sexta-feira, 10 de março de 2017

Exaltemos o Niltão! Abaixo o cretinismo clubista!

Exaltemos o Niltão! Abaixo o cretinismo clubista!

Gabriel Marques
Botafoguense desde 30 de maio de 1985
Autor do livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”

                Uma desnecessária e mesquinha polêmica tem aparecido nas redes sociais e no jornalismo esportivo nas últimas semanas.

No Estado do Rio de Janeiro, nas últimas décadas, acompanhamos milionárias obras que absurdamente utilizaram recursos públicos, diminuíram a capacidade do até então maior Estádio do mundo, retiraram a sua folclórica geral, culminando com sua transferência para a iniciativa privada. Em suma, o resultado do legado dos megaeventos esportivos para o Estádio Jornalista Mario Filho foi sua adequação ao elitista padrão FIFA e sua subutilização, não apenas afastando muitos torcedores devido aos altos preços dos ingressos, como também não sediar jogos devido à ausência de acordos com o consórcio que nos tomou de assalto o querido Maracanã!

Seguindo algumas estações da linha de trem, em virtude da realização dos Jogos PanAmericanos, em 2007, houve a construção de um novo Estádio na Cidade Maravilhosa. Bastante ouvido pela voz de Jorge Ben Jor, o suburbano bairro Engenho de Dentro ficou nacional e até mesmo internacionalmente famoso, recebendo shows como da banda Guns N’ Roses e do ex Beatles Paul McCartney e sendo o palco de emocionantes momentos nos Jogos Olímpicos de 2016, como as vitórias de Usain Bolt no Atletismo. Contudo, estes marcantes momentos estão precedidos de algumas histórias importantes.

Em 2007, foi aberto um edital de licitação para administração do então denominado Estádio Olímpico Municipal João Havelange, que recebeu a alcunha de Engenhão devido à localização geográfica. Neste mesmo ano, apesar da divulgação midiática sobre interesses de Fluminense e Flamengo, o único concorrente ao edital, sagrando-se vencedor, fora o Consórcio Botafogo. Estabelece-se, assim, uma relação de concessão para administração por duas décadas, vinculada ao Botafogo de Futebol e Regatas. Portanto, durante este período, a casa está alugada e pertence ao Glorioso – que inclusive foi o maior prejudicado quando os governos estadual e municipal do PMDB forçaram a suspensão temporária da concessão, sob a infundada alegação do risco de queda de sua cobertura. Passados este absurdo e os Jogos Olímpicos 2016, o Estádio ganhou vida nova. Com significativa adesão da torcida, o Estádio ficou a cada dia mais alvinegro, com a bela Estrela Solitária brilhando por diversas partes, com tremendo potencial de ser um trunfo para belíssimas campanhas do Fogão.

Como vocês perceberam, o nome de 2007 nunca teve forte adesão. Não por João Havelange ser tricolor, mas pelo fato do ex-mandatário da FIFA e seu ex-genro e ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira serem cartolas conhecidos por medidas contrárias ao futebol para o povo e por terem envolvimento em casos de corrupção mundo afora. O nome do Estádio era um incômodo, um engodo para os verdadeiros amantes do Futebol. Foram realizadas campanhas públicas defendendo a retirada da homenagem a João Havelange. Houve inicialmente uma proposta pelo nome de João Saldanha. Em seguida, a Câmara de Vereadores rejeitou o nome de Nilton Santos, após projeto de lei apresentado pelos vereadores Paulo Pinheiro e Renato Cinco (PSOL) e Marcelino de Almeida (PROS). Apesar dos apelos da população carioca, os governantes só recuaram na defesa do antigo nome após o FBI entrar em cena, incluindo oficialmente os nomes de João Havelange e Ricardo Teixeira em esquemas internacionais de propina.

Créditos: Botafogo de Futebol e Regatas. Disponível em: http://www.botafogo.com.br/estadioniltonsantos/index.php?cat=estadioniltonsantos#ad-image-17 

Apesar de aproximadamente dez anos de vida, é nesse conturbado contexto que a partir de 2016 podemos dizer que o Estádio Nilton Santos se consolida como um importante local para o futebol carioca e brasileiro – até mesmo porque é uma das poucas obras dos megaeventos esportivos que tem sido bem utilizada. Pois bem, se temos vida nova, podemos e devemos exaltar seu novo nome. Nilton dos Santos, durante sua carreira, vestiu duas camisas no Futebol: a do Botafogo e a da Seleção Brasileira. Marcou presença em quatro Copas do Mundo, sagrando-se bicampeão mundial. Conhecido como A Enciclopédia do Futebol, o camisa 6 também é considerado o maior lateral esquerdo da história deste esporte que envolve bilhões de apaixonados por todo o mundo. Uma das histórias inclusive aponta que foi o pivô da contratação do Mané Garrincha, após este ter lhe aplicado um ovinho durante o treinamento. Além da estátua no Setor Oeste do Estádio que agora recebeu seu nome e diversas outras homenagens, Nilton Santos publicou o livro “Minha Bola, Minha Vida” e é enredo do filme “Ídolo”. Infelizmente, muitos de nós não tivemos a grata oportunidade de vê-lo nos gramados com as bolas nos pés e revolucionando a posição de lateral esquerdo ao rumar para o ataque e marcar gols. Mas basta perguntar a pais, avós ou consultar a história do Futebol, que perceberemos que a homenagem é deveras merecida.


Portanto, é fundamental que nós, botafoguenses, contra tudo e contra todos que, por pirraça, desconhecimento, ou inveja, insistam em utilizar outro tipo de nomenclatura, exaltemos o apelido Niltão! Nas redes sociais, nas conversas, nos locais de estudo e trabalho, podemos e devemos ressaltar que houve um rebatizado e agora temos no Engenho de Dentro o ESTÁDIO NILTON SANTOS. E você, torcedor de outros times, que tenha alguma ética e ame o futebol, contamos com você nesta empreitada, até mesmo porque muitos ajudaram a criticar o nome anterior. Agora, quem não quer aceitar e inventar desculpas alegando que ‘o nome não pegou’ e seguindo o desserviço cumprido por parte da mídia, sinto muito, mas tal prática não passa de um cretinismo clubista.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Todo apoio à greve e às ocupações dos Colégios Estaduais

Nas últimas semanas, temos acompanhado a ativa participação da juventude, que, em apoio à greve dos trabalhadores da Educação e em defesa da Educação Pública, gratuita e de qualidade, tem ocupado os seus Colégios para reivindicar as melhorias, construindo pautas internas e gerais. Visitei a ocupação do Colégio Estadual Visconde de Cairu no Méier, onde há vários ex-alunos que foram da E. M. Ministro Orosimbo Nonato; a ocupação do Colégio Estadual Matias Neto, em Macaé, levando doação de pães e a vivência do slackline; a ocupação do Colégio Estadual Luiz Reid, também em Macaé, que havia sido ocupada horas antes; e a ocupação do Colégio Estadual Antônio Houaiss, no Méier, levando doações e propondo algumas atividades. Abaixo, segue o panfleto conjunto dos aguerridos Movimentos Sindicalismo Militante e Quem Vem Com Tudo Não Cansa, em apoio à greve geral e às ocupações dos Colégios Estaduais. Só a Luta Muda a Vida e Não Vamos Pagar pela Crise! Ocupa Tudo!!!



TODO APOIO À GREVE E ÀS OCUPAÇÕES DOS COLÉGIOS ESTADUAIS!

Desde 2008, acompanhamos mundialmente uma crise econômica, que traz como consequências medidas aplicadas por diversos governantes para salvar os grupos dominantes e prejudicar os trabalhadores e a juventude. Além de congelamentos salariais, ataques à previdência e retirada de direitos históricos dos trabalhadores, as perspectivas para os jovens em idade escolar são ainda mais alarmantes, pois o prognóstico aponta o aumento do desemprego nas próximas décadas.

Para piorar a atual situação, no Brasil, os Governos de Dilma/PT e de Cabral/Pezão/Dornelles, nos últimos anos, aplicaram e tentam aplicar ainda mais medidas que atacam a Educação Pública. O governo Dilma anunciou e aplicou sistemáticos cortes de verbas para a Educação, além de não negociar com servidores federais, que precisaram deflagrar quatro greves nos últimos cinco anos. E no Estado do Rio de Janeiro, Cabral e Pezão fecharam escolas, demitiram funcionários, abriram espaço para a privatização por meio das Organizações Sociais, impulsionaram a famigerada avaliação do SAERJ e cortaram recursos, ao ponto de faltar docentes para diversas disciplinas do currículo escolar e até mesmo a merenda para os estudantes. 

O reflexo desta situação é a imensa precariedade na rede estadual de Educação, sem o quantitativo necessário de docentes e funcionários, com pouca estrutura física e pedagógica, ocorrências de assédio moral, intensificação da meritocracia, falta de democracia etc. Como se não bastasse este quadro, o Governo do Estado, por meio de decreto, transferiu o pagamento dos servidores estaduais do segundo para o décimo dia útil e agora retira da folha salarial aposentados com salários acima de R$2.000,00. Este Governo trata com descaso os servidores e com isenções fiscais e benefícios os empresários. A greve dos trabalhadores da Educação e agora a greve geral dos servidores estaduais tomam conta das ruas, unificando as lutas em defesa dos trabalhadores, da juventude e do serviço público estadual.

Neste cenário, não temos dúvida de que apenas o caminho da luta organizada, coletiva, autônoma e independente, unificando funcionári@s, professor@s e estudantes, é o destino para enfrentarmos os governantes e ratificarmos que NOS NÃO VAMOS PAGAR PELA CRISE! Portanto, os Movimentos Sindicalismo Militante e Quem Vem Com Tudo Não Cansa vêm por meio desta carta manifestar seu irrestrito apoio à greve d@s trabalhador@s da Educação do RJ e às ocupações dos Colégios Estaduais, que têm sido muito melhor administrados pela juventude aguerrida de nosso Estado!

 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Sistema CONFEF/CREFs ameaça sujar o nome de trabalhadores

ATENÇÃO, prezad@s colegas da Educação Física e demais que possam colaborar em nossa árdua luta contra um famigerado conselho profissionais. 



Em 1998, no dia 1 de setembro, Fernando Henrique Cardoso promulgou a Lei 9696, que regulamenta a Profissão e abre margem para a criação do sistema CONFEF/CREFs, uma lei minimalista, com apenas seis artigos. É a primeira regulamentação após a Reforma de Estado promovida pelo ministro Bresser Pereira, no bojo do neoliberalismo. Sintetizando, ela permite ao ente público de direito privado maior liberdade para gerenciar suas resoluções, estatutos, regimentos etc.

Apesar do discurso de "regulamentar o que seria terra de ninguém" (palavras do "Sarney" da Educação Física - o presidente do CONFEF Jorge Steinhilber), o sistema paulatinamente percebeu que grande parcela dos egressos dos cursos de Educação Física encontra-se na área escolar, que sempre esteve regida pelos órgãos educacionais (MEC, Secretarias estaduais e municipais de Educação etc.). Com o objetivo de dominar também este filão do mercado e aumentar sua arrecadação financeira, já que a anuidade é compulsória, o sistema CONFEF/CREFs conseguiu se articular, inicialmente no Rio de Janeiro - berço das principais figuras que empurraram goela abaixo da sociedade a regulamentação em 1998 - e depois expandindo fronteiras nas diversas Unidades da Federação, junto a Secretarias Estaduais e Municipais. Também com apoios de seus vereadores e deputados (a tal Frente Parlamentar da Educação Física), hoje há a obrigatoriedade do registro para que muitos possam assumir suas vagas conquistadas por meio de concurso público, onde até isonomia é ferida, pois apenas o professorado de Educação Física precisa apresentar a carteira profissional dentre os documentos exigidos para a posse.

De uns tempos para cá, com mais articulações, eles podem colocar os nomes dos registrados em dívida ativa, ou seja, SUJAR O NOME de quem deve anuidades! Hoje tive a notícia que eles saíram da fase da possibilidade para a fase da ameaça. Para passar desta para a implementação efetiva, não duvidemos, pois esta corporação é inimiga dos trabalhadores!

Participei ativamente do Movimento Estudantil de Educação Física e até do Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de Educação Física durante alguns anos. São movimentos sociais essenciais para lutas em defesa da classe trabalhadora. Contudo, apesar de diversas batalhas jurídicas, precisamos nos lembrar de que o Estado é burguês e majoritariamente favorece os interesses de uma pequena parcela da sociedade. Temos que travar as batalhas jurídicas e principalmente políticas contra este sistema CONFEF/CREFs! Porém, enquanto eles possuírem algumas forças institucionais, represálias como prender trabalhadores sem o registro e incluir na dívida ativa quem deve a anuidade ocorrerão.

Se você não quer passar por essas situações acima, inicialmente o mais prudente é quitar os seus débitos. Infelizmente, apesar de ter batalhado durante anos contra eles e ainda batalhar onde puder, eu tenho pagado as anuidades com o desconto até a data e no último dia para que eles rendam o menos possível com o que me EXPROPRIAM!

Por fim, a melhor resposta que podemos dar será coletiva e organizadamente. Conclamar a sociedade a estar ao nosso lado, romper com e atacar a farsa do dia 1 de setembro como o dia do profissional da Educação Física (DIZER MESMO QUE ESTA NOMENCLATURA NÃO EXISTE! Não apenas não representa, como é uma invenção absurda! Somos professores e professoras e PONTO FINAL, independente do espaço de atuação) e colocar esta luta política e jurídica no interior dos SINDICATOS, das pautas da categoria. Pressionar vereadores e deputados não atrelados à Frente Parlamentar da Educação Física para impedirem alguns avanços do sistema é tarefa secundária, mas que pode ajudar.

É uma batalha árdua que temos pela frente, nossos inimigos são muito poderosos. Mas não vamos esmorecer enquanto houver um pingo de resistência. São debates difíceis e requerem fundamentações teóricas, históricas, epistemológicas, políticas e jurídicas. E estamos dispostos a levar adiante como sempre fizemos. Por isso, ajudem a divulgar esta situação e ecoemos em alto e bom som: FORA CONFEF/CREFs!

Abaixo a regulamentação do profissional de Educação Física!
Pela Regulamentação do Trabalho!

Abaixo o dia 1 de setembro! Nosso dia é 15 de outubro!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Feliz Dia d@ Professor@

No dia 15 de outubro de 2009, inaugurei este blog para também servir como um espaço de reflexão e socialização de práticas pedagógicas, que preferencialmente caminhem para uma relação entre docentes e estudantes para além do trivial. Hoje, ele completa cinco anos de existência e decidi selecionar algumas imagens desta minha aparentemente curta trajetória como professor de Educação Física de diversas redes públicas. Saudosismos à parte, é muito bacana relembrar nomes, situações, festas, atividades fora da escola, perguntas engraçadas, abraços afetivos, esporros e perceber que a maioria dos estudantes para quem tive a honra de lecionar hoje estão crescid@s e se transformaram em homens e mulheres com potencial para fazer a diferença. 

Após passar como docente pelo Colégio de Aplicação da UFRJ (2008); Colégio Estadual Professor Ubiratan Reis Barbosa (2009/2010) em Nilópolis; Escola Municipal Edilson Vignoli Marins (2009/2010) em Saquarema; Escola Municipal Carlos Magno Legentil de Mattos (2010) em Maricá; Escola Municipal Vereador Pedro Moreira dos Santos e Escola Municipal Maria Teixeira de Paula (2010) em Rio das Ostras; Colégio Municipal Botafogo (2010-2014) em Macaé; Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (2013) na FIOCRUZ; e Escola Municipal Ministro Orosimbo Nonato (2010-2014) na rede do Rio de Janeiro, tenho certeza de que a trajetória possui falhas e sucessos, erros e acertos. Mas vale ressaltar que dedicação e interesse por um melhor futuro para esses estudantes sempre estiveram lado a lado com o planejamento e a intervenção de cada uma das aulas, trabalhando com os conhecimentos da cultura corporal e tentando, apesar de todas as limitações de materiais, de falta de espaço e em alguns casos de apoio institucional, oferecer uma Educação Física diversificada e participar de eventos fora do ambiente escolar e de torneios e campeonatos.

Exatamente neste ano de 2014, rumo para um desafio maior, atuando desde o dia 7 de outubro como professor da Educação Básica, Técnica e Tecnológica no campus Quissamã do Instituto Federal Fluminense e espero que a experiência anterior propicie uma atuação pedagógica cada vez mais consolidada, oferecendo práticas corporais com sentidos e significados positivos para os estudantes. E que, com a abertura do curso de Licenciatura em Educação Física no IFF, eu também possa ajudar a formar futur@s professor@s da nossa área. 

Como não poderia deixar de citar, que nossa categoria caminhe para uma unificação maior, defendendo a Educação Pública e lutando efetivamente para que conquistemos a valorização e a respeitabilidade que merecemos. E isto só conseguiremos garantir com muita mobilização, por meio da ação organizada a partir dos Sindicatos que nos representam, enfrentando patrões e governantes e realizando na práxis o nosso discurso de transformação, demonstrando aos discentes que apenas a Luta muda a Vida! Para mim, para meu pai, minha irmã, minha namorada e demais parentes professor@s, para meus e minhas ex-professor@s e para tod@s meus e minhas colegas da Educação em todo o país, um FELIZ DI@ D@ PROFESSOR@!

Saudações pedagógicas, 
Gabriel Marques.

Estudantes do CAp-UFRJ e Licenciandos da UFRJ (2008)

Turma do 1º ano do Ensino Médio do C. E. Professor Ubiratan Reis Barbosa (2009)

Caminhada até o Morro da Urca com estudantes do 3º ano do Ensino Médio do C. E. P. U. R. B. (2009)

Jogos Cooperativos na turma de 8º ano do Ensino Fundamental da E. M. Edilson Vignoli Marins (2009)

Jogos Cooperativos na turma de 9º ano na E. M. Vereador Pedro Moreira dos Santos (2010)

Turma de 6º ano do Ensino Fundamental da E. M. Vereador Pedro Moreira dos Santos (2010)

Jogos Cooperativos na turma de 9º ano na E. M. Vereador Pedro Moreira dos Santos (2010)

Formatura da turma do 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da UFRJ (2008)

Ida ao Morro do Pão de Açúcar com o C. M. Botafogo (2011)

Festa surpresa no meu aniversário organizada pelos estudantes da E. M. Ministro Orosimbo Nonato (2011)

Festa surpresa no meu aniversário organizada pelos estudantes da E. M. Ministro Orosimbo Nonato (2011)

Visita ao Maracanã com os estudantes do C. M. Botafogo (2011)

Gabriel dos Santos medalhista de ouro no lançamento de disco dos JEEM de Macaé (2011)

Visita guiada ao Morro do Pão de Açúcar com os estudantes da E. M. Ministro Orosimbo Nonato (2011)

Aula de Esportes Radicais com a turma do 7º ano do Ensino Fundamental da E. M. Vereador Pedro Moreira dos Santos (2010)

Apresentação de Jogos Populares de um dos grupos do 8º ano do Ensino Fundamental da E, M. Maria Teixeira de Paula (2010)

Aulão de Forró na E. M. Ministro Orosimbo Nonato durante Festa da Primavera Folclórica (2011)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Não escolho, fui escolhido! Obrigado, C. M. Botafogo

Acabara de terminar a especialização e cursava ainda as disciplinas do Mestrado em Educação, aguardando para ser chamado para trabalhar no município de Rio das Ostras, quando apareceu o concurso para a rede municipal de Macaé, cidade vizinha. Mais distante ainda do Rio de Janeiro, salário então semelhante ao de Rio das Ostras e sem vontade para fazer nova prova, decidi próximo ao final do prazo me inscrever e garantir mais uma viagem com amigos para prestar o concurso. Um final de semana para socializar com os amigos em Rio das Ostras e papear sobre as questões do concurso, enquanto líamos por alto a Lei Orgânica de Macaé para garantir mais uns pontos importantes na prova. 

Chegou o domingo e parti para o Instituto Federal Fluminense - campus Macaé, onde fiz a prova. Mesmo sem grandes expectativas, após a prova, aguardava ansiosamente o gabarito, que surgiu trazendo um balde de água fria com apenas quatro questões corretas na parte de legislação. Apesar de terem chamado mais de uma centena de professor@s de Educação Física, eram vinte as vagas anunciadas no edital e a quantidade de erros me tiraria das primeiras colocações. Foi então que, após o gabarito inicial, veio outra notícia: todas as questões de legislação anuladas, pois a organizadora do concurso utilizada erroneamente a legislação mais antiga para elaborar as questões, colocando todos os candidatos com as dez questões de legislação corretas. Então eu voltava para as primeiras colocações, confirmando o nono lugar após a prova de títulos. 

Não demoraram para convocar. E colocaram a escolha justamente para um período em que eu participaria pela primeira vez como palestrante do Encontro Nacional de Estudantes de Educação Física, em Fortaleza. O jeito foi correr para o cartório e assinar a procuração, nomeando meu pai para a escolha da escola onde eu começaria a trabalhar. Já trabalhava às segundas e terças em Rio das Ostras e cursava disciplina do Mestrado às sextas, sobrando as quartas e quintas para a nova instituição. Toda a orientação passada para o meu pai, que, no momento da escolha, ficou sem saber o que fazer. É aí que entra a frase: NÃO ESCOLHO, FUI ESCOLHIDO. Minha colega de período Andrea chegou e apontou: "é pra escolher esse aqui!". A diretora Luiziana já estava por lá buscando convencer novos professores para trabalhar com ela na periferia de Macaé. Quando telefono para o meu pai, a pergunta: "Adivinha o nome do Colégio"? Sem ter a mínima ideia, pois muitas vezes as escolas recebem nomes de pessoas da cidade, a resposta: "Botafogo. Colégio Botafogo, no bairro Botafogo. Foi sua amiga que falou pra escolher lá". 

Ao entrar em exercício, no primeiro dia, calculei que poderia sair às 6h de Rio das Ostras para estar às 7:20 no novo local de trabalho. Ledo engano. Além de não conhecer os atalhos para chegar, o motorista se esqueceu de me avisar para descer no ponto correto; tive que ir até o ponto final e voltar, andar ainda mais e chegar ao Colégio após 9h da manhã, sendo recebido pela então coordenadora de turno Flávia, que garantiu rapidamente minhas seis turmas nas manhãs de quarta e quinta. Logo depois, chegou Douglas, informando que no dia seguinte seria o torneio de futsal e que eu apitaria as partidas com ele. Os informes sobre o Colégio e o bairro eram os mais assustadores, sobre tiroteio, facções, furtos, não poder entrar com camisa vermelha etc. E foi justamente no torneio, no meu primeiro contato com os estudantes, que não pude me intimidar, mostrando que, apesar de aparentar pouca idade e de ser baixinho, precisava me apresentar sem dar brecha para abusos e desrespeitos. Era o dia primeiro de agosto de 2010 e começava ali uma trajetória de dedicação e amor por um Colégio e um bairro onde fui recebido de braços abertos, que ficarão para sempre no coração e na memória deste jovem professor.




Foi desafiador e angustiante trabalhar em um colégio de periferia, situado na denominada CAPITAL NACIONAL DO PETRÓLEO, cujos gestores se preocupam com as imagens externamente, mas não atendem às necessidades básicas da população. Trabalhamos por diversos e longos meses com a quadra passando por obras fictícias, com poucos materiais e até mesmo sob o perigo de sermos atingidos por uma bala diante dos confrontos entre a polícia e o tráfico. Apenas vivenciando no cotidiano essas situações podemos nos aproximar dos empecilhos e dos problemas que nossos estudantes passam em seus trajetos para a casa ou para o trabalho. E a cada catarse de um deles tentar lembrar o porquê das revoltas, o porquê das desobediências, o porquê de não aceitar determinadas "imposições". É difícil, mas o processo não é impossível, e devemos nos colocar ao lado das reivindicações de uma comunidade que clama por saneamento básico, por cultura, por lazer, por Saúde, por Educação... 




Em 2011, conseguimos garantir sessenta gratuidades para que os estudantes vivenciassem o bondinho e conhecessem o Maracanã e os Morros da Urca e do Pão de Açúcar. Apesar de cientes com quatro meses de antecedência, os gestores da SEMED enrolaram o quanto puderam e só viabilizaram o transporte, após muita pressão de nossa parte, na véspera do evento. Foi uma oportunidade incrível e a alegria dos estudantes é indescritível, pois muitos não costumam sair nem do próprio bairro onde residem. Mesmo sem apoio material e com atrasos no transporte, levamos os jovens para os Jogos Estudantis das Escolas Municipais de Atletismo, obtendo medalhas, mas principalmente sendo espaços para vivenciarem a prática esportiva junto a jovens de diversas outras instituições educacionais. Os projetos de Judô e Dança do Colégio também propiciam oportunidades diferenciadas para os estudantes, mas infelizmente é sempre necessário batalhar pela permanência dos mesmos, pois a SEMED e a Prefeitura sempre querem tentar economizar os gastos com quem mais precisa...

Por fim, também foi nesta cidade que pude crescer na defesa da Educação Pública, atuando nas lutas em 2011 que barraram o ataque xenofóbico da SEMED aos professores C e conquistando um Plano de Carreira melhor que o anterior. Em 2012, participei pela primeira vez de uma chapa para a gestão do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação - Núcleo Macaé, obtendo a segunda colocação no pleito e três cadeiras para a gestão 2012-2015 e tornando-me portanto Secretário de Imprensa e Comunicação. Faço um balanço positivo das paralisações e passeatas de 2012 e 2013, do crescimento e da respeitabilidade que o SEPE Macaé tiveram, do retorno da sede, do aumento considerável de filiações e de ter sido o primeiro grupo a denunciar e enfrentar o suposto "Governo da mudança", que permanece garantindo os interesses de poucos na capital nacional do petróleo e mente como o governo anterior ao anunciar que a Educação é a maior riqueza. Infelizmente, com o Doutorado em curso e atuando como docente do IFF em Quissamã, paulatinamente me retirarei do SEPE Macaé, mas estarei por perto acompanhando e apoiando as lutas que hão de vir.




No dia 7 de outubro, solicitei minha exoneração como professor C - Educação Física, do quadro de servidores municipais de Macaé. Todavia, meus laços não serão rompidos, pois a vivência com os colegas lutadores e a alegria de ter deixado alguma marca nas mentes e corações de centenas de crianças e jovens que passaram pelas minhas turmas nesses quatro anos e três meses me deixarão com saudades e pronto a ajudar com o máximo das forças, a defender com unhas e dentes, as lutas que precisamos travar em defesa da Escola Pública. 



À Direção, aos colegas e ex-colegas, aos estudantes e ex-estudantes, pais e responsáveis do Colégio Municipal Botafogo, aos ativistas da rede municipal, aos companheiros do Movimento Sindicalismo Militante, obrigado por compartilharem comigo o conjunto desses momentos vividos na capital nacional do petróleo.

Saudações pedagógicas,
Gabriel Marques.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Obrigado, E. M. Ministro Orosimbo Nonato

Era o ano de 2010. Após passar por algumas redes de ensino, parecia estabilizar-me nas redes de Rio das Ostras e Macaé. Parecia... Porque com os desmandos do coronelismo riostrense e os 20 tempos semanais cumpridos em dois dias, rodando de bicicleta de uma escola para outra, me forjaram a decisão de me inscrever para aquele que demorara, mas chegara: o concurso para a Prefeitura do Rio. Inscrevi-me para a 3ª CRE para poder trabalhar perto de casa. Veio o concurso e obtive a melhor nota para a referida região, passando em quarto lugar após as provas de títulos e os critérios de desempate. A convocação não demorara e já estava decidido a trocar as 25h semanais de Rio das Ostras pelas 16h semanais na rede do Rio de Janeiro. No dia da escolha da lotação, poucas opções, mas não demorei para optar pela Escola Municipal Ministro Orosimbo Nonato, situada no bairro cujo nome associam ao seu homônimo paulista - Higienópolis. 



Desde outubro de 2010, esta instituição foi uma de minhas casas, principalmente às segundas e terças, trabalhando a cada ano com seis turmas do Ensino Fundamental, usando as salas, os pátios, o auditório, a quadra, a área externa, buscando desenvolver atividades que integrassem os estudantes e diversificassem os conteúdos da Educação Física. Não sei se fui sempre exitoso, mas buscando reviver alguns momentos marcantes tenho certeza de que me esforcei para estabelecer boas relações profissionais, pedagógicas e emocionais com os colegas de trabalho e com os estudantes. 

O cotidiano cruel imposto por uma política pública de Educação meritocrática e elitista dificulta bastante a construção de uma Educação digna para os filhos da classe trabalhadora. As salas pequenas e superlotadas, a pressão para garantir a aprovação maciça, a ausência de apoios de psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais para os estudantes, dentre outras questões, são empecilhos claros para o desenvolvimento pleno de nossas crianças. Contudo, com todas as dificuldades, aos trancos e barrancos, somos desafiados a garantir um trabalho de qualidade.



Em 2011, tive a felicidade de conseguir as gratuidades para subirmos ao Morro do Pão de Açúcar, uma atividade externa que até hoje me recordo: os sorrisos e as brincadeiras, a vivência de aprender conhecimentos fora dos muros da escola, a cantoria no trajeto e o sensacional comportamento dos adolescentes naquela agradável tarde. Naquele mesmo ano, uma das turmas me pregou uma verdadeira pegadinha: só um desce para a aula na quadra; quando chega o segundo, diz que há uma briga física na sala de aula justamente no dia em que o inspetor não estava. Subo os lances de escada pulando de três em três degraus e chego à sala ao som de "Parabéns pra você!", com bolo, salgadinho, docinho e refrigerante. Como é gostoso receber essa sensação de carinho, de afeto, de admiração, por parte desses jovens! 

E foi por causa de alguns deles que usávamos do nosso tempo de almoço para treinar, pegávamos carros emprestados e nos desdobrávamos para sair com grupos de crianças e adolescentes, para outros bairros e participar dos Jogos Estudantis. Infelizmente, a relação de apoio por parte da Prefeitura é inversamente proporcional à alegria da participação nos torneios, mesmo nas situações de derrotas. Foi uma agradabilíssima experiência levar os estudantes da Orosimbo para disputar torneios de futsal e basquetebol, inclusive levando a Escola ao sexto lugar geral da 3ª CRE em 2013.






Falo sobre as flores, mas é preciso denunciar os espinhos! Apesar de ter me ouvido e dialogado até pessoalmente, a Secretária Claudia Costin, com quem discuti asperamente nas redes sociais em 2011, cumpriu um desserviço à Educação Pública. Por isso, aderi a todas as paralisações aprovadas pela categoria desde que entrei na rede!

Eduardo Paes, Adilson Pires, Claudia Costin, Helena Bomeny, Pedro Paulo, Paulo Figueiredo, vereadores representantes dos dominantes e demais asseclas: NÃO PASSARÃO! 2013 foi o ano em que mais me senti efetivamente em uma rede de Educação. Foi o ano em que vesti com orgulho a camisa preta informando à sociedade que fiz parte daquela história. Foi o ano em que colocamos cem mil nas ruas para defender os trabalhadores da Educação após a truculenta ação dos governantes e da Polícia Militar, que sitiou a Câmara de Vereadores para nos bombardear física e moralmente. Foi o ano em que a categoria ousou sonhar, ousou conquistar, ousou ir às ruas e enfrentar um governo tirano e uma secretaria meritocrática. Foi o ano em que não precisávamos abaixar as cabeças, pois tínhamos companheiros ao nosso lado para nos proteger a qualquer momento. Apesar dos pesares, essa energia de luta é incapaz de perecer. Tenho certeza de que devemos e podemos resgatar a chama de luta para a rede, nos juntando aos demais trabalhadores da Educação de outras redes e à sociedade como um todo, para buscar novos horizontes para a Cidade Maravilhosa.






Neste dia 6 de outubro, poderia até considerar meu pedido de exoneração como a carta de alforria por em breve não mais pertencer como professor I - Educação Física ao quadro de servidores municipais do Rio de Janeiro. Todavia, meus laços não serão rompidos, pois a vivência com os colegas lutadores e a alegria de ter deixado alguma marca nas mentes e corações de centenas de crianças e jovens que passaram pelas minhas turmas nesses quase quatro anos me deixarão com saudades e pronto a ajudar com o máximo das forças, a defender com unhas e dentes, as lutas que precisamos travar em defesa da Escola Pública. 

Aos colegas, aos estudantes, pais e responsáveis da Escola Municipal Ministro Orosimbo Nonato, aos ativistas da rede municipal, aos companheiros do Movimento Sindicalismo Militante, obrigado por compartilharem comigo o conjunto desses momentos vividos ao longo dos últimos quatro anos. 

Saudações pedagógicas, Gabriel Marques.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Pagar aluguel ou comer no Rio*

Fabio Teixeira/UOL

Não é sexta-feira 13, mas o dia 11 de abril de 2014 amanheceu tenebroso, aterrorizante, desesperador, cinzento e sangrento no bairro do Engenho Novo. Sob a alegação da reintegração de posse e da tão badalada propriedade privada, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro retoma seu protagonismo no enredo da criminalização da pobreza, ao passo que a mídia burguesa e seu sensacionalismo desqualificam pessoas sem teto, mascarando o debate sobre a privatização da vida e dos direitos. Enquanto o Governador Pezão e o Prefeito Eduardo Paes acompanham mais esta barbárie em nossa cidade, recursos milionários são aplicados para fins diferentes das necessidades básicas da população fluminense e carioca e estes governantes devem ser responsabilizados.

Na capital dos megaeventos esportivos e da especulação imobiliária, é preciso enxergar além dos que tentam nos permitir ver. Por que um terreno de grandes proporções, capaz de abrigar mesmo que precariamente cinco mil pessoas, encontra-se desocupado e inutilizado durante uma década? Com que intuito interessa à empresa proprietária manter o espaço se seus lucros no ano de 2013 ultrapassaram a marca de um bilhão e quatrocentos e noventa milhões de reais?1 Em vez de a Justiça – burguesa – decidir pela reintegração imediata de posse, com violência, truculência, prisões e mortes, por que não estudar um acordo para manter as famílias no local? Famílias, estas, diga-se de passagem, compostas por trabalhadores e trabalhadoras da região da Zona Norte, que recebem parcos salários e precisam optar entre pagar um aluguel ou comer2, diante dos abusivos preços cobrados em nossa cidade. Cadastrar as famílias para direcionar a outras regiões distantes da cidade e/ou pagar o aluguel social de R$400,00 são paliativos que não contemplam as reais necessidades.

“Se morar é um direito, ocupar é um dever” foi uma pichação que já vi em diferentes locais. E está correta! Se a moradia é efetivamente um direito constitucional, precisamos sim enfrentar a realidade de concentração de terras e riquezas nas mãos de poucos. É simplista e cômodo categorizar como vagabundos e invasores trabalhadores e trabalhadoras tal como nós, mas ansiosos e ávidos por um teto para vive. É simplista o discurso adotado por alguns de que para ter uma casa tem que trabalhar. É querer tapar os olhos diante da realidade ao nosso redor, cujo aumento do preço dos imóveis atinge a marca de 300%3 na região próxima à “Favela da TELERJ” nos últimos dez anos. As políticas de financiamento dos imóveis endividam ainda mais as famílias no país e o percentual de aumento do salário mínimo4 não chega nem à metade deste percentual durante uma década.

Há aproximadamente dois anos e três meses, em São José dos Campos-SP, acompanhávamos e lutávamos contra a violenta desocupação do Pinheirinho5. Hoje, precisamos nos manifestar contra as atrocidades cometidas contra os moradores da ocupação do antigo prédio concedido à Telerj/OI, cuja antiga e bilionária proprietária abandonara o terreno! Um prédio que, cabe destacar, além de tudo, é público e pertence à União. As empresas de telecomunicação são concessionárias de serviços públicos e os bens envolvidos em sua privatização devem retornar à União em 2025.

Se as terras do bairro já foram presenteadas, leiloadas e exploradas, passando por jesuítas e Capitão de Milícias6, é possível e necessário que o espaçoso terreno seja verdadeiramente apossado, fazendo valer o direito à moradia àqueles e àquelas que diariamente constroem essa cidade e hoje não possuem um teto e dignidade para viver com tranqüilidade: trabalhadores e trabalhadoras!

Desapropriação do terreno da Telerj/OI Já! 
Abaixo a truculência e a violência da Polícia Militar! 
Pelo Direito à Moradia!


2 Em entrevista ao RJTV de 11/04/2014, um dos moradores fala: “Ou pagamos o aluguel ou comemos”.
6 História do bairro Engenho Novo: http://engenhonovo-rj.blogspot.com.br/p/historia.html


*Gabriel Marques, professor de Educação Física da rede municipal do Rio de Janeiro

quinta-feira, 6 de março de 2014

Quem quer ter um bilionário?*

Em meio à folia carnavalesca, uma notícia diferente da greve dos garis no Rio de Janeiro, dos blocos e desfiles na Sapucaí chamou-me bastante atenção: a publicação, pela Forbes, na última segunda, do tradicional ranking dos bilionários. A Revista Época1 não titubeou em ostentar o orgulho de ser brasileiro ao informar que em um ano temos novos dezenove bilionários que não desistiram nunca, chegando aos 65 afortunados nas terras tupiniquins.

            Variando entre os ramos das bebidas, dos bancos, da mídia, dos alimentos, da tecnologia, da mineração, dos cosméticos, da construção, de seguros, de investimentos e até mesmo da saúde e da educação, a lógica sobre a qual se ergue este ranking é a do Midas capitalismo: nele, todo o produto realizado a partir da transformação da natureza é transformado em mercadoria. Por sua vez, as mãos e as mentes que produzem esta mercadoria sempre recebem um salário que não condiz com o tempo que empregam em sua jornada de trabalho. Neste tempo excedente, produzem mais que o necessário para os patrões pagarem seus salários. E este excedente transforma-se no lucro que propicia a acumulação para que 65 brasileiros e outros 1.580 estrangeiros estejam hoje no pomposo ranking da Forbes.

            E até nas revistas a situação é desigual: quantas páginas seriam necessárias para divulgar o ranking, nome por nome, das oitocentas e quarenta e duas milhões de pessoas famintas no mundo?2 Quantos brasileiros e quantas brasileiras devem aparecer nesta listagem? Talvez a mídia que busca um lugar ao Sol até diga quantidades e divulgue números. Contudo, jamais questionará os porquês. Ela operará na trivialidade dos fatos para manter o status quo. Ou pedirá a tua doação de tempos em tempos num programa festivo para que faça a tua parte. Pautada na defesa da meritocracia, a mídia tenta nos fazer acreditar que os bilionários chegaram até o ápice porque fizeram por merecer, se esforçaram, trabalharam... Mas o que precisamos enxergar é que quem verdadeiramente trabalha não colhe os frutos que são expropriados para garantir a lógica da busca incessante pelo lucro.

            Com o pensamento infantil e ingênuo, pensava que os mais ricos poderiam conviver bem com os pobres, destinando parte de suas riquezas para impedir que houvesse pessoas sem lares nem alimentos. Ledo engano, Biel! E ao romper com a ingenuidade de uma criança que cria poder construir um mundo melhor, ficou claro que não quero ter bilionários – nem aqui nem em qualquer lugar do planeta! Mas para isso ocorrer não basta querer. É preciso questionar que país rico é um país sem pobreza, pois um mundo só poderá ser rico quando for um mundo sem ricos! É preciso combater a concentração de riquezas. E combater a concentração de riquezas é romper com o umbiguismo, é romper com o individualismo, é organizar-se coletivamente para lutar contra a lógica e a engrenagem do capital, cujo percurso aponta apenas para a coisificação dos seres humanos e a humanização das mercadorias, com o avanço da barbárie e a paulatina morte da sadia e necessária pureza do coração infantil.
           

2 “Uma em cada oito pessoas no mundo passa fome, diz relatório”: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/uma-em-cada-oito-pessoas-no-mundo-passa-fome-1.html



*Gabriel Marques, professor de Educação Física e inimigo da mais-valia.

Vale conferir a mais-valia em ritmo de samba:

sábado, 22 de junho de 2013

V de Vingança*

“V de Vingança” de James McTeigue
(2006)


)

"Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot."

Criada por Alan Moore (roteirista) e David Lloyd (arte) nos anos 1980, a HQ, V de Vingança (V for Vendetta, no original), chegou às telas dos cinemas em 2005, trazendo a figura do anti-herói de codinome V em sua missão de explodir o Parlamento britânico, repetindo a tentativa feita por Guy Fawkes em 1605 na “Conspiração da Pólvora”. A “Conspiração” foi orquestrada por um grupo de católicos insatisfeitos com a falta de isonomia no tratamento entre católicos e protestantes pelo então rei Jaime I. Guy Fawkes era o especialista em pólvora e fora preso estocando a pólvora sob o prédio do Parlamento, após a conspiração vazar aos ouvidos do rei. Aliás, são feitas várias referências à “Conspiração” durante o filme, como a rima supracitada, assim como o ideal de se explodir um símbolo como estratégia catalisadora para uma transformação social a partir da afirmação e revolta dos indivíduos.

Não é possível afirmar com clareza o momento temporal do filme, a não ser que se passa num futuro não muito distante assim. O contexto histórico-social é diluído no filme, ao contrário da HQ, em que se explica a ascensão ao poder do grupo fascista “Nórdica chama”, associado às corporações que restaram dos destroços da guerra nuclear que varreu os Estados Unidos, mas que atingiu a Inglaterra através da transformação criminosa dos efeitos climáticos. Aliás, a comparação da HQ e de sua adaptação às telonas é quase uma tentação para os fãs da série. Se a HQ dá a entender de que se instaurou uma ditadura empresarial-militar fascista decorrente de um golpe de estado (situação ainda muito presente no início dos anos 1980, quando foi escrita), no filme, o grupo chega ao poder através de eleições, o que já demonstra a incorporação da democracia formal pela burguesia no século XXI.



Destacaríamos como personagens principais V (Hugo Weaving), Evey (Natalie Portman) e Inspetor Finch (Stephen Rea). Todos esses personagens passam por transformações significativas. V é o resultado da frustrada experiência de testes comandados pela indústria farmacêutica dos membros do Partido e futuros governantes do país no campo de readaptação de Larkhill, onde eram levados os excluídos da nova sociedade, o que incluía minorias étnicas, sexuais, imigrantes e ativistas políticos. No filme, Larkhill se constitui a fonte experimental para riqueza posterior dos membros do Partido e sua ascensão ao controle do aparato do Estado. V é puro ódio contra aqueles que lhe torturaram, manipularam suas propriedades psíquicas e fisiológicas, e esse desejo de vingança, o combustível para suas ações “terroristas”, fazendo assim a sua justiça pessoal, já que a justiça legalmente constituída não pertenceria mais aos cidadãos, mas à classe dominante. A HQ nos ajuda a compreender o significado da Justiça para V. Ele diz que “Eu a admirava, apesar da distância (personificada pela estátua no alto do Old Bailey). Ainda criança, passando pela rua, eu admirava sua beleza”. Porém, naquele contexto a Justiça não passava de uma meretriz que flertava com os homens de uniforme. Quando “perguntado” pela estátua sobre quem tomou o seu lugar, ele responde que “seu nome é anarquia [...] com ela, aprendi que não há sentido na justiça sem liberdade” (p.43).

Evey é uma jovem bem instruída, amante das artes, porém assustada e temerosa. Seus pais foram executados pelas forças policiais por serem ativistas políticos que protestavam contra a ascensão do grupo fascista ao poder e ainda por cima, trabalha no canal BTN, a TV estatal rigidamente comandada pelo governo. Ela é salva por V após quase ser estuprada pelos Homens-Dedo (policiais). Seu personagem passa por uma verdadeira metamorfose no decorrer da película. Se no início do filme, mostrava-se servil e obediente ao sistema (apesar da plena consciência da tirania no poder) e às normas legais, depois passa a compreender os propósitos de V, forjando assim, não uma consciência de classe, mas uma consciência de luta contra a opressão da sociedade. Outro aspecto incorporado por Evey em decorrência de sua convivência com V é a ausência de uma identidade própria. Liberta de seus medos e fraquezas, Evey consegue sobreviver na Londres caótica sem se deixar reconhecer (e talvez sem reconhecer a mesma Evey).



Inspetor Finch, magistralmente interpretado por Rea, representa o fiel cumpridor de ordens do chanceler em assuntos investigativos da polícia. Também membro do Partido, ele acredita que sua missão em prol da sociedade é manter a ordem e a unidade através do trabalho na polícia. Honesto, ele leva seu trabalho a sério em seus princípios e quando as sucessivas revelações escusas sobre membros do Partido são trazidas à tona em suas investigações, começa a se questionar sobre quais interesses realmente representa.

Por conta da identificação do diferente enquanto perigoso, atitudes e discursos opressores e coercitivos transcorrem contra as minorias, como os imigrantes, os muçulmanos e os homossexuais, ao passo que nota-se a ausência de negros. Para que seja consolidada certa hegemonia, necessitamos abordar três pontos: a proliferação do elemento da fé, atrelada à união e à força; a utilização de aparelho repressivo, materializado pelos Homens-Dedo para fiscalizar e punir a desobediência até mesmo de maneira corrupta e pelo toque de recolher amarelo enquanto elemento de suposta proteção; e um farsante estado de ordem e paz trocados pelo consentimento silencioso do conjunto da sociedade.

Em tempos de Bush & Cia, observamos no filme a mesma fórmula que (costuma) justificar a ascensão dos regimes totalitários. Países em meio a uma recessão econômica, níveis elevados de criminalidade, desordem urbana ou então devastada por uma guerra civil são o prato cheio para a investida de um grupo, personificado por uma liderança, ora carismática, ora temida, mas que vem a público prometer que, em troca da perda da liberdade e direitos civis, tem-se de volta a segurança, a ordem, a paz e os valores perdidos. O resgate da família e a temência a Deus são temas recorrentes aos novos tempos. E qualquer um que venha a protestar por liberdade, será devidamente removido do convívio social. Não podemos deixar de citar a fala contida na HQ pelo Chanceler (na HQ, chamado de Líder): “Eu não ouvirei súplicas por liberdade. Sou surdo aos apelos por direitos civis. Eles são luxos. Eu não acredito em luxos. A guerra escorraçou os luxos. A guerra escorraçou a liberdade” (p.39).



Pareceu-nos importante comentar acerca de diversos destaques ao longo do filme às mais diversas manifestações artísticas. Através de referências a filmes e peças teatrais, da observação de pinturas e esculturas, a música dos instrumentos de percussão, bem como da encenação da prisão e da tortura de Evey e da dança realizada pelos protagonistas às vésperas da ‘revolução de V’, é levantado o papel do artista, que utiliza mentiras para contar as verdades e traz à tona a subversão e as potencialidades da Arte.

Ao transmitir mensagens ratificando a previsão de que ‘a Inglaterra triunfará’ além das certezas fabricadas—já que ‘dúvidas mergulharão o país no caos’—os dominantes revelam suas verdades universais, a fim de veicular ideologicamente a transmissão do medo, entreter a população e manter coesa a estrutura social vigente. Conforme citam Engels e Marx (s/d):

"Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias e, portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; dizendo de outro modo, são as idéias do seu domínio (s/p).


Apesar da instigante aliteração utilizada com a letra V em sua apresentação para Evey e da afirmação de que não importa quem ele é, mas suas ações, sua identificação parte do algarismo romano estabelecido na porta de sua cela em Larkhill, local e ocasião de onde desponta o elemento catalisador da vingança concretizada posteriormente contra a cúpula dominante e diretamente envolvida com o caso—a Voz de Londres, o bispo, a legista, o chanceler e o que a este poderia substituir.

Nossa intenção é dialogar a partir da temática central do filme e oferecer subsídios para uma análise problematizadora da realidade complexa que nos cerca, traçando paralelos e questionando o método apresentado e a percepção das relações sociais estabelecidas que são apresentadas no enredo transcorrido.

Primeiramente, apesar da história situar-se em um futuro não muito distante2, carece de uma caracterização conjuntural do modo de produção existente, ou seja, a existência da propriedade privada dos meios de produção e a liberdade de compra e venda de força de trabalho enquanto mercadoria, necessidades básicas para existência e sobrevivência do sistema capitalista. Em segundo lugar, é notória a ausência de discussões acerca da divisão social em classes antagônicas, o que limita a centralidade do filme enquanto fornecedor de elementos para uma prática revolucionária na sociedade em que nos localizamos, pois não é mencionada a organização dos trabalhadores, uma séria análise das condições objetivas e subjetivas e majoritariamente é expressa a vingança de um indivíduo para com o sistema vigente. Pela opção de nos pautarmos a partir do materialismo histórico, Engels (2004) nos propicia com clareza:

"A concepção materialista da história parte da tese de que a produção, e com ela a troca de produtos, é a base de toda ordem social; (...) a distribuição dos produtos, e juntamente com ela a divisão social dos homens em classes ou camadas, é determinada pelo que a sociedade produz e como produz, e pelo modo de trocar os seus produtos. De conformidade com isso, as causas profundas de todas as transformações sociais e de todas as revoluções políticas não devem ser procuradas nas cabeças dos homens nem na idéia que eles façam da verdade eterna ou da eterna justiça, mas nas transformações operadas no modo de produção e de troca; devem ser procuradas não na filosofia, mas na economia da época de que se trata". (p. 61)
Essa superestimação do indivíduo pode influenciar em duas matizes: diretamente, a anarquista, através de práticas individualistas, terroristas e voluntaristas; metaforicamente, a marxista, cujos materialismos histórico e dialético nos servem de instrumentos para a práxis da transformação efetiva da sociedade. De acordo com Green (1982):
O anarquismo começa sua análise (...) a partir da situação do indivíduo—desrespeitado, oprimido, massacrado pelo jugo do poder centralizado da burocracia.

Já o marxismo inicia sua análise da sociedade a partir de sua divisão em classes conflitantes, exploradores e explorados, considerando essa divisão a raiz de toda opressão e a razão pela qual nenhum homem pode ser realmente livre. (p. 19, grifos do autor)
Em diversos momentos, é enaltecida a primeira pessoa do singular—‘depois que eu destruir o Parlamento’ ou ‘durante 20 anos busquei apenas este dia’, sendo atribuídas a V caracterizações de ‘terrorista psicótico espalhando mensagens de ódio’, o que recai sobre problemas morais—e faltam conseqüências responsáveis com o processo empregado, já que inexiste uma atuação centralizada e organizada de um Partido revolucionário enquanto vanguarda de uma classe oprimida. Fica-nos obscuro e omisso o que fazer após a explosão do prédio e a morte do setor dominante, pois um Estado socialista centralizado—ou ditadura do proletariado—“é imperativo absoluto enquanto a luta entre o novo e o velho sistema não estiver resolvida de modo conclusivo em escala mundial” (idem, p. 86); além da irresponsabilidade de estimular e levar as massas às ruas sem nenhuma possibilidade de autodefesa, pois elas poderiam ter sido esmagadas pelo exército, que recua pela falta de comando.

Cabe uma metáfora de nossa parte com algumas contribuições advindas do marxismo, caso identifiquemos o indivíduo V enquanto a figura de um Partido, já que o mesmo afirma haver por trás da máscara um rosto que a ele não pertence, que sob a mesma há mais do que carne; há idéias que são à prova de balas. Como de nada valem idéias sem homens que as coloquem em ação, poderíamos extrair daí o elemento subjetivo para a transformação social, amparado pela resposta de Evey ao detetive após questionar quem era V: ‘Era Edmond Dantes, meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo, eu, você, todos nós’ e que teria clandestinamente organizado a Galeria Sombria e preparado a distribuição das máscaras para a população e o trem com explosivos para derrubada do Parlamento.

Apesar da metáfora proposta, são perceptíveis os desvios de método para correlação com a revolução socialista, alguns destes advindos de teorias anarquistas. Questionado por Evey se a explosão do Parlamento faria o país melhor, a resposta é que apenas há oportunidades, não certezas; ‘o prédio é apenas um símbolo, tal como o ato de sua destruição e o poder dos símbolos emana do povo’. Porém, “lançar uma bomba em um banco, incendiar um edifício (...) não é conduzir a revolução, mas brincar com ela (...) Não dá nascimento à consciência de classe” (ibidem, p. 108). Além do apontamento de que o povo precisa de esperança mais do que de um prédio, uma outra situação importante é quando deixa a decisão de puxar a alavanca às pessoas que construirão o novo, já que ele ajudou a construir o atual mundo. Também é comentada a importância da espontaneidade das massas para o sucesso de um movimento revolucionário, ampliando a discussão, pois “(...) sem uma teoria e liderança revolucionárias, a espontaneidade das massas é insuficiente para substituir o velho por algo fundamentalmente novo”. (p. 54).

A despeito das condições objetivas e subjetivas para o marxismo, Lênin menciona que a “revolução é impossível sem uma situação revolucionária, mas nem toda situação revolucionária tende à revolução” (p.216-7), apresentando três índices concomitantes para essa situação revolucionária, a saber, a crise das cúpulas, o agravamento extremo da miséria e da angústia das classes oprimidas e a atividade independente das massas. Junto a estas mudanças objetivas, é necessária uma mudança subjetiva, ou seja, a capacidade da classe revolucionária conduzir ações revolucionárias de massas a fim de destruir completa ou parcialmente o “velho Governo, que não cairá jamais, mesmo em épocas de crises, se não for forçado a sucumbir”.

Por fim, reproduzimos o questionamento do Inspetor Finch. Às vésperas do “Grande Dia”, imerso em seus pensamentos, como se perguntasse a V e a si mesmo: “Está pronto? Nós estamos prontos?”. Ocorrerá um 5 de novembro no século XXI, com data e local tão bem marcados? Ou será uma revolução absolutamente espontânea, surgida das massas? Ou sequer haverá uma revolução? Vivamos e construamos esses caminhos!

REFERÊNCIAS

ENGELS, Friedrich, MARX, Karl. A ideologia alemã. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br, Acesso em: 3 nov. 2007.

ENGELS, Friedrich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico. São Paulo: José Luiz e Rosa Sundermann, 2004.

GREEN, Gilbert. Anarquismo ou Marxismo: uma opção política. Rio de Janeiro: Achiamé, 1982.

LENIN, V. I. La Faillitte de la Deuxième Internationale. Oeauvres. V. XXI, p. 216-217. In: NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR. Apostila História das Revoluções e do Pensamento Marxista, São Paulo.

MOORE, Alan. V de Vingança. Edição Especial. Barueri: Panini Comics, 2006.


*Texto de 2007, publicado na revista Tela Crítica:

Bruno Gawryszewski
Bacharel em Educação Física pela UFRJ
Mestrando em Educação pela UFRJ

Gabriel Rodrigues Daumas Marques
Licenciado em Educação Física pela UFRJ
Graduando de Pedagogia pela UFRJ