terça-feira, 7 de agosto de 2012

IX Pelada da Esquerda*



            Em meio à greve das Instituições Federais de Ensino, do Arquivo Nacional, à ocupação do Canecão e às variadas lutas em defesa da Educação e Saúde Públicas e visando à construção de uma nova sociedade, mais de trinta companheiros fizeram uma breve pausa na agenda de estudo, trabalho e militância para a confraternização semestral, desta vez em novos gramados. A nona edição da Pelada da Esquerda, no Rio de Janeiro, ocorreu na Associação Atlética Light, no Grajaú, e foi paulatinamente organizada ao longo de um mês e meio para que os peladeiros pudessem aproveitar ao máximo as duas horas oscilando momentos de categoria e trapalhadas no dia 4 de agosto. Infelizmente, algumas baixas por contusões, as ausências não informadas e os atrasos impossibilitaram que a organização chegasse à plenitude. Porém, o churrasco no Andaraí fechou o Sábado com chave de ouro, com o auxílio do golaço do surinameso Clarence Seedorf, agora em terras tupiniquins como nós.

            Depois de sagrarem-se campeões de La Liguita – torneio de consolação durante a I Copa América Alternativa na Argentina – e de disputarem o jogo de ida da Recopa Alternativa contra o Autônomos FC, em São Paulo, o time Pelada da Esquerda já se encontra requisitado nacional e internacionalmente. Em datas a serem confirmadas, há um amistoso apontado contra o time de Maromba, distrito de Itatiaia; o jogo de volta, no Rio, contra o Autônomos, onde há totais condições de reverter o placar negativo de 8 x 1, já que o jogo será em casa e a equipe contará com seu plantel reforçado. Entre os dias 24 e 26 de agosto, nosso artilheiro Gabriel Marques – GM-7, que alcançou a marca dos 29 gols em 9 edições – representará o Pelada da Esquerda na Copa do Mundo Alternativa, em Bristol, na Inglaterra, integrando o combinado que contará também com integrantes do Autônomos FC e do FC Vova, da Lituânia. Durante o churrasco, foi dado o pontapé inicial para a organização do elenco que disputará a II Copa América Alternativa, entre 14 e 17 de fevereiro do próximo ano.

            Como de praxe, seguem nossas impressões e avaliações – dessa vez consolidando a parceria entre dois conceituados e premiados comentaristas – sobre o desempenho dos jogadores na tarde de sábado.

Cláudio Lopes: como bom xeroqueiro e microempresário do ramo das papelarias, prometeu a distribuição de canetas, mas não foi capaz de cumprir enquanto esteve na linha. Recordou seus tempos de categorias de base do Bonsucesso, mas não evitou vários gols, comprovando que precisa de muitos treinos para recuperar a vaga hoje ocupada por Bruno G. Nota 7,0.

Murilo Vilaça: dedicando-se a dois Doutorados, teve seu faro de artilheiro afetado. A finalização que mais chamou a atenção foi quando achou que jogava na NFL, ao tentar marcar um touchdown. Além do mais, tinha uma morena do lado de fora do campo que lhe dispersou a atenção. Nota 4,0.

Bruno Gawryszewski: aumentando seu cabedal como goleiro, BG-69 foi disparado o melhor arqueiro do evento. Só levou alguns gols porque machucou um dedinho no início da Pelada e jogou contra a equipe de GM-7. É Seleção! Nota 9,5.

Gabriel Marques: tinha dois objetivos na Pelada da Esquerda: preparar-se para a Copa do Mundo e aproximar-se da marca dos 30 gols. GM-7 agarrou durante uma partida, forneceu assistência e balançou as redes adversárias por cinco vezes, contribuindo para a invencibilidade do time Marx. Preferiu deixar o Gol 30 para a glamourosa décima edição. Nota 9,5.

Thiago Coqueiro: com relativa categoria no início, não honrou o nome do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa ao se desgastar enquanto os minutos passavam. Apesar de não beber, não fumar e não..., seu abdômen proeminente acusa as limitações de preparo físico. Seria melhor ter brincado de pique-se-esconde ou ter soltado cafifa nas terras gonçalenses. Nota 4,5.

Alex Lauriano: distribuindo lindeza Brasil afora, nesta edição ficou marcado como o chorão. Resmungou o tempo todo reivindicando o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva e a Comissão de Arbitragem e não repetiu os dribles e a malandragem de outrem. Nota 3,5.

Luiz Carlos: vangloria-se por um ovinho dado no melhor jogador de linha da partida. Ainda não tomou vergonha na cara de cortar o cabelo. Excetuando-se este único lance de lucidez e categoria, só apareceu por conta do acessório usado no cabelo, para desespero e provocações de Bruno Adriano. Nota 5,5.

Matheus Cidão: evidenciou o total desgaste da viagem de Campo Grande até o Grajaú. Sua presença foi notada apenas na Foto Oficial. Nota 4,0.

Renato Sarti: soberano no meio-campo, quase sempre fazendo boa ligação entre a defesa e o ataque e marcando dois gols. Apesar das incursões burocráticas no CONSUNI, cumpriu um bom papel na equipe Marx. Nota 7,5.

Elielsom: enquanto esteve em campo, deu trabalho aos adversários. Sorte deles que suportou apenas uma partida e meia, o pior preparo físico dentre os 32 jogadores. Nota 4,5.

Maurício Mileo: não repetiu as atuações que o consagraram como o camisa 9 da Pelada da Esquerda. MMs-9 não cabeceou em direção ao gol, não executou um chute decente e quase teve um ataque cardíaco. Nota 4,5.

Marcelo Dominguez: MD-24. Correu como nunca, jogou como sempre (com direito a gol contra no BG-69). Declamou a frase impagável: “Porra, eu não sei mais jogar bola!”. Pelo esforço... Nota 6,5.

Gustavo Oliveira: a cabeleira satânica começa a pesar, afetando o seu desempenho futebolístico. Recomenda-se comprar a máquina GAMA ou Philips. Nota 5,0.

Bruno Rodolfo: o amigo do CAEFD... E o mais satisfeito por ter sido incluído no time Marx. Nota 5,0.

Wagner Marretovic Angelim: o sérvio-cearense mostrou disposição em ajudar. Contudo, ficou tímido e não se aventurou em mostrar um futebol mais habilidoso. Foi oportunista ao marcar gol após jogada de contra-ataque e assistência de GM-7. Nota 5,0.

Bruno Adriano: quando viu o primeiro confronto entre a equipe de colete vermelho e a de colete preto, frustrou-se com as cores que evidenciam a crise cíclica do sistema flamenguista e desertou. Com dúvidas pós-modernas acerca do caminho a percorrer, não ficou muito longe acompanhando os setores de esquerda e voltou ao jogo. Faltou a companhia de Bruno Lima para aparecer mais com suas incansáveis discussões em campo. Nota 4,5.

Ian: sua melhor atuação foi pilotando a churrasqueira (mó bração, hein, Fino!). Nota 7,0.

Vinícius: foi um dos poucos que conseguiu furar o BG-69 (sim, vale o duplo sentido). Mostrou-se preocupado com a ausência de seu amigo “Magrinho du Fonca”, escalado para fazer uma incursão na Pedreira. Nota 5,0.

Felipe Formoso: a campanha do Freixo está lhe consumindo todas as energias, porque o que se viu em campo foi um jogador “amarelão”. “Amarelou” ainda mais quando soube que havia pessoas por perto moradoras da Zona Oeste. Nota 4,5.

Carlos Leal: estrategicamente, repetiu a prática de atrasar-se para entrar em campo com os demais já cansados. Pragmaticamente, repetiu a mesma jogada por mais de três vezes: recebia a bola na ponta esquerda, ajeitava pra dentro e tocava pro meio. Mérito porque conseguiu mostrar preparo físico melhor que o do Elielsom, jogando quase três partidas inteiras. Nota 6,0.

Carlos Augusto “Carlinhos”: foi bastante notado ao buscar a bola várias vezes dentro do gol. Nota 4,0.

Cadu Marconi: foi o jogador quase: quase fez gol, quase deu um belo chute, quase deu uma boa assistência, quase jogou até o fim das 2 horas e quase apareceu na Foto Oficial. Foi embora de balão, acompanhado de um padre. Nota 4,0.

Rodrigo Mourelle: diferentemente da Copa América, dessa vez conseguiu escorar para o gol as assistências dos companheiros de equipe. Nota 6,0.

Rian Rodrigues: na NBA, as equipes são ranqueadas pelo seu average (relação percentual vitórias / derrotas). O average deste jogador foi 0.000. Nota 0.000.

Rodrigo Magalhães: Cínthia atrapalhou decisivamente seu desempenho... Nota 4,0.

Pedro Cardoso: oscilou bons e maus momentos. Como não precisou cobrar tiro de meta, ficou na média. Nota 5,0.

Marcelo “Forró”: Perdeu uma chance de gol clara, devido ao famoso pé mole pra chutar. Acostumado a correr meia maratona, chegou atrasado, a tempo de jogar meio jogo. Nota 4,0.

Pedro Santos: não fez valer o seu tipo físico avantajado e ainda se perdeu em discussões com Luiz Carlos “Monstro”. Escapou do trote como calouro. Nota 4,0.

Bruno Gonçalves: tendo como cartas na manga as desculpas pelos pés ralados e pelo joelho bichado por conta de uma atuação irregular por inspirar-se em Fábio Ferreira, o alvinegro ex-CPII teve sorte ao cair de pára-quedas na equipe Marx após desistência de Elielsom. Nota 4,5.

Rodrigo (UniRio): Como jogador da Pelada da Esquerda,  é um ótimo militante que ocupa antigas casas de shows. Nota 5,0.

João Gabriel: sua incursão na Ásia e suas práticas de relaxamento não contribuíram para uma excelente atuação. Duvidaram de sua presença, mas ele apareceu e encarou até o final. Nota 5,0.

Juliano: a “bebida liberada” da noite anterior acabou com sua pretensão de fazer uma boa atuação. Nota 4,5.


*Karl Leirbag, jornalista alemão
Breno Strozenberg, crítico de cinema para filmes de animação da Mongólia

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