Era dia sete do mês sete. Após muito
suor e animação na Festa Julina ocorrida na quadra – descoberta, sob o Sol
escaldante – onde leciono no Colégio Municipal Botafogo, em Macaé, rumei
faminto e ansioso para a Cidade Maravilhosa, desejando a comida da mamãe e da
vovó, tomar banho e vestir aquela bela camisa em preto e branco para caminhar
até o Engenhão. “O jogo não é só às 19h30min? Por que você vai agora?” –
indagou minha avó. “Hoje o Seedorf
chega, de helicóptero, às 17h. A festa começar antes do jogo!” E como é bom
ir ao estádio com aquele sentimento iminente de vitória, de alegria, de
vibração, de casa cheia. A euforia era tanta que não titubeei no bolão: 4 x 1
pro meu Glorioso. A casa não foi tão
cheia devido ao absurdo preço de R$50,00 do ingresso. Porém, mais de 20.000
alvinegros compareceram! E, antecipando-me aos engraçadinhos... Maior que a
média do Fla x Flu em festa que no dia seguinte reuniu cerca de 38.000.
Os minutos
passavam e a antonímia se exacerbava. Chateado por não ter tido acesso à
promoção que premiou dois sócio-torcedores com o translado de helicóptero de
nossa mais recente contratação, mas deveras contente com a animação, a
empolgação e a energia positiva presentes nas arquibancadas. Fogos, palmas, cantos, olas e gritos de
Fogo deixavam as cinzas como síntese da certeza de que dias melhores e
gloriosos virão! É hora de elogiar a torcida, não, Oswaldo!?
De certa
maneira foi até bom não termos nem sentido os opostos sentimentos que nos trazem as saídas e as chegadas.
Enquanto a tristeza e a nostalgia batiam pelas saídas de nossos guerreiros do
MERCOSUL – Herrera e Loco Abreu –
que, se não atuaram como craques, passaram boas temporadas com raça e gols
(sendo os dois maiores artilheiros do Engenhão), exigiram respeito à história
do Botafogo, não se subestimaram à FlaPress e foram protagonistas da conquista
do título estadual de 2010. Uh, Herrera!
Uh, El Loco! Mesmo sem a presença dos dois, a torcida entoou seus nomes e
agradece por suas passagens pela História da trajetória de nossa Estrela
Solitária! Maicosuel também partiu, mas rumo aos campos europeus. Embora não
tenha resgatado os excelentes momentos de driblador e finalizador, seu retorno
também mereceu nossos aplausos.
Quando a velocidade sonora do motor, da
hélice, do vento, dos céus, das estrelas alcançou a audição dos alvinegros, a
arquibancada sacudiu. O telão mostrava a chegada do helicóptero enquanto nosso
querido humorista Marcelo Adnet, em campo, liderava a festa. “Seeeeee
Doooorrrrr Feeeeee! Oba! Oba!” “Uh, ta maneiro! O Seedorf é alvinegro!” Quanto
riso, quanta alegria! Mais um craque para nossa constelação, ovacionado pela
galera do Engenhão e sob os olhares atentos da mídia de diversos cantos do
Brasil e do mundo! E no duelo das antonímias,
momentânea e singelamente tive a certeza de que antes da tristeza da partida há
a vibração contagiante e feliz da chegada!
Houve jogo
depois? O Bahia não teve tempo nem espaço para entrar em campo. Cada vez
evoluindo mais, Márcio Azevedo acertou perfeito cruzamento para encontrar a
testa daquele que avisara que seria o nome do jogo: Cidinho abriu 1 x 0 aos oito minutos. Querendo atrapalhar a bela
festa, o ex-mulambo e marginal Souza distribuiu agressões a Antônio Carlos e
Lucas, sob a conivência do frouxo árbitro da partida, que absurdamente ainda
amarelou nosso xerife! Quando não tinha mais dúvidas de que haveria vermelho no
segundo tempo, astutamente o técnico Falcão sacou aquele troglodita de campo
durante o intervalo. Ôôôôôô, o Souza é
um... ! Apesar de ainda apelar para a chatice dos recuos de bola para
Jefferson (que só trabalhava após receber esses passes bisonhos), o Botafogo
jogava bem, obrigando o goleiro Marcelo Lomba a trabalhar. Entretanto, faltava
a bola chegar novamente aos pés do garoto que tem plenas condições de fornecer
muitas alegrias ao Fogão! Antônio Carlos avançou até o campo adversário, tocou
para Cidinho, que, de fora da área e
contando com o auxílio do desvio de Tite, abriu o 2 x 0 para tirar do chão a
torcida do Fogão e fornecer tranquilidade após o intervalo.
Novamente no
segundo tempo, só deu Botafogo. Com excelente troca de passes, o Fogão dominava
o meio e a defesa não deixava o ataque do Bahia passar. Enfim, noventa minutos sem levarmos gol, mais
uma conquista a comemorar na noite de Sábado. E nosso terceiro gol foi uma obra
de arte. De Vitor Junior para Cidinho; de Cidinho para Andrezinho; Andrezinho,
de calcanhar, para Renato; Renato, para Elkeson; no alto, de esquerda, para o
fundo das redes! Disparadamente, o gol mais
bonito da rodada! Infelizmente, Elkeson
‘garoteou’ ao tirar a camisa para comemorar, levando o cartão amarelo. E,
felizmente, ao ser substituído, saudou a
torcida e declarou que ‘só quer ser feliz’ no Botafogo! Essa é a tônica,
Elkeson! Gás em campo, apoio da torcida e felicidade tua, do clube e da
torcida! Como em festa de aniversário, o Bahia só aguardava o ‘parabéns’ do apito final para ‘sair de fininho’.
Hoje
vamos a campo contra os ‘queridinhos da CBF’! Ano passado detonamos os gambás
em São Paulo e temos totais condições de repetir a dose. Apesar dos
polêmicos informes que surgem sobre a ‘compra do título’, o Corinthians jogou
bola durante todo o torneio para sagrar-se campeão. E daqui a pouco nosso Botafogo pode e deve jogar com dedicação e
vontade de vencer para buscar o Tri este ano e conquistar as Américas em 2013.
Afinal, de 13 nós entendemos e gostamos!
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
Muito bom esse texto, eu não tive o prazer ainda de ir ao Engenhão, mas só de ler e imaginar parecia que eu estava lá, acompanhando a chegada do Seedorf. Gostei muito mesmo.
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