domingo, 18 de abril de 2010

Na estrada dos Loucos, no peito e na raça!*

Diferentemente da final da Taça Guanabara, dessa vez não estive presente no Maracanã. Com bem menos envolvimento de torcedor, mas com bastante emoção, fiquei pela Cobal do Humaitá para assistir à Final da Taça Rio. Certamente é muito mais interessante para a mídia e para patrocinadores a realização de mais dois jogos para a disputa do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Como o Botafogo vem na seqüência de três vice-campeonatos estaduais, a situação poderia ser diferente esse ano. Além disso, desde 1998 um time não era campeão estadual vencendo os dois turnos, o que me deixou com ainda mais confiança, visto que o Fogão adora romper tabus.

Não sei se todos perceberam, mas hoje a escolha das imagens das câmeras televisivas praticamente boicotou as arquibancadas e a torcida! Será por que havia mais botafoguenses no estádio? Agora vai ter que engolir o Botafogo, capa de jornal e campeão! Outro problema que costuma perseguir o alvinegro em momentos decisivos dessa vez pouco influenciou, até mesmo porque o time não se entregou: a arbitragem marcou corretamente os pênaltis a favor; distribuiu com rigor necessário os cartões amarelos; e expulsou nosso guerreiro hermano depois de bravamente defender nossos interesses! Na minha avaliação, isso foi um erro, pois a motivação foi um pênalti mal marcado a favor da urubuzada.

Apesar de não ter estado lá, hoje a fachada da minha casa esteve assim.

O barrigudinho Joel confirmou sua fama de papa-títulos estaduais. Apesar de não me agradar seu estilo e opções de jogo, o papai Joel estimulou a equipe, que foi zilhões de vezes mais vibrante, raçuda e empolgante que os times – com elencos melhores – de 2007, 2008 e 2009. Pudemos observar isso em cada disputa de bola, em cada velocidade no ataque, em cada esticada de perna para impedir o gol do adversário, mas principalmente na gana e na vontade com que Herrera partiu para cima do juiz, situação que se tivesse ocorrido em 2007 quando Dodô fora expulso, poderia mudar os rumos da piada do chororô.

Jefferson ratificou o acerto de sua contratação para nosso elenco: fez importantes defesas e ensinou ao Bruno como se pega pênalti. A defesa, apesar de fraca, teve garra o tempo inteiro e evitou dois gols quase em cima da linha. Somália, que não conseguia dominar uma bola nos primeiros jogos, superou-se, tal como os anteriormente perseguidos Fahel e Alessandro. Ainda acho que Lucio Flávio é um bom reserva, mas sua saída forçada do time foi benéfica. O ATAQUE MERCOSUL foi outro grande acerto da temporada. Herrera, batendo mal; e El Loco, batendo com uma esplêndida categoria, detonaram o goleiro machista e fanfarrão Bruno! Pelo visto, teremos atacante na Copa do Mundo de 2010, enquanto o Império do Amor se afasta dessa possibilidade. Faltou experiência ao garoto Caio, que poderia nos brindar com uma elasticidade no placar, mas valeu o amuleto supersticioso pois o desempate veio com ele em campo. Apesar de não jogar seu melhor futebol, ele mereceu muito levantar a taça enquanto capitão do time: parabéns, Leandro Guerreiro!

Enquanto isso, a Gávea sofre derrotas em poucos dias, o que fará com que a crise estrutural do sistema flamenguista possa voltar com ainda maior intensidade, tal como a do sistema capitalista. Num jogo, são bi-vices (Taça Rio e Estadual) e já não ganham do Glorioso há quatro meses! Adriano treina e joga quando quer; Bruno ataca o gringo, que foi um dos destaques da campanha do título brasileiro. Petkovic tem dado shows fora do campo: primeiro detonou Ana Maria Braga ao defender a Sérvia na época do regime socialista em rede nacional no canal de televisão apoiador de ditaduras militares, do empresariado e da classe dominante (http://www.youtube.com/watch?v=UHHGZKMwSaI); depois, sem papas nas línguas, falou que o pior do Flamengo são seus dirigentes. Confesso que fiquei fã dele, diferentemente da presidente tucana Patrícia Amorim, que agora lidera o chororô rubro-negro por conta da Taça de Bolinhas. A intensidade da crise pode ser ainda maior se o time das terras de Hugo Chávez não perder por 2 x 0 e o Flamengo ser eliminado na primeira fase da Libertadores na próxima quarta.

Enfim, o Fogão matou dois coelhos com uma tacada, sendo campeão da Taça Rio e já garantindo o campeonato estadual. Nas semifinais dos turnos, despachou o Flamengo e o Fluminense; nas finais, o Vasco e o Flamengo freguês. Desde 2006, portanto, somos campeões de 3 das 5 Taças Guanabara; 3 das 5 Taças Rio; e 2 dos 5 Estaduais. Estivemos em 100% das finais do Rio em 2008, 2009 e 2010: uma significativa e marcante hegemonia nos últimos cinco anos. Nesse domingo 18 de abril, seguimos a estrada dos loucos; com a Estrela Solitária no peito guiando a raça dos jogadores, que mereceram entoar euforicamente: É CAMPEÃO! Agora, depois do repouso e de um jogo para entrega da faixa, é rearticular o time, contratar bons reforços e realizar uma boa pré-temporada para fazer bonito no Campeonato Brasileiro. Afinal, será a única competição do segundo semestre. Nós podemos comemorar e gozar os adversários, pois o Rio começa a semana alvinegro, com as cinzas do Botafogo.

Em General Severiano, hoje à noite, ONDE COMEÇOU A FESTA...

Ô, o meu vice amarelou...
O meu vice amarelou...
O meu vice amarelou...
Cadê o império do amor?

*Gabriel Marques, botafoguense desde 30/05/1985

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estação Stand-up

Ultimamente tenho tentado acompanhar algumas comédias nos teatros, como as que contam com jogos de improviso e as que possuem o modelo stand-up. Na quinta passada, a convite da amiga e produtora cultural Érika Neves, estive no Teatro Maria Clara Machado - no Planetário da Gávea - para assistir à estréia de Estação Stand-up, que estará em cartas todas as quintas de abril a partir das 21h30min.

Com piadas atuais e contextualizadas ao cotidiano dos brasileiros - principalmente os cariocas -, os atores arrancaram muitos risos e aplausos da platéia, que lotou o teatro no primeiro dia. O grupo é bem jovem e possui considerável potencial. A peça tem duração de pouco mais de 1 hora; recomendo que assistam!

Seguem abaixo as informações e a filipeta com desconto.


Estação Stand-up de volta!

Daniel Belmonte
(Reco, de "Malhação ID", da TV Globo)

e Rafael Studart
(Beto, da série "Os Buchas", da Oi TV)

retornam em mais uma temporada e com convidados fixos:

- Murilo Couto (Beto Duarte, de "Malhação ID")
- Nigel Goodman (do grupo de stand-up comedy "Louco é Pouco")

Convidados de 08/04:
Gregório Duvivier ("ZÉ - Zenas Emprovisadas")
e, como open mic, em sua estreia no stand-up:
Matheus Souza (diretor do premiado filme "Apenas o Fim")

Imprima a filipeta abaixo (pode ser em preto e branco) e pague apenas R$ 10!!!

sábado, 3 de abril de 2010

X Encontro Regional de Estudantes de Educação Física

Na seqüência dos feriados de 21 e 23 de abril, lugar dos estudantes de Educação Física do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Minas Gerais é na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica. Entre os dias 21 e 24 desse mês, ocorrerá o X Encontro Regional de Estudantes de Educação Física da Regional II (RJ, ES e MG): o EREEF RURAL 2010. Participe enviando trabalhos até o dia 16 para apresentar oralmente ou por meio de pôster! Converse com seus colegas de sala e procure o Centro ou Diretório Acadêmico para ajudar na divulgação e organizar os/as estudantes da faculdade para vivenciar o Encontro!

Entre 2003 e 2007, enquanto estudante de Educação Física da UFRJ, participei do Movimento Estudantil de Educação Física. Nos EREEFs da Regional II, desde então, estive em Viçosa (UFV-2004), apresentei trabalho em Seropédica (UFRRJ-2005), fui palestrante em Juiz de Fora (UFJF-2006), compus a Comissão Organizadora no Rio de Janeiro (UFRJ-2007). Já Licenciado em Educação Física, também estive como mediador do filme "A UNE somos nós?" em Minas Gerais (UFMG-2008) e dei uma espiadinha rápida em Niterói (UFF-2009). Esse ano, participarei como mediador do filme "Roger e eu", repetindo o evento na receptiva cidade de Seropédica.

Vamos nos encontrar lá!
Prof. Gabriel.



Seguem abaixo algumas informações contidas no panfleto de divulgação do EREEF 2010.


SEJAM BEM VINDOS/AS

O Encontro Regional de Estudantes de Educação Física ocorre anualmente, sendo um evento construído exclusivamente por estudantes e para os/as estudantes e trabalhadores/as da área. Realizado pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física (ExNEEF). A ExNEEF é a entidade representativa dos estudantes de graduação do curso de Educação Física de nosso país, responsável por organizar e executar as ações do Movimento Estudantil de Educação Física – MEEF.

Os Encontros Regionais de Estudantes de Educação Física (EREEFs) surgiram como forma de preparação para os Encontros Nacionais (ENEEFs), onde ocorre a maior instância deliberativa do MEEF – a Plenária Final.

A formação acadêmica dos universitários acompanha o cenário político, econômico e social em que vivemos, refletindo-se em nossas salas de aula e espaços de atuação. Por conta da influência do pensamento e da política de implantação do neoliberalismo, é perceptível a ampliação gradual de individualismo e competitividade e a diminuição da participação política no dia-a-dia da Universidade. O Movimento Estudantil se configura como um importante instrumento de organização e formação dos estudantes, possibilitando discussões pertinentes e propositivas que visem criticar e superar a realidade em que estamos inseridos. Através dos seus espaços, o EREEF enquadra-se nessa perspectiva, possibilitando aos participantes reflexões acerca de temas que muitas vezes encontram-se como coadjuvantes em nossos currículos escolares, fundamentando e instrumentalizando.

INSCRIÇÕES EM

OBS: Enviar seu nome e instituição que faz parte;
Valor da inscrição R$20,00 incluindo alimentação e alojamento (trazer colchonete).
Pagar no ato do credenciamento.

MAIORES INFORMAÇÕES

Tels: Amanda 8823-2355, Leandro 9475-4026

NORMAS para APRESENTAÇÃO de TRABALHOS

-> Os trabalhos devem ser inscritos até o dia 16 de abril de 2010 e enviados para o e-mail: calef-rural@hotmail.com [campo “assunto”: inscrição de trabalho];
-> Os trabalhos poderão ter os seguintes formatos: apresentação oral ou painéis (pôster).
-> Cada autor poderá inscrever mais de um trabalho para apresentar no evento, contudo, os trabalhos de um mesmo autor devem ser em formatos diferentes. Poderá existir mais de 1 (um) autor por trabalho;
-> Os trabalhos podem estar conclusos ou em andamento. A Comissão Científica analisará seu trabalho e retornará o aceite, desde que o trabalho contemple as seguintes normas
-> Resumo - apresentação oral: até 4 laudas (introdução, metodologia, desenvolvimento, conclusão e referências);
Resumo - painéis: até 2000 caracteres e 3 palavras-chaves;
Critérios avaliados: consistência argumentativa; diálogo com a literatura; qualidade da escrita; relevância do tema.

Todos os tipos de trabalho deverão contemplar os seguintes requisitos quando enviados à análise: Word 6.0 for Windows ou superior; Titulo: caixa alta, centralizado e em negrito, á dois espaços abaixo do titulo; nome(s) do autor (es) seguido(s) do órgão ou entidade e e-mails alinhados à direita; A dois espaços abaixo segue o desenvolvimento do texto; Bibliografia segundo normas da ABNT; formato da página: tamanho A4 e margem com recuo 2,5 cm superior, inferior e à direita e 3,0 cm à esquerda; fonte arial, tamanho da fonte 11, espaçamento entre linhas 1,5;

PROGRAMAÇÃO

Quarta - feira / 21 de Abril
8:00 – 10:00 -> Credenciamento
10:00 – 11:00 -> Mesa de abertura
11:00 – 12:00 -> Almoço
13:30 – 17:00 -> Mesa Práxis – Artes Circenses, Jogos Populares e Lutas
18:00 - 20:00 -> Lanche
20:00 - 22:00 -> 1º COREEF
22:00 -> Cultural

Quinta - feira / 22 de Abril
6:30 – 8:00 -> Café da Manhã
08:30 – 11:30 -> Mesa I “A Universidade em Crise! A Copa do Mundo é Nossa?”
11:30 - 12:00 -> Almoço
14:00 – 17:00 -> Grupos de Discussão
18:00 – 20:00 -> Lanche
20:00 - 22:00 -> Grupo de Discussão – FILME: Roger e Eu.
22:00 -> Cultural

Sexta - feira / 23 e Abril
6:30 – 8:00 -> Café da Manhã
08:30 – 11:30 -> Mesa II “A copa do Mundo é Nossa. Solução ou Ilusão?
11:30 - 12:00 -> Almoço
13:30 - 17:00 -> Grupos de Trabalhos Temáticos: Universidade, Opressões, Esporte, Saúde e Licenciatura Ampliada
18:00 – 20:00 -> Lanche
20:00 –> 2º COREEF
22:00 -> Cultural

Sábado / 24 de Abril
6:30 – 8:00 -> Café da Manhã
08:30 – 11:30 -> Plenária
11:30 - 12:00 -> Almoço
14:00 – 17:00 -> Plenária
17:00 – 18:00 -> Avaliação do Evento
18:00 -> Encerramento / Confraternização

Doe sangue II

Na última quinta-feira, 1 de abril, o amigo Daniel Leal e eu estivemos no Gávea Medical Center para doação de sangue. Apesar de ser o "Dia da Mentira", nossa presença foi totalmente verídica. Foi a quarta vez que doei e é muito tranqüilo! Desde novembro do ano passado não doava, e mais uma vez a motivação foi solicitação de alguma pessoa conhecida com necessidade de reposição do banco de sangue. Essa postagem vai ser bastante curta, o que não diminui o peso da sua importância: podemos destinar algumas horas de nossas vidas, bimestral ou trimestralmente, para realizar esse gesto que pode salvar tantas outras!



sexta-feira, 2 de abril de 2010

Construindo a Unidade Proletária - Tese para o Congresso da Classe Trabalhadora

Segue abaixo uma síntese da tese para o Congresso da Classe Trabalhadora, reivindicada pelo Coletivo Marxista e assinada pelos Movimentos Sindicalismo Militante, Universidade Crítica e Quem Vem Com Tudo Não Cansa.




CONSTRUINDO A UNIDADE PROLETÁRIA

Síntese da Tese para o Congresso da Classe Trabalhadora
Versão completa disponível em
http://coletivomarxista.blogspot.com/2010/04/construindo-unidade-proletaria.html

Assinam:

Movimento Sindicalismo Militante
atuação no SEPE-RJ

Movimento Universidade Crítica
atuação no movimento docente ensino superior

Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa
minoria DCE-UFRJ

Nos dias 5 e 6 de junho de 2010, ocorrerá em Santos-SP o Congresso da Classe Trabalhadora, parte e conseqüência de um processo de reorganização no movimento social em nosso país e que potencialmente se apresenta enquanto um marco para o avanço de nossas lutas e consolidação de alternativas para a classe trabalhadora brasileira.

Conforme Karl Marx já demonstrara, é inerente ao sistema capitalista a ocorrência de diminuição tendencial dos lucros, queda de salários e miserabilização das massas. Quase oito décadas após a crise de 1929, uma crise econômica mundial e de grandes proporções coloca em xeque o sistema do capital, com os Estados Unidos da América no epicentro, afetando o sistema financeiro mundial e provocando recessões nas grandes economias européias. Enquanto bilhões de dólares são injetados para auxiliar banqueiros e patrões, para os trabalhadores a situação é diferente e contínua: desemprego, diminuição de salários, direitos e pensões, precarização da Saúde e da Educação públicas.

Dos BRICs aos PIIGS, as trocas de siglas são feitas nos noticiários econômicos e políticos, enquanto a crise econômica iniciada em 2007 ameaça converter-se em crise fiscal. De forma dinâmica, o continente asiático emerge como centro econômico mundial, competindo o poder mundial com os EUA, cujo governo Obama prossegue o crescimento por meio do império militar na suposta “guerra contra o terror”.

Situamo-nos numa conjuntura dramática: milhares de trabalhadores dizimados, assassinados impunemente, em toda sorte de catástrofes naturais e políticas, como recentemente observadas no Haiti, no Chile, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão, na Colômbia, no Sri Lanka etc. Ao invés de enfrentamento direto e explícita luta de classes, ocorrem showmícios e ajudas pretensamente humanitárias. A última etapa “do breve século XX”, marcada pelo fim do socialismo real com a queda do Muro de Berlim em 1989, faz recuar a esquerda, fertiliza a hegemonia estadunidense e inaugura o pensamento único neoliberal. A América Latina, subjugada, ainda busca sua real independência; todavia, o resultado do receituário econômico do Fundo Monetário Internacional é a crescente miserabilização das massas, escalada desenfreada da violência rumo à barbárie, lucros exorbitantes para o capital financeiro e enorme concentração de renda.

Lula é eleito no país num cenário de ataques às conquistas dos trabalhadores, iniciado por Collor e Fernando Henrique Cardoso. Quando o neoliberalismo começa a apresentar sinais de desgaste, cabe a um líder operário o aprofundamento e institucionalização do projeto neoliberal, conseguindo, com maior eficiência que os governantes anteriores, implantar as reformas necessárias à sobrevida do capital. Tal quadro é favorecido por ancorar-se num líder sindical enquanto presidente e em partido e entidades com significativo poder de representação – PT, CUT e UNE – que dificultam a retomada das lutas. Os escândalos de corrupção são outra faceta do projeto neoliberal; entretanto, a aceitação do governo é mantida alta graças aos programas assistencialistas, apoio do capital financeiro e bom desempenho econômico sob a ótica burguesa.

Considerado “o cara” por Obama, Lula é considerado herói por “salvar o país da crise”, escamoteando-se os ataques aos trabalhadores para sustentar o repasse de quantias do dinheiro público para empresários e banqueiros. Sabemos que a crise não foi superada. Sabemos igualmente que a sociedade capitalista é marcada e movida por conflitos de interesses entre trabalhadores e burgueses. Portanto, tais ataques se tornam mais fáceis diante da fragilidade da contraposição organizada da classe trabalhadora, num contexto de exaltação do individualismo e limitadas denúncias concretas contra Lula/PT.

Equivocadamente, o setor majoritário da esquerda anti-governista – PSTU e PSOL – ignorou nas manifestações e lutas o Governo que concretamente representa ricos e empresários, “unitariamente” esteve com CUT, UNE, CTB e outras entidades pelegas, enquanto Lula conseguiu dirigir uma recuperação parcial da crise e ser poupado da figura de inimigo da classe. É preciso um balanço sério e comprometido desse processo de lutas, pois não é possível depositarmos esperanças de que Lula se colocasse ao lado dos trabalhadores.

PT, Lula, CUT e UNE traem a classe trabalhadora! O PT se transformou em um partido burguês a serviço do capital ao passo que privilegia a via parlamentar; a CUT se converte em aparato governista após a ascensão de Lula, freando mobilizações e legitimando o governo e suas políticas. Hoje, a derrota do governo passa necessariamente pela derrota da CUT. Com isso, o debate sobre a reorganização dos trabalhadores em nosso país passa pela definição do caráter e do conteúdo das lutas que precisamos travar contra o capital e seus agentes.

Em 2004, em grande Encontro Nacional, foi criada a Coordenação Nacional de Lutas – CONLUTAS, que possibilitou em grande parte a reorganização da esquerda brasileira. Situamo-nos num período em que o velho não serve mais e abre espaço para o surgimento do novo, novo este que está para ser criado sobre os escombros do velho. Precisamos erguê-lo a partir de uma caracterização precisa do estágio em que se encontram as lutas de classe a nível mundial e nacional, do nível de organicidade em que a classe trabalhadora se encontra e principalmente por onde passam as possibilidades de avanço. Em 2008, no primeiro Congresso da CONLUTAS, o PSTU – setor majoritário – optou pela agitação esvaziada da construção da “unidade”, esvaziando o papel político da CONLUTAS como instrumento de lutas.

A unidade, que certamente defendemos, só é possível quando o movimento torna-se capaz de identificar objetivos comuns e traça ações unificadas para alcançá-los. Se Lula e seus aliados se encontram do outro lado, não é possível a construção de “unidade” com os que nos traíram e defendem o oposto de nós! É no combate à CUT e ao Governo que poderemos nos consolidar enquanto alternativa e fazer avançar a consciência da classe trabalhadora.

A construção de uma nova central necessita de discussões acerca do conteúdo dos debates, realizando um comprometido balanço das experiências de reorganização e uma análise rigorosa da realidade sobre a qual intervimos. Diante disso, a centralidade passa por um debate de programa e estratégia desse novo instrumento, hierarquizado pelos interesses históricos dos trabalhadores. A construção de uma nova central deve adotar um programa classista, jamais vaga ou abstrato, que coloque o capital como um fantasma, sem cara nem nome. É preciso identificar quem são os responsáveis pela implantação, manutenção e aprofundamento dos interesses capitalistas, construindo, portanto, um programa anti-capitalista e anti-governista. Seria um grande retrocesso a “coexistência pacífica” com a CUT; precisamos abandoná-la e destruí-la como referência para o proletariado.

Precisamos realizar uma análise concreta da realidade concreta. No Brasil, não vivemos atualmente um momento de unificação das lutas de classe. Esse é um desejo dos lutadores e lutadoras. Porém, apenas um desejo não basta! Apontamos a necessidade de uma nova central sindical de trabalhadores e de uma nova entidade de representação estudantil. A herança da unidade operário-estudantil deve ser resgatada, atuando em unidade contra o capital. O movimento sindical deve possuir uma central forte, consolidada, que em seus fóruns discuta conjuntamente com o Movimento Estudantil e/ou com o Movimento Popular. A participação de demais segmentos nos fóruns da central não substitui a construção de organizações de classe e categoria, capazes de atender às necessidades específicas de cada movimento, fazendo avançar os níveis de consciência e rumando a uma real unificação.


Resoluções

Programa e estratégia da nova central
O Congresso Nacional da Classe Trabalhadora resolve:

- Que a nova central deve adotar um programa classista, que coloque em primeiro lugar as lutas dos trabalhadores e sua independência de classe em seu enfrentamento aos ataques do capital.
- Que a nova central deve adotar um programa anti-capitalista e, na atual conjuntura, anti-governista.
- Que o programa da nova central deve ser princípio norteador para a construção da luta concreta, diária, para a construção de mobilizações e pautas de reivindicação.
- Que, programaticamente, a nova central entende a desconstrução do governo Lula e seus aparatos no movimento social como representantes da classe trabalhadora uma condição para avançar no nível de consciência dos trabalhadores e, portanto, eixo constitutivo das lutas a serem construídas.
- Que a nova central deve se pautar pro um marco claro de ruptura com a CUT e demais aparatos do governo no movimento social.
- Que a nova central, programaticamente, defende a unidade da classe trabalhadora tendo como princípio a independência de classe.

Caráter da nova central
O Congresso Nacional da Classe Trabalhadora resolve:

- Que a nova central deve ser uma central sindical de trabalhadores e agregar, em seus fóruns, delegações estudantis e de movimentos populares (organizadas por suas respectivas entidades e centrais) para discussão dos pontos de atuação unitária.

Plano de Lutas
O Congresso Nacional da Classe Trabalhadora resolve:

- Aprovar um plano unificado de lutas pautado pelos seguintes itens:
* contra as reformas neoliberais do governo Lula/PT, defender todos os direitos;
* mais verbas para saúde, educação, políticas de trabalho, moradia e transporte públicos;
* reestatização das empresas privatizadas; reestatização da Petrobrás, petróleo 100% estatal;
* participação ativa nas campanhas salariais das diversas categoriais, defendendo os direitos e salários dos trabalhadores;
* pelo fim do superávit primário e pelo rompimento com o FMI;
* contra a criminalização dos movimentos sociais; entre outros.

Concepção e estrutura sindical: o funcionamento da nova central
O Congresso Nacional da Classe Trabalhadora resolve:

- Que a nova central deve desenvolver mecanismos e instrumentos que assegurem a mais ampla participação e controle dos trabalhadores sobre a entidade, através do fortalecimento dos fóruns de base, da garantia de participação dos trabalhadores em todos os organismos e da valorização das representações diretas dos trabalhadores.
- Eleger uma coordenação para a nova central, composta pelos sindicatos da classe trabalhadora. Os sindicatos devem enviar suas representações diretamente à coordenação, e essas representações devem ser eleitas ou indicadas em fóruns de base de cada uma das entidades. A coordenação da nova central deve realizar amplas reuniões nacionais a cada dois meses e, além de encaminhar as atividades da central, planos de lutas e ações, deve se ocupar da construção do primeiro congresso da nova central, que elegerá sua direção.