segunda-feira, 2 de abril de 2012

Clássico de mentirinha*

A participação na Assembleia do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE-RJ) impossibilitou que estivesse no Engenhão contra o Duque de Caxias, precisando apelar para o radinho para acompanhar nosso Glorioso na rodada anterior. Com isso, volto a escrever hoje, após a manutenção da invencibilidade em 2012 neste Domingo, quando mais uma vez foi deixada a vitória escapar.

            Domingo 1º de abril, dia popularmente querido e extrovertido por conta das animadas, criativas e implicantes mentirinhas e pegadinhas elaboradas e realizadas por crianças, adolescentes, adultos e idosos para comemorar o Dia da Mentira. Entretanto, se por um lado há esta cultura popular, por outro lado há algo que não deve ser apagado. Deve sim ser recuperado, pesquisado e investigado. Há quarenta e oito anos, militares e empresários aplicavam o golpe que jamais pode receber a nomenclatura de Revolução. Determinaram por mais de duas décadas os rumos políticos e econômicos do país, censurando, prendendo, torturando e aniquilando seres humanos que minimamente se chocassem com a ordem estabelecida. Portanto, precisamos caminhar para que as verdades sejam apuradas, assassinos recebam punições e que sejam retiradas quaisquer menções aos ditadores e seus simpatizantes em nomes de logradouros, salas e repartições de prédios públicos etc., além de uma necessária reviravolta na conjuntura político-econômica do país, hoje governado por uma ex-militante a favor da classe dominante!

            Ontem, ao ser entrevistado pela BrahmaFogo, o único caso de Pinochio que me recordei entre jogadores de futebol foi Somália, que ano passado criou a mentira do sequestro-relâmpago. Todavia, no mundo do futebol, certamente há dezenas e dezenas de mentirosos espalhados pela Confederação Brasileira de Futebol, pelas Federações Estaduais e comandando as gestões de diversos clubes. O principal deles pediu para sair depois de mais de duas décadas à frente da CBF. É tempo de modificar a política da entidade e não simplesmente trocar seis por meia dúzia. No nosso Botafogo de Futebol e Regatas, é preciso questionar: por que e como um saldo negativo de mais de R$160 milhões em 2011!? Esquisito, muito esquisito...

            Muito tem se falado sobre o enfraquecimento do Campeonato Estadual, sobre a pouca presença de torcedores nos estádios. Entretanto, pouquíssimas propostas inteligentes surgem, até mesmo porque o problema de falta de público é uma síntese de múltiplas determinações, como por exemplo o alto preço dos ingressos, os horários complicados para atender aos interesses midiáticos, a péssima qualidade do serviço de transportes públicos e os infelizes e insistentes confrontos entre torcidas organizadas. Como simpatizante dos clubes pequenos, não sou a favor da diminuição da quantidade de equipes. Pelo contrário, defendo inclusive que pode aumentar a presença deles e diminuir a quantidade de jogos do Fogão e dos outros três que se dizem grandes. Como? Uma das possibilidades seria: no segundo semestre do ano anterior, quatro grupos com cinco times disputam em jogos de ida e volta, passando à fase de mata-mata os três melhores de cada grupo, até restar o triangular para decidir o campeão. Os doze melhores estariam automaticamente classificados para as oitavas-de-final do Campeonato Estadual, que já contaria com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Em um mata-mata com jogos de ida e volta, o campeão seria definido disputando oito partidas. #FicaUmaDica

            O clássico vovô de ontem em diversos momentos assemelhou-se a uma razoável pelada de várzea, com sucessivos erros e chutões de ambas as partes. Após início arrebatador, com boa troca de passes que culminou com a certeira finalização de Elkeson para abrir o placar, o elenco da Estrela Solitária resolveu entrar no clima da data e enganar a torcida. Sem nenhum tesão em campo, parecia que nós já estávamos classificados para as oitavas-de-final da Taça Libertadores e para a final do Campeonato Estadual... Com isso, novamente nas costas de Márcio Azevedo, o cruzamento de Wellington Nem para Fred concluir não foi interceptado e o empate foi cedido. Não fossem as duas bolas na trave acertadas – ou erradas – por Herrera e umas duas grandes defesas de cada um dos goleiros, o jogo teria sido ainda mais frustrante em termos de emoção.

            Jefferson assustou em dois lances de saídas de gol; Lucas está em péssima fase, deixando até alguns torcedores com saudades de Alessandro – pasmem! –; Fábio Ferreira precisa se preocupar menos com seu penteado calopsita e mostrar melhor futebol; Antônio Carlos não esteve tão bem ontem; Márcio Azevedo mostra disposição, mas é fraquíssimo na marcação; Marcelo Mattos apresentou ligeiros sinais de melhora enquanto Renato passou a errar passes; Elkeson prossegue afoito e atrapalhado, perdendo muitas bolas; Andrezinho tem gostado de usar chinelo antes do apito final; Fellype Gabriel pode e deve aparecer mais para construir as jogadas; Herrera precisa mudar o radical de seu nome; Jobson e Caio entraram e pouco fizeram; Oswaldo de Oliveira precisará de mais do que palavrões e esporros durante os treinos. A ausência de Loco Abreu ainda é sentida e reforços de peso são mais que necessários para prosseguirmos na Copa do Brasil e chegarmos com boas perspectivas ao Campeonato Brasileiro.

            Enfim, ao empatarmos com o time da UNIMED ao passo que Almir, Tiago Galhardo e cia. não conseguiram retirar pontos dos mulambos, o Fogão ficou na segunda colocação. Quarta que vem é importantíssimo ganhar o Guarani por pelo menos dois gols de diferença e garantir logo a vaga nas oitavas-de-final da Copa do Brasil! Faltam dois jogos para fechar a Taça Rio e caminhar para uma disputa de verdade contra os tricolores, pois o clássico de ontem foi de mentirinha!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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