segunda-feira, 14 de maio de 2012

Na alegria e na tristeza*


Em mais um segundo domingo de maio, comemoramos o dia daquelas que durante nove meses nos carregaram em suas barrigas e só puderam desfazer os laços fisicamente ao termos cortado o cordão umbilical. Emocionalmente, os laços na maioria das vezes se fortalecem, ao amamentar, ao fazer carinho, ao ouvir proferir mãe como a primeira palavra, ao ver os primeiros passos e consequentemente as primeiras quedas, ao ouvir o choro e chorar junto nos primeiros dias de escola... Enfim, elas nos acompanham, se preocupam demasiadamente, brigam, vibram com as conquistas e até torcem pela vitória de nossos times para não nos verem tristes. Sim, TODA MÃE É UMA ESTRELA! Apesar de minhas avós e minha mãe serem tricolores, elas são minhas estrelas e ficariam contentes por qualquer resultado no jogo de ontem.

            O dia 13 de maio também é marcado por um acontecimento de 124 anos atrás, quando, ainda monárquico, nosso país acompanhava a assinatura da Lei Áurea, demonstrando que há mais de um século nossos governantes elaboram e assinam leis tentando ludibriar a população. Mesmo farsante, é triste saber que foi o último país das Américas a reconhecer por meio da legislação a liberdade dos negros e negras, conquistada por meio de muita luta e resistência. Várias famílias enriqueceram às custas da escravidão e continuam enriquecendo na atualidade devido à propriedade privada dos meios de produção, possibilitando inclusive que planos de saúde sustentem salários astronômicos de um elenco para as disputas de torneios de futebol...

            No jogo de ontem, até que o Botafogo demonstrou valentia. Partiu para cima do Fluminense. Loco Abreu perdeu gol e Jefferson salvou logo no início do jogo após perda de bola de Elkeson no meio-campo. O primeiro tempo foi bem movimentado, com o Glorioso arriscando mais e buscando abrir o placar. Inteligentemente, o Fluminense se fechava, acuado, mas gozando a vantagem dos três gols obtida no primeiro jogo após o imbecilóide Lucas ser expulso – e não é que o lateral conseguiu a façanha de expulsão contra o Vitória pela Copa do Brasil, novamente prejudicando a equipe!? Brinner, com seus chutões; Gabriel, sem comprometer; e Jadson fechando a retaguarda não foram mal ao substituir Antônio Carlos, Lucas e Marcelo Mattos, respectivamente. Por mim, Lucas tem que ser limado para a entrada imediata de Gabriel, que, ganhando experiência, ainda demonstra a valorização da prata da casa! Márcio Azevedo tem sido um leão nos últimos jogos: se a técnica não é muito apurada, tem superado com a disposição e a vontade de acertar; Renato começa a errar passes e isso é muito preocupante; Fellype Gabriel foi uma boa aquisição e merece nossa confiança ao afirmar que trocaria tudo pelo título; Elkeson vai de mal a pior; Maicosuel cisca, cisca, cisca, mas não rende o que esperamos; e Loco Abreu afunda com a equipe abalada psicologicamente. Herrera, Caio, Vitinho... Entraram, mas não puderam alterar o curso do jogo. E o Jobson? Será o novo Wally?

FAÇA BONITO! Proteja nossas crianças e adolescentes da violência sexual” foi o recado mostrado no intervalo do jogo após um primeiro tempo sem redes balançadas. Importante iniciativa que merece ser registrada! Enfim, no domingo frio, chuvoso e triste para a Estrela Solitária, ainda fiquei por 10 minutos no Engenhão após o gol de Rafael Moura para o tricolor, que mais uma vez teve a oportunidade de gritar É Campeão no nosso estádio. Mesmo menosprezando a competição, tendo cinco derrotas, o Fluminense teve a capacidade de ganhar quando necessário, nos momentos decisivos, sagrando-se campeão. O efeito Fernandinha Maia parece não ter feito bem ao Glorioso, infelizmente. Após vinte e três partidas sem perder em 2012, vieram três derrotas seguidas, com eliminação da Copa do Brasil e vice-campeonato Estadual. Foi uma semana para ser apagada de nossas mentes e corações.

No sábado, tive a felicidade de acompanhar o casamento dos amigos Michelle e Egberto, que namoram desde nossos tempos de Colégio Pedro II e possuem todas as condições de conservar a relação respeitosa e amorosa durante longos anos. Qualquer relação pode oscilar entre ótimos e péssimos momentos e entre conquistas e perdas, precisando de balanços e mudanças para não se desfazer. E é assim que nós, torcedores, devemos nos sentir com o Glorioso: ficamos tristes, abalados, revoltados com as recentes derrotas. Portanto, mudanças são urgentes e necessárias para que, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, a relação permaneça forte, intensa e preparada para vivermos novas emoções já a partir do próximo domingo, quando começa o Campeonato Brasileiro. A torcida não pode nem deve sucumbir e merece uma diretoria e um elenco comprometidos com a História Gloriosa dessa Estrela Solitária, um patrimônio mundial do futebol!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
Autor do livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”

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