quarta-feira, 17 de outubro de 2012

I Recopa Alternativa*

12/10/2012: Pelada da Esquerda FC 2 x 0 Autônomos FC - Jogo de volta da I Recopa Alternativa


            Após a incursão na Argentina em janeiro, os cartolas do Pelada da Esquerda FC tiveram a genial ideia de realizar um confronto entre o campeão da I Copa América Alternativa e o campeão de La Liguita, aproveitando que ambos são brasileiros e não desistem nunca.

Com a ideia materializada, no dia 19 de maio, partimos para São Paulo com apenas 9 jogadores, precisando buscar na Lapa paulistana peladeiros dispostos a completar nosso time. Sem um prévio reconhecimento do gramado, tampouco sem encontrá-lo no campo de várzea, o Pelada da Esquerda até começou bem, mantendo o placar zerado. Até que os adversários descobriram a mina de ouro: nosso revezamento de goleiros passou a ficar tão rápido quanto o 4 x 100 jamaicano no que diz respeito à busca das bolas nos fundos da rede... Um autônomo cedido no segundo tempo até colaborou para garantirmos um de honra e Bruninho até hoje aguarda sua camisa do Inacreditável FC pelo lance que resultaria em nosso segundo gol. Enfim, o placar de 8 x 1 só foi exacerbado devido às limitadíssimas condições objetivas. O placar moral seria 4 x 2...

Embalados por jogar em território fluminense – no campo do campus Gragoatá da UFF, um campo público, gratuito e de qualidade – e pelas festividades de Dia das Crianças, no jogo de volta de 12 de outubro contamos com 17 peladeiros, com imensa dificuldade de concentração para organizar o elenco previamente e evitar as discussões que vieram a posteriori. Infelizmente, as brincadeiras e desatenções típicas do Ensino Fundamental não permitiram concretizar certos objetivos. De nossa trincheira, dois foram cedidos para completar o time adversário, que veio para a disputa com apenas 9 jogadores. Num campo gramado, os paulistas tiveram dificuldades de se adaptar, mesmo com a garoa, que não fora convidada, chegando de penetra durante todo o feriadão no Rio. Apesar de momentos de chororô devido à inexperiência de nossa arbitragem – que deveria já ter expulsado uns cinco deles – o Autônomos desenvolveu um bom jogo e aliviou a pressão feita pelos consecutivas investidas do Pelada da Esquerda. Após a primeira etapa sem gols, os 35 minutos finais foram suficientes para garantirmos nossa primeira vitória no tempo regulamentar (Na Argentina, vencemos uma por W x O e outra nos pênaltis)!

O placar de 2 x 0 não foi suficiente para revertermos o placar real do jogo de ida. Se levarmos em consideração o placar moral, o Pelada da Esquerda FC foi campeão da Recopa devido aos “gols marcados” na casa do adversário. Enfim, que caminhemos em busca de espaços públicos para consolidar o nome e a equipe no cenário futebolístico da esquerda no Rio de Janeiro! E os preparativos já começaram rumo à II Copa América Alternativa, de 14 a 17 de fevereiro de 2013, no Parque Gualeguaychu, próximo a Buenos Aires. Mais informações sobre o evento: http://csdyclacuchimarra.wix.com/csdyclacuchimarra#!home/mainPage

            Eis os comentários e notas de cada um de nossos jogadores no dia 12 de outubro:

Claudio (C1): apesar do longo período de inatividade, relembrou os tempos de Bonsucesso. Nosso arqueiro-xeroqueiro protagonizou alguns lances de Trapalhões, tropeçando na área, mas distribuiu bem as bolas nas saídas, não foi vazado, evitou um gol adversário cara a cara e contou com a trave amiga. Nome forte para ser nosso Capitão de Abril. Nota 8,0.

Caio: novato, integrou-se bem ao elenco em virtude de sua relação quase familiar com certo integrante. No auge da vitalidade de seus 19 anos, correu o campo todo para defender e apoiar e prendeu em demasia a bola em diversos momentos. Faltaram cruzamentos a la Cafu. Nota 6,5.

Brunão: não pôde desenvolver tanto suas habituais categoria e visão de jogo a fim de colaborar com o sistema defensivo. Orientou os companheiros em campo, fez bons passes e  levou escorregão grotesco no início da partida. Enquanto perdeu pontos por sua postura pós-moderna de levantar o punho direito na foto e acusar a organização de burocrática, manteve a pontuação por já garantir as passagens para a II Copa América, na Argentina. Nota 6,5.

Marcelão Dominguez (MD-24): nosso Rafael Nadal da zaga. Estava presente em todas para tentar dominar, tentar passar, tentar lançar, mas no fundo, no fundo, conseguir livrar a bola das chances do adversário atacar. Cobrou com categoria a penalidade que resultou no primeiro gol da partida e sua atitude falastrona irritou contundentemente o garçom do jogo. Nota 7,5.

Gustavo: sua típica cabeleira não permitiu que a chuva fina esfriasse a cabeça. Precisou de momentos de reflexão segurando a bandeira para acalmar-se. Importantíssima contribuição na ala esquerda, defendendo e apoiando. Só não foi melhor devido à insistência do time em romper com certos princípios e priorizar o setor direito, menosprezando a liberdade da esquerda. Nota 6,5.

Thiago: trouxe o toque e a velocidade dos quais a cabeça de área necessitava. Encontrou sua posição. Afinal, não pode jogar no ataque devido à protuberância de seu abdômen estar sempre em impedimento. Nota 6,5.

Rodrigo Mourelle: cedeu uma bola oficial para a partida. Contribuindo em outra posição, não desencadeou seus bons passes para a transição entre a defesa e o ataque. Nota 6,0.

Christiano: beneficiou a equipe adversária num erro infantil como bandeirinha no primeiro tempo! Revezando com Rodrigo, saiu-se melhor protegendo a zaga do que na Argentina como zagueiro. Nota 6,0

Bruninho: arriscou jogadas pela ponta e deu bons passes. Falta garantir o preparo físico para acompanhar mais minutos e chegar com velocidade. Como árbitro, foi totalmente imparcial e cobrou o respeito aos jogadores. Nota 6,0.

Felipe Demier: além de novato no elenco, chegou com toda a pinta de segunda divisão querendo virar a mesa. Perdeu três oportunidades de gol e sua nota foi salva pelo tapetão ao retornar no segundo tempo e sofrer a penalidade que resultou em nosso primeiro gol na partida. Nota 5,0.

Cadu Marconi: nosso combatente centroavante ainda vai nos brindar com seu faro de gol apurado, mas não foi dessa vez. Boa movimentação do meio para a frente. Nota 6,5.

Gabriel Marques (GM-7): fora de campo, assumiu a função de Secretário Geral. Em campo, incorporou Clarence Seedorf nas conversas com cada jogador. No segundo tempo, um chute no ângulo defendido pelo goleiro na primeira finalização. Na segunda, não teve jeito e materializou a marca do artilheiro, encobrindo o arqueiro paulista. Nota 9,5.

Diego: foi temporariamente emprestado ao adversário e ficou os 70 minutos por lá. Não cumpriu sua função de infiltrar-se para facilitar a vida do Pelada da Esquerda FC na busca pelos sete a zero. Todavia, mostrou que pode contribuir em nosso sistema defensivo em outras oportunidades. Nota 4,0.

Pedro: em virtude de já ter jogado pelo Autônomos FC e de sua amizade com a paulistada, foi cedido para os dois tempos. Depois da fracassada experiência como atacante, encontrou sua posição como lateral direito. Nota 4,0.

Maurício Mileo (MM-9): após momentos perdidos em campo visando à contribuição em diversas posições de carência do time, simplesmente calou a boca dos críticos ao encarnar o Pantera Donizete, roubando a bola no meio e fornecendo assistência no contra-ataque que garantiu o segundo gol. Nota 7,0.

Aloísio: novato mais compreensivo, contribuiu na bandeira na primeira etapa. Bom fôlego para acompanhar as jogadas de ataque, faltou voltar um pouco mais para ajudar na distribuição de bola. Um bom chute de esquerda defendido pelo goleiro paulista. Nota 6,5.

Bruno G. (BG-69): como árbitro, velocidade da reação diametralmente oposta à de Flash ao acompanhar as marcações dos auxiliares. Postura centrada de nosso presidente ao se oferecer para a tarefa e cumpri-la bem. Na etapa final, contribuiu como zagueiro, entendendo a tônica de chuta pro mato que é campeonato e agüentou quase todo o período. Nota 8,0.

Carlos Felipão Leal: com um preparo físico cada vez mais despreparado e a vestimenta adequada, ganhou a vaga de técnico. Sua insistência pelas duas linhas de quatro necessita de treinos. Só falta a prancheta! Nota 7,5.


*Karl Leirbag, jornalista alemão, que analisou o jogo com dificuldades de concentração por conta de desfrutar o que Niterói nos oferece de melhor: a vista para a Cidade Maravilhosa.


Obs. 1: vale registrar os agradecimentos ao Professor Waldyr Lins, diretor do Instituto de Educação Física da UFF, por autorizar a realização do jogo no referido campo.

Obs. 2: há nova palavra de ordem para a equipe:


"Hoje é dia de Festa
A Esquerda vai jogar
No campo, na quadra ou nas ruas
Nosso lema é transformar
Se você também é de Luta
Pode vir, pode chegar
Mas que beleza!
Que beleza...
Eu sou de Esquerda
e a Pelada eu Vou Jogar
Olá lá Olê lê
A Esquerda vem aí
E a direita vai tremer
Olá lá Olê lê
A Esquerda vem aí
E a direita vai tremer!"

Vejam - se aguentarem - os dois tempos da partida. Certamente a dificuldade é saber o que foi pior: o jogo ou a narração/comentários de causar inveja a Galvão Bueno e equipe da Rede Glóóóbo.



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Posição do COLETIVO MARXISTA nas eleições municipais




Nas eleições municipais do Rio de Janeiro, voto crítico em Marcelo Freixo. Derrotar os ataques do capital e avançar na organização independente e autônoma dos trabalhadores!

Coletivo Marxista apresenta, neste manifesto, sua posição em relação às eleições municipais do Rio de Janeiro. As eleições se realizam em um momento em que os trabalhadores e a juventude cariocas sentem mais, a cada dia que passa, as consequências do projeto do capital em suas vidas: remoções em favelas e comunidades pobres, criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, precarização dos serviços públicos, privatização na saúde, educação e cultura, transporte público em péssimas condições, restrições à utilização do espaço público, desvalorização do funcionalismo público e muitos outros são ataques que vivenciamos cotidianamente.

Enquanto isso, às vésperas da realização de grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, as empreiteiras lucram mais do que nunca, assim como os grandes empresários dos transportes e dos setores imobiliário e hoteleiro. Na saúde e na educação, a implementação das OSs e Oscips (Organizações Sociais e das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) soma-se à precarização salarial e ao corte de direitos dos funcionários desses setores, aprofundando a privatização e transformando direitos dos trabalhadores em mercadorias. A política de segurança oprime e assassina diariamente trabalhadores e jovens, sobretudo os moradores de favelas, buscando “limpar” a cidade e torná-la atrativa ao grande capital.

A prefeitura de Eduardo Paes (PMDB), profundamente comprometida com os interesses do grande capital, atua para garantir as melhores condições de lucro para o empresariado, o que se faz às custas de mais e mais ataques aos trabalhadores. A “limpeza social” busca preparar a cidade para receber grandes investimentos, com exploração dos trabalhadores, retirada de direitos e confinamento da pobreza nas periferias da cidade. Toda essa política se constrói a partir de uma atuação unificada com o governo estadual de Sergio Cabral (PMDB) e o governo federal de Dilma/PT. É um mesmo projeto de cidade, estado e país, voltado a garantir os interesses da burguesia.

A célebre caracterização de Marx sobre o Estado burguês como um comitê executivo dos negócios da burguesia parece mais atual do que nunca: não é à toa que vemos os grandes escândalos de corrupção com empreiteiras, financiadoras das campanhas eleitorais e beneficiadas pelas grandes obras superfaturadas com dinheiro público. Em um cenário de crise econômica internacional, a saída da burguesia, no Brasil e no mundo, é colocar o ônus nas costas dos trabalhadores e tentar fazê-los pagar essa conta, através da retirada de direitos, cortes de salários, aumento da exploração e da utilização do dinheiro público para salvar empresários e banqueiros.

Nesse cenário, começam a despontar, em ritmos diferentes pelo mundo, processos de contestação ao projeto do capital e mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores e da juventude. No Brasil, importantes greves e lutas questionam os ataques do governo petista.

Por que apoiamos criticamente a candidatura de Marcelo Freixo?

É nesse cenário que começa a crescer, também no Rio de Janeiro, uma contestação a essa lógica instituída e, agora, representada no governo de Eduardo Paes. E, no momento das eleições municipais, assistimos a uma polarização entre o projeto de Paes e o projeto em torno do qual se organiza a campanha de Marcelo Freixo, do PSOL. A candidatura de Freixo tem crescido e mobilizado setores importantes da juventude, dos trabalhadores e dos movimentos sociais, questionando a lógica da cidade voltada ao grande capital, as remoções, o financiamento público às grandes empreiteiras, a política de limpeza social e as privatizações.

Acreditamos que essa polarização representa um momento importante para as lutas dos trabalhadores e expressa algo maior do que a candidatura e as eleições em si: trata-se de um processo em que o questionamento à lógica representada por Paes começa a crescer e em que, significativamente, importantes setores despertam para a política e para o debate coletivo em relação aos rumos de nossas vidas. Sobretudo entre a juventude, marcada fortemente pela lógica do pensamento único, que viveu e cresceu educada a não acreditar em perspectivas de transformação social, nota-se um crescente interesse pela crítica e participação política.

É a partir desse entendimento que achamos importante apoiar e declarar nosso voto crítico em Marcelo Freixo, por ser uma candidatura que consegue, hoje, expressar um polo real de resistência e questionamento ao projeto implementado por Paes, Cabral e Dilma. Ao declarar nosso apoio crítico, dizemos aberta e claramente que a candidatura de Freixo tem importantes limites, e que esses precisam ser debatidos desde já. Preocupada em atrair amplos setores para seu campo, deixa de apresentar pontos que são essenciais para levar às últimas consequências o enfrentamento ao projeto do capital para o Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo.

Entre outros, Freixo abre mão do repúdio aos investimentos privados (que sempre cobram uma contrapartida de benefício ao capital em detrimento dos interesses da maioria da população), de apresentar a necessidade de estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e do questionamento à lógica da instituição das Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas. Na verdade, o mais importante é que por trás dessa postura está a concepção de que é preciso atrair mais e mais setores para o campo da candidatura, torná-la “palatável” e, assim, criar as “condições reais” para a eleição. Por essa lógica, as questões estruturais ficam “para depois”, e a prioridade, que hierarquiza toda a prática política, é a eleição. O socialismo, aí, é apenas uma referência vaga e distante.

O maior problema é que, instituída a lógica de que a eleição é o ponto de partida para iniciarmos um processo posterior de discussão sobre a estrutura da sociedade em que vivemos, se coloca a necessidade de “jogar o jogo” das eleições burguesas, fazendo as concessões impostas pela própria lógica da democracia burguesa para uma possível eleição. Ao mesmo tempo, toda uma geração que agora desperta e se dispõe a lutar pode ser envolvida pela ilusão de que a saída para a mudança de suas vidas e para as transformações sociais é simplesmente depositar um voto na urna e eleger um prefeito que irá fazê-lo por si. 

Se há, nesse momento, um crescente questionamento à ordem instituída e sua representação na prefeitura de Paes, precisamos intervir nesse processo para dizer claramente que as transformações sociais só virão a partir da luta e organização dos trabalhadores e da juventude. Precisamos, nesse processo, denunciar o jogo de cartas marcadas das eleições no regime burguês, determinadas pelo grande capital que financia campanhas que irão os beneficiar quando eleitas. É preciso denunciar toda a lógica que organiza as eleições burguesas, e não depositar expectativas de que precisamos entrar nesse jogo, garantir uma eleição, e só depois, um dia, quem sabe, iniciar as discussões estruturais que as determinam.

Precisamos tirar as consequências e lições do que foi a experiência do PT e dos profundos problemas do programa democrático-popular. Não podemos encarar o processo de incorporação do PT à ordem como um problema de algumas pessoas que, individualmente, falharam em seus compromissos morais – pensando, assim, que bastaria elegermos pessoas sérias, honestas e confiáveis para garantir que o mesmo não acontecesse novamente. Precisamos, isso sim, questionar a lógica que orientou esse programa, que criou ilusões de que seria possível adiar o debate programático, adiar o socialismo e a revolução, ganhando eleições para depois mudar.

Nós, do Coletivo Marxista, defendemos que não há mudança possível dentro da lógica capitalista. “Humanizar o capitalismo” é uma ilusão que ignora os fundamentos básicos de funcionamento desse sistema, já que ele só existe com a exploração da maioria da população trabalhadora. É preciso que tenhamos o socialismo como perspectiva, mas para isso ele não pode ser apenas um nome em um horizonte distante, que em nada se relaciona à nossa prática diária. Se acreditamos que o socialismo é a alternativa consequente, que pode romper com a dominação burguesa e avançar em direção à sociedade sem classes - o comunismo -, essa perspectiva precisa orientar as nossas lutas cotidianas.

Nossos sonhos não cabem nas suas urnas!

Não estamos dizendo, com isso, que uma candidatura da esquerda revolucionária deva propagandear que vai “implementar o socialismo na cidade”, obviamente. O que está em jogo é que precisamos, nesse momento, entender como o socialismo se casa com a intervenção diária, nas lutas e nas eleições. Para isso, precisamos de um programa que tenha lado: o lado da classe trabalhadora. Precisamos apresentar um programa que atenda diretamente aos seus interesses, que entre em contradição com os interesses daqueles que lucram com sua miséria, que incentive a organização autônoma e independente dos trabalhadores e da juventude, que impulsione as lutas dos movimentos sociais.

Enfim, que esteja a serviço das lutas e do socialismo, o que passa, necessariamente, por incentivar a organização autônoma e independente da classe trabalhadora e dizer claramente que as transformações sociais virão da sua luta direta, e não das eleições da democracia burguesa. Um programa que seja capaz de relacionar as condições de vida e os problemas dos trabalhadores e da juventude com o capitalismo, e que apresente a necessidade de a classe estar organizada em seu próprio partido, um Partido Revolucionário que possa unificá-la em direção à ruptura com esse sistema.

Sabemos que o programa de Marcelo Freixo tem muitos limites e que sua candidatura está longe de apresentar toda a reflexão que julgamos ser essencial nesse momento. A partir dessa identificação, o que está em jogo é a nossa tarefa de intervir junto a um processo que, como dissemos, é maior do que a candidatura em si. Trata-se, portanto, de intervirmos junto a um processo que expressa a crescente insatisfação e disposição para a luta de segmentos fundamentais na luta de classes brasileira, diante de uma polarização que é real no atual cenário, e tem peso nas lutas concretas. A conjuntura de mobilização e aglutinação em torno à candidatura de Freixo precisa ser compreendida como um espaço que permita à esquerda avançar, a partir do enfrentamento ao projeto do grande capital no Rio de Janeiro, inclusive nos inadiáveis debates programáticos e estratégicos.

Por isso, partimos dos acordos que temos com o projeto que ora polariza com o projeto de Paes, Cabral e Dilma para o Rio de Janeiro para apresentar nossos desacordos e a necessidade de um programa que vá para além do que está dado. Sem dúvida, o próprio cenário de unificação da esquerda para enfrentamento a esse projeto fica comprometido diante da não constituição de uma Frente que aglutinasse todos os partidos e organizações da esquerda socialista carioca. Consideramos que esse cenário de unificação e mobilização da esquerda, que nos direciona ao apoio crítico a Freixo, estaria muito mais qualificado com a constituição dessa Frente.

A Frente deixou de ser constituída, sobretudo entre PSOL e PSTU, por cálculos meramente eleitorais, e não por um legítimo debate programático: o PSOL se negou a uma coligação para as eleições proporcionais, mais interessado em eleger unicamente seus vereadores do que em constituir um campo mais amplo com segmentos importantes da esquerda. Ao mesmo tempo, o PSTU, que hoje apresenta importantes críticas (com muitas das quais concordamos) ao programa de Freixo, certamente o faria de dentro da campanha caso tivesse a oportunidade de eleger seus candidatos a vereador a partir da base eleitoral do PSOL. Ou seja: o que justifica a candidatura própria do PSTU não são suas críticas ao programa de Freixo, mas sim o fato de não ter sido aceito na coligação proporcional para a eleição de vereadores. Caso tivesse, certamente defenderia que é possível fazer críticas ao programa a partir de um apoio à candidatura.

Assim, o Coletivo Marxista, a partir das importantes críticas colocadas, entende que é preciso posicionar-se frente à polarização que hoje se apresenta no cenário eleitoral carioca e da constituição de uma alternativa ao projeto do capital implementado por Paes, Cabral e Dilma. Não são indiferentes aos revolucionários as condições concretas em que se luta e a correlação de forças na sociedade. A possibilidade objetiva de um segundo turno entre Freixo e Paes incide, de maneira importante, no cenário sobre o qual lutamos. Isso é muito diferente de dizer que uma possível eleição de Freixo seria, necessariamente, um avanço decisivo para a luta de classes. Colocamo-nos ao lado dessa alternativa buscando fortalecer um cenário que garanta melhores condições de enfrentamento e consciência nas lutas que travamos, sempre apresentando nosso programa, nossas críticas e enfatizando que não devemos ter nenhuma ilusão na democracia burguesa, lembrando que apenas a luta e organização autônoma dos trabalhadores e da juventude serão capazes de realmente transformar a situação de miséria, exploração e opressão que ora vivemos.                                                  


Coletivo Marxista                     
http://coletivomarxista.blogspot.com 
                                                      

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Seminário de 40 anos do PPGE-UFRJ

Nos dias 8 e 9 de outubro, o Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFRJ realizará Seminário Comemorativo por conta do aniversário de 40 anos, das 9h às 21h.

Na segunda-feira, dia 8 de outubro, participarei da Sessão 3 do evento, na sala 220, das 16h às 17:30, apresentando os resultados e debates de minha dissertação defendida em março de 2011: "A Educação do Corpo e o Protagonismo Discente no Colégio Pedro II: mediações entre o ideário republicano e a memória histórica da instituição (1889-1937)". O trabalho completo está disponível para visualização na página a seguir: http://www.educacao.ufrj.br/ppge/ppge-dissertacoes-2011.html

Sintam-se convidad@s!


domingo, 12 de agosto de 2012

Afundados por Barcos*


            Uma partida de Campeonato Brasileiro às 21h 50min de uma quarta-feira já é algo patético. Com preços de ingressos altos então, complica a presença da torcida. Pouco mais de 5.000 torcedores estivemos na última quarta-feira no Engenhão para acompanhar o confronto válido pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Depois de jogar muito melhor no primeiro tempo contra o Palmeiras pelo jogo de ida da Copa Sul-Americana e vacilar ao levar dois gols de Barcos no segundo tempo, tinha a certeza de que a Comissão Técnica e a defesa do Botafogo teriam aprendido algumas lições e estudariam o estilo de jogo e as armas ofensivas do adversário para garantir a terceira vitória consecutiva no Brasileirão e continuar se aproximando dos primeiros colocados.

             Apesar de um bom volume de jogo, criando algumas jogadas, minha certeza transformou-se em ledo engano aos 14 minutos do primeiro tempo. Em falha coletiva da defesa somada ao vacilo individual de Antônio Carlos, Barcos apareceu sozinho para balançar mais uma vez as redes de Jefferson. Mesmo com o placar adverso, nosso Fogão até tentava, mas o goleiro Bruno estava inspirado. Continuávamos com boa construção de jogadas no segundo tempo e parecia possível acreditar em mais uma virada no campeonato. Logo aos 13 minutos, número para nós tão querido, Lima – que entrara bem no lugar de Márcio Azevedo – fez bom cruzamento para Andrezinho marcar mais um gol e empatar a partida. Se virássemos, seria a décima terceira vitória contra os porcos em Brasileirões. Se virássemos... Contudo, aos 27 minutos, Fernandinho deu um drible desconcertante no fraquíssimo Lennon e forneceu assistência para... BaBarcos me mordam! Novamente o argentino, sozinho na área, tocou para o fundo das redes e desempatou o confronto. Após (outra) falha grotesca de Fábio Ferreira, Pirata¸ fantasma ou não, Barcos ainda fez o terceiro gol, erroneamente anulado pela arbitragem. De toda maneira, mais uma vez nos afundou... Sem precisar jogar batalha naval. Resumindo: sexta derrota em 15 rodadas, sendo absurdas quatro em pleno Engenhão! Já foi mais que provado que a torcida não pode ser culpabilizada pelos vexames em casa. Está na hora de mudar o nome oficial do Estádio para que este traga melhores fluidos! Ou colocar os jogos em Juiz de Fora, Brasília, Belém... Levando caravanas de sócios-torcedores.

            É, Oswaldo, a situação está complicadíssima. Vários torcedores já perdem a paciência com o treinador e alguns jogadores. Faltam treinos, faltam conversas, faltam acertos de posicionamentos, faltam finalizações, falta dedicação, falta amor à camisa, falta respeito à tradição da Estrela Solitária, falta identificação com a torcida, enquanto sobram displicência, festinhas e penteados exuberantes! Às vezes sinto pena de Seedorf e Jefferson, com tantas cabeças de bagre ao redor. Em vez de colocar o tal do Lennon, é bom dar uma chance ao garoto Gabriel; Renato está apagadíssimo, errando passes e não marcando ninguém; Fábio Ferreira tem sido a mina de ouro dos adversários; Elkeson quase não finaliza; mais uma finalização do Botafogo bate na trave... Enfim, a conjuntura não é favorável, embora tenha confiança de que é possível reverter com trabalho e compromisso.

            A alegria de quarta à noite ficou por conta de mais uma loucura! Após ser provocado pela mulambada no jogo do Flamengo contra o Figueirense, Loco Abreu beijou o escudo do Glorioso e rememorou a cavadinha de 2010. Para mim, é o jogador mais inteligente, culto e sagaz – reunindo estas três características simultaneamente – em atividade no Brasil. Ele sabe o que faz e, independente de suas intencionalidades ou inintencionalidades, é respeitado e merece ter seu nome gritado pela torcida!

            Antes de falar sobre a data, publicizo aqui uma cartinha (ainda bem educada) à diretoria do Botafogo de Futebol e Regatas: “forneço meus serviços de peladeiro ao Departamento de Futebol. Possuo média de gols nas peladas infinitamente superior à do Rafael Marques pelo Campeonato Japonês. Prometo não realizar raves na minha casa, não pentear o cabelo de maneira extravagante, não recuar a bola pro goleiro e entender que o objetivo do futebol é marcar gols, situação ocorrida quando a bola ultrapassa a linha localizada entre as duas traves e abaixo do travessão. Serei pontual e assíduo aos treinos e posso dar entrevistas para além do trivial, das baboseiras e cretinices faladas por muitos por aí. Honrarei a camisa já vestida por Heleno, Didi, Garrincha, Nilton Santos, Quarentinha, Túlio e tantos outros. Em troca, podem me pagar o salário que recebo como professor.

            Para fechar, hoje é Dia dos Pais e fica registrada também aqui minha homenagem ao Mario Luiz, meu pai botafoguense! Daqui a pouco é hora de ficarmos na torcida por mais uma vitória fora de casa para parabenizar todos os papais alvinegros e comemorarmos ainda mais efusivamente os 108 anos de fundação do Botafogo Football Club. Parabéns aos Pais e ao Fogão!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

terça-feira, 7 de agosto de 2012

IX Pelada da Esquerda*



            Em meio à greve das Instituições Federais de Ensino, do Arquivo Nacional, à ocupação do Canecão e às variadas lutas em defesa da Educação e Saúde Públicas e visando à construção de uma nova sociedade, mais de trinta companheiros fizeram uma breve pausa na agenda de estudo, trabalho e militância para a confraternização semestral, desta vez em novos gramados. A nona edição da Pelada da Esquerda, no Rio de Janeiro, ocorreu na Associação Atlética Light, no Grajaú, e foi paulatinamente organizada ao longo de um mês e meio para que os peladeiros pudessem aproveitar ao máximo as duas horas oscilando momentos de categoria e trapalhadas no dia 4 de agosto. Infelizmente, algumas baixas por contusões, as ausências não informadas e os atrasos impossibilitaram que a organização chegasse à plenitude. Porém, o churrasco no Andaraí fechou o Sábado com chave de ouro, com o auxílio do golaço do surinameso Clarence Seedorf, agora em terras tupiniquins como nós.

            Depois de sagrarem-se campeões de La Liguita – torneio de consolação durante a I Copa América Alternativa na Argentina – e de disputarem o jogo de ida da Recopa Alternativa contra o Autônomos FC, em São Paulo, o time Pelada da Esquerda já se encontra requisitado nacional e internacionalmente. Em datas a serem confirmadas, há um amistoso apontado contra o time de Maromba, distrito de Itatiaia; o jogo de volta, no Rio, contra o Autônomos, onde há totais condições de reverter o placar negativo de 8 x 1, já que o jogo será em casa e a equipe contará com seu plantel reforçado. Entre os dias 24 e 26 de agosto, nosso artilheiro Gabriel Marques – GM-7, que alcançou a marca dos 29 gols em 9 edições – representará o Pelada da Esquerda na Copa do Mundo Alternativa, em Bristol, na Inglaterra, integrando o combinado que contará também com integrantes do Autônomos FC e do FC Vova, da Lituânia. Durante o churrasco, foi dado o pontapé inicial para a organização do elenco que disputará a II Copa América Alternativa, entre 14 e 17 de fevereiro do próximo ano.

            Como de praxe, seguem nossas impressões e avaliações – dessa vez consolidando a parceria entre dois conceituados e premiados comentaristas – sobre o desempenho dos jogadores na tarde de sábado.

Cláudio Lopes: como bom xeroqueiro e microempresário do ramo das papelarias, prometeu a distribuição de canetas, mas não foi capaz de cumprir enquanto esteve na linha. Recordou seus tempos de categorias de base do Bonsucesso, mas não evitou vários gols, comprovando que precisa de muitos treinos para recuperar a vaga hoje ocupada por Bruno G. Nota 7,0.

Murilo Vilaça: dedicando-se a dois Doutorados, teve seu faro de artilheiro afetado. A finalização que mais chamou a atenção foi quando achou que jogava na NFL, ao tentar marcar um touchdown. Além do mais, tinha uma morena do lado de fora do campo que lhe dispersou a atenção. Nota 4,0.

Bruno Gawryszewski: aumentando seu cabedal como goleiro, BG-69 foi disparado o melhor arqueiro do evento. Só levou alguns gols porque machucou um dedinho no início da Pelada e jogou contra a equipe de GM-7. É Seleção! Nota 9,5.

Gabriel Marques: tinha dois objetivos na Pelada da Esquerda: preparar-se para a Copa do Mundo e aproximar-se da marca dos 30 gols. GM-7 agarrou durante uma partida, forneceu assistência e balançou as redes adversárias por cinco vezes, contribuindo para a invencibilidade do time Marx. Preferiu deixar o Gol 30 para a glamourosa décima edição. Nota 9,5.

Thiago Coqueiro: com relativa categoria no início, não honrou o nome do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa ao se desgastar enquanto os minutos passavam. Apesar de não beber, não fumar e não..., seu abdômen proeminente acusa as limitações de preparo físico. Seria melhor ter brincado de pique-se-esconde ou ter soltado cafifa nas terras gonçalenses. Nota 4,5.

Alex Lauriano: distribuindo lindeza Brasil afora, nesta edição ficou marcado como o chorão. Resmungou o tempo todo reivindicando o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva e a Comissão de Arbitragem e não repetiu os dribles e a malandragem de outrem. Nota 3,5.

Luiz Carlos: vangloria-se por um ovinho dado no melhor jogador de linha da partida. Ainda não tomou vergonha na cara de cortar o cabelo. Excetuando-se este único lance de lucidez e categoria, só apareceu por conta do acessório usado no cabelo, para desespero e provocações de Bruno Adriano. Nota 5,5.

Matheus Cidão: evidenciou o total desgaste da viagem de Campo Grande até o Grajaú. Sua presença foi notada apenas na Foto Oficial. Nota 4,0.

Renato Sarti: soberano no meio-campo, quase sempre fazendo boa ligação entre a defesa e o ataque e marcando dois gols. Apesar das incursões burocráticas no CONSUNI, cumpriu um bom papel na equipe Marx. Nota 7,5.

Elielsom: enquanto esteve em campo, deu trabalho aos adversários. Sorte deles que suportou apenas uma partida e meia, o pior preparo físico dentre os 32 jogadores. Nota 4,5.

Maurício Mileo: não repetiu as atuações que o consagraram como o camisa 9 da Pelada da Esquerda. MMs-9 não cabeceou em direção ao gol, não executou um chute decente e quase teve um ataque cardíaco. Nota 4,5.

Marcelo Dominguez: MD-24. Correu como nunca, jogou como sempre (com direito a gol contra no BG-69). Declamou a frase impagável: “Porra, eu não sei mais jogar bola!”. Pelo esforço... Nota 6,5.

Gustavo Oliveira: a cabeleira satânica começa a pesar, afetando o seu desempenho futebolístico. Recomenda-se comprar a máquina GAMA ou Philips. Nota 5,0.

Bruno Rodolfo: o amigo do CAEFD... E o mais satisfeito por ter sido incluído no time Marx. Nota 5,0.

Wagner Marretovic Angelim: o sérvio-cearense mostrou disposição em ajudar. Contudo, ficou tímido e não se aventurou em mostrar um futebol mais habilidoso. Foi oportunista ao marcar gol após jogada de contra-ataque e assistência de GM-7. Nota 5,0.

Bruno Adriano: quando viu o primeiro confronto entre a equipe de colete vermelho e a de colete preto, frustrou-se com as cores que evidenciam a crise cíclica do sistema flamenguista e desertou. Com dúvidas pós-modernas acerca do caminho a percorrer, não ficou muito longe acompanhando os setores de esquerda e voltou ao jogo. Faltou a companhia de Bruno Lima para aparecer mais com suas incansáveis discussões em campo. Nota 4,5.

Ian: sua melhor atuação foi pilotando a churrasqueira (mó bração, hein, Fino!). Nota 7,0.

Vinícius: foi um dos poucos que conseguiu furar o BG-69 (sim, vale o duplo sentido). Mostrou-se preocupado com a ausência de seu amigo “Magrinho du Fonca”, escalado para fazer uma incursão na Pedreira. Nota 5,0.

Felipe Formoso: a campanha do Freixo está lhe consumindo todas as energias, porque o que se viu em campo foi um jogador “amarelão”. “Amarelou” ainda mais quando soube que havia pessoas por perto moradoras da Zona Oeste. Nota 4,5.

Carlos Leal: estrategicamente, repetiu a prática de atrasar-se para entrar em campo com os demais já cansados. Pragmaticamente, repetiu a mesma jogada por mais de três vezes: recebia a bola na ponta esquerda, ajeitava pra dentro e tocava pro meio. Mérito porque conseguiu mostrar preparo físico melhor que o do Elielsom, jogando quase três partidas inteiras. Nota 6,0.

Carlos Augusto “Carlinhos”: foi bastante notado ao buscar a bola várias vezes dentro do gol. Nota 4,0.

Cadu Marconi: foi o jogador quase: quase fez gol, quase deu um belo chute, quase deu uma boa assistência, quase jogou até o fim das 2 horas e quase apareceu na Foto Oficial. Foi embora de balão, acompanhado de um padre. Nota 4,0.

Rodrigo Mourelle: diferentemente da Copa América, dessa vez conseguiu escorar para o gol as assistências dos companheiros de equipe. Nota 6,0.

Rian Rodrigues: na NBA, as equipes são ranqueadas pelo seu average (relação percentual vitórias / derrotas). O average deste jogador foi 0.000. Nota 0.000.

Rodrigo Magalhães: Cínthia atrapalhou decisivamente seu desempenho... Nota 4,0.

Pedro Cardoso: oscilou bons e maus momentos. Como não precisou cobrar tiro de meta, ficou na média. Nota 5,0.

Marcelo “Forró”: Perdeu uma chance de gol clara, devido ao famoso pé mole pra chutar. Acostumado a correr meia maratona, chegou atrasado, a tempo de jogar meio jogo. Nota 4,0.

Pedro Santos: não fez valer o seu tipo físico avantajado e ainda se perdeu em discussões com Luiz Carlos “Monstro”. Escapou do trote como calouro. Nota 4,0.

Bruno Gonçalves: tendo como cartas na manga as desculpas pelos pés ralados e pelo joelho bichado por conta de uma atuação irregular por inspirar-se em Fábio Ferreira, o alvinegro ex-CPII teve sorte ao cair de pára-quedas na equipe Marx após desistência de Elielsom. Nota 4,5.

Rodrigo (UniRio): Como jogador da Pelada da Esquerda,  é um ótimo militante que ocupa antigas casas de shows. Nota 5,0.

João Gabriel: sua incursão na Ásia e suas práticas de relaxamento não contribuíram para uma excelente atuação. Duvidaram de sua presença, mas ele apareceu e encarou até o final. Nota 5,0.

Juliano: a “bebida liberada” da noite anterior acabou com sua pretensão de fazer uma boa atuação. Nota 4,5.


*Karl Leirbag, jornalista alemão
Breno Strozenberg, crítico de cinema para filmes de animação da Mongólia

domingo, 5 de agosto de 2012

É a chance!*

            Começamos a 14ª rodada com uma vitória parcial fora de campo. Apesar de nosso confronto ser fora de casa, nossa diretoria agiu nos bastidores em defesa do gramado do Engenhão. A CBF adiou o jogo dos pobres coitados sem estádio devido ao ofício enviado pelo Botafogo para a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ). E enquanto a presidente deles se diverte em Londres – tal como a mafiosa cúpula comandada pela tríade Dilma, Cabral e Paes – seu assessor especial Eduardo “Vassoura” soltou a infeliz pérola de que nossa torcida comparece ao Engenhão com “três ou quatro mil pessoas”. São muito toscas essas baboseiras expostas publicamente sem qualquer fundamentação científica, apenas querendo jogar para a torcida enquanto não movem uma palha para saírem da crise cíclica do sistema flamenguista tampouco para terem seu próprio local de jogo. Sr. “Vassoura”, a média de público do meu Glorioso é maior que à do clube da Gávea neste Campeonato! E somos os responsáveis pela maior arrecadação da história do Estádio – por mais que eu critique o preço dos ingressos, vocês nem chegaram perto disso!

            No ano passado tive a oportunidade de ir ao Serra Dourada para o confronto com o Atlético-GO. Este ano, depois de participar da IX Pelada da Esquerda, no Light (Grajaú) e marcar meus cinco gols, comprovando minha média deveras superior à de postes como Rafael Marques, foi o tempo de tomar banho, vestir a camisa preta do Fogão e partir para o churrasco na casa do camarada Bruno Gawryszewski, cujo defeito é torcer pelo Flamengo. Apesar de vários alvinegros presentes, a torcida dos rivais pelo insucesso do Glorioso incomodava e o receio da repetição do placar de 2011 – derrota por 2 x 0, com gols marcados em menos de dez minutos de jogo – incomodava muito mais.

            E o primeiro tempo caminhou ao encontro de meu receio. Sem criar oportunidades de gol, o Botafogo começava a oferecer espaços ao rival. Para variar, quem conseguiu aparecer mais que seus esdrúxulos penteados e cometer a infração dentro da área para o árbitro assinalar o pênalti!? Sim, Fábio Ferreira foi capaz de aprontar mais uma. E, apesar de tocar a bola chutada no meio do gol pelo goleiro Márcio, Jefferson não evitou o gol dos dragões, vice-lanternas da competição. Se nas arquibancadas nossa torcida dominava, faltava a compreensão de nossos jogadores de que o mesmo seria possível em campo.

            Pouco mais acordado no segundo tempo, com a troca do inoperante Rafael Marques por Fellype Gabriel, o Botafogo melhorava o posicionamento em campo. Todavia, ainda se encontra totalmente aquém do que precisa render se pretende disputar o título. Oswaldo de Oliveira nos solicitou paciência com o referido atacante, mas a cada jogo que passa ela caminha para o esgotamento! Pela bola que ele salvou em cima da linha, evitando o gol do rubronegro goiano, que o coloque na vaga do Fábio Ferreira então! Outra troca foi a do machucado John Lennon pelo jovem e meu xará Gabriel. A propósito, consideraria muito melhor que o técnico tivesse fornecido a chance ao garoto da base, já que o titular Lucas fora vetado.

            Aos 18 minutos, o jogo parecia um treino de faltas. No primeiro chute, com a barreira andando e diminuindo a necessária distância dos 9,15m negligenciada pela arbitragem, nosso surinameso teve que acertá-la. No rebote, falta em Antônio Carlos, esta mais perto da grande área. Aos 19 minutos, sem precisar usar palavras, o olhar do surinameso dizia: “É a chance!” E dessa vez não teve jeito: se a coruja ali estivesse... Teria que ter sido trocentas vezes mais ágil que o goleiro Márcio, espectador de camarote do golaço de Seedorf! O primeiro com a camisa da Estrela Solitária! Seeeee-Doooorrrr-Feeee! Oba! Oba! Era o empate do Fogão. Dez minutos após a bela e efusiva comemoração coletiva do gol, se a nossa zaga parece Os Trapalhões lá atrás, foi para o ataque para ser decisiva em mais uma virada do Fogão. Fábio Ferreira fez belo cruzamento da direita, Fellype Gabriel cabeceou forte, Márcio espalmou, Antônio Carlos pegou novo rebote ofensivo, fornecendo assistência para novamente Fellype Gabriel cabecear, só que dessa vez balançando as redes!

            A equipe adversária é fraca tecnicamente e forte candidata à Segundona 2013, mas cresce nos jogos em casa. Foi um necessário triunfo, mais um fora de nossos domínios territoriais e mais um placar em cheio acertado no Bolão! São três pontos importantíssimos que nos fazem ganhar uma posição na tabela diante da derrota do Cruzeiro e não permitem aos primeiros colocados um distanciamento. Quarta-feira, mesmo naquele absurdo horário que atende aos interesses televisivos, é fundamental que ocupemos os setores do Engenhão para presenciar a categoria de Seedorf e cantar para impulsionar o Glorioso rumo à terceira vitória consecutiva no Brasileirão! Pra cima deles, Fogão!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

domingo, 29 de julho de 2012

Um alívio de Sábado à noite*


Depois de quatro jogos sem vencer e três sem marcar gols, jogar contra o lanterna do Campeonato na décima terceira rodada apresentava indícios de que voltaríamos a vencer. Descanso, banho, escolher a camisa mais bonita e passar o perfume foram as tarefas antes de partir para a night de Sábado, que precisou ser no Engenhão diante deste horário grotesco de 21h. E mais de cinco mil pessoas estiveram presentes para novamente cantar, vibrar e apoiar o Glorioso nesta fase conturbada pela qual passamos.

            Com um minuto de silêncio como homenagem póstuma a Aloísio Teixeira, grande botafoguense e ex-reitor da UFRJ, o luto pareceu atingir nosso time nos primeiros trinta minutos. Nervosos, ansiosos, atabalhoados e sem finalizar, os jogadores do Botafogo pareciam testar a torcida, que, mesmo com a equipe deixando muito a desejar, tem feito um bonito papel de apoio e incentivo.

A mania de recuar a bola para o Jefferson dar chutão prosseguiu e quase complicou nossa vida, enquanto Fábio Ferreira tem sido uma mãe querendo presentear o ataque adversário com suas lambanças. E se hoje não temos contado com a eficiência dos passes de Renato, a cada jogo a lucidez do surinameso Seedorf aponta que ainda agradeceremos muito por sua presença em General Severiano, mesmo que nos momentos de apagão alvinegro pareça que ele tenha caído numa furada. De trivelinha pela esquerda, Seedorf deixou Rafael Marques em plenas condições de marcar, mas este furou; depois, lançou Elkeson, que acertou a trave direita; além de roubar uma bola e passar de letra para Márcio Azevedo. Apesar do antigo ataque mais positivo da competição ficar mais um tempo sem marcar, fomos para o intervalo com o sentimento de que cerca de 350 minutos sem balançar as redes adversárias era absurdo. E venhamos e convenhamos, mais um jogo em que a bola bate na trave... É preciso caprichar um pouco mais nas finalizações, ou um pouco menos, sei lá!

E no segundo tempo, o solitário gol veio lacrimejando. Andrezinho carregou pelo meio, carregou... Enfim, chutou! E com o desvio de Anderson Conceição, a bola foi parar no fundo das redes. Ufa! 1 x 0! A defesa do Fogão ainda fez questão de testar os corações dos torcedores, mas Jefferson e Brinner, que tiveram excelentes atuações, evitaram um vexame diante do lanterninha. Os laterais Lucas e Márcio Azevedo também estiveram muito bem, driblando e apoiando em diversos momentos. Aplaudindo e sendo aplaudido ao ser substituído quase no final da partida, Seedorf se mostra importantíssimo líder dentro e fora de campo: orquestrou a equipe, coordenando jogadas, recuperando bola perdida, driblando; e impondo respeito aos adversários, que até pediam desculpas ao cometer faltas em cima dele. No intervalo, pediu palmas à torcida quando muitos vaiavam Rafael Marques e durante o jogo gritou aos companheiros: “Vamos!”. Se o jogo de Sábado à noite não embalou nem empolgou, aliviou nossos nervos, fazendo valer os três pontos e principalmente a louvável atitude da equipe de ir ao meio do campo agradecer e aplaudir a torcida presente!

Oswaldo de Oliveira resolveu deixar a teimosia de lado e modificar o tal sistema de jogo. Entretanto, pudemos perceber que não basta mudarmos o sistema; é necessário ter peças habilidosas e experientes para o jogo! A torcida não titubeou ao criticar a inexistência de um artilheiro e o mau planejamento da diretoria: “Uh, El Loco!” A diretoria não pode passar a mão na cabeça do novo baladeiro! Quando parecia que agüentaria jogar pelo menos 45 minutos, de uma só tacada Vitor Júnior foi para casa mais cedo (havia festinha marcada para incomodar a vizinhança?) e ficará suspenso durante a viagem para Goiânia no próximo sábado com sua infantil suspensão. Tem que dar esporro, multa e avisar: “veio de graça, mas isso aqui é Botafogo! Se não respeitar a História, que volte para os gambás!” Outro que precisa ser enquadrado – e barrado – é o sr. Fábio Ferreira, que ontem deveria estar chateadinho com o horário do jogo e queria entregar a paçoca, já que não conseguiu ir ao cabeleireiro para ajeitar seu penteado calopsita antes de se entregar à noitada.

A vitória traz alívio e mostra o rumo do clube que não pode perder para ninguém! Chegamos aos 20 pontos e a tônica do momento é não deixar os primeiros colocados deslancharem na classificação. Quarta-feira que vem é dia de iniciarmos nossa ajuda rumo à conquista de mais um título Sul-americano! O Palmeiras já está na Libertadores do ano que vem e a Copa Sul-Americana perde seu principal atrativo para o alviverde paulista. Ficaremos mais de uma semana sem jogo no Engenhão. Então, sábado que vem é dia de ligar a televisão para acompanhar mais um triunfo fora de casa, contra o vice-lanterna. Pra cima deles, Fogão!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

sábado, 28 de julho de 2012

Entrevista concedida ao Fut Blog



Ontem, participei ao vivo como entrevistado do FUT BLOG (episódio 22), apresentado por Yuri Braule e Doug Fagundes. A reprise já está disponível no link acima!

Foi um bate-papo de quase duas horas, falando sobre o livro "Botafogo, uma Paixão Além do Trivial" e suas atividades de lançamento e divulgação pelo Brasil e na Argentina, sobre as recentes atuações do Glorioso Botafogo no Campeonato Brasileiro e sobre diversas temáticas relacionadas ao mundo do futebol, como a defesa da mudança do nome oficial do Engenhão, a relação das torcidas organizadas com o clube, os campeonatos alternativos de Futebol, o absurdo preço dos ingressos etc.

Para quem quiser conhecer mais sobre o Fut Blog:

http://conexaoruim.blogspot.com.br/2012/07/fut-blog-22.html 


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Doe sangue, Botafogo!*


Antes de iniciar o texto revoltadinho de hoje, quero registrar aqui a felicidade em ver o espaço em frente à sede de General Severiano ocupado pelo Movimento Estudantil da UFRJ! O CANECÃO é nosso! O Governo Dilma/PT tenta desgastar o movimento grevista, mas a luta e a greve continuam em defesa da carreira e de condições de trabalho! Assim como quero registrar minhas condolências à família do ex-reitor Aloísio Teixeira, cuja Reitoria ocupamos em 2007 já anunciando o conjunto destes problemas criados por Lula e Haddad que hoje se aprofundam nas Instituições Federais de Ensino Superior. Aloísio foi um grande adversário na política interna da UFRJ: além do respeito mútuo, tínhamos em comum a Estrela Solitária em nossos peitos!        

O efeito Seedorf começara extremamente positivo, com a equipe voltando a vencer e a marcar gols e a defesa se acertando em vez de ser a mais vazada do campeonato. O surinameso começou a treinar, vieram dois empates. O surinameso estreou e vieram duas derrotas em pleno Engenhão. O que é isso, companheiros? Como é possível a equipe deixar de se dedicar em campo, perder o tesão pelos gols e pela vitória e o capitão perder uma bola para um jogador quase na aposentadoria compulsória sentado? Na minha pelada o cara seria expulso na hora!

            Ontem esqueceram de informar ao vice da Colina que era decisão, pois em decisão eles tremem para o Fogão. Mas infelizmente o Botafogo esquece que cada uma das trinta e oito rodadas do Campeonato Brasileiro é uma decisão. E voltou a vacilar e a frustrar a torcida, que tem apoiado incessantemente para manter essa Estrela Solitária brilhando. O início até pareceu promissor, com Elkeson deixando Dedé sentado num drible e o Fogão partindo para cima. Depois de dez minutos, o bacalhau teve várias chances de abrir o placar e fomos salvos pela má pontaria adversária, pelas defesas de Jefferson e pela trave!

Para um time que diz ter a pretensão de brigar pelas primeiras posições, cinco derrotas em doze rodadas é um número alarmante. Já são quatro rodadas sem trazer os três pontos para General Severiano e três jogos sem marcar um golzinho sequer. Não dá pra aceitar a liberação de quatro atacantes sem que tenhamos reposições para o setor. Alô, diretoria! Nas primeiras rodadas, nossa defesa vacilava, mas o ataque compensava balançando mais vezes as redes adversárias. Agora, nossa defesa prossegue generosa, enquanto o ataque não existe! Que escalem o Túlio Maravilha, pelo menos vai saber se posicionar dentro da área para aproveitar as chances que até têm aparecido! Por favor, alguém coloca o Elkeson para cursar o Ensino Fundamental: ele precisa aprender que não há como passar por dentro de um outro ser humano para roubar a bola! Ontem ele esgotou qualquer pingo de paciência! E mais: não me venham com churumelas supersticiosas acerca de falta de sorte, mas tenho convicção de que Alexi Stival faria esse elenco atual voar. Não torço contra o Oswaldo, mas nenhum técnico conseguiu organizar para nosso Fogão jogar tão bonito quanto o Cuca! Nos últimos jogos, Oswaldo de Oliveira foi abduzido e substituído por um Jubiroswaldo qualquer: não tem como um técnico com seu gabarito não ver que esse esquema de 4-6-0-0-0-0 do Botafogo já sucumbiu. Pombas, insistir nos erros é burrice!

Tentando voltar à calma, pela manhã dirigi-me ao Hemorio para participar da campanha ESTRELA SOLIDÁRIA. Consegui ficar chateado ao cubo: depois de seis ou sete doações de sangue, pela primeira vez fui barrado. Não é possível que a ciência tão avançada consiga se rebaixar a critérios da moral religiosa e/ou a uma simples gripe enquanto os bancos de sangue país afora pedem socorro para salvar vidas! Limites de parceiras sexuais durante 365 dias, “mesmo com preservativo”, como me informou a enfermeira, “seguindo os padrões estabelecidos pela ANVISA”. Ora, se constantemente acompanhamos propagandas que incentivam o uso dos preservativos, por que a pessoa que segue as dicas do Ministério da Saúde é proibida de realizar a doação!? Há algo de muito contraditório nisso aí, tal como na proibição de homossexuais realizarem a doação. Enfim, infelizmente alguém vai deixar de, nesse momento, receber o sangue de um atleta-peladeiro, sem álcool nem nicotina. Por enquanto, pois em breve comparecerei para doar.

Bacana registrar as congratulações à torcida que organizou o evento e compareceu, assim como ao apoio do clube na divulgação. Agora, é bom que, além do Lucas e do Márcio Azevedo, que compareceram ao Hemorio para fazer a doação, o time todo se contagie com o clima e possa doar sangue e suor em campo! Urge que voltemos a vencer. E sábado estaremos lá, em menor público, obviamente, no Engenhão, para impulsionar o Glorioso de volta ao caminho das vitórias! Pra cima deles, Fogão!


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Furtaram a cereja do bolo*


Talvez devido ao recesso, talvez devido à ansiedade por uma das estreias mais cobiçadas dos últimos tempos, talvez até mesmo por conta de estar junto a dezenas de milhares de corajosos e corajosas que se despencam de várias partes do Rio de Janeiro ou de fora de nosso Estado para torcer pelo clube de General Severiano, nunca senti passar tão devagar o tempo entre um jogo de quarta-feira e um de Domingo pelo Campeonato Brasileiro. E na Cidade Maravilhosa o Domingo nasceu formidável, daqueles em que as nuves aparecem apenas para fornecer o contraste em azul e branco com o céu, daqueles em que o Sol nos contempla sua aparição e seu calor em pleno inverno, daqueles em que certos tricolores – que só possuem o por do Sol para vislumbrar às margens do Rio Guaíba – invadem nossas belas praias e demais cartões postais. Escolhendo uma trilha no Morro da Urca como aquecimento para o jogo da noite, a cada botafoguense que passava pelas ruas, era notória a auto-estima por vestir esta camisa Gloriosa.

            Infelizmente, nem tudo foi perfeito. Volto a registrar o quanto é complicada essa avalanche de holofotes sobre o brilho da Estrela Solitária. Nós temos brilho próprio, incandescente, deslumbrante, que se sobressai sem querer humilhar ninguém. E foi justamente nesta escolha de nossa solitária constelação que acabamos ofuscados pelos tricolores gaúchos, que furtaram a cereja de nosso bolo e nós só pudemos perceber ao final dos noventa minutos.

Numa boa, não podemos levar gol daquele bonde do Marcelo Moreno! Não conseguiu dominar uma bola o jogo inteiro, mas acertou a finalização em cheio para o fundo das redes de Jefferson. Apesar do (novo) vacilo de nosso sistema defensivo, não preciso nem dizer que sua trombada fora falta, ignorada pela arbitragem, assim como um pênalti cometido pelo Gilberto Silva em cima do Elkeson. E não é que Fellype Gabriel mais uma vez acertou o travessão!? E o Leo Gago salvou em cima da linha o que seria nosso gol de pelo menos empate. Enfim, o segundo tempo foi digno de aplausos pela dedicação, mas são necessárias as críticas pelo afobamento, por equívocos táticos e pela morosidade em alguns momentos, principalmente no primeiro tempo.

            A vitória foi injusta? Obviamente. Era possível revertermos? Mais óbvio ainda. O que faltou para isso? É aí que entram os papeis da comissão técnica e da organização da equipe. Quando o Botafogo mais pressionou? Quando tinha pelo menos dois atacantes em campo! Não dá mais para nos resignarmos com esse esquema 4-6-0, Oswaldo! O único atacante em campo voltando para ajudar a marcar na defesa e buscar jogo!? Já chega! Andrézinho tem sido o melhor em campo nessa transição da defesa para o ataque, enquanto Vitor Junior caiu demasiadamente de produção e o Fellype Gabriel ainda está buscando ritmo de jogo. É preciso reconhecer: erraste na escalação inicial, treinador! Foi acertada a estreia do Seedorf por conta do bom momento vivido pelo marketing e pela euforia da torcida. Nosso surinameso estreou discretamente, mas seus bons passes e sua visão de jogo apontam que melhorias virão. Jefferson fechou o gol no primeiro tempo; Márcio Azevedo não estava numa boa noite; Elkeson continua atabalhoado; e o Rafael Marques entrou melhor ontem.

            Para não dizer que não falei da festa... A festa foi bem menos espalhafatosa que a apresentação. Será que faltou glamour? Não houve fogos, não houve chuva de papel, mas houve um estádio com a presença de mais de 34.000 pessoas, que cantaram, aplaudiram, vibraram e incentivaram. Oswaldo agora precisa morder a língua. O tal fator campo estava lá e o time não correspondeu com os três pontos. Nos minutos finais, a torcida impulsionava os avanços do time e entoava o Hino do nosso Botafogo. O árbitro soou o apito final e a galera ecoou que ninguém cala o nosso amor, mesmo com a amarga derrota. Faltou humildade ao treinador para não debochar no início do jogo ao afirmar que “era a primeira vez que via (o estádio cheio) assim”. Seriam tarefas uma retratação pelas infelizes declarações anteriores e um agradecimento público à presença e ao incentivo daqueles e daquelas que pagaram exagerados e absurdos R$60 para ver seu time dentro de um estádio construído com recursos públicos que ontem não oferecera sequer água para lavarmos as mãos no banheiro!

            Antes do jogo, estive com a Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras recolhendo assinaturas para o abaixo-assinado em defesa da mudança do nome de nosso Estádio. Queremos no telão: SUDERJ informa: sai o tricolor, elitista e corrupto João Havelange, entra o botafoguense, comunista e sacado do comando da Seleção Brasileira pela Ditadura Militar João Saldanha! Complementando as ações da semana rumo à construção de uma nova sociedade, é tempo de convocar a torcida alvinegra para quinta-feira que vem lotarmos o HEMORIO para doarmos sangue. De 9h às 17h do dia 26 de julho, o evento ESTRELA SOLIDÁRIA acontecerá. Já doei umas seis ou sete vezes e marcarei presença desta vez. Pessoal, doar sangue não dói, salva vidas e ainda se ganha um lanchinho gostoso ao final! ;)

            Para doar, bebam Toddynho ao invés de se esbaldar nas bebidas alcoólicas na noite anterior, pois quarta é dia de voltarmos ao Saldanhão com nossa Estrela no peito para cantar e apoiar o Fogão. É clássico, é jogo de disputa na parte de cima da tabela. É só falarmos que é decisão, que os bacalhaus tremem diante do espectro do Manequinho! Pra cima deles, Fogão!

Mais informações sobre a doação de sangue na próxima quinta-feira: http://www.bfr.com.br/oclube/noticias/clube+convoca+torcida+para+mutirao+de+doacao+de+sangue+no+hemorio.asp

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O time foi presunçoso*



            Envolvido com as finais da Taça Libertadores da América no ano passado, o Santos solicitou e a CBF acatou o pedido de adiamento do confronto. Quando chegou a data do jogo, tivemos que ir à Vila Belmiro desfalcados de Jefferson (então na Seleção) e Renato, com sua primeira e única suspensão na carreira. Acabamos levando por 2 x 0 nesse clássico entre dois dos principais clubes da História do Futebol Brasileiro, que formaram e ofereceram protagonistas para as Seleções em diversas Copas do Mundo.

            Com a sala vazia do curso de inglês, a professora não entrou na onda de liberar mais cedo, forçando-me a perder os primeiros 11 minutos de jogo. Quando cheguei ao quarto para ligar a televisão, parece que o único lance perdido foi a infeliz contusão do Edu Dracena, aumentando o rol de desfalques da equipe santista – sem Neymar, Ganso e Rafael, que estão com a Seleção Olímpica. Ou seja, mesmo fora de casa, um jogo típico para nosso Glorioso garantir mais um triunfo em terras alheias ao Rio de Janeiro.

            Com um primeiro tempo arrebatador – excetuando-se os últimos 5 minutos durante os quais o Santos forneceu algum perigo – o Fogão criou várias oportunidades, trocou bons passes e aproveitou as avenidas fornecidas pela marcação desguarnecida do adversário. Todavia, o goleiro santista, que não é espetacular, mas é o Aranha, conseguiu defender nossas tentativas. E quando não teve elasticidade suficiente, lá estava o travessão para evitar um golaço num chute do meio da rua de Fellype Gabriel, que alcançou a velocidade de quase 120 km/h. O segundo tempo foi tão frio quanto a atual temperatura nestes dias chatos de inverno. Muricy Ramalho acertou a marcação de seu time e segurou as investidas do Fogão, cujo melhor ataque do Brasileirão pela primeira vez passou em branco. Em compensação, nossa defesa garantiu o segundo jogo sem ter suas redes balançadas. Melhor em campo no saldo geral da partida e com um pênalti em cima do Antonio Carlos ignorado, a vitória era bastante plausível. Em minha humilde opinião, a equipe considerou que o jogo estava fácil e foi presunçosa; com um pouco mais de dedicação, sairíamos da Vila Belmiro com os três pontos.

            Oswaldo tem acertado bem a equipe, mas na quarta demorou para fazer pelo menos uma substituição. Quando preciso, Jefferson fechou o gol com suas excelentes defesas. A dupla de zaga evoluiu, tendo levado apenas dois gols nos últimos quatro jogos. Lucas está bem e Márcio Azevedo, aprimorando ainda mais a marcação e tendo mais eficiência nos cruzamentos, sei não, mas está pintando a amarelinha! Renato voltou a jogar muito bem e, nos últimos três jogos, apresentou um repertório excelente de balões, chapéus e lençois. Lucas Zen tem sido peça importante, que ainda peca na marcação, mas atualmente é o melhor para a posição. Vitor Junior foi um que caiu muito de produção e seu gás tem feito falta nos contra-ataques fulminantes. Fellype Gabriel aos poucos retoma o bom futebol e com sequência de jogos pode ganhar a vaga. Andrezinho deixou de ser chinelinho para jogar quase sempre os 90 minutos e impulsionar a equipe no ataque. Para a estreia, foi razoável a atuação de Rafael Marques, que deixou de dominar algumas bolas que poderiam ter gerado perigo ao gol adversário; hoje, Elkeson é o centro-avante preferido! Melhora logo, Elkeson! E, Cidinho, chuta, carambola!!!

            Meu cartão de sócio-torcedor, desde maio, já está na mão. É importantíssimo que a galera se associe em peso a algum dos planos, pois vale a pena financeiramente; assim como é importantíssimo que ocorra uma mudança de postura no clube, permitindo poder de decisão aos sócio-torcedores para definirmos os rumos da Estrela Solitária! Até concordo que devemos incentivar a adesão dos torcedores aos planos. Contudo, isso não vem por meio do absurdo preço de R$60,00 no ingresso! Lembrando que o futuro Estádio Olímpico João Saldanha ou Nilton Santos foi construído com muitos recursos públicos...

            A estréia de Seedorf está confirmada para Domingo. Vamos lotar o Engenhão, pessoal! E que me desculpem os tricolores gaúchos, podem até comer um pedaço do bolo, mas Domingo a festa e os três pontos são nossos! Pra cima deles, Glorioso!

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985