Uma
partida de Campeonato Brasileiro às 21h 50min de uma quarta-feira já é algo
patético. Com preços de ingressos altos então, complica a presença da torcida.
Pouco mais de 5.000 torcedores estivemos na última quarta-feira no Engenhão
para acompanhar o confronto válido pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Depois de jogar muito melhor no primeiro tempo contra o Palmeiras pelo jogo de
ida da Copa Sul-Americana e vacilar ao levar dois gols de Barcos no segundo
tempo, tinha a certeza de que a Comissão
Técnica e a defesa do Botafogo teriam aprendido algumas lições e estudariam
o estilo de jogo e as armas ofensivas do adversário para garantir a terceira
vitória consecutiva no Brasileirão e continuar se aproximando dos primeiros
colocados.
Apesar de um bom volume de jogo, criando
algumas jogadas, minha certeza transformou-se em ledo engano aos 14 minutos do
primeiro tempo. Em falha coletiva da
defesa somada ao vacilo individual de Antônio Carlos, Barcos apareceu sozinho
para balançar mais uma vez as redes de Jefferson. Mesmo com o placar
adverso, nosso Fogão até tentava, mas o goleiro Bruno estava inspirado.
Continuávamos com boa construção de jogadas no segundo tempo e parecia possível
acreditar em mais uma virada no campeonato. Logo aos 13 minutos, número para nós tão querido, Lima – que entrara bem no lugar de
Márcio Azevedo – fez bom cruzamento para
Andrezinho marcar mais um gol e empatar a partida. Se virássemos, seria a
décima terceira vitória contra os porcos
em Brasileirões. Se virássemos... Contudo, aos
27 minutos, Fernandinho deu um drible desconcertante no fraquíssimo Lennon e
forneceu assistência para... BaBarcos me mordam! Novamente o argentino, sozinho
na área, tocou para o fundo das redes e desempatou o confronto. Após (outra)
falha grotesca de Fábio Ferreira, Pirata¸
fantasma ou não, Barcos ainda fez o terceiro gol, erroneamente anulado pela
arbitragem. De toda maneira, mais uma vez nos afundou... Sem precisar jogar batalha naval. Resumindo: sexta derrota
em 15 rodadas, sendo absurdas quatro em pleno Engenhão! Já foi mais que provado que a torcida não pode ser culpabilizada pelos
vexames em casa. Está na hora de mudar o nome oficial do Estádio para que este
traga melhores fluidos! Ou colocar os jogos em Juiz de Fora, Brasília, Belém...
Levando caravanas de sócios-torcedores.
É,
Oswaldo, a situação está complicadíssima. Vários torcedores já perdem a
paciência com o treinador e alguns jogadores. Faltam treinos, faltam conversas, faltam acertos de posicionamentos,
faltam finalizações, falta dedicação, falta amor à camisa, falta respeito à
tradição da Estrela Solitária, falta identificação com a torcida, enquanto
sobram displicência, festinhas e penteados exuberantes! Às vezes sinto pena
de Seedorf e Jefferson, com tantas cabeças
de bagre ao redor. Em vez de colocar o tal do Lennon, é bom dar uma chance
ao garoto Gabriel; Renato está apagadíssimo, errando passes e não marcando
ninguém; Fábio Ferreira tem sido a mina
de ouro dos adversários; Elkeson quase não finaliza; mais uma finalização
do Botafogo bate na trave... Enfim, a
conjuntura não é favorável, embora tenha confiança de que é possível reverter
com trabalho e compromisso.
A
alegria de quarta à noite ficou por conta de mais uma loucura! Após ser provocado pela mulambada no jogo do Flamengo contra o Figueirense, Loco Abreu beijou o escudo do Glorioso e
rememorou a cavadinha de 2010.
Para mim, é o jogador mais inteligente, culto e sagaz – reunindo estas três
características simultaneamente – em atividade no Brasil. Ele sabe o que faz e, independente de suas intencionalidades ou
inintencionalidades, é respeitado e merece ter seu nome gritado pela torcida!
Antes
de falar sobre a data, publicizo aqui uma cartinha (ainda bem educada) à
diretoria do Botafogo de Futebol e Regatas: “forneço meus serviços de peladeiro ao Departamento de Futebol. Possuo
média de gols nas peladas infinitamente superior à do Rafael Marques pelo
Campeonato Japonês. Prometo não realizar raves na minha casa, não pentear o
cabelo de maneira extravagante, não recuar a bola pro goleiro e entender que o
objetivo do futebol é marcar gols, situação ocorrida quando a bola ultrapassa a
linha localizada entre as duas traves e abaixo do travessão. Serei pontual e
assíduo aos treinos e posso dar entrevistas para além do trivial, das
baboseiras e cretinices faladas por muitos por aí. Honrarei a camisa já vestida por Heleno, Didi, Garrincha, Nilton
Santos, Quarentinha, Túlio e tantos outros. Em troca, podem me pagar o
salário que recebo como professor.”
Para
fechar, hoje é Dia dos Pais e fica
registrada também aqui minha homenagem ao Mario Luiz, meu pai botafoguense!
Daqui a pouco é hora de ficarmos na torcida por mais uma vitória fora de casa
para parabenizar todos os papais alvinegros e comemorarmos ainda mais efusivamente
os 108 anos de fundação do Botafogo Football Club. Parabéns aos Pais e ao Fogão!
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985