segunda-feira, 5 de março de 2012

Água mole em pedra dura*

Mais uma feliz coincidência ocorreu neste Domingo. Depois de conseguir carona para Campos no jogo anterior, ontem foi a vez de ser presenteado com um ingresso. Caminhando pela Rua São Januário, um carro para e um senhor nos pergunta se tínhamos ingressos; quando já ia responder que não tinha, mas que compraria apenas na bilheteria, eis que reconheço o senhor, um dos dirigentes do clube, que nos cedeu gentilmente as cortesias para assistir ao jogo nas cadeiras sociais. Apesar de ser a parte aburguesada do estádio e da maioria dos presentes ficar sentada o jogo inteiro, valeu acompanhar o Fogão sob uma agradável sombra em vez de bronzear-me na arquibancada.


Diante de preços de ingressos ainda muito altos e da fórmula que necessita de mudanças urgentes do Campeonato Estadual, realizar jogos em outras regiões pode ser uma alternativa para aumentar a presença de público nos estádios, possibilitando até mesmo a participação de torcedores de outras cidades. Apesar do motivo do confronto com o Volta Redonda – com mando de campo do Glorioso – não ser realizado no Engenhão estar relacionado ao evento musical lá ocorrido, considero importantes duas questões: a preservação do gramado da nossa casa, que tem sofrido com a quantidade ainda exaustiva de partidas em sequência; e a utilização de estádios fora da capital e/ou de equipes pequenas, como o Estádio Godofredo Cruz, em Campos; o Estádio Moça Bonita, em Bangu; o Estádio Cláudio Moacyr, em Macaé; e o próprio São Januário...


Provocações à parte, se durante a semana tivemos Andrezinho cedido ao Departamento Médico, Loco Abreu retornava após representar a celeste; e o banco de reservas estava ocupado pela garotada formada nas divisões de base. Em busca da segunda vitória na Taça Rio, o Botafogo poderia nos poupar de alguns momentos angustiantes e irritantes! Reconheço que a paciência é uma virtude importante do torcedor, que precisa apoiar e incentivar; que se queremos ver pontos a todo o momento, devemos ir a um jogo de voleibol ou basquetebol etc. Contudo, é extremamente possível aliviar o sofrimento e vencer alguns jogos sem causar sustos ao torcedor!


Após demonstrar que o ataque Mercosul estava de volta à ativa, com uma genial assistência de Loco para o hermano Herrera encobrir o goleiro adversário e abrir o placar, veio uma sequência de gols perdidos, duas vezes com o argentino e uma com o uruguaio, em lances cruciais que poderiam ter definido a vitória já no primeiro tempo. Com o time acomodando-se com a vitória parcial, a defesa voltou a vacilar, praticamente assistindo de camarote ao cabeceio do zagueiro Robson, que num momento Trapalhões de Jefferson e Marcio Azevedo, igualou o placar com o gol ratificado pelo árbitro da linha de fundo (Só quero ver quando eles precisarem marcar a favor do Fogão...). Era preciso chegar a esse ponto pro time acordar? Sem brilhantismo e usando muito mais a persistência para manter os 100% de aproveitamento, Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura sintetiza fidedignamente o que foram os momentos finais contra a equipe da cidade do aço. E foi justamente a defesa que acordou e partiu para o ataque. Infeliz em vários escanteios e tentativas de cruzamento, Renato enfim acertou na medida para Antonio Carlos, em ligeiríssima posição irregular, realizar linha de passe com Herrera, que se redimiu dos outros gols perdidos e chegou ao sétimo gol no Estadual, desempatando o placar. Doze minutos depois, novo cabeceio do zagueiro-artilheiro Antonio Carlos, mas dessa vez direto furando as redes! 3 x 1 pra nossa Estrela Solitária, mantendo a invencibilidade rumo à conquista da Taça Rio.


Mesmo com desfalques devido às contusões, Oswaldo de Oliveira tem conseguido imprimir um padrão tático ao plantel, com importante poderio ofensivo. Importantíssima atitude ao substituir nossa estrela uruguaia, que em toda a partida acertou dois lances e precisa saber que ninguém é intocável no time e se dedicar mais aos treinos já que ainda é jogador de futebol... Todavia, gostaria de ter visto as entradas de Sassá e Jefferson em vez de Willian e Lucas Zen. A defesa esteve menos desatenta que no último jogo, mas ainda precisa evoluir; os laterais apoiaram menos e precisam caprichar mais nos cruzamentos próximos à linha de fundo; Marcelo Mattos não está na melhor fase em campo, entretanto o recado dado de que o time precisa “suar sangue” foi uma fala de liderança e dedicação; e Renato comanda o meio com tranqüilidade e categoria. Cheguei a pensar que Fellype Gabriel estivesse grávido novamente, mas foi uma pancada que o tirou da partida para a entrada do garoto Caio, sempre esforçado e ágil; urge que Felipe Menezes saia de suas sonecas demoradas durante as partidas e não erre tantos passes, principalmente depois que se esgota a paciência da torcida; Willian ainda está muito afoito, mas os poucos minutos em campo foram melhores que o primeiro tempo do jogo passado; Lucas Zen precisa agir de acordo com seu sobrenome, com mais precisão nos passes; e Herrera assumiu a artilharia da equipe.


Balanço positivo e liderança isolada do grupo. Fluminense, Vasco e Flamengo voltaram a vencer e voltam os indícios de que teremos os quatro nas semifinais, já que em breve devem dar tchauzinho para a Libertadores. Para nosso Fogão, uma semaninha de repouso para consertar os erros, treinar e se preparar pra terceira vitória na Taça Rio, torcendo para uma excelente reestreia de Jobson. Até sábado, em Moça Bonita!



*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

Um comentário:

  1. Parabéns! Teu blog é muito interessante e você escreve muito bem. O meu está focado em outro tema, mas quero que você conheça:

    www.leiakarine.blogspot.com

    Um abraço!

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