sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Em defesa da garotada*

A semana iniciou-se com bons fluidos, com a presença de Túlio Maravilha em General Severiano, grande ídolo e um dos grandes responsáveis pela conquista do título nacional em 1995. Todavia, devido à frustrante atuação da semana anterior, o Engenhão recebeu pouco mais de 6.000 torcedores para acompanhar a última atuação do Glorioso como mandante nesse Campeonato Brasileiro. Interessante comparar que ano passado, quando o Fogão lutava para fugir do rebaixamento, a torcida compareceu em peso; esse ano, ainda com chances de conquistar uma vaga para a Taça Libertadores e com a equipe entre as melhores do país, apesar dos inúmeros constantes e importantíssimos desfalques, o estádio ficou vazio. Coisas incoerentes de torcedores no Brasil... Importante comentar também mais uma boa edição da revista Preliminar, inclusive contendo informação interessante sobre a promoção do clube da Estrela Solitária para publicar livros: “Meu livro do Fogão”. Quem sabe dessas linhas escritas durante 2010 para o blog Além do Trivial não sairá uma obra sobre o Alvinegro?

O adversário da 37ª rodada foi o Grêmio Prudente, ano passado Grêmio Barueri, e ano que vem já não sabemos qual será a cidade diante da saga itinerante adotada pelos empresários do futebol, que enriquecem mesmo sem criar vínculos do time muito menos sem torcedores para os jogadores contratados serem incentivados. Em diversas oportunidades, critiquei o comportamento da torcida alvinegra durante os jogos, pois a mesma se manifesta com muito maior empenho para reclamar, criticar e vaiar do que para cantar, aplaudir e incentivar a equipe. Concordo plenamente que jogadores como Lucio Flávio, Fahel, Marcelo Cordeiro e até mesmo Leandro Guerreiro têm falhado bastante e deixado a desejar, mas precisamos entender que Maicossuel, Herrera, Marcelo Mattos, Somália, Fabio Ferreira estão lesionados e desfalcaram a equipe. Na minha opinião, Joel Santana já deveria lançar a garotada prata-da-casa para os jogos há muito tempo, mas o Papai Joel é esperto e não quer queimar os garotos. A torcida do Botafogo precisa apoiar os jogadores criados nas categorias de base, uma ferramenta importante para não dependermos das contratações envolvendo milhares e até mesmo milhões de dólares e euros para montar uma equipe competitiva. Entretanto, perseguições ao lateral-esquerdo Gabriel e até mesmo durante a má fase ao xodó Caio são exemplos lastimáveis de parte considerável da torcida, em vez de apoiar a juventude promissora.

Com o ingresso comprado há quase duas semanas, parti contente para o Engenhão. Como estava vazio, enfim consegui posar à frente da estátua da Enciclopédia do Futebol, o melhor lateral-esquerdo da história do futebol e botafoguense Nilton Santos. Outro motivo de satisfação foi ver a prévia da escalação, com Caio como titular e o garoto Lucas Zen no plantel – este, além de ser cria do Fogão, é, assim como eu, ex-aluno do Colégio Pedro II [instituição que completa 173 anos neste 2 de dezembro]. Com o início do jogo e a ansiedade da torcida para comemorar logo um gol, que demorou a sair, de destaque apenas uma bela jogada de Caio para Lucio Flávio chutar e o goleiro adversário defender. Em seguida, com bela cobrança de córner, o maestro encontrou a cabeça do zagueiro-artilheiro Antonio Carlos para abrir o placar e anotar seu sétimo gol na competição. Muito apagado na frente, num lance em que a torcida já se preparava para reclamar da demora em passar a bola, Edno acertou com sua canhota um belo chute de fora da área para ampliar a vantagem. Talvez a única jogada lúcida do atacante durante todo o jogo... No segundo tempo, apesar dos pedidos de mais um por parte da torcida, a equipe alvinegra parecia contente com o placar e jogava de maneira displicente. Afirmo com tranqüilidade que os dois melhores em campo eram Caio e Lucas Zen! Numa tarde em que nosso carismático atacante uruguaio não estava bem, palmas para ele por reconhecer as limitações da atuação e solicitar sua substituição. O lanterna da competição já havia diminuído o placar, quando mais um garoto – Alex – entrara para substituir El Loco. Em duas oportunidades de chutes atabalhoados, o jovem atacante mostrara disposição. Mas foi em bela jogada que partiu para cima da defesa adversário e sofreu pênalti. Com Loco e Lucio Flávio no banco, com categoria Marcelo Cordeiro fechou o placar em 3 x 1 para o Fogão, voltando a vencer na competição e garantindo os 3 pontos em seu último jogo como mandante.

Não sei se pelo adversário ou por pouca pressão principalmente de seus torcedores, mas o fraco jogo foi fácil para o Botafogo. Muito bacana ter visto do Setor Oeste Superior que no segundo tempo as Torcidas Fúria Jovem e Loucos Pelo Botafogo demonstraram que as organizadas pode se unir para realizar uma grande festa e fortalecer o apoio ao Botafogo! Uma dúvida que tem ficado é se o Botafogo treme diante de grande público ao seu favor ou se a impaciência e chatice de boa parte da torcida atrapalham o desempenho da equipe. Enfim, alcançamos 59 pontos, campanha inimaginável para diversos analistas do futebol, jornalistas e até mesmo para alguns torcedores pouco sonhadores. Temos uma tarefa homérica contra o Grêmio de Renato Gaúcho no próximo domingo, no Olímpico. Só a vitória nos interessa, além da necessidade de torcer pelos argentinos contra o rebaixado Goiás na final da Sul-Americana. A Arrancada Final ficou difícil, mas não impossível e a vaga para a disputa da Taça Libertadores será um grande desfecho para 2010. Pra cima deles, Fogão!


Obs.: alguém terá sentido falta do Jobson¿ Só percebi no segundo tempo, quando os jogadores se aqueciam, que nem no banco ele estava.


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

Nenhum comentário:

Postar um comentário