quarta-feira, 11 de julho de 2012

Antes da partida vem sempre a chegada! Bem-vindo, Seedorf!


            Era dia sete do mês sete. Após muito suor e animação na Festa Julina ocorrida na quadra – descoberta, sob o Sol escaldante – onde leciono no Colégio Municipal Botafogo, em Macaé, rumei faminto e ansioso para a Cidade Maravilhosa, desejando a comida da mamãe e da vovó, tomar banho e vestir aquela bela camisa em preto e branco para caminhar até o Engenhão. “O jogo não é só às 19h30min? Por que você vai agora?” – indagou minha avó. “Hoje o Seedorf chega, de helicóptero, às 17h. A festa começar antes do jogo!” E como é bom ir ao estádio com aquele sentimento iminente de vitória, de alegria, de vibração, de casa cheia. A euforia era tanta que não titubeei no bolão: 4 x 1 pro meu Glorioso. A casa não foi tão cheia devido ao absurdo preço de R$50,00 do ingresso. Porém, mais de 20.000 alvinegros compareceram! E, antecipando-me aos engraçadinhos... Maior que a média do Fla x Flu em festa que no dia seguinte reuniu cerca de 38.000.

Os minutos passavam e a antonímia se exacerbava. Chateado por não ter tido acesso à promoção que premiou dois sócio-torcedores com o translado de helicóptero de nossa mais recente contratação, mas deveras contente com a animação, a empolgação e a energia positiva presentes nas arquibancadas. Fogos, palmas, cantos, olas e gritos de Fogo deixavam as cinzas como síntese da certeza de que dias melhores e gloriosos virão! É hora de elogiar a torcida, não, Oswaldo!?

De certa maneira foi até bom não termos nem sentido os opostos sentimentos que nos trazem as saídas e as chegadas. Enquanto a tristeza e a nostalgia batiam pelas saídas de nossos guerreiros do MERCOSUL – Herrera e Loco Abreu – que, se não atuaram como craques, passaram boas temporadas com raça e gols (sendo os dois maiores artilheiros do Engenhão), exigiram respeito à história do Botafogo, não se subestimaram à FlaPress e foram protagonistas da conquista do título estadual de 2010. Uh, Herrera! Uh, El Loco! Mesmo sem a presença dos dois, a torcida entoou seus nomes e agradece por suas passagens pela História da trajetória de nossa Estrela Solitária! Maicosuel também partiu, mas rumo aos campos europeus. Embora não tenha resgatado os excelentes momentos de driblador e finalizador, seu retorno também mereceu nossos aplausos.

Quando a velocidade sonora do motor, da hélice, do vento, dos céus, das estrelas alcançou a audição dos alvinegros, a arquibancada sacudiu. O telão mostrava a chegada do helicóptero enquanto nosso querido humorista Marcelo Adnet, em campo, liderava a festa. “Seeeeee Doooorrrrr Feeeeee! Oba! Oba!” “Uh, ta maneiro! O Seedorf é alvinegro!” Quanto riso, quanta alegria! Mais um craque para nossa constelação, ovacionado pela galera do Engenhão e sob os olhares atentos da mídia de diversos cantos do Brasil e do mundo! E no duelo das antonímias, momentânea e singelamente tive a certeza de que antes da tristeza da partida há a vibração contagiante e feliz da chegada!

Houve jogo depois? O Bahia não teve tempo nem espaço para entrar em campo. Cada vez evoluindo mais, Márcio Azevedo acertou perfeito cruzamento para encontrar a testa daquele que avisara que seria o nome do jogo: Cidinho abriu 1 x 0 aos oito minutos. Querendo atrapalhar a bela festa, o ex-mulambo e marginal Souza distribuiu agressões a Antônio Carlos e Lucas, sob a conivência do frouxo árbitro da partida, que absurdamente ainda amarelou nosso xerife! Quando não tinha mais dúvidas de que haveria vermelho no segundo tempo, astutamente o técnico Falcão sacou aquele troglodita de campo durante o intervalo. Ôôôôôô, o Souza é um... ! Apesar de ainda apelar para a chatice dos recuos de bola para Jefferson (que só trabalhava após receber esses passes bisonhos), o Botafogo jogava bem, obrigando o goleiro Marcelo Lomba a trabalhar. Entretanto, faltava a bola chegar novamente aos pés do garoto que tem plenas condições de fornecer muitas alegrias ao Fogão! Antônio Carlos avançou até o campo adversário, tocou para Cidinho, que, de fora da área e contando com o auxílio do desvio de Tite, abriu o 2 x 0 para tirar do chão a torcida do Fogão e fornecer tranquilidade após o intervalo.

Novamente no segundo tempo, só deu Botafogo. Com excelente troca de passes, o Fogão dominava o meio e a defesa não deixava o ataque do Bahia passar. Enfim, noventa minutos sem levarmos gol, mais uma conquista a comemorar na noite de Sábado. E nosso terceiro gol foi uma obra de arte. De Vitor Junior para Cidinho; de Cidinho para Andrezinho; Andrezinho, de calcanhar, para Renato; Renato, para Elkeson; no alto, de esquerda, para o fundo das redes! Disparadamente, o gol mais bonito da rodada! Infelizmente, Elkeson ‘garoteou’ ao tirar a camisa para comemorar, levando o cartão amarelo. E, felizmente, ao ser substituído, saudou a torcida e declarou que ‘só quer ser feliz’ no Botafogo! Essa é a tônica, Elkeson! Gás em campo, apoio da torcida e felicidade tua, do clube e da torcida! Como em festa de aniversário, o Bahia só aguardava o ‘parabéns’ do apito final para ‘sair de fininho’.

            Hoje vamos a campo contra os ‘queridinhos da CBF’! Ano passado detonamos os gambás em São Paulo e temos totais condições de repetir a dose. Apesar dos polêmicos informes que surgem sobre a ‘compra do título’, o Corinthians jogou bola durante todo o torneio para sagrar-se campeão. E daqui a pouco nosso Botafogo pode e deve jogar com dedicação e vontade de vencer para buscar o Tri este ano e conquistar as Américas em 2013. Afinal, de 13 nós entendemos e gostamos!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

Um comentário:

  1. Muito bom esse texto, eu não tive o prazer ainda de ir ao Engenhão, mas só de ler e imaginar parecia que eu estava lá, acompanhando a chegada do Seedorf. Gostei muito mesmo.

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