quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pacto de mediocridade*

Aguardei o confronto de ontem na Argentina, relativo à final da Copa Sul-Americana, para tecer minhas considerações após o fiasco alvinegro, que sucumbiu diante da ascendente equipe gaúcha no Olímpico. Brincava com algumas pessoas afirmando que venceríamos o Grêmio e o Goiás seria vice-campeão perdendo a disputa de pênaltis. Enfim, percentual de 50% de acerto nas previsões. Com a derrota da equipe goiana, o Grêmio será o quarto representante brasileiro na Taça Libertadores por meio do Campeonato Brasileiro e os urubus sob a tutela dos tucanos garantiram vaga para disputar o mesmo torneio que nós em 2011 – a Copa Sul-Americana. De positivo, nossa garantia de estarmos na segunda fase do torneio, já que o adversário será o Atlético-MG e o Galo tem sido um suculento prato nos últimos anos. Grande freguês!

            Sinceramente, ainda acreditava bastante no Glorioso no último domingo. Quero destacar que, antes dos jogos do Campeonato Brasileiro, ocorreu o Dia Nacional de Luta Contra a Elitização do Futebol Brasileiro, promovido pela Associação Nacional dos Torcedores. Já estou com a minha camisa amarela da ANT e ajudei a panfletar no Engenhão, antes do jogo do merecido campeão brasileiro, Fluminense, consolidando o Centenada daqueles que pagaram e não levaram. Don’t cry, Andrés Sanchez!

            Em mais um duelo entre o Rei Joel e o Príncipe Renato, a réplica do barrigudinho Papai Joel fora excelente depois do técnico gremista afirmar que Joel teria que engraxar sua chuteira ao comparar o futebol de ambos: “ele tem que engraxar minha prancheta”, comparando o currículo entre ambos como treinadores. Todavia, em menos de 15 minutos de jogo, o jogador gremista achou que estivesse em uma micareta, rasgando a camisa de Fahel como se o manto glorioso fosse um abadá! O árbitro retirou Fahel de campo para trocar o uniforme e demorou demasiadamente para autorizar seu retorno. Com a irritação corretíssima de Joel, extravasada após chutar uma garrafinha na beira do campo, o árbitro Sandro Meira Ricci o expulsou. O mesmo árbitro que não advertiu o Grêmio por rasgar a camisa do Botafogo e que demorou a autorizar o retorno de Fahel. Eles podem tudo e os demais têm que abaixar a cabeça? Sim, o futebol também reproduz fidedignamente a realidade opressora e autoritária da sociedade capitalista. Pensei até que enfim Lucio Flávio fosse encontrar uma boa posição para ele: auxiliar-técnico do Joel... Momentos antes do ocorrido, uma disputa de bola entre o ex-jogador alvinegro Rafael Marques e o uruguaio Loco Abreu quase nos deu um grande susto, por conta dos choques de cabeça, que deixou Loco desacordado por alguns segundos.

            Jefferson, com muito reflexo, salvou o Botafogo aos 2 minutos, defendendo cabeceio de Jonas. O travessão, em seguida, em novo cabeceio, dessa vez de Rafael Marques. Quando o Botafogo começava a equilibrar a disputa, Jefferson espalmou para frente e André Lima entrou sozinho para completar para as redes, com Leandro Guerreiro chegando bem atrasado. Victor salvou o Grêmio em chute de Loco e Jefferson defendeu uma falta e outra finalização de André Lima. Mas, numa tabelinha facilmente armada pelo ataque gaúcho, Jonas acertou belo chute de fora da área, no canto, para ampliar o placar. Veio o segundo tempo e o canto de “Vamos virar, Fogo!” ainda estava vivo, recordando a máxima de que há coisas – também positivas – que só acontecem ao Botafogo! Mas aos 8 minutos ficou ainda mais complicado: a defesa vacilou, Jefferson repôs mal e André Lima deixou Douglas sozinho para empurrar calmamente para o terceiro gol. Foi bom rever Herrera em campo depois de aproximadamente dois meses cedido ao Departamento Médico embora o argentino não tenha feito muita coisa. Ainda houve tempo para Antonio Carlos quase marcar seu oitavo gol na competição, mas a trave não permitiu; e para o Grêmio acertar o travessão de Jefferson. Mas a despedida ficou nisso: melancólica.

            Foi a partir do jogo contra o Vitória, no primeiro turno, que comecei a traçar algumas reflexões após a participação da Estrela Solitária no Campeonato Brasileiro de 2010. Naquele momento, a equipe começava a empolgar e nos deixar com a perspectiva de disputar o título. Entretanto, o que acompanhamos no segundo turno, foram erros de arbitragem, – esse ano menos contra o Botafogo, mas os que ocorreram foram absurdos – uma sequência enorme de empates, diversas lesões dos principais jogadores e, principalmente, um marasmo, uma falta de vontade, uma inércia significativa de boa parte do limitado elenco. Uma expressão cunhada por um amigo à época que atuava pelo Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ certamente é prudente para definir as atuações do Botafogo nas últimas rodadas: pacto de mediocridade! Certos jogadores, como Fahel, Lucio Flávio, Edno, Marcelo Cordeiro, Eliseu, Túlio Souza e Danny Moraes, fingiam que jogavam e iludiam a torcida, que fingia que seria possível com tais peças. Certamente, esses podem liderar a barca para uma urgente renovação. Novos ares para tais jogadores e para o clube serão ótimos para ambos, assim como para a torcida. Apesar de algumas falhas grotescas, Leandro Guerreiro, Alessandro, Loco Abreu podem continuar, pois são peças importantes num elenco de mais categoria e dedicação.

            Apesar do pacto de mediocridade, fechamos 2010 como os atuais campeões estaduais e na sexta colocação do Campeonato Brasileiro, tendo o mesmo número de derrotas que o campeão do torneio: uma campanha muito melhor que no ano passado!


Obs: que fiquem registradas as felicitações pelos 68 anos da fusão ocorrida em 8 de dezembro de 1942 entre o Clube de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club, que culminou com o Botafogo Futebol e Regatas, nossa atual denominação. Parabéns, Fogão!


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

Um comentário:

  1. Até q o ano nosso ñ foi tão ruim como muitos falam no twitter por exemplo. O ano foi bom e poderia sim ser melhor. Temos q vê tb as várias lesões q tiraram nossos melhores jogadores e quebra a cabeça legal do nosso Papai Joel e armar a equipe em todos os jogos.

    Eu acredito em dias melhores em 2011 e temos q continuar pensando assim pq nós amamos esse clube de verdade e queremos sempre o melhor.

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