segunda-feira, 19 de março de 2012

Contra nuvens e caravelas*

            No último final de semana do Verão, o Sol resolveu sobressair no comecinho da tarde. Com as nuvens recém-saídas de cena, a Estrela maior iluminava a Cidade Maravilhosa, fornecendo ainda mais brilho às prévias do clássico em preto e branco no Engenhão. Com ingressos custando R$30, R$40 ou R$60 num confronto pela fase de classificação da Taça Rio, obviamente três quartos dos assentos do estádio ficaram desocupados! Infelizmente os dirigentes dos clubes se submetem aos ditames de federações, confederações e aos interesses da grande mídia que controla horários, ao passo que não confrontam as autoridades governamentais minimamente para a garantia de melhores condições e menos preços no transporte públicos.

Uma faixa no setor Leste Superior clamava por Clássicos em São Januário, supostamente considerando que jogos da magnitude de Botafogo x Vasco pudessem ser disputados em campos de várzea... Tamanha inocência! Enquanto os torcedores do Vasco se dividiam em mais de uma dezena de torcidas organizadas, com faixas e bandeiras, estas mesmas do Glorioso não foram escaladas para a arquibancada. Nos setores Norte e Oeste, torcedores pulavam, cantavam e incentivavam com seus próprios corpos e vozes, sem acessórios como bandeiras e faixas. Mais um episódio para a discussão acerca da relação entre o clube e as torcidas organizadas...

Em campo, o Glorioso recebia o retorno de Marcelo Mattos, Andrezinho e Fellype Gabriel, além de Elkeson que voltara no jogo anterior válido pela Copa do Brasil: outra faceta ao meio-de-campo! Minha surpresa foi não ver Loco Abreu entre os titulares tampouco no banco de reservas, mas ontem não foi preciso recorrer ao seu futebol, que tem estado ausente nos últimos jogos. Assim como as nuvens que tentavam impedir que o Sol prevalecesse, no clássico um trio tentou em vão exercer o papel das nuvens contra a Estrela Solitária, mas nosso Fogão conseguiu passar por cima dos árbitros que provavelmente carregavam uma Cruz de Malta no peito – o Vasco de almirantes e caravelas já fora favorecido em vários jogos da Taça Guanabara – ou um chaveirinho de urubu, preocupados com a liderança disparada do Macaé e o retorno do bom futebol alvinegro enquanto o time da manguaça sofrera pra vencer com um único gol a equipe do Friburguense...

Pressionando a maior parte do tempo, com boa troca de passes, faltavam detalhes para o Botafogo abrir o placar. Honrando seu esplêndido segundo nome, Fellype Gabriel foi o nome da partida ao demonstrar como finalizar a gol e avançando para apagar seu passado maculado pelas cores rubronegras. No primeiro lance, Elkeson fez boa jogada pela direita e como um digno ponta, cruzou rasteiro para trás para que Fellype Gabriel enviasse com categoria ao ângulo do fraco goleiro adversário. O vice – ops – Vasco da Gama se apequenava ainda mais diante do poder ofensivo do Fogão e apelava para a pancadaria – faltou coerência aos vascaínos, que saíram do último jogo da Taça Libertadores reclamando das posturas adversárias. O aprendiz do badboy Edmundo – o tal do Diego Souza – deveria ter sido novamente expulso contra o Botafogo: entrou deslealmente de carrinho no Jefferson ao tomar um drible do goleirão e ainda se jogou em diversos lances para cavar pênalti e faltas. Enfim, tendo o azar por diversas vezes ao nosso lado em outras partidas, ontem a sorte apareceu: numa tabelinha com atabalhoado bate-e-rebate, a bola sobrou para Fellype Gabriel caprichar novamente e enviar para o fundo das redes. Antes de acabar o primeiro tempo, o atacante vascaíno se jogou na área enquanto nossa zaga dava conta do recado. Antônio Carlos, por favor, para quê tirar satisfação!? Não dá pra apenas jogar futebol e fazer gols!? Ganhou um amarelo de bobeira e quase a arbitragem mal-intencionada marca o pênalti.

Veio o segundo tempo e o adversário queria fazer valer a alcunha de time da virada. Outro Felipe, dessa vez o Bastos, cobrou falta com categoria e o goleiro Jefferson estava ligeiramente adiantado: mais um gol que levamos de ex-jogadores alvinegros... O Vasco foi para cima objetivando buscar o empate, impulsionado pelas inversões de falta e invenções de escanteios do trio de arbitragem. Entretanto, o garoto Jobson voltou, substituindo o guerreiro Herrera. Não deixou sua marca nesse retorno ainda, mas foi garçom ao girar o corpo depois de receber passe de cobrança de lateral e cruzou na área, a bola passou para Andrezinho e sobrou em cima da linha para Fellype Gabriel marcar o terceiro e devolver a tranqüilidade ao Fogão com o 3 x 1. Minutos depois, pela direita o jogador do Vasco, em posição irregular recebeu a bola, mas Márcio Azevedo chegou antes e mandou para escanteio. O árbitro apita e assinala pênalti!!!??? Bizarro! O tal reizinho, protegido pelo Estatuto do Idoso, não podia ser encostado que o árbitro marcava faltas. E foi o mesmo Juninho que pôs a bola para cobrar a penalidade. No duelo contra o melhor goleiro do Brasil, a terceira idade levou a pior! Não fossem os excessos de tentativas de dribles, poderíamos ter ampliado o placar.

Enquanto os times do grupo A vencem a maioria das partidas da Taça Rio, a disputa fica acirrada entre Macaé, Botafogo, Resende e Flamengo pelas vagas nas semifinais. No grupo B, Vasco e Fluminense, mesmo com campanhas pífias, seguem com facilitadas chances de classificação. O Botafogo de ontem, com brio, é o que desejamos para todas as partidas: trocando passes com tranqüilidade, marcando os adversários sem ficar fazendo linha burra, finalizando corretamente a gol etc. Enfim, é o Botafogo que nos enche de orgulho.

Já está em cartaz em diversos cinemas o filme sobre um de nossos principais artilheiros: Heleno de Freitas. É anotar na agenda para assistir e aumentar nossa identificação com a história do clube da Estrela Solitária! Quarta-feira é necessária uma goleada contra o Treze paraibano para avançar na Copa do Brasil: tem que ser um jogo de ataque contra defesa! Alô, diretoria: queremos promoção de ingresso a R$1,00 para a torcida comparecer! E sábado que vem direcionamos novamente as atenções à Taça Rio, contra o time das terras do tucano privatista Zito. 13 jogos de invencibilidade: vamos que vamos, Fogão!


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

terça-feira, 13 de março de 2012

Jobson voltou e mulheres junto ao Fogão*

Quarenta e oito horas após o Dia Internacional da Mulher, já estava anotado na agenda o duelo do nosso Botafogo contra o Bangu. Indubitavelmente, a lembrança, a homenagem e a comemoração são merecidas no 8 de março. Contudo, é preciso transcendermos a simples vinculação com uma data e reconhecermos que são necessários novos avanços na sociedade, considerando cada dia um dia de luta contra o machismo e quaisquer formas de subjugar as mulheres, buscando relações humanas que não se construam a partir da exploração ou da opressão de qualquer ser humano sobre outro! O dia 8 de março não pode nem deve ser uma data comercializada, com descontos em salões de beleza ou o estímulo ao uso de produtos cosméticos! NÃO! O dia 8 de março é muito mais do que isso e certamente o Futebol deve se enquadrar nesta lógica de rupturas.

            Algumas iniciativas importantes têm aparecido. Ano passado, em um plebiscito, a ANT passou a se chamar oficialmente Associação Nacional de Torcedores e Torcedoras! Uma das mais animadas e contagiantes torcidas organizadas levou a faixa LoucAs pelo Botafogo! Recomendo inclusive a leitura do bonito texto acerca da temática: “A Mulher e o Botafogo”, publicado no BotafogoNews: http://www.botafogonews.com/sem-categoria/a-mulher-e-o-botafogo/  Apesar da constante presença do público feminino nas arquibancadas, ainda é tímido o avanço que podemos conquistar. Enquanto Marta foi eleita a melhor jogadora do mundo por cinco vezes, acompanhamos calados a inexistência do estímulo ao futebol feminino; em diversos locais como as próprias escolas que deveriam ser o espaço para a formação de um novo olhar e de novas práticas, observamos a hegemonia masculina nas práticas desportivas e muitas vezes um preconceito e uma negação às mulheres que ousam romper a lógica imposta. De nada nos adianta termos a primeira presidente da República mulher, querendo ser designada presidenta e mantendo uma prática política e econômica a favor dos ricos e dominantes ao passo que as mulheres recebem salários mais baixos, sofrem assédios, são constrangidas ao denunciar cônjuges agressores e não podem decidir sobre os rumos do próprio corpo em nome da moral religiosa! Enfim, certo de que dias melhores virão, reafirmo que lugares de mulheres não são o tanque ou a cozinha; e as mulheres alvinegras podem e devem estar ao lado do Fogão, não aquele que toda casa tem, mas este iniciado por letra maiúscula que flameja em preto e branco uma Estrela Solitária!

            Não havia nome melhor de estádio para o jogo após 8 de março: Moça Bonita! Concordo com a crítica de nosso carismático uruguaio acerca do gramado ruim, que estraga o espetáculo. Em contrapartida, o jogo em Bangu possibilita a presença de outros torcedores – moradores da Zona Oeste – e nos obriga a conhecer a estação de trem Guilherme da Silveira... Os próximos quatro jogos voltam a ser em nossa casa, além da semifinal e da final da Taça Rio que disputaremos no Engenhão! Vale registrar a entrevista concedida à BrahmaFogo, falando sobre o livro “Botafogo, uma Paixão Além do Trivial” e sobre a reestreia de Jobson, disponível no youtube:



    
Num dos bairros mais quentes da capital fluminense, o Sol foi escamoteado pelas nuvens que tomaram conta do céu, amenizando o calor, assim como o preto e o branco que invadiram as arquibancadas banguenses e ofuscaram o alvirrubro. Ainda bem que não precisei usar o guarda-chuva nem para me proteger dos raios solares nem da chuva que só ficou na ameaça. Apesar do absurdo preço de R$30, o público foi grande. E se a torcida que quase lotou Moça Bonita não assistia a um futebol vistoso, podia vislumbrar um festival de pipas nos ares da Zona Oeste, muitas delas interrompendo a partida ao cair sobre o gramado. Tarefa para a Federação: além dos gandulas, contratar dois meninos para aparar as pipas... Além do artefato popular que, com simples materiais, alcança magníficas alturas, a torcida teve a oportunidade de ouvir a charanga do Bangu tocar animadas músicas, dentre outros, de Balão Mágico e da minha querida Mocidade Independente de Padre Miguel.

Tantas coisas bacanas para comentar que certamente o jogo em si ficou como coadjuvante. Com um primeiro tempo morníssimo, a inexistência de gols foi óbvia. Enquanto os ex-jogadores do Fogão Almir e Thiago Galhardo mais o lateral Renan Oliveira construíram boas jogadas, o Glorioso sentia muito a ausência de seus principais jogadores da meiúca. Apesar de pouco mais esforçado que em jogos anteriores, Loco Abreu precisava realmente ser substituído; Herrera lutou, lutou e lutou, mas não concluiu as finalizações para o fundo das redes; e Caio, também esforçado, demonstrou novamente que ajuda muito mais a equipe quando entra no segundo tempo. Lucas Zen não entrou bem no lugar de Marcelo Mattos; Marcio Azevedo e Lucas não apoiaram como podem e o lateral-direito ainda errou muitas jogadas; a defesa vacilou em momentos que não comprometeram por conta das limitações do adversário; e Jefferson quase nos deu um baita susto numa bola para ele recuada que quicou em algum montinho de sua área; enquanto isso, Felipe Menezes comprovou que só pode ser novo Kaká se ele for alguma espécie de pastor do elenco, porque em campo está sempre dormindo...

Os destaques ficam por conta do segundo tempo: Jobson voltou e a torcida do Fogão saiu do chão para entoar euforicamente seu retorno! Depois de 6 meses cumprindo suspensão, o garoto será nosso 48º jogador convocado para defender a Seleção Brasileira em Copas do Mundo – Jefferson e ele titulares em 2014! Com seus contagiantes piques, continua afobado nas finalizações, cansou rápido, mas forneceu a assistência para um moleque franzino, com categoria, balançar as redes pela segunda vez como profissional do Botafogo: boa, Cidinho! Para completar, outro Jefferson, formado pela base, postura de gente grande, substituiu o inoperante Felipe Menezes. Com categoria, cobrou uma falta no ângulo esquerdo, mas o arqueiro adversário mandou para escanteio. Lembrando os tempos de “Almir, faz um gol aí!”, infelizmente o meia acertou um belo chute de fora da área e empatou a partida.

Apesar da manutenção da invencibilidade, com o empate permitimos que o Macaé assumisse a liderança do grupo. Quarta é tarefa primordial liquidar o time que tem número como nome, número este sempre bem-vindo na história de superstições alvinegras! Domingo que vem é dia de cozinhar o bacalhau para continuarmos entre os dois melhores e rumarmos à conquista da Taça Rio. Saudações às mulheres de todo o mundo e um bom retorno a Jobson!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

segunda-feira, 5 de março de 2012

Água mole em pedra dura*

Mais uma feliz coincidência ocorreu neste Domingo. Depois de conseguir carona para Campos no jogo anterior, ontem foi a vez de ser presenteado com um ingresso. Caminhando pela Rua São Januário, um carro para e um senhor nos pergunta se tínhamos ingressos; quando já ia responder que não tinha, mas que compraria apenas na bilheteria, eis que reconheço o senhor, um dos dirigentes do clube, que nos cedeu gentilmente as cortesias para assistir ao jogo nas cadeiras sociais. Apesar de ser a parte aburguesada do estádio e da maioria dos presentes ficar sentada o jogo inteiro, valeu acompanhar o Fogão sob uma agradável sombra em vez de bronzear-me na arquibancada.


Diante de preços de ingressos ainda muito altos e da fórmula que necessita de mudanças urgentes do Campeonato Estadual, realizar jogos em outras regiões pode ser uma alternativa para aumentar a presença de público nos estádios, possibilitando até mesmo a participação de torcedores de outras cidades. Apesar do motivo do confronto com o Volta Redonda – com mando de campo do Glorioso – não ser realizado no Engenhão estar relacionado ao evento musical lá ocorrido, considero importantes duas questões: a preservação do gramado da nossa casa, que tem sofrido com a quantidade ainda exaustiva de partidas em sequência; e a utilização de estádios fora da capital e/ou de equipes pequenas, como o Estádio Godofredo Cruz, em Campos; o Estádio Moça Bonita, em Bangu; o Estádio Cláudio Moacyr, em Macaé; e o próprio São Januário...


Provocações à parte, se durante a semana tivemos Andrezinho cedido ao Departamento Médico, Loco Abreu retornava após representar a celeste; e o banco de reservas estava ocupado pela garotada formada nas divisões de base. Em busca da segunda vitória na Taça Rio, o Botafogo poderia nos poupar de alguns momentos angustiantes e irritantes! Reconheço que a paciência é uma virtude importante do torcedor, que precisa apoiar e incentivar; que se queremos ver pontos a todo o momento, devemos ir a um jogo de voleibol ou basquetebol etc. Contudo, é extremamente possível aliviar o sofrimento e vencer alguns jogos sem causar sustos ao torcedor!


Após demonstrar que o ataque Mercosul estava de volta à ativa, com uma genial assistência de Loco para o hermano Herrera encobrir o goleiro adversário e abrir o placar, veio uma sequência de gols perdidos, duas vezes com o argentino e uma com o uruguaio, em lances cruciais que poderiam ter definido a vitória já no primeiro tempo. Com o time acomodando-se com a vitória parcial, a defesa voltou a vacilar, praticamente assistindo de camarote ao cabeceio do zagueiro Robson, que num momento Trapalhões de Jefferson e Marcio Azevedo, igualou o placar com o gol ratificado pelo árbitro da linha de fundo (Só quero ver quando eles precisarem marcar a favor do Fogão...). Era preciso chegar a esse ponto pro time acordar? Sem brilhantismo e usando muito mais a persistência para manter os 100% de aproveitamento, Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura sintetiza fidedignamente o que foram os momentos finais contra a equipe da cidade do aço. E foi justamente a defesa que acordou e partiu para o ataque. Infeliz em vários escanteios e tentativas de cruzamento, Renato enfim acertou na medida para Antonio Carlos, em ligeiríssima posição irregular, realizar linha de passe com Herrera, que se redimiu dos outros gols perdidos e chegou ao sétimo gol no Estadual, desempatando o placar. Doze minutos depois, novo cabeceio do zagueiro-artilheiro Antonio Carlos, mas dessa vez direto furando as redes! 3 x 1 pra nossa Estrela Solitária, mantendo a invencibilidade rumo à conquista da Taça Rio.


Mesmo com desfalques devido às contusões, Oswaldo de Oliveira tem conseguido imprimir um padrão tático ao plantel, com importante poderio ofensivo. Importantíssima atitude ao substituir nossa estrela uruguaia, que em toda a partida acertou dois lances e precisa saber que ninguém é intocável no time e se dedicar mais aos treinos já que ainda é jogador de futebol... Todavia, gostaria de ter visto as entradas de Sassá e Jefferson em vez de Willian e Lucas Zen. A defesa esteve menos desatenta que no último jogo, mas ainda precisa evoluir; os laterais apoiaram menos e precisam caprichar mais nos cruzamentos próximos à linha de fundo; Marcelo Mattos não está na melhor fase em campo, entretanto o recado dado de que o time precisa “suar sangue” foi uma fala de liderança e dedicação; e Renato comanda o meio com tranqüilidade e categoria. Cheguei a pensar que Fellype Gabriel estivesse grávido novamente, mas foi uma pancada que o tirou da partida para a entrada do garoto Caio, sempre esforçado e ágil; urge que Felipe Menezes saia de suas sonecas demoradas durante as partidas e não erre tantos passes, principalmente depois que se esgota a paciência da torcida; Willian ainda está muito afoito, mas os poucos minutos em campo foram melhores que o primeiro tempo do jogo passado; Lucas Zen precisa agir de acordo com seu sobrenome, com mais precisão nos passes; e Herrera assumiu a artilharia da equipe.


Balanço positivo e liderança isolada do grupo. Fluminense, Vasco e Flamengo voltaram a vencer e voltam os indícios de que teremos os quatro nas semifinais, já que em breve devem dar tchauzinho para a Libertadores. Para nosso Fogão, uma semaninha de repouso para consertar os erros, treinar e se preparar pra terceira vitória na Taça Rio, torcendo para uma excelente reestreia de Jobson. Até sábado, em Moça Bonita!



*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

sexta-feira, 2 de março de 2012

Em terra de garotinhos, quem tem Russão é Fogão*


Na semana em que a assombrosa foto da aliança entre as famílias Maia e Garotinho foi publicada nas redes sociais, parece um prenúncio de que os outros Maias estão corretos acerca dos rumos do presente ano. E, no Norte Fluminense, o município de Campos – e adjacências – talvez esteja para a família Garotinho tal como o Maranhão está para a família Sarney...   No primeiro dia do mês que fecha nosso escaldante Verão, jogo do Botafogo marcado para o Estádio Godofredo Cruz, local tão assombroso quanto à foto supracitada, pois relembra os tempos em que o alvinegro campista era deveras beneficiado por arbitragens e malandragens comandadas pelo antigo ditador da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro – o falecido Eduardo Viana, o Caixa d’água. A estreia da Taça Rio no dia anterior mostrara que a zebra está à solta com as derrotas de Flamengo e Fluminense e o empate do Vasco. E em General Severiano, contusões de Maicosuel, Elkeson e a convocação de Loco Abreu forçavam a ausência de três titulares do Glorioso.

                Até o dia de ontem, apenas havia passado por Campos durante viagens feitas pela BR-101. Depois de lecionar em Macaé e procurar companhias alvinegras para ir à cidade torcer pelo Fogão, em vão, esperava o tempo passar para tomar a decisão: encarar cerca de 105 km de viagem ou voltar para Rio das Ostras e assistir ao jogo em algum barzinho. Por volta das 15h, decidi partir só, quando uma feliz coincidência surgiu no caminho: um trabalhador da Editora SM, que mostrava seus livros para minha diretora botafoguense, é morador de Campos e partiria para sua residência horas depois. Uma caroninha sagaz permitiu que eu chegasse ao Estádio junto ao desembarque do elenco do Botafogo, que recebia as energias positivas de alguns torcedores que acompanhavam a chegada. Um bom presságio para enfrentar os fantasmas citados anteriormente. E na terra de garotinhos, com seus diminutivos e falcatruas, quem tem aumentativos e paixões estaria em vantagem! E nós tivemos Russão, torcedorzão do Fogão, que falecera esta semana nos deixando um legado de amor, envolvimento e adesão à escolha de Ser Botafoguense, liderando a torcida, vibrando, acompanhando e cantando com entusiasmo o Hino e os cantos de apoio durante vários anos. Vale registrar a atitude bacana de o time entrar em campo com a faixa #Russãoparasempre!

                O público presente ocupou a maior parte das arquibancadas do Estádio Godofredo Cruz. Reforçada por alguns torcedores do Goytacaz – adversário campista do Americano – a torcida do Botafogo era ampla maioria. Devido à imensa fila na bilheteria, com poucos funcionários, vários torcedores entravam com o jogo já em andamento. As torcidas organizadas demoravam a entrar com os instrumentos e tomei a liberdade de começar a puxar algumas de nossas músicas na arquibancada. Ora cantava sozinho ora a galera se somava e o canto ecoava incentivando nossos jogadores. Numa fase mais zen para evitar brigas, respirava fundo a cada fumaça de cigarro vinda na minha cara e a cada grito de “Senta” dos representantes da Sofá-Fogo. Conversava com meu ego: “são só alguns segundos como fumante passivo, acalme-se” e “P... Querem ver o jogo sentadinhos, aluguem um camarote ou paguem pra ficar no sofá e ver pela televisão!”. Esse negócio de senta e levanta a cada lance de perigo parece ritual de algumas Igrejas ou a brincadeira infantil de vivo ou morto! Eu quero é sair do chão com a torcida do Fogão!

                O setor defensivo do Botafogo ainda bate cabeça – e pés – em momentos cruciais e é preocupante a desatenção em alguns momentos, como os que ocasionaram os dois gols do Americano, sendo o segundo praticamente uma tabelinha de cabeça dentro da pequena área! Mesmo com uma arbitragem confusa, que ignorou dois pênaltis claríssimos sobre nosso hermano Herrera quando o jogo estava 1 x 1 e simplesmente amarelava os jogadores do Americano que pareciam querer brincar de UFC, nossa Estrela Solitária teve brio para honrar a Cidade Maravilhosa no dia de seu aniversário de 447 anos. O estreante Fellype Gabriel não foi brilhante e sumia em alguns momentos do jogo, mas esteve na hora e local corretos para empatar a partida. Jefferson não foi tão acionado e, apesar de poder ter saído no lance do segundo gol do adversário, está em fase muito melhor que a demonstrada pela pífia tentativa de defesa da Julio César na Seleção do Mano – não dá para chamar aquilo de Seleção Brasileira, né!? Fábio Ferreira, Antonio Carlos e Marcelo Mattos precisam alcançar um entrosamento melhor, pois ainda cometem erros estapafúrdios que em campeonato com times de maior calibre podem nos complicar. Lucas e Marcio Azevedo oscilaram e não são fortes na defesa: entretanto, vale ressaltar as assistências para os gols de Herrera e Renato, respectivamente! Além do gol da virada, Renato cadencia o jogo com a qualidade e visão de jogo de costumes. Willian não entrou bem, mas a torcida precisa incentivar o garoto formado pela base. Na minha opinião, Caio merecia uma chance como titular, pois sempre entra com disposição e tem muito a crescer. Merecido seu gol para fechar a vitória! Com a ausência de Loco Abreu, quem deveria entrar em campo era o jovem Alex! Contudo, a diretoria preferiu emprestá-lo ao Joinville...

                Enfim, prosseguimos invictos no Estadual e na temporada e nosso técnico Oswaldo de Oliveira foi ovacionado pela torcida ao final do jogo, merecidamente. No duelo entre o Fogão e os apadrinhados da caixa d’água, supremacia da cozinha: 4 x 2. Apesar de ter perdido a hora pra acordar pra trabalhar hoje, valeu a ida a Campos para acompanhar mais um êxito da Estrela Solitária! E domingo tem mais, contra o Volta Redonda, em São Januário, rumo à conquista da Taça Rio!


Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985