domingo, 5 de agosto de 2012

É a chance!*

            Começamos a 14ª rodada com uma vitória parcial fora de campo. Apesar de nosso confronto ser fora de casa, nossa diretoria agiu nos bastidores em defesa do gramado do Engenhão. A CBF adiou o jogo dos pobres coitados sem estádio devido ao ofício enviado pelo Botafogo para a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ). E enquanto a presidente deles se diverte em Londres – tal como a mafiosa cúpula comandada pela tríade Dilma, Cabral e Paes – seu assessor especial Eduardo “Vassoura” soltou a infeliz pérola de que nossa torcida comparece ao Engenhão com “três ou quatro mil pessoas”. São muito toscas essas baboseiras expostas publicamente sem qualquer fundamentação científica, apenas querendo jogar para a torcida enquanto não movem uma palha para saírem da crise cíclica do sistema flamenguista tampouco para terem seu próprio local de jogo. Sr. “Vassoura”, a média de público do meu Glorioso é maior que à do clube da Gávea neste Campeonato! E somos os responsáveis pela maior arrecadação da história do Estádio – por mais que eu critique o preço dos ingressos, vocês nem chegaram perto disso!

            No ano passado tive a oportunidade de ir ao Serra Dourada para o confronto com o Atlético-GO. Este ano, depois de participar da IX Pelada da Esquerda, no Light (Grajaú) e marcar meus cinco gols, comprovando minha média deveras superior à de postes como Rafael Marques, foi o tempo de tomar banho, vestir a camisa preta do Fogão e partir para o churrasco na casa do camarada Bruno Gawryszewski, cujo defeito é torcer pelo Flamengo. Apesar de vários alvinegros presentes, a torcida dos rivais pelo insucesso do Glorioso incomodava e o receio da repetição do placar de 2011 – derrota por 2 x 0, com gols marcados em menos de dez minutos de jogo – incomodava muito mais.

            E o primeiro tempo caminhou ao encontro de meu receio. Sem criar oportunidades de gol, o Botafogo começava a oferecer espaços ao rival. Para variar, quem conseguiu aparecer mais que seus esdrúxulos penteados e cometer a infração dentro da área para o árbitro assinalar o pênalti!? Sim, Fábio Ferreira foi capaz de aprontar mais uma. E, apesar de tocar a bola chutada no meio do gol pelo goleiro Márcio, Jefferson não evitou o gol dos dragões, vice-lanternas da competição. Se nas arquibancadas nossa torcida dominava, faltava a compreensão de nossos jogadores de que o mesmo seria possível em campo.

            Pouco mais acordado no segundo tempo, com a troca do inoperante Rafael Marques por Fellype Gabriel, o Botafogo melhorava o posicionamento em campo. Todavia, ainda se encontra totalmente aquém do que precisa render se pretende disputar o título. Oswaldo de Oliveira nos solicitou paciência com o referido atacante, mas a cada jogo que passa ela caminha para o esgotamento! Pela bola que ele salvou em cima da linha, evitando o gol do rubronegro goiano, que o coloque na vaga do Fábio Ferreira então! Outra troca foi a do machucado John Lennon pelo jovem e meu xará Gabriel. A propósito, consideraria muito melhor que o técnico tivesse fornecido a chance ao garoto da base, já que o titular Lucas fora vetado.

            Aos 18 minutos, o jogo parecia um treino de faltas. No primeiro chute, com a barreira andando e diminuindo a necessária distância dos 9,15m negligenciada pela arbitragem, nosso surinameso teve que acertá-la. No rebote, falta em Antônio Carlos, esta mais perto da grande área. Aos 19 minutos, sem precisar usar palavras, o olhar do surinameso dizia: “É a chance!” E dessa vez não teve jeito: se a coruja ali estivesse... Teria que ter sido trocentas vezes mais ágil que o goleiro Márcio, espectador de camarote do golaço de Seedorf! O primeiro com a camisa da Estrela Solitária! Seeeee-Doooorrrr-Feeee! Oba! Oba! Era o empate do Fogão. Dez minutos após a bela e efusiva comemoração coletiva do gol, se a nossa zaga parece Os Trapalhões lá atrás, foi para o ataque para ser decisiva em mais uma virada do Fogão. Fábio Ferreira fez belo cruzamento da direita, Fellype Gabriel cabeceou forte, Márcio espalmou, Antônio Carlos pegou novo rebote ofensivo, fornecendo assistência para novamente Fellype Gabriel cabecear, só que dessa vez balançando as redes!

            A equipe adversária é fraca tecnicamente e forte candidata à Segundona 2013, mas cresce nos jogos em casa. Foi um necessário triunfo, mais um fora de nossos domínios territoriais e mais um placar em cheio acertado no Bolão! São três pontos importantíssimos que nos fazem ganhar uma posição na tabela diante da derrota do Cruzeiro e não permitem aos primeiros colocados um distanciamento. Quarta-feira, mesmo naquele absurdo horário que atende aos interesses televisivos, é fundamental que ocupemos os setores do Engenhão para presenciar a categoria de Seedorf e cantar para impulsionar o Glorioso rumo à terceira vitória consecutiva no Brasileirão! Pra cima deles, Fogão!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

2 comentários:

  1. Ontem ao escutar o jogo do Botafogo na Radio Globo FM,que foi o único meio que eu tinha a minha disposição e que me emocionei muito. Relembrei dos tempos de roça, dos tempos que meu pai assistia o jogo do glorioso com um radinho de pilha. Foi ali que me apaixonei pela estrela solitária, foi a partir daquelas cenas freqüentes que sou Botafogo de coração.

    Diana Oliveira

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  2. Que maravilhoso e que orgulho para nós botafoguenses, ter como profissional e torcedor, uma pessoa como você Gabriel Marques. Lendo seus textos, livros ou vendo suas palestras, me sinto cada vez mais próxima e apaixonada pelo botafogo. É um talento nato, que você continue nos presenteando sempre com suas palavras, com suas informações construtivas, ricas em conteúdos e principalmente envolventes.

    Fã, Diana Oliveira

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