sábado, 22 de junho de 2013

V de Vingança*

“V de Vingança” de James McTeigue
(2006)


)

"Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot."

Criada por Alan Moore (roteirista) e David Lloyd (arte) nos anos 1980, a HQ, V de Vingança (V for Vendetta, no original), chegou às telas dos cinemas em 2005, trazendo a figura do anti-herói de codinome V em sua missão de explodir o Parlamento britânico, repetindo a tentativa feita por Guy Fawkes em 1605 na “Conspiração da Pólvora”. A “Conspiração” foi orquestrada por um grupo de católicos insatisfeitos com a falta de isonomia no tratamento entre católicos e protestantes pelo então rei Jaime I. Guy Fawkes era o especialista em pólvora e fora preso estocando a pólvora sob o prédio do Parlamento, após a conspiração vazar aos ouvidos do rei. Aliás, são feitas várias referências à “Conspiração” durante o filme, como a rima supracitada, assim como o ideal de se explodir um símbolo como estratégia catalisadora para uma transformação social a partir da afirmação e revolta dos indivíduos.

Não é possível afirmar com clareza o momento temporal do filme, a não ser que se passa num futuro não muito distante assim. O contexto histórico-social é diluído no filme, ao contrário da HQ, em que se explica a ascensão ao poder do grupo fascista “Nórdica chama”, associado às corporações que restaram dos destroços da guerra nuclear que varreu os Estados Unidos, mas que atingiu a Inglaterra através da transformação criminosa dos efeitos climáticos. Aliás, a comparação da HQ e de sua adaptação às telonas é quase uma tentação para os fãs da série. Se a HQ dá a entender de que se instaurou uma ditadura empresarial-militar fascista decorrente de um golpe de estado (situação ainda muito presente no início dos anos 1980, quando foi escrita), no filme, o grupo chega ao poder através de eleições, o que já demonstra a incorporação da democracia formal pela burguesia no século XXI.



Destacaríamos como personagens principais V (Hugo Weaving), Evey (Natalie Portman) e Inspetor Finch (Stephen Rea). Todos esses personagens passam por transformações significativas. V é o resultado da frustrada experiência de testes comandados pela indústria farmacêutica dos membros do Partido e futuros governantes do país no campo de readaptação de Larkhill, onde eram levados os excluídos da nova sociedade, o que incluía minorias étnicas, sexuais, imigrantes e ativistas políticos. No filme, Larkhill se constitui a fonte experimental para riqueza posterior dos membros do Partido e sua ascensão ao controle do aparato do Estado. V é puro ódio contra aqueles que lhe torturaram, manipularam suas propriedades psíquicas e fisiológicas, e esse desejo de vingança, o combustível para suas ações “terroristas”, fazendo assim a sua justiça pessoal, já que a justiça legalmente constituída não pertenceria mais aos cidadãos, mas à classe dominante. A HQ nos ajuda a compreender o significado da Justiça para V. Ele diz que “Eu a admirava, apesar da distância (personificada pela estátua no alto do Old Bailey). Ainda criança, passando pela rua, eu admirava sua beleza”. Porém, naquele contexto a Justiça não passava de uma meretriz que flertava com os homens de uniforme. Quando “perguntado” pela estátua sobre quem tomou o seu lugar, ele responde que “seu nome é anarquia [...] com ela, aprendi que não há sentido na justiça sem liberdade” (p.43).

Evey é uma jovem bem instruída, amante das artes, porém assustada e temerosa. Seus pais foram executados pelas forças policiais por serem ativistas políticos que protestavam contra a ascensão do grupo fascista ao poder e ainda por cima, trabalha no canal BTN, a TV estatal rigidamente comandada pelo governo. Ela é salva por V após quase ser estuprada pelos Homens-Dedo (policiais). Seu personagem passa por uma verdadeira metamorfose no decorrer da película. Se no início do filme, mostrava-se servil e obediente ao sistema (apesar da plena consciência da tirania no poder) e às normas legais, depois passa a compreender os propósitos de V, forjando assim, não uma consciência de classe, mas uma consciência de luta contra a opressão da sociedade. Outro aspecto incorporado por Evey em decorrência de sua convivência com V é a ausência de uma identidade própria. Liberta de seus medos e fraquezas, Evey consegue sobreviver na Londres caótica sem se deixar reconhecer (e talvez sem reconhecer a mesma Evey).



Inspetor Finch, magistralmente interpretado por Rea, representa o fiel cumpridor de ordens do chanceler em assuntos investigativos da polícia. Também membro do Partido, ele acredita que sua missão em prol da sociedade é manter a ordem e a unidade através do trabalho na polícia. Honesto, ele leva seu trabalho a sério em seus princípios e quando as sucessivas revelações escusas sobre membros do Partido são trazidas à tona em suas investigações, começa a se questionar sobre quais interesses realmente representa.

Por conta da identificação do diferente enquanto perigoso, atitudes e discursos opressores e coercitivos transcorrem contra as minorias, como os imigrantes, os muçulmanos e os homossexuais, ao passo que nota-se a ausência de negros. Para que seja consolidada certa hegemonia, necessitamos abordar três pontos: a proliferação do elemento da fé, atrelada à união e à força; a utilização de aparelho repressivo, materializado pelos Homens-Dedo para fiscalizar e punir a desobediência até mesmo de maneira corrupta e pelo toque de recolher amarelo enquanto elemento de suposta proteção; e um farsante estado de ordem e paz trocados pelo consentimento silencioso do conjunto da sociedade.

Em tempos de Bush & Cia, observamos no filme a mesma fórmula que (costuma) justificar a ascensão dos regimes totalitários. Países em meio a uma recessão econômica, níveis elevados de criminalidade, desordem urbana ou então devastada por uma guerra civil são o prato cheio para a investida de um grupo, personificado por uma liderança, ora carismática, ora temida, mas que vem a público prometer que, em troca da perda da liberdade e direitos civis, tem-se de volta a segurança, a ordem, a paz e os valores perdidos. O resgate da família e a temência a Deus são temas recorrentes aos novos tempos. E qualquer um que venha a protestar por liberdade, será devidamente removido do convívio social. Não podemos deixar de citar a fala contida na HQ pelo Chanceler (na HQ, chamado de Líder): “Eu não ouvirei súplicas por liberdade. Sou surdo aos apelos por direitos civis. Eles são luxos. Eu não acredito em luxos. A guerra escorraçou os luxos. A guerra escorraçou a liberdade” (p.39).



Pareceu-nos importante comentar acerca de diversos destaques ao longo do filme às mais diversas manifestações artísticas. Através de referências a filmes e peças teatrais, da observação de pinturas e esculturas, a música dos instrumentos de percussão, bem como da encenação da prisão e da tortura de Evey e da dança realizada pelos protagonistas às vésperas da ‘revolução de V’, é levantado o papel do artista, que utiliza mentiras para contar as verdades e traz à tona a subversão e as potencialidades da Arte.

Ao transmitir mensagens ratificando a previsão de que ‘a Inglaterra triunfará’ além das certezas fabricadas—já que ‘dúvidas mergulharão o país no caos’—os dominantes revelam suas verdades universais, a fim de veicular ideologicamente a transmissão do medo, entreter a população e manter coesa a estrutura social vigente. Conforme citam Engels e Marx (s/d):

"Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias e, portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; dizendo de outro modo, são as idéias do seu domínio (s/p).


Apesar da instigante aliteração utilizada com a letra V em sua apresentação para Evey e da afirmação de que não importa quem ele é, mas suas ações, sua identificação parte do algarismo romano estabelecido na porta de sua cela em Larkhill, local e ocasião de onde desponta o elemento catalisador da vingança concretizada posteriormente contra a cúpula dominante e diretamente envolvida com o caso—a Voz de Londres, o bispo, a legista, o chanceler e o que a este poderia substituir.

Nossa intenção é dialogar a partir da temática central do filme e oferecer subsídios para uma análise problematizadora da realidade complexa que nos cerca, traçando paralelos e questionando o método apresentado e a percepção das relações sociais estabelecidas que são apresentadas no enredo transcorrido.

Primeiramente, apesar da história situar-se em um futuro não muito distante2, carece de uma caracterização conjuntural do modo de produção existente, ou seja, a existência da propriedade privada dos meios de produção e a liberdade de compra e venda de força de trabalho enquanto mercadoria, necessidades básicas para existência e sobrevivência do sistema capitalista. Em segundo lugar, é notória a ausência de discussões acerca da divisão social em classes antagônicas, o que limita a centralidade do filme enquanto fornecedor de elementos para uma prática revolucionária na sociedade em que nos localizamos, pois não é mencionada a organização dos trabalhadores, uma séria análise das condições objetivas e subjetivas e majoritariamente é expressa a vingança de um indivíduo para com o sistema vigente. Pela opção de nos pautarmos a partir do materialismo histórico, Engels (2004) nos propicia com clareza:

"A concepção materialista da história parte da tese de que a produção, e com ela a troca de produtos, é a base de toda ordem social; (...) a distribuição dos produtos, e juntamente com ela a divisão social dos homens em classes ou camadas, é determinada pelo que a sociedade produz e como produz, e pelo modo de trocar os seus produtos. De conformidade com isso, as causas profundas de todas as transformações sociais e de todas as revoluções políticas não devem ser procuradas nas cabeças dos homens nem na idéia que eles façam da verdade eterna ou da eterna justiça, mas nas transformações operadas no modo de produção e de troca; devem ser procuradas não na filosofia, mas na economia da época de que se trata". (p. 61)
Essa superestimação do indivíduo pode influenciar em duas matizes: diretamente, a anarquista, através de práticas individualistas, terroristas e voluntaristas; metaforicamente, a marxista, cujos materialismos histórico e dialético nos servem de instrumentos para a práxis da transformação efetiva da sociedade. De acordo com Green (1982):
O anarquismo começa sua análise (...) a partir da situação do indivíduo—desrespeitado, oprimido, massacrado pelo jugo do poder centralizado da burocracia.

Já o marxismo inicia sua análise da sociedade a partir de sua divisão em classes conflitantes, exploradores e explorados, considerando essa divisão a raiz de toda opressão e a razão pela qual nenhum homem pode ser realmente livre. (p. 19, grifos do autor)
Em diversos momentos, é enaltecida a primeira pessoa do singular—‘depois que eu destruir o Parlamento’ ou ‘durante 20 anos busquei apenas este dia’, sendo atribuídas a V caracterizações de ‘terrorista psicótico espalhando mensagens de ódio’, o que recai sobre problemas morais—e faltam conseqüências responsáveis com o processo empregado, já que inexiste uma atuação centralizada e organizada de um Partido revolucionário enquanto vanguarda de uma classe oprimida. Fica-nos obscuro e omisso o que fazer após a explosão do prédio e a morte do setor dominante, pois um Estado socialista centralizado—ou ditadura do proletariado—“é imperativo absoluto enquanto a luta entre o novo e o velho sistema não estiver resolvida de modo conclusivo em escala mundial” (idem, p. 86); além da irresponsabilidade de estimular e levar as massas às ruas sem nenhuma possibilidade de autodefesa, pois elas poderiam ter sido esmagadas pelo exército, que recua pela falta de comando.

Cabe uma metáfora de nossa parte com algumas contribuições advindas do marxismo, caso identifiquemos o indivíduo V enquanto a figura de um Partido, já que o mesmo afirma haver por trás da máscara um rosto que a ele não pertence, que sob a mesma há mais do que carne; há idéias que são à prova de balas. Como de nada valem idéias sem homens que as coloquem em ação, poderíamos extrair daí o elemento subjetivo para a transformação social, amparado pela resposta de Evey ao detetive após questionar quem era V: ‘Era Edmond Dantes, meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo, eu, você, todos nós’ e que teria clandestinamente organizado a Galeria Sombria e preparado a distribuição das máscaras para a população e o trem com explosivos para derrubada do Parlamento.

Apesar da metáfora proposta, são perceptíveis os desvios de método para correlação com a revolução socialista, alguns destes advindos de teorias anarquistas. Questionado por Evey se a explosão do Parlamento faria o país melhor, a resposta é que apenas há oportunidades, não certezas; ‘o prédio é apenas um símbolo, tal como o ato de sua destruição e o poder dos símbolos emana do povo’. Porém, “lançar uma bomba em um banco, incendiar um edifício (...) não é conduzir a revolução, mas brincar com ela (...) Não dá nascimento à consciência de classe” (ibidem, p. 108). Além do apontamento de que o povo precisa de esperança mais do que de um prédio, uma outra situação importante é quando deixa a decisão de puxar a alavanca às pessoas que construirão o novo, já que ele ajudou a construir o atual mundo. Também é comentada a importância da espontaneidade das massas para o sucesso de um movimento revolucionário, ampliando a discussão, pois “(...) sem uma teoria e liderança revolucionárias, a espontaneidade das massas é insuficiente para substituir o velho por algo fundamentalmente novo”. (p. 54).

A despeito das condições objetivas e subjetivas para o marxismo, Lênin menciona que a “revolução é impossível sem uma situação revolucionária, mas nem toda situação revolucionária tende à revolução” (p.216-7), apresentando três índices concomitantes para essa situação revolucionária, a saber, a crise das cúpulas, o agravamento extremo da miséria e da angústia das classes oprimidas e a atividade independente das massas. Junto a estas mudanças objetivas, é necessária uma mudança subjetiva, ou seja, a capacidade da classe revolucionária conduzir ações revolucionárias de massas a fim de destruir completa ou parcialmente o “velho Governo, que não cairá jamais, mesmo em épocas de crises, se não for forçado a sucumbir”.

Por fim, reproduzimos o questionamento do Inspetor Finch. Às vésperas do “Grande Dia”, imerso em seus pensamentos, como se perguntasse a V e a si mesmo: “Está pronto? Nós estamos prontos?”. Ocorrerá um 5 de novembro no século XXI, com data e local tão bem marcados? Ou será uma revolução absolutamente espontânea, surgida das massas? Ou sequer haverá uma revolução? Vivamos e construamos esses caminhos!

REFERÊNCIAS

ENGELS, Friedrich, MARX, Karl. A ideologia alemã. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br, Acesso em: 3 nov. 2007.

ENGELS, Friedrich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico. São Paulo: José Luiz e Rosa Sundermann, 2004.

GREEN, Gilbert. Anarquismo ou Marxismo: uma opção política. Rio de Janeiro: Achiamé, 1982.

LENIN, V. I. La Faillitte de la Deuxième Internationale. Oeauvres. V. XXI, p. 216-217. In: NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR. Apostila História das Revoluções e do Pensamento Marxista, São Paulo.

MOORE, Alan. V de Vingança. Edição Especial. Barueri: Panini Comics, 2006.


*Texto de 2007, publicado na revista Tela Crítica:

Bruno Gawryszewski
Bacharel em Educação Física pela UFRJ
Mestrando em Educação pela UFRJ

Gabriel Rodrigues Daumas Marques
Licenciado em Educação Física pela UFRJ
Graduando de Pedagogia pela UFRJ

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Tem caroço no nosso angu!

Uma intensa campanha pelas redes sociais já é tema de diversos veículos de comunicação. Torcedores do meu querido Glorioso lançaram o evento "Nossa Torcida Acordou", convocando para um abraço ao Engenhão no sábado 8 de junho a partir das 15h, principalmente após a "merda lançada no ventilador" denunciando um suposto envolvimento entre a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e a Rede Globo de Televisão. É indubitável que tal "denúncia" tenha mexido com os brios da torcida e é muito interessante que uma proposta de manifestação avance além da hashtag #EduardoPaesdevolvaonossoestadio. Em todas as esferas da vida social, apenas com LUTAS podemos modificar a realidade.

Tal momento nos exige reflexões importantes e posicionamentos rígidos para que as ações não sejam somente oba-oba tampouco representem apenas interesses corporativistas de um clube. Como botafoguense, é óbvio que não gosto de ver meu clube prejudicado, principalmente sabendo que dois dos principais atores - o Prefeito Eduardo Paes/PMDB e a toda-poderosa Rede Globo de Televisão - são meus inimigos históricos, pois representam interesses de uma pequena parcela da sociedade. Portanto, o que e como podemos e devemos agir para que a campanha alcance o conjunto da população, colocando cidadãos cariocas como protagonistas deste levante em vez de fornecer ibope ao sensacionalismo midiático assim como sem promover politiqueiros oportunistas que desejarão aparecer mas que também não representam os nossos interesses?

Como estarei em Campinas no dia do ato, procurarei explicitar algumas contribuições ao debate neste texto.

A reivindicação pela "devolução do nosso estádio" é mais que legítima. Paulatinamente, com muitas dificuldades, começamos (torcedores do Botafogo) a nos acostumar com o Engenhão, compreendendo que era uma "casa nova". Às vésperas de levantarmos o título do Campeonato Estadual, aparece uma pedra em nosso caminho, com o prefeito anunciando a interdição mesmo tendo dito meses antes que não havia qualquer problema com o Estádio. Mas o que deve significar a consigna "Eduardo Paes, devolva o nosso estádio"?

Na minha opinião, temos que avançar! Não podemos simplesmente defender que o Engenhão volte a funcionar. Se o Estádio foi erguido com o suor diário de trabalhadores da construção civil e seus recursos de aproximadamente R$380 milhões vieram majoritariamente dos impostos pagos pela classe trabalhadora, devemos exigir a retirada de quaisquer homenagens a um corrupto e elitista que durante anos mandou e desmandou na Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). No retorno do Engenhão, é importante defendermos que sejam apagadas as menções ao Sr. João Havelange e que seja feito uma consulta à população sobre o nome do Estádio que pagamos - sem sermos consultados! Nilton Santos e João Saldanha são duas propostas que agradam a mim e a diversos torcedores, inclusive de outros clubes.

Outro debate importante refere-se ao acesso aos estádios. O plim-plim da Globo impõe horários absurdos para trabalhadores e suas famílias frequentarem o Engenhão. Além disso, a CBF e a FERJ - com a conivência do clube, importante mencionar - tabela preços exorbitantes de ingressos! Estas duas ações intencionais pouco a pouco afastam a torcida dos estádios, diminuindo a euforia coletiva e transformando o torcedor num telespectador com a bunda no sofá e o controle remoto na mão. Temos que brigar pela mudança dos horários e por preços populares para os estádios voltarem a encher.

Não podemos deixar de mencionar a retirada de direitos historicamente conquistados, que também se apresenta nos estádios de futebol! Na luta contra a ditadura empresarial e militar - tempos totalmente apoiados pela Rede Esgoto de Televisão - conquistamos a Liberdade de Expressão! E hoje, a Polícia Militar é acionada para coibir e censurar as faixas e bandeiras levadas para manifestação de opiniões. Se eles querem fazer com que o Futebol seja o ópio do povo, nós devemos responder com mensagens críticas sobre diversos temas da sociedade em busca de efetivamente termos uma Cidade Maravilhosa!

É nítido que o Futebol envolve corações e mentes; e a emoção, a paixão pelo Botafogo de Futebol e Regatas possibilitam que milhares de pessoas já confirmem a participação na manifestação de sábado 8 de junho. Mas é preciso mais. Temos plenas condições de avançar nas denúncias, pois a falácia eleitoral de Eduardo Paes e seu slogan de que SOMOS UM RIO - diferentemente do teto do Engenhão - PRECISAM SER DERRUBADOS pela população! Acompanhamos o caos no transporte público; a precarização das escolas municipais e a superexploração de professores e funcionários; o aumento da violência e a diminuição das oportunidades de lazer; a inexistência de um eficiente e eficaz sistema público de saúde devido à não destinação de recursos etc. Enquanto isso, milhões são destinados para empreiteiras e empresários, que se enriquecem cada vez mais, com o auxílio do argumento das obras para os megaeventos esportivos. A coalizão de Dilma Rousseff, Sérgio Cabral e Eduardo Paes - que recebeu mais de R$21 milhões para sua campanha eleitoral de reeleição, com o apoio de cerca de 20 "partidos" - é maléfica não apenas à torcida do Botafogo, mas à população do Rio em geral! 

Por fim, as relações obscuras desta capilaridade de poderes da classe dominante querem nos esconder o que há por trás dos panos. Se é certo que colocaram caroço no nosso angu, é hora de respondermos à altura! No que depender de mim, todo apoio à devolução do Engenhão! No que depender de mim, a resposta à altura passa por conquistar cada telespectador para se somar à palavra de ordem "O POVO NÃO É BOBO! ABAIXO A REDE GLOBO" e à defesa de uma outra Cidade Maravilhosa, sem playboyzinhos da Barra governando para a elite nem agredindo quem já percebeu seu nefasto papel no Rio de Janeiro. Ou seja, FORA PAES tem que entrar na ordem do dia! 

Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
Professor de Educação Física da rede municipal do Rio de Janeiro

sábado, 11 de maio de 2013

Nunca houve um amigo como Scott


Podemos dizer que foi uma das semanas mais dolorosas de nossa família e que o dia 10 de maio deixará aquele gostinho amargo que nos faz lacrimejar e sentir a saudade apertando no coração. Cerca de 10 anos e 7 meses atrás, o "bola sete" chegou aqui em casa para trazer alegria, companheirismo e amizade. Apesar de não querer outro cachorrinho em casa naquele momento, a opção de não gostar desse "garotão" ou ignorar sua presença jamais passara pela minha cabeça, tampouco pelas minhas atitudes. Parecendo uma bolinha de sinuca peluda, nosso "negão" formou uma bela parceria com a querida e eterna Laica e conquistava todos quando chegava com sua carinha de "pidão" para ganhar um tira-gosto, um biscoito de polvilho ou um ossinho, além de fazer questão de recepcionar com o rabo abanando qualquer visita na casa: simpaticíssimo!



Quantas boas lembranças passam como um filme neste momento... Cada balançada de rabicó, cada latido, cada fuga após ouvir alguém espirrar, cada festa ao chegarmos em casa, cada encostar de cabeça sobre nossas pernas, calçados ou sofá, cada "pedido" de "me tira daqui" ao tomar banho, cada desespero com os gritos eufóricos de gol, cada incômodo ao ver um beijo ou alguém abraçando demais ou simulando brigas e palmadas... Era meu parceiro de "MMA" e adorava "brincar de brigar"! Até o momento em que eu fingia que sua mordida tinha me machucado e vinham os lambidos no "machucado" como pedido de desculpas! Seu jeitinho heróico de Lassie passava pela preocupação quando alguém passava mal, chorava ou estava triste. Ele fazia questão de ser a companhia, pois nunca gostou de sofrimento. Quando minha vó escorregou em casa, seus momentos Marley vieram à tona, pois queria ajudar, mas acabava passando por cima dela. O "Cottinho" até acreditava ser humano, quando por muito tempo andou pelas ruas sobre duas patas, saltitando, recusando-se a demonstrar aos demais que ele era quadrúpede.  

Todas as situações e vivências são belos e emocionantes capítulos de uma história que deveria ser eterna no tempo e no espaço, mas só pode ser eterna enquanto dura. Scott assumiu o papel de mais velho da casa após a morte da nossa saudosa Laica. Além de ter sido quem, desesperadamente, informou ao meu pai que Laica se fora, de maneira rápida e impressionante, ele amadureceu após passar por este choque. Depois que ficou "mocinho", trocou o estilo brincalhão e atabalhoado por um mais responsável e sério, obviamente sem deixar de querer brincar! Com a chegada de Bebel, a desconfiança do primeiro dia foi substituída pelo "matrimônio". Com ela, foi pai de seis filhotes lindos, dentre eles a Fiosa, que mora conosco.

O tempo passa tão rápido e nesses momentos de perda e dor acabamos nos lamentando por ter deixado de nos divertir durante mais minutos e horas dos dias com essas criaturas que nos fazem tão bem; que mostram mais humanidade que muitos seres humanos deste planeta; que, com ingenuidade ou esperteza, cativam nossos corações e extraem sorrisos de nossos rostos, trazendo vivacidade aos lares! Todo ser humano deveria experimentar ter um cachorro como amigo, assim como todo cachorro merece ser bem tratado por qualquer ser humano! Sem dúvidas Scott recebeu carinhos e mimos. Por não gostar de sofrimento, partiu serenamente neste dia 10 de maio, certamente para minimizar nossa dor, nos braços de minha irmã. A saudade bate e aperta bastante, mas o choro tem que ser por alegria, pois para mim, nunca houve um amigo como Scott!


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Promoção Boas-Vindas

Acabo de chegar de General Severiano, onde pela manhã, junto a outros sócio-torcedores, dei as boas-vindas aos novos jogadores do Glorioso: Rodrigo, Edilson, Bolívar, Julio Cesar e Henrique. Eles também tiveram a oportunidade de conhecer o MEU LIVRO DO FOGÃO!








Confira as frases vencedoras:

1 - RICARDO MICELLI COSTA – “Esta camisa representa glória, tradição e paixão de milhões de torcedores brasileiros e estrangeiros. A torcida é exigente porque é fanática! Sejam fortes e joguem com amor e raça! Saudações alvinegras!”
 
2 - LUIZ PAULO ROCHA SERAPHIM – “Foco , Força e Fé ... Alvinegros guerreiros nossa torcida agradece desde já a presença de vocês nessa predestinação celestial chamada Botafogo. Espero que vocês todos sejam muito felizes e que honrem essa camisa! Acima de Tudo e de todos!”
 
3 – PEDRO NOGUEIRA FAÇANHA DA COSTA – “Forca e fé aos guerreiros alvinegros comandados pelo major Oswaldo, seguidos pelo general Bolívar e guiados pelos seus companheiros de time”
 
4 – MATEUS LINS KLEIN GOUVÊA – “Sejam bem-vindos à General Severiano, casa de glórias eternizadas por lendas! Marcado por seu futebol artistico, digno de acervo de museu. Envolvente e apaixonado sempre foi a marca do time Botafoguense! Sejam bem-vindos ao Glorioso, que as conquistas passadas, sirvam de força para as inúmeras que cruzarão a estrada dos louros!”
 
5 – JEAN CARVALHO – “Essa camisa tem muita historia e espero que vocês tragam sucesso, garra, amor e glórias para o nosso time! Estaremos sempre apoiando-os, aonde for! Forte abraco!”
 
6 – JULIANA LIMA MACIEL – “Bem-vindos ao Glorioso, que em 2013 vocês façam a estrela alvinegra brilhar mais forte para sermos campeões! Nosso desejo é que vocês gravem seus nomes em nossa história!”
 
7 – CATI ALINE SERAFIM MUZY MOZER – “Uma nova temporada se inicia e junto com ela sonhos seguidos de realizações. Realizações que só são possíveis quando podemos contar com craques como vocês, que vieram pra somar. Lutaremos juntos pelas conquistas de nossa estrela solitária. Sejam bem-vindos, sintam-se envolvidos por esse amor que a nossa torcida transmite ao Botafogo, pois agora vocês fazem parte dele. Contamos com vocês e o Glorioso está contando com a gente! Obrigada por fazerem parte dessa família!”
 
8 – THIAGO PEREIRA DE MELO CAMARGO – “Primeiramente gostaria de desejar boa sorte nesta nova caminhada que vocês escolheram. Tenham em mente uma coisa: o Botafogo é muito mais que um clube. Honrem esta camisa assim como ela foi honrada por todos os nosso ídolos! Esperamos muito de vocês e apoiaremo-os até o fim, para conquistarmos muitos títulos!”
 
9 – GABRIEL RODRIGUES DAUMAS MARQUES – “Vestir esta camisa que carrega a singela combinação em preto e branco e sua magnífica Estrela Solitária no lugar onde palpitam nossas emoções certamente é uma responsabilidade além do trivial, pois nosso Glorioso carrega uma brilhante tradição. Para fazer jus a esta História, sejam bem-vindos ao Clube de General Severiano, com a expectativa de que destinem seus esforços para abrilhantar ainda mais a nossa Estrela rumo aos títulos na temporada 2013"
 
10 – DOUGLAS GABRIEL PACHECO DE SOUZA – “Que a Estrela Solitária possa invadir os seus corações e passar toda a energia e motivação necessárias para vocês brilharem com a camisa alvinegra e marcarem as suas histórias no Botafogo com glórias e conquistas!”