Depois de quatro jogos sem vencer
e três sem marcar gols, jogar contra o lanterna
do Campeonato na décima terceira rodada
apresentava indícios de que voltaríamos a vencer. Descanso, banho, escolher a
camisa mais bonita e passar o perfume foram as tarefas antes de partir para a night
de Sábado, que precisou ser no Engenhão diante deste horário grotesco de
21h. E mais de cinco mil pessoas estiveram presentes para novamente cantar,
vibrar e apoiar o Glorioso nesta fase conturbada pela qual passamos.
Com
um minuto de silêncio como homenagem
póstuma a Aloísio Teixeira, grande botafoguense e ex-reitor da UFRJ, o luto
pareceu atingir nosso time nos primeiros trinta minutos. Nervosos, ansiosos, atabalhoados e sem finalizar, os jogadores do
Botafogo pareciam testar a torcida, que, mesmo com a equipe deixando muito
a desejar, tem feito um bonito papel de apoio e incentivo.
A mania de
recuar a bola para o Jefferson dar chutão
prosseguiu e quase complicou nossa vida, enquanto Fábio Ferreira tem sido uma mãe
querendo presentear o ataque adversário com suas lambanças. E se hoje não temos contado com a eficiência dos
passes de Renato, a cada jogo a lucidez do surinameso Seedorf aponta que ainda agradeceremos muito por sua presença em General
Severiano, mesmo que nos momentos de apagão
alvinegro pareça que ele tenha caído numa furada. De trivelinha
pela esquerda, Seedorf deixou Rafael Marques em plenas condições de marcar, mas
este furou; depois, lançou Elkeson, que acertou a trave direita; além de roubar
uma bola e passar de letra para Márcio Azevedo. Apesar do antigo ataque mais
positivo da competição ficar mais um tempo sem marcar, fomos para o intervalo
com o sentimento de que cerca de 350 minutos sem balançar as redes adversárias
era absurdo. E venhamos e convenhamos, mais
um jogo em que a bola bate na trave... É preciso caprichar um pouco mais nas
finalizações, ou um pouco menos, sei lá!
E no segundo
tempo, o solitário gol veio lacrimejando.
Andrezinho carregou pelo meio,
carregou... Enfim, chutou! E com o desvio de Anderson Conceição, a bola foi
parar no fundo das redes. Ufa! 1 x 0! A defesa do Fogão ainda fez questão
de testar os corações dos torcedores, mas Jefferson e Brinner, que tiveram
excelentes atuações, evitaram um vexame diante do lanterninha. Os laterais Lucas e Márcio Azevedo também estiveram
muito bem, driblando e apoiando em diversos momentos. Aplaudindo e sendo
aplaudido ao ser substituído quase no final da partida, Seedorf se mostra importantíssimo líder dentro e fora de campo:
orquestrou a equipe, coordenando jogadas, recuperando bola perdida, driblando;
e impondo respeito aos adversários, que até pediam desculpas ao cometer faltas
em cima dele. No intervalo, pediu palmas à torcida quando muitos vaiavam Rafael
Marques e durante o jogo gritou aos companheiros: “Vamos!”. Se o jogo de Sábado à noite não embalou nem
empolgou, aliviou nossos nervos, fazendo valer os três pontos e principalmente
a louvável atitude da equipe de ir ao meio do campo agradecer e aplaudir a
torcida presente!
Oswaldo de
Oliveira resolveu deixar a teimosia de lado e modificar o tal sistema de jogo. Entretanto, pudemos perceber que não basta mudarmos o
sistema; é necessário ter peças habilidosas e experientes para o jogo! A
torcida não titubeou ao criticar a inexistência de um artilheiro e o mau
planejamento da diretoria: “Uh, El
Loco!” A diretoria não pode passar a mão na cabeça do novo baladeiro! Quando parecia que
agüentaria jogar pelo menos 45 minutos, de
uma só tacada Vitor Júnior foi para casa mais cedo (havia festinha marcada
para incomodar a vizinhança?) e ficará suspenso durante a viagem para Goiânia
no próximo sábado com sua infantil suspensão. Tem que dar esporro, multa e avisar: “veio de graça, mas isso aqui é
Botafogo! Se não respeitar a História, que volte para os gambás!” Outro que precisa ser enquadrado – e barrado – é o sr. Fábio Ferreira, que ontem deveria
estar chateadinho com o horário do
jogo e queria entregar a paçoca, já
que não conseguiu ir ao cabeleireiro para ajeitar seu penteado calopsita antes de se entregar à
noitada.
A vitória traz alívio e mostra o rumo do
clube que não pode perder para ninguém! Chegamos aos 20 pontos e a tônica
do momento é não deixar os primeiros colocados deslancharem na classificação. Quarta-feira que vem é dia de iniciarmos
nossa ajuda rumo à conquista de mais um título Sul-americano! O Palmeiras
já está na Libertadores do ano que vem e a Copa Sul-Americana perde seu
principal atrativo para o alviverde paulista. Ficaremos mais de uma semana sem
jogo no Engenhão. Então, sábado que vem
é dia de ligar a televisão para acompanhar mais um triunfo fora de casa, contra
o vice-lanterna. Pra cima deles,
Fogão!
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985