Após acompanhar um grupo de estudantes do Colégio Municipal Botafogo, de Macaé, durante a tarde de domingo no Grand Slam de Judô, pude matar saudades do Complexo Caio Martins, onde acompanhei várias vitórias e algumas frustrações por parte do meu Fogão. Vale o espaço para ressaltar a necessidade e a importância da manutenção do referido Complexo como um espaço desportivo, de lazer, de cultura, mostrando minha contrariedade, portanto, a quaisquer propostas de venda do espaço para o setor imobiliário! Quando o despertador tocou às 18:10, era hora de despedir-me dos colegas e dos estudantes para sair em busca de um barzinho a fim de ver o confronto válido pela quarta rodada do Brasileirão, contra o Náutico, na capital nacional do frevo. Devido à Fórmula 1, os jogos das 16h foram adiados para 17h. Quando cheguei ao barzinho na Av. Presidente Backer que tinha duas televisões, seria possível saber o andamento do jogo apenas se algum gol fosse marcado, já que as TVs e os rádios ainda transmitiam os jogos de Vasco e Fluminense.
O primeiro baque da noite fora o informe, diretamente da rádio, de que Araújo abrira o placar para o Náutico. Apesar do sofrimento ter sido minimizado após assistir ao vivo os lances da partida, o segundo baque veio em uma jogada pelo setor direito bem tramada pelos pernambucanos, com a bola entrando nas redes de Milton Raphael. Mesmo dois gols atrás no placar, o Botafogo tinha disparadamente maior tempo de posse de bola, sem conseguir a necessária eficiência para marcar um gol.
Incomodado com o frio do início da noite e angustiado pela atuação do primeiro tempo, aquele sentimento de que era possível virar o resultado, por incrível que pareça, acompanhava as batidas do coração. E as palpitações aumentaram assim que Lucas acertou ótimo cruzamento rasteiro, encontrando no outro extremo Márcio Azevedo para acertar o cantinho esquerdo do gol do Náutico e diminuir o resultado. Era hora de ir para cima e o Botafogo foi. Elkeson entrara no lugar de Andrezinho e passou fácil por Márcio Rosário, que apelou para a falta, levando seu segundo amarelo, já que no primeiro tempo já usara seus recursos de artes marciais para interromper Maicosuel num contra-ataque alvinegro. Com um a mais, partir para a cima era a tônica. O Botafogo, que já tocava bem a bola no primeiro tempo, não demorou muito para empatar a partida. O ligeirinho Vitor Junior cobrou escanteio e Fábio Ferreira dividiu com o marcador adversário, que acertou o canto do próprio gol! Já era o mesmo placar de quando estive no Estádio dos Aflitos em 2009, bem recepcionado, diga-se de passagem, pela simpática torcida FaNáuticos.
Parecia que a terceira virada e consequentemente a terceira vitória no Campeonato Brasileiro 2012 viria em questão de segundos. Foi então o terceiro baque: em vez de partir para cima, o time ficou burocrático, acomodou-se, numa atitude irresponsável absurda! Pela esquerda, após boa troca de passes, Herrera deixou Maicosuel sozinho frente a frente com o goleiro. Entretanto, a ausência de magia foi o quarto baque: em vez de carregar mais e tocar no canto, Maicosuel foi afoito e chutou em cima do goleiro, que conseguiu rifar a bola e evitar a virada. O Náutico não passava do meio de campo. E quando resolveu tentar passar, Márcio Azevedo segurou, trombou e enfim acertou com relativo excesso de força o atacante adversário: lá veio o quinto baque com o cartão vermelho de nosso lateral-esquerdo. Quando o ponto na casa do adversário já não seria desastroso diante das circunstâncias, um sexto baque apareceu: numa bola despretensiosa chutada pelo defensor adversário, Vitor Junior chegou antes do adversário que pressionava. Todavia, resolveu, com um toque fraquíssimo, recuar para nosso jovem goleiro. Toque fraco o suficiente para o capitão adversário driblar Milton Raphael e ratificar o décimo gol levado pelo Botafogo em quatro partidas.
Mais uma derrota que adoça a boca dos pessimistas e corneteiros de plantão e retoma as naturalizações das baboseiras de ‘nadar e morrer na praia’ ou ‘há coisas que só acontecem ao Botafogo’. Oswaldo de Oliveira ficou revoltado e afirmou que tem de haver responsabilidade. Mais que responsabilidade, Oswaldo, tem que botar essa galera pra estudar! Sim, ES-TU-DAR! Os trabalhos psicológicos não têm surtido os efeitos desejados, pois em vários momentos há amareladas. Então, vamos colocar o elenco para estudar as disciplinas escolares e desenvolverem seus intelectos, “malharem” o cérebro. Vamos colocá-los para fazer trabalhos em grupo, cujo resultado positivo não depende dos esforços isolados de cada jogador, mas da coletividade, da solidariedade e da dedicação do todo!
Com inteligência, capacidade para refletir a cada jogada e compreendendo que Futebol é um Desporto Coletivo, Maicosuel teria calculado sua velocidade, distância dos adversários e percebido que poderia aguardar mais um ou dois segundos para finalizar – não teria havido meu quarto baque! Márcio Azevedo, numa falta para cartão amarelo, teria entendido que, fora de casa, com o mandante tendo um jogador expulso, era óbvio que o árbitro compensaria! Havia outros jogadores para evitar a subida do Náutico ao ataque, e não teria sido acéfalo no lance, evitando meu quinto baque. E Vitor Júnior, ousado jogador no ataque, teria percebido que, ajudando na defesa, faltando poucos minutos para o jogo acabar, pode dar um chutão para a lateral. Ou, se soubesse um pouco mais sobre Física e Matemática, teria calculado a força de seu recuo, impossibilitando meu sexto baque.
Enfim, apenas 50% de aproveitamento e mais um jogo fora de casa no próximo sábado, contra o Internacional, no Beira-Rio. Apesar de Milton Raphael não ter falhado, houve gols defensáveis dos adversários. Jefferson retorna e já é um alívio. Reforços na defesa urgem, diretoria! Tal como no ataque, pois não podemos contar apenas com as inconstâncias e péssimas cavadinhas de Herrera! (Enquanto isso, o garoto Caio marca a cada jogo no Figueirense...) Responsabilidade e inteligência, somadas ao comprometimento com a Gloriosa História, são tarefas imprescindíveis para retomarmos o caminho das vitórias e partirmos em busca do Tri!
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
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