaiadas, dos rapazes de General Severiano, que prosseguem a ascensão do Glorioso! Vendo os dribles, a correria e os gols de Jobson, lembro apenas do jargão em voga: Ah, Moleque!

            Como nem tudo são flores, a entrada de Fahel após as câimbras de Somália, quando ganhávamos por 1 x 0, me preocupou. É impressionante como em todas as jogadas, dentro ou fora da área, ele se encontra segurando ou agarrando o adversário. Risco alto de pênaltis, principalmente para um clube que tem sofrido com a arbitragem nos últimos anos. A zaga ainda precisa melhorar o entrosamento, mas a formação com Antonio Carlos, Fabio Ferreira e Leandro Guerreiro é a mais prudente com o elenco que temos. Por sinal, parabenizar nosso atual capitão pelo ducentésimo jogo com a Estrela Solitária no peito. Vale o esforço de Alessandro, mas que bobeou ao tomar um cartão amarelo logo no início do jogo e está suspenso do próximo jogo. Edno, apesar do gol perdido cara a cara, entrou muito bem pela esquerda e é um potencial candidato para, no esquema 3-5-2, substituir o limitado Marcelo Cordeiro nessa posição. O tabuleiro-prancheta de Joel se encontra com peças boas e jogadas surpresas para somarmos mais pontos e nos aproximarmos dos líderes e irmos com tudo no segundo turno.

            Sobe para 25 gols o melhor ataque do campeonato. Temos dois jogos no Engenhão, com muitas possibilidades de garantir mais seis pontos. É hora da torcida comparecer, fazer festa e ajudar a empolgar o time para balançar ainda mais as redes dos adversários. Sábado que vem estarei lá contra o Avaí e não podemos vacilar como ano passado (Atenção, diretoria, carga total de ingressos!) que tivemos que buscar um empate no segundo tempo. Depois, encarar o Ceará, que caiu de produção depois da saída de Paulo César Gusmão e já não é mais a sensação. O Botafogo dorme em terceiro lugar na tabela, no G-4 e temos de aguardar resultados desse Domingo para saber a real posição após a 14ª rodada. Entretanto, com o elenco que temos e com as perspectivas apontadas, o terceiro lugar ainda é pouco!


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pra ficar legal? Que os sonhos transcendam as urnas!*

Semana passada prestei atenção em alguns momentos do debate entre os quatro dos nove candidatos à Presidência da República (por que não convidam todos os candidatos e não chamam um defensor do voto nulo?). Hoje novamente me esforcei para ouvir as “propostas” e as “diferenças” entre os candidatos ao Governo do Rio de Janeiro. No todo, um saldo positivo dos debates na rede Bandeirantes! Mais do mesmo. Mais da mesmice. Mais da enrolação. Mais do continuísmo. Mais da conservação. Mais da ilusão. Mais da exploração.

            Conhecido internacionalmente por belas paisagens, excelentes e animados Carnavais e pelo bom futebol, o Rio sofre absurdamente as contradições e conseqüências inerentes à lógica do sistema opressor e desigual em que vivemos. A ordem do capital modifica os personagens: Moreira Franco, Marcello Alencar, Anthony Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Matheus, Sergio Cabral... Todavia, mantém o conjunto da população silenciado, cabisbaixo, com medo e refém das escolhas que privilegiam o continuísmo, obviamente com apoio duma mídia televisiva e impressa lacaia dos dominantes.

            O atual governador afirma orgulhosamente que dirige o “Rio que enxerga a paz, a parceria e a união”, apoiado pela maioria maciça das Prefeituras e pelo Governo de Lula e futuramente Dilma. E continuará dirigindo, pois o circo está montado para Cabral Filho perdurar até 2014. Fernando Gabeira, que se auto-afirmou contundentemente como “o ex-Gabeira”, que não quer fazer a Revolução Socialista, algo do século passado, que não precisa definir uma identidade, pois isso é coisa de adolescente. É “o novo Gabeira que precisa fazer alianças para chegar ao poder”, alianças essas sem escrúpulo algum, com os direitistas PSDB de José Serra e DEM de César Maia. O outro Fernando – Peregrino – não passa de um fantoche na tentativa de defender a família Garotinho e recuperar parte de seu prestígio e influência políticas. O PSOL, apesar de se encontrar no campo anti-governista, esbarra na institucionalidade, na crença no Parlamento por meio do “voto consciente” e não avança na apresentação de uma real alternativa para a classe trabalhadora. Seu candidato à Presidência falara que o PSOL é o PT de antigamente. Hoje eu me pergunto: como pude acreditar nesse projeto em 2002 e 2004?

            Durante a troca de farpas e acusações, problemas cotidianos jamais vivenciados por aqueles senhores são levantados única e exclusivamente para a disputa de votos, já que depois de eleitos governarão para manter o status quo e no máximo apresentarão alguns paliativos para aparecer nos jornais. Antes de finalizar, apenas alguns pontos marcantes:

  • Cabral explicitou que colocou 30.000 professores em sala de aula. Quantos desses já pediram exoneração em virtude das péssimas condições de trabalho e do salário líquido inicial de pouco mais que R$600,00?
  • Quanto custou aos cofres públicos e quem realmente saiu beneficiado com os aluguéis dos aparelhos de ar condicionado para climatização das salas de aula e dos computadores para o corpo docente?
  • Os reajustes das passagens de trem, metrô, barcas e ônibus caminha na mesma proporção que os reajustes salariais da classe trabalhadora?
  • Por que mais uma obra do Maracanã para atender aos interesses da Fifa por conta da Copa do Mundo de 2014, que fará diminuir ainda mais a capacidade do estádio? Ou seja, menos torcedores poderão apreciar um jogo de futebol no espaço.
  • Se a chuva é natural, a catástrofe é social? Certamente! No século XXI, não temos condições de garantir moradias dignas, em áreas sem risco, para o conjunto da população? Mas as tragédias, nas quais vidas foram perdidas, no Morro do Bumba e em Ilha Grande serviram para clamar pela solidariedade da população e continuar sua “pacificação” sob os moldes de “Choque de Gestão”.
  • De onde vêm e virão os milhões de reais para financiar as campanhas de Cabral e Gabeira?
  • Segundo Cabral, o Rio hoje é de paz. Como ele explica a morte de crianças e jovens por balas perdidas e intervenções policiais? Ou sua própria postura “pacífica” ao denominar como “fábricas de marginais” mães moradoras de favelas e periferias; “vagabundos” os médicos; e “otário” um garoto de 17 anos que questiona?
  • Por fim, Gabeira ratifica que abre mão de sua história, jogada no lixo ao aliar-se com o DEMônio e o PSDB. Classifica de trágica a situação de países onde houve tentativas de construção do socialismo. Nosso Rio de Janeiro, sob os marcos capitalistas, conseguirá superar a atual tragédia em que se encontra?
             Pra ficar legal? A gente quer o melhor, Sergio Cabral! E o melhor é um Rio sem você, Gabeiras, Peregrinos, Garotinhos nem Maias ou Paes! No dia 3 de outubro, eu, como militante do Coletivo Marxista, anularei meu voto para Presidente, Governador, Senadores e Deputados Federal e Estadual. Nossos sonhos, de um Rio e um Brasil sem patrões e sem marionetes como os candidatos apresentados, não cabem nas urnas!

*Gabriel Rodrigues Daumas Marques
VOTO NULO EM 2010!

sábado, 7 de agosto de 2010

Braço de Deus entrega presente antecipado de Dia dos Pais*

Voltando de Rio das Ostras, decidi qual presente dar para meu pai: o ingresso para assistir ao confronto contra o Atlético-MG, hoje no Engenhão. Uma pequena fila já antecipava que a presença da torcida seria significativa. Por volta de 18h, quando chegamos ao atualmente denominado Stadium Rio, uma longa e civilizada – excetuando-se poucos oportunistas – fila para passar pelas roletas nos esperava. Torcida do Botafogo comparecendo em peso sempre dá um friozinho na barriga, pois quando a SofáFogo aparece, a impaciência com o time geralmente é grande. Pouco mais de 24.000 pagantes e 27.000 presentes estiveram lá para acompanhar a reestréia de Maicossuel no Engenhão, o retorno de El Loco Abreu (dessa vez, na reserva) e torcer pela continuidade da ascensão do Fogão no Campeonato Brasileiro, marcando o quinto jogo de invencibilidade.

            Enfim, mudanças excelentes aconteceram e a tendência é o time crescer, com opções no banco do mesmo nível que os titulares. Antonio Carlos fez falta, pois a zaga e os laterais ainda contam com muitas falhas e deficiências, mas estão no mesmo nível dos demais times! Jefferson estreou seu uniforme amarelo, cor que poderá vestir durante a semana: o melhor goleiro do Brasil e da Seleção fez três defesas importantes no jogo e garantiu a segurança do nosso gol. Recuar Leandro Guerreiro no lugar de Fahel, lançar o Marcelo Mattos sacando o Lucio Flávio e iniciar com o trio Maicossuel, Jobson e Herrera me fizeram respeitar ainda mais o técnico Joel Santana, que ousou ainda mais com as substituições no segundo tempo, colocando Caio, Edno e o festejado Loco Abreu nos lugares de Marcelo Mattos, Maicossuel e Herrera, respectivamente. Com as opções do Glorioso, Joel mostra cada vez mais ousadia e menos retranca!

Maicossuel enfim estreou de verdade: driblou, correu, dominou, passou bem e com oportunismo fez o primeiro gol do Fogão. E a torcida não titubeou: Maicosuel voltou... Momentos depois, o tatuado Somália arriscou de fora da área e a bola desviou num braço de Deus, que só poderia ser argentino, para balançar pela segunda vez as redes do Galo, freguês assíduo e adimplente nos últimos anos. Tudo bem, jogada polêmica e na minha avaliação gol ilegal validado pela arbitragem. Chorem, Vanderlei Luxemburgo (em decadência), Fábio Costa e Diego Souza! Jobson merecia o dele: com traquinagens, irreverência e indo com tudo sem cansar, na hora do chute, travado por trás pelo adversário. É pênalti! Para afastar a zica, Herrera assumiu a artilharia do time, marcando seu quinto gol no campeonato. 3 x 0 com gostinho de quero mais na véspera do Dia dos Pais. Reconhecendo os limites de jogadores como Alessandro, Fabio Ferreira, Leandro Guerreiro e Somália, é preciso maior paciência dos torcedores, pois a garra e a força de vontade superaram as debilidades. Considerei fracas as atuações de Danny Moraes e do lateral que não sabe cruzar do fundo nem marcar Marcelo Cordeiro.

            Ponto fraco também para a administração do Stadium Rio, deveras desorganizada na entrada e na saída dos torcedores, com vários portões fechados. Assim como o tal legado dos megaeventos esportivos: até hoje não há uma rampa de acesso para cadeirantes passarem de um lado da linha do trem para o outro, na estação Engenho de Dentro. Além disso, as longas filas poderiam ser solucionadas com um mínimo de inteligência e investimento! Mas como não estamos na Copa do Mundo... Vale registrar que mandamos o Galo para alguns lugares esquisitos e ofendemos a arbitragem, enquanto não funcionam os mandamentos aprovados e sancionados do Estatuto do Torcedor (vão à m..., Congresso, Senado e Lula!)

            Retornando ao tema mais relevante, saltaremos algumas posições nessa décima terceira rodada e poderemos terminar como o melhor ataque do campeonato até o momento. Mais gols poderiam ter acontecido se o ímpeto permanecesse, mas o time segurou bem o resultado. Enquanto os meninos da Vila se divorciam e o tricolor carioca não tem crises em sua constelação, nossos rapazes de General Severiano ganham entrosamento e mais três pontos. Prosseguir a ascensão tem que ser a tônica das próximas rodadas.

Enfim, hoje, certamente foi um bom presente antecipado, não foi, pai?

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

É hora de debutar*

Acordei nesse domingo 1 de agosto com uma sensação de bons fluidos para a Estrela Solitária no Brasileirão. Tal como antes do jogo contra o São Paulo, antes da Copa do Mundo, eram comentados os tabus do Botafogo no Barradão, estádio do time baiano rubro-negro. E contra rubro-negros... Sou mais o Fogão! Já contabilizavam oito jogos e setenta dias desde a última vitória: 3 x 0 contra o Goiás, no Engenhão (eu estava lá...), em que o hermano e o xodó trocaram farpas e foram expulsos (é, há coisas que só acontecem ao Botafogo!).

Na semana que passou, há situações importantes que fornecem novo gás para iniciar uma ascensão nesse campeonato. O retorno de El Loco Abreu para os treinos; a merecida convocação de Jefferson para a Seleção Brasileira(1); e enfim a estréia de nosso Mago Maicossuel. Diferentemente de outras edições recentes, em que nossa confiança no título ou numa vaga na Libertadores era forte, nas quais o Botafogo disparou e foi caindo na tabela, em 2010 a situação aparenta se inverter. Começamos relativamente bem, caímos drasticamente e ontem certamente começamos a nos reerguer.

Depois de jogar com bastante garra mas desperdiçar diversas oportunidades contra o tricolor carioca, garantindo o terceiro empate em seguida, havia dois caminhos possíveis: de um lado, acumular o jejum sem vitórias e permanecer na zona da degola; do outro, trazer três pontos da Bahia, subir posições e ficar invicto há quatro rodadas. Mais complicado que o time misto do Vitória, fora a péssima condição do gramado, que fez o primeiro tempo parecer uma pelada de péssimo nível sendo transmitida em rede nacional.

Herrera não estava em um bom dia e Lucio Flávio será um bom reserva para as próximas rodadas. Joel demonstrou estrela ao retirá-los e lançar Edno e Caio. Como Maicossuel ainda está fora de ritmo, considerava prudente a entrada de Renato Cajá em seu lugar. Não me recordava da contratação dele, mas considero um acerto e que terá chances de ser titular: discreta, mas precisa foi a atuação de Marcelo Mattos. Tal quadro mudou significativamente a postura do time em campo. Não tenho dúvidas do nome do jogo, que não parou de correr um só minuto e demonstrar ousadia, partindo para cima, tentando driblar, arriscando chutes e cruzamentos com as duas pernas: Jobson!

Cercado por três, segurou a bola até fornecer precioso passe para Edno enfim marcar seu gol (porque contra o Fluminense foi de mentirinha). Esse gol nem deu tempo pra comemorar. Em mais uma bobeada do time, cruzamento pela esquerda para cabeceio e gol de empate do Vitória. À tona vieram filmes de empates e viradas já desse Brasileiro (já que há coisas que só acontecem ao Botafogo!), como contra o Corinthians e o Atlético-PR. Mas o Vitória também não teve tempo para comemorar, porque em mais uma tentativa errada – que deu certo – do limitado Marcelo Cordeiro, lá estava ele, o cara do jogo para empurrar para as redes: Jobson! Antes do apito final, ainda teve tempo para Marcelo Mattos realizar um ótimo lançamento para ele, Jobson, driblar e chutar para as redes novamente. Merecida vitória do Fogão! 3 x 1! Ótima atuação e reviravolta de Jobson Leandro Pereira de Oliveira. Comemorações com direito às dancinhas coreografadas, ao estilo garotos da Vila. Também alvinegros, estão ascendendo os rapazes de General Severiano.

Jobson estivera com tudo acertado para estar no Cruzeiro, mas foi suspenso por problemas de doping no final de 2009. Ironias do destino (há coisas que... rs), a negociação com o clube mineiro foi interrompida e Jobson não pôde jogar até 18 de junho. Enquanto era “leiloado” por seus empresários, reclamou com atitude: “Tem horas que fico muito triste, porque ficam me leiloando e eu não sou vaca!”(2). Tal situação constrangedora relatada pelo atacante é cada vez mais rotineira e lucrativa para poucos nas relações mercantis e de propriedade privada dos passes por parte do empresariado, pois nessa sociedade tudo se desumaniza e se transforma em mercadoria (não só as vacas, Jobson!). Em sua entrevista para a página do Botafogo:

“Meu sentimento agora está assim: o Botafogo tem uma estrela solitária e ela está no meu coração também. Fico muito feliz em retornar. Espero voltar com tudo. Tenho uma história no Botafogo, quero dar continuidade, jogar muito bem e ajudar o clube"

“É o recomeço no Botafogo, finalmente estou de volta, mas tenho muito pela frente".(3)

Sim, o primeiro Domingo de agosto tem tudo para ser um marco, um recomeço e apresentar novos dias para o Fogão nesse Campeonato Brasileiro. Continuando dessa maneira, Jobson terá mesmo muito pela frente e poderá fazer companhia a Jefferson com a amarelinha. E pode avançar ainda mais questionando os leilões de jogadores e o futebol a serviço da ordem ao passo que retoma a alegria dos dribles e belas jogadas.

Por fim... Já que falamos em tabus a ser quebrados, eu escolho o meu: faz 15 anos que comemoramos nosso título nessa competição. É hora de debutar!


*Gabriel Rodrigues Daumas Marques
Botafoguense desde 30/05/1985


(1) Já defendia a convocação dele para a Copa do Mundo na África do Sul, mas o técnico era o Dunga... http://alemdotrivial.blogspot.com/2010/05/dunga-e-selecao-ah-nao-deu-burro.html

(2) “Indefinição irrita Jobson: 'Ficam me leiloando, e não sou vaca'”. 10 de junho de 2010. Disponível em http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2010/06/indefinicao-irrita-jobson-ficam-me-leiloando-e-nao-sou-vaca.html

(3) “Com a Estrela Solitária no coração: Jobson comemora retorno para o Botafogo e agradece à torcida alvinegra”. Por Danilo Santos. Disponível em http://bfr.com.br