terça-feira, 5 de junho de 2012

Embalado pelos Hermanos*


            Compondo a semana de comemorações pelo meu aniversário de 27 anos, o confronto do Glorioso no Couto Pereira estava marcado na agenda. Infelizmente não pude ir a Curitiba, pois apenas no dia anterior ao jogo consegui trocar meu ingresso para o show do Los Hermanos, transferindo para o domingo posterior – e que show! Enquanto o fantasma da adversa goleada por 5 x 0 no ano passado assombrava, a chama pela derrubada da invencibilidade dos coxas brancas em sua casa se acendia. Já pronto para descer as escadas de minha casa e rumar para o Baixo Méier, leio a notícia de meus colegas furões de arquibancada desmarcando o encontro. E valeu acompanhar o Fogão com a família: na sala, meu pai alvinegro e eu, para manter a resistência, não ligamos na Rede Globo!

            Com diversos desfalques, a prata da casa teria mais uma oportunidade para demonstrar seu valor. Renan, Dória e Jadson entre os titulares – Cidinho e Lucas Zen no segundo tempo – e o banco repleto de jogadores formados pelas categorias de base. (Já que o calendário nos impôs o domingo 3 de junho sem Campeonato Brasileiro... Quase 10 mil alvinegros e alvinegras de todas as idades encaramos o escaldante Sol numa fila para prestigiar as Pratas na Casa! Excelente ação!). Enquanto o time ainda peca com a mania de chutões para a frente torcendo para sair algo de interessante, um ponto positivo foi a marcação que mordia os adversários já em seu campo, pressionando com agilidade na busca do desarme. Com o susto ocorrido aos míseros 29 segundos, para demonstrar certo otimismo, tive que postar nas redes: “Poxa, Botafogo, todo jogo tomar o primeiro gol apenas para vencer de virada e dar mais emoção!?

Não demorou muito para que Lucas, o nome do jogo, respondesse com um chutaço na trave. A partir daí, o Botafogo foi muito mais time e passou a se sentir à vontade para buscar a virada. Na boa troca de funções, Lucas partiu para a área e deixou Herrera como lateral. O argentino forneceu preciosa assistência para Lucas empatar. Minutos depois, a vez do outro lateral aparecer: Márcio Azevedo partiu para cima, chutou e, no rebote do goleiro, o ligeirinho Vitor Júnior marcou seu segundo gol. O Coxa ainda empataria no segundo tempo em uma cochilada da defesa alvinegra. Entretanto, era um domingo para a Estrela Solitária! Elkeson, em excelente virada de jogo; e Cidinho, num sutil toque, foram brilhantes coadjuvantes para a troca de passes entre Lucas e Herrera, que novamente deixou Lucas sozinho para balançar as redes. Os Emerson, Demerson e Evertons tiveram que se contentar com mais uma virada do Fogão para manter o fogo em nossos peitos!

Como eu sei que nada vai mudar entre nós, Botafogo!? Eu só sei... Que todo torcedor é Sentimental e é aquilo que se vê numa moldura clara e simples. Sem procurar entender, torcemos, vibramos, cantamos, brincamos de ser felizes e pintamos narizes, bochechas: na prática, um mito, uma prova de amor... Enquanto fora do campo temporariamente emprestamos um cara estranho, tropeçando a cada quarteirão e perigando nunca se encontrar – a quem desejo sorte – ao anoitecer do domingo era hora de tirar o som da TV pra gente comemorar mais três pontos e a liderança do campeonato. Empolgado com este bom início, mas certo de que precisamos de reforços e de melhorias táticas e técnicas, acredito no sonho do Tri e na preparação da avenida onde a gente vai passar, numa cena onde a Estrela possa brilhar, pois em 2012 eu quero ser O Vencedor!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
Autor do Livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial”

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