domingo, 1 de julho de 2012

Quem convida dá banquete?*


            Em mais um Domingo de Campeonato Brasileiro, era dia de separar a camisa preta e branca, o cartão de sócio-torcedor e caminhar meus quinze minutos em direção ao Engenhão. Chegando ao estádio, evidenciava uma gigantesca contradição: enquanto funcionários checavam rigorosamente a documentação que fornece direito à meia-entrada, em frente à própria bilheteria alguns torcedores vendiam “por menor preço e sem fila” os ingressos que a diretoria do Botafogo repassara. Não sou contrário às torcidas organizadas; pelo contrário, acredito que as mesmas possuem papel fundamental para impulsionar os cantos, as palmas e o ritmo da torcida nas arquibancadas. Entretanto, por que essa permissividade em relação aos ingressos doados às organizadas e a rigorosidade com a documentação da meia-entrada dos ‘torcedores comuns’? As organizadas querem ingresso gratuito? Tudo bem, mas que coloquem os ingressos nominais e apresentem a documentação para ingressar e torcer como todos os demais!

            Além das ações de marketing que entretêm a torcida, vale destacar e enaltecer a faixa levada a campo pelo Botafogo de Futebol em Regatas em apoio aos médicos federais contra a medida provisória 568/12, que gera prejuízo aos trabalhadores que merecem melhores condições salariais e de trabalho. Enquanto fora de campo o clube manda bem em diversas ações, no gramado a equipe tem oscilado e irritado, gerando ruídos problemáticos que vou comentar adiante. Após partir para cima da Ponte Preta, criando oportunidades de gol, o time vacilou e levou mais um gol de contra-ataque segundos depois de Márcio Azevedo não conseguir completar um balão sobre o adversário pela esquerda. O pênalti sofrido por nosso lateral esquerdo e bem cobrado por Andrezinho – que tem se destacado positivamente – estimulou a esperança da torcida pela manutenção do título de time da virada neste Campeonato. Todavia, veio o segundo tempo e em nova jogada de velocidade Ricardinho nos deu um banho de água fria, desempatando a favor da macaca aos oito minutos e garantindo o que seria o placar final do jogo. Ora, Botafogo, é realmente necessário em casa oferecer ao adversário o apetitoso banquete dos 3 pontos na corrida rumo ao título nacional?

            Sem muito a comentar sobre mais esta bobeada, quero dessa vez dialogar acerca dos tópicos da entrevista coletiva concedida por Oswaldo de Oliveira. Ele reclamou da torcida? SIM! Citou as torcidas do Náutico, do Coritiba, do Inter, que encheram seus estádios e apoiaram mesmo nos momentos adversos!? SIM! Temos muitos corneteiros, que usam mais a voz pra vaiar ou xingar que entoar cantos de apoio!? SIM! Agora, quer reclamar da falta de público!? Então, professor, DEFENDA O INGRESSO A R$10,00 EM VEZ DOS ATUAIS R$50,00!!!

Os demais torcedores citados apoiavam porque, mesmo com seus times perdendo, os jogadores se dedicavam em campo para mudar o placar! Diferentemente de vários dos nossos, que ganham dezenas ou centenas de milhares de reais por mês e ficam andando em campo enquanto curtem noitadas por aí... Muitos na arquibancada trabalham 40 horas por semana para poder bancar o ingresso e ir ao jogo torcer! Depois da derrota por 4 x 1 para o Fluminense, vários foram ao segundo jogo da final e aplaudiram o time! Em vários jogos, a torcida está apoiando e os jogadores não dão a mínima ao final, seja para agradecer, aplaudir ou sequer acenar! Alguns ainda querem fazer gracinhas, como questionar a torcida, não é, Sr. Elkeson!? Por que Oswaldo não enaltece a presença e a cantoria de vários lá o tempo inteiro, como a incansável torcida Loucos Pelo Botafogo?

Como já citei em outros momentos, não ligo se o time perde, empata ou ganha! Vou ao estádio para ver o futebol e ver JOGADORES SE DEDICAREM!!! É o mínimo! E o treinador tem que treinar!!! O Botafogo não consegue jogar contra times que fecham a defesa!? Ora, que descoberta, Oswaldo! Agora: o que vocês podem fazer durante a SEMANA INTEIRA para preparar o time para jogar contra adversários desse estilo!? Não é possível simplesmente culpabilizar a torcida e/ou a intranquilidade e a insegurança do elenco, supostamente com limitações relacionadas ao trabalho psicológico!

Por que o Departamento de Futebol não trabalha como o Departamento de Marketing!? São questionamentos que não querem calar, após ficar chateado com o banquete ofertado à Ponte Preta e as declarações infelizes de um bom técnico como o Oswaldo de Oliveira. Enfim, com o adiamento do confronto contra os queridinhos da CBF, que serão o Vasco da Gama na Taça Libertadores na próxima quarta, temos tempo de sobra para treinar, apurar as arestas a fim de voltar a vencer contra o Bahia no próximo dia 7/7! É um Sábado para comparecermos em peso ao Engenhão, embalados pelo número cabalístico para todos nós alvinegros, que, com o acerto de Seedorf e a imprescindível chegada de outros reforços, faremos a contagem regressiva para o Tri!


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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