segunda-feira, 9 de abril de 2012

Páscoa sem chocolate*

Nosso Engenhão amanhecera debilitado. Alguns vândalos que carregavam a Cruz de Malta no dia anterior resolveram malhar Judas com cento e vinte cadeiras de nosso estádio em vez de criar bonecos de dirigentes e ex-dirigentes que se aproveitam da nobreza da torcida para exercer mandatos legislativos em benefício próprio e contra o povo ou de ex-jogadores que perdem pênaltis em decisões... Indubitavelmente nós botafoguenses somos especialistas em acompanhar as arbitragens favorecerem o rubronegro da Gávea. Analisando o clássico de sábado, o árbitro poderia e deveria ter expulsado Fernando Prass e Alecsandro e o lance do pênalti sobre o Thiago Feltri foi tão duvidoso quanto à verdadeira autoria de Assim você me mata... Portanto, injustificáveis os chiliques dos vascaínos, que perderam a liderança para o simpático Bangu e novamente cederam favorecendo o Flamengo.


Sobre Jobson, a mídia burguesa adora lançar mão de suas bizarras artimanhas para vender jornal ou ganhar acesso nas matérias virtuais. Nosso JobGol questionou alguém ‘hierarquicamente superior’ tal como um aluno contraria um professor, um estudante ocupa uma reitoria ou um trabalhador realiza uma greve. Logo, o setor dominante arruma uma maneira de punir e culpabilizar, eximindo-se de qualquer responsabilidade sobre a ação. Em breve, só vai dar JobGol, o jogador que não é vaca para ser leiloado e terá estrela para brilhar junto à Solitária (não a da prisão)!


Enfim resolveram abaixar o preço do ingresso, mas R$20 ainda é um preço alto para um jogo de fase classificatória do Campeonato Estadual. Menos de 4500 corajosos e corajosas decidiram não ouvir mais do mesmo dos narradores-comentaristas de uma tal emissora e foram para os Setores Oeste e Leste do Engenhão em pleno Domingo de Páscoa. No primeiro jogo que vou após assistir ao filme “Heleno”, tenho a convicção de que urge que os jogadores extraiam os elementos positivos de nosso ídolo dos anos 1940! Não basta ser jogador de futebol: é preciso ser jogador do Botafogo, que jamais pode ser covarde. Pelo menos em 2012 o elenco conseguiu garantir que o Fogão não perca para ninguém... Em vez de penteados exóticos ou chuteiras exorbitantes, carros do ano e baladas, os jogadores devem treinar e caprichar mais e perceber que cada jogo é uma guerra, observada atenta e apaixonadamente por uma torcida guiada pela Estrela Solitária. É para esta torcida e para esta Estrela que os jogadores precisam desempenhar com garra o seu papel!


O lançamento do produto exclusivo GuaraFogão nos deixou com água na boca: vídeos com jogadores provando, camisas anunciando e um copão inflável estavam presentes, mas nem um copinho com a bebida para a torcida provar foi vendido ou distribuído. E num Domingo de Páscoa um apático 3 x 1 sobre o Friburguense – cujo uniforme aparentava que os gandulas estavam em campo – não simbolizou o chocolate do mundo esportivo. Vale registrar ainda as congratulações aos atletas olímpicos, que se esforçam diante de poucos recursos para representar nosso alvinegro para além do futebol.


Estão tentando garfar o teu time!” O torpedo enviado por minha mãe contrariava meu acordo com o árbitro. Lá do cantinho da Oeste Superior, jurava que Marcelo Mattos tinha errado o chute e derrubado o adversário. No geral, a arbitragem foi boa, aplicando corretamente cartões amarelos e acertando a maior parte dos lances. Retomando o assunto da penalidade, há um elemento com maior influência que a máxima de que pênalti mal marcado não é convertido: a tranqüilidade e a confiança com as quais o melhor goleiro brasileiro se prepara diante do adversário. Apontou o dedo para sua esquerda, aguardou a cobrança de Rômulo e pulou para a direita em direção à bola, espalmando-a para escanteio. Jefferson tem conseguido se equiparar ao melhor defensor de pênaltis que vi atuando e no qual ele se espelha: Dida.


Após o susto e a alegria pela defesa, o Fogão abriu o placar depois de a bola sobrar no pé de Loco Abreu, que não perdoou. Diante da apatia generalizada em virtude de os jogadores considerarem 1 x 0 como goleada, muitos erros de passe e sobra de falta de vontade, apenas aguardando o apito final. Elkeson e Márcio Azevedo eram os que corriam e tentavam buscar jogo, em vão na maior parte das vezes. Em boa jogada de Fellype Gabriel pela direita, Herrera, que entrara no lugar de Loco e já perdera uma oportunidade, pegou de primeira e ampliou o placar. Em vez de oferecer como presente de Páscoa para Friburgo doações necessárias para as famílias desamparadas pelos corruptos governantes municipais e estaduais após as catástrofes da região serrana, nosso xerife Antonio Carlos decidiu dar uma assistência ao atacante adversário Douglas e assistir de camarote ao gol de honra do Friburguense, que ainda tocou em Fábio Ferreira para enganar Jefferson. Poscha que parola! Nosso time não consegue ficar um jogo sem tomar gol bobo!? Vamos acordar! Para nooossaaaa alegria, o momento de raiva passou rápido. Nova jogada pela direita, dessa vez com Lucas Zen, para conclusão de Herrera, artilheiro do Fogão no Estadual com nove gols. Os gringos do Fogão são os artilheiros do Engenhão e colaboraram ontem para ultrapassarmos a marca dos 300 gols do Botafogo no Estádio! Enquanto os jogadores marcaram, o MEU LIVRO DO FOGÃO “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial” atingiu a marca de 700 livros vendidos. É hora de convocar o Túlio pra puxar a campanha rumo aos 1000 livros!


Enfim, hoje é dia da nova camisa ser oficialmente anunciada e divulgada, em evento fechado para a mídia e apenas 300 convidados. Infelizmente, a maior parte da torcida em segundo plano no evento, contando com as redes sociais para acompanhar o cotidiano de General Severiano. Domingo que vem é dia de cumprir tabela no chiqueirão, aguardando quem vamos enfrentar nas semifinais da Taça Rio. Faltam três jogos para nossa decisão de verdade contra os tricolores!



*Gabriel Marques

Botafoguense desde 30/05/1985

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