sexta-feira, 2 de março de 2012

Em terra de garotinhos, quem tem Russão é Fogão*


Na semana em que a assombrosa foto da aliança entre as famílias Maia e Garotinho foi publicada nas redes sociais, parece um prenúncio de que os outros Maias estão corretos acerca dos rumos do presente ano. E, no Norte Fluminense, o município de Campos – e adjacências – talvez esteja para a família Garotinho tal como o Maranhão está para a família Sarney...   No primeiro dia do mês que fecha nosso escaldante Verão, jogo do Botafogo marcado para o Estádio Godofredo Cruz, local tão assombroso quanto à foto supracitada, pois relembra os tempos em que o alvinegro campista era deveras beneficiado por arbitragens e malandragens comandadas pelo antigo ditador da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro – o falecido Eduardo Viana, o Caixa d’água. A estreia da Taça Rio no dia anterior mostrara que a zebra está à solta com as derrotas de Flamengo e Fluminense e o empate do Vasco. E em General Severiano, contusões de Maicosuel, Elkeson e a convocação de Loco Abreu forçavam a ausência de três titulares do Glorioso.

                Até o dia de ontem, apenas havia passado por Campos durante viagens feitas pela BR-101. Depois de lecionar em Macaé e procurar companhias alvinegras para ir à cidade torcer pelo Fogão, em vão, esperava o tempo passar para tomar a decisão: encarar cerca de 105 km de viagem ou voltar para Rio das Ostras e assistir ao jogo em algum barzinho. Por volta das 15h, decidi partir só, quando uma feliz coincidência surgiu no caminho: um trabalhador da Editora SM, que mostrava seus livros para minha diretora botafoguense, é morador de Campos e partiria para sua residência horas depois. Uma caroninha sagaz permitiu que eu chegasse ao Estádio junto ao desembarque do elenco do Botafogo, que recebia as energias positivas de alguns torcedores que acompanhavam a chegada. Um bom presságio para enfrentar os fantasmas citados anteriormente. E na terra de garotinhos, com seus diminutivos e falcatruas, quem tem aumentativos e paixões estaria em vantagem! E nós tivemos Russão, torcedorzão do Fogão, que falecera esta semana nos deixando um legado de amor, envolvimento e adesão à escolha de Ser Botafoguense, liderando a torcida, vibrando, acompanhando e cantando com entusiasmo o Hino e os cantos de apoio durante vários anos. Vale registrar a atitude bacana de o time entrar em campo com a faixa #Russãoparasempre!

                O público presente ocupou a maior parte das arquibancadas do Estádio Godofredo Cruz. Reforçada por alguns torcedores do Goytacaz – adversário campista do Americano – a torcida do Botafogo era ampla maioria. Devido à imensa fila na bilheteria, com poucos funcionários, vários torcedores entravam com o jogo já em andamento. As torcidas organizadas demoravam a entrar com os instrumentos e tomei a liberdade de começar a puxar algumas de nossas músicas na arquibancada. Ora cantava sozinho ora a galera se somava e o canto ecoava incentivando nossos jogadores. Numa fase mais zen para evitar brigas, respirava fundo a cada fumaça de cigarro vinda na minha cara e a cada grito de “Senta” dos representantes da Sofá-Fogo. Conversava com meu ego: “são só alguns segundos como fumante passivo, acalme-se” e “P... Querem ver o jogo sentadinhos, aluguem um camarote ou paguem pra ficar no sofá e ver pela televisão!”. Esse negócio de senta e levanta a cada lance de perigo parece ritual de algumas Igrejas ou a brincadeira infantil de vivo ou morto! Eu quero é sair do chão com a torcida do Fogão!

                O setor defensivo do Botafogo ainda bate cabeça – e pés – em momentos cruciais e é preocupante a desatenção em alguns momentos, como os que ocasionaram os dois gols do Americano, sendo o segundo praticamente uma tabelinha de cabeça dentro da pequena área! Mesmo com uma arbitragem confusa, que ignorou dois pênaltis claríssimos sobre nosso hermano Herrera quando o jogo estava 1 x 1 e simplesmente amarelava os jogadores do Americano que pareciam querer brincar de UFC, nossa Estrela Solitária teve brio para honrar a Cidade Maravilhosa no dia de seu aniversário de 447 anos. O estreante Fellype Gabriel não foi brilhante e sumia em alguns momentos do jogo, mas esteve na hora e local corretos para empatar a partida. Jefferson não foi tão acionado e, apesar de poder ter saído no lance do segundo gol do adversário, está em fase muito melhor que a demonstrada pela pífia tentativa de defesa da Julio César na Seleção do Mano – não dá para chamar aquilo de Seleção Brasileira, né!? Fábio Ferreira, Antonio Carlos e Marcelo Mattos precisam alcançar um entrosamento melhor, pois ainda cometem erros estapafúrdios que em campeonato com times de maior calibre podem nos complicar. Lucas e Marcio Azevedo oscilaram e não são fortes na defesa: entretanto, vale ressaltar as assistências para os gols de Herrera e Renato, respectivamente! Além do gol da virada, Renato cadencia o jogo com a qualidade e visão de jogo de costumes. Willian não entrou bem, mas a torcida precisa incentivar o garoto formado pela base. Na minha opinião, Caio merecia uma chance como titular, pois sempre entra com disposição e tem muito a crescer. Merecido seu gol para fechar a vitória! Com a ausência de Loco Abreu, quem deveria entrar em campo era o jovem Alex! Contudo, a diretoria preferiu emprestá-lo ao Joinville...

                Enfim, prosseguimos invictos no Estadual e na temporada e nosso técnico Oswaldo de Oliveira foi ovacionado pela torcida ao final do jogo, merecidamente. No duelo entre o Fogão e os apadrinhados da caixa d’água, supremacia da cozinha: 4 x 2. Apesar de ter perdido a hora pra acordar pra trabalhar hoje, valeu a ida a Campos para acompanhar mais um êxito da Estrela Solitária! E domingo tem mais, contra o Volta Redonda, em São Januário, rumo à conquista da Taça Rio!


Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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