segunda-feira, 18 de junho de 2012

Barba, cabelo, bigode e mais uma virada*


Oscilando entre a empolgação pelas duas vitórias nas primeiras rodadas e a frustração pelas duas derrotas em seguida, a ansiedade pelo início do jogo contra o Internacional, no Beira-Rio, era evidente. “Como a equipe se portaria para enfrentar os colorados?” – indagava-me ao retornar de Rio das Ostras rumo ao lar, doce lar. No final de semana em que se completaram cinqüenta anos da conquista do Bi da Copa do Mundo, na qual metade da Seleção Brasileira era composta por jogadores que vestiam a camisa alvinegra, teria de haver inspiração para buscar a vitória. E a tarde de sábado haveria de trazer realmente bons fluidos. Ao chegar à barbearia aqui no Engenho de Dentro, além dos barbeiros alvinegros, duas crianças de aproximadamente cinco anos alegravam o ambiente ao responder “Botafogo” quando eram perguntadas para quem torciam. Ao passo que, equivocadamente, alguns dizem que nossa torcida não se renova, o Hino era entoado e meu cabelo cortado.

            O jogo começou e nosso Glorioso parecia atuar em casa, envolvendo os adversários com toques de bola rápidos e tentando construir jogadas ofensivas. Apesar do excesso de erros de passes – de ambas as equipes – e das tentativas sem perigo ao atacar, o Fogão realizava uma partida mediana. Quando o Internacional iniciou seu despertar, usou o lado direito para suas investidas por duas vezes. Na terceira, sofreu uma falta. Enquanto Guiñazu já lançava para a área alvinegra, os jogadores do Botafogo estavam de costas para a bola. A desatenção custou caro: com linha de passe dentro da área, Leandro Damião cabeceou e Dagoberto completou, também de cabeça, para o fundo do gol de Jefferson, que retornava após os amistosos da Seleção Brasileira. Para variar, nossa defesa foi vazada.

            No intervalo, já soltava os bichos: não é possível, em pleno século XXI, jogadores darem as costas para o adversário cobrar com rapidez uma falta! Não é possível que jogadores profissionais – que se dedicam única e exclusivamente ao Futebol – errem a quantidade de passes a curta e média distância que alguns vinham errando! Não é possível que a zaga oscile entre chutões para frente e recuos bizarros para o goleiro! Não é possível que o Botafogo use um esquema com um único atacante, que joga a maior parte do tempo pelas pontas e ainda volta para marcar!

            Após o intervalo, mais uma vez o Fogão voltou disposto a realizar uma melhor apresentação no segundo tempo. Impulsionado pelo motorzinho Vitor Junior, chances foram criadas. Além disso, sem dúvidas, Andrezinho fez o melhor tempo com a camisa do Botafogo. Após passe de Vitor Junior, concluiu de forma perfeita, de fora da área, para balançar as redes de seu ex-clube e anotar seu primeiro gol pelo Fogão! Depois disso, correu como um garoto, marcou, desarmou, driblou e ainda forneceu assistência ao cobrar escanteio certeiro na cabeça de Fellype Gabriel, que desviou e garantiu a virada em Porto Alegre. No momento do gol, berrava ao celular ouvindo a transmissão da rádio BandNews, que me telefonara para 30 segundos de comentários e perguntas sobre o jogo. Mesmo anunciado como “Gabriel Marcos”, de Jacarepaguá(!!??), valeu a participação ao vivo na rádio. Vale destacar a decisiva participação do árbitro Paulo César de Oliveira e de seu auxiliar atrás do gol do Internacional. Os muquiranas conversaram para – acertadamente – marcar a falta em cima de Vitor Junior em vez do pênalti. Entretanto, num lance posterior, ignoraram o pênalti cometido em cima do mesmo Vitor Junior quando a partida ainda estava empatada! Ao ser substituído, Vitor Junior foi cumprimentar o árbitro e cochichou algo: seria o agradecimento pelo pênalti não marcado?

            Enfim, por que o Botafogo não faz partidas inteiras semelhantes aos segundos tempos contra São Paulo, Coritiba, Náutico (até o segundo gol) e Internacional? A marcação passa a ser eficiente e o poder de reação demonstra que – apesar das diversas limitações – é possível vencermos qualquer adversário deste Campeonato jogando com atenção, doação e garra!

            No jogo de sábado, Jefferson só trabalhou para cobrar tiros de meta. Brinner e Fábio Ferreira conseguiram mais desarmes do que vacilos e o único ataque do Internacional foi o lance do gol. John Lennon foi uma grata surpresa, improvisado do lado esquerdo, enquanto Lucas teve atuação regular. Lucas Zen substituiu Jadson e foi bem, enquanto Renato tem, infelizmente, caído muito de produção, não marcando como pode e errando passes bobos. O trio formado por Andrezinho, Fellype Gabriel e Vitor Junior foi o destaque da equipe e Oswaldo de Oliveira teve coerência ao mandar para o banco Maicosuel e Elkeson. Herrera é sempre dedicado, mas o esquema tático não favorece muito seu futebol.

            Além de deixar um abraço para a rapaziada do “Mesa de Boteco”, podcast que participei neste Domingo e que fará uma promoção no facebook para premiar o(a) vencedor(a) com um exemplar do livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”, é importante alguém avisar ao elenco do Botafogo que todos os demais dezenove times são grandes e ricos! Quem sabe assim o espírito Robin Hood desaparece? E bacana lembrar que terminamos o sábado na quinta colocação e, no domingo, sem jogar, voltamos ao G-4 com a derrota do Grêmio para o Náutico.

Se este Sábado foi dia de barba, cabelo, bigode na barbearia e mais uma virada do Fogão no Beira-Rio, Domingo que vem é dia e 18:30 é o horário para apoiar o Fogão no Engenhão em busca de mais uma vitória e do Tri, dessa vez contra a macaca!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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