sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Turma 3001 do CEPURB na Trilha da Urca

Depois de dois meses de perturbação e insistência, conseguimos viabilizar o transporte para a atividade de Educação Física da turma 3001 do C. E. Professor Ubiratan Reis Barbosa, que ocorreu nesta quinta-feira, 17 de dezembro, na Trilha da Urca, no Rio de Janeiro. Dez alunos e a Professora Daisy participaram.


A Trilha da Urca faz parte da Mata Atlântica conservada na Zona Sul da cidade carioca. Seu acesso ocorre pela Pista Claudio Coutinho e sua duração de aproximadamente 40 minutos em ritmo lento leva até os 220 metros de altitude do Morro da Urca, de onde podemos visualizar belas paisagens, como a Enseada de Botafogo, o Aterro do Flamengo, a Praia Vermelha, a Ponte Rio-Niterói, o Morro do Pão de Açúcar, dentre outras. Podemos encontrar diferentes espécies da flaura e da fauna, respirar um ar purificado e vivenciar uma agradável caminhada nesse interessante ponto geográfico. Importante dica é que após às 19h, pode-se descer gratuitamente por meio do teleférico (Bondinho)!







Mesmo exaustos(as) e desgastados(as), essa atividade pedagógica foi bastante prazerosa e valeu a manhã de quinta-feira, que terminou com cachorro-quente e água de coco antes de voltarmos para Nilópolis. Uma pena não termos contado com todos(as) os(as) alunos(as) da turma, mas outras oportunidades virão. E certamente finalizamos o ano letivo com chave de ouro depois desses 6 meses de convivência. Boa sorte na continuidade dos estudos para a turma que em breve finaliza o Ensino Médio e ruma para novas etapas da vida! Que floresçam as chamas de indignação perante as injustiças e estejam sempre vivos e ativos em suas mentes, corações, transitando pelo sangue o poder da transformação!





Compartilho abaixo o Pré-Projeto enviado para a Direção do Colégio.


Colégio Estadual Professor Ubiratan Reis Barbosa
Nilópolis, 12 de novembro de 2009
Educação Física. Professor Gabriel Marques
Pré-Projeto para atividade externa. Turma 3001


Os estudantes da turma 3001 têm trabalhado a temática Corpo e Sociedade na disciplina Educação Física desde o mês de julho. Diversos assuntos e práticas corporais têm sido desenvolvidos ao longo de nossas aulas. Consideramos que o processo de ensino-aprendizagem pode ser assegurado não apenas em qualquer espaço da instituição educacional, como também podemos transportar seus sujeitos para outras localidades, em atividades externas que coadunem com a proposta político-pedagógica. Além disso, alguns dos alunos estão às vésperas de terminar o Ensino Médio e participarão de processos avaliativos como o Exame Nacional do Ensino Médio e concursos de seleção para o Ensino Superior em instituições públicas e particulares, sendo pertinente que desenvolvam e assimilem aspectos históricos, culturais, políticos e sociais para sua formação, integrando os conhecimentos de maneira interdisciplinar.

A partir dessa caracterização, vimos por meio deste pré-projeto solicitar à Direção do Colégio a disponibilização de recursos financeiros e materiais(1) que viabilizem a ida e o retorno ao bairro da Urca, por meio de transporte coletivo (ônibus ou vans), de aproximadamente vinte e cinco estudantes da turma 3.001 e pelo menos três profissionais da Educação(2). Temos como propósito oportunizar a vivência de uma caminhada ao Morro da Urca, iniciada com uma sessão de alongamento e aquecimento na Praia Vermelha. O acesso à trilha se dá pela pista Cláudio Coutinho e a chegada aos 220 metros de altitude do Morro dura cerca de 30 a 40 minutos. Acreditamos que a atividade externa propiciará o desenvolvimento de conhecimentos interdisciplinares, haja vista que:

 Estaremos em uma importante região da Mata Atlântica, conservada na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde podem ser integradas questões de Biologia, Geografia, Geologia, Botânica, História etc.;

 O deslocamento do bondinho entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca e entre o Morro da Urca e o Morro do Pão de Açúcar materializa conhecimentos de Física e Matemática, como roldanas, deslocamento, movimento etc.

 A região atrai diversos turistas de variadas regiões do planeta, onde podem ser utilizadas línguas estrangeiras, como espanhol e inglês;

 As fotografias a partir da vista panorâmica podem gerar discussões artísticas;

 O alongamento, a caminhada, a preservação da natureza, o contato do corpo com a natureza, a importância de estar bem alimentado e de ingerir líquidos, a utilização de filtro solar, dentre outras questões, farão parte de nossa manhã.

Nossa intenção é realizar a atividade externa numa quinta-feira (26 de novembro; 3 ou 10 de dezembro).

Nossa proposta de cronograma é dividida em:

 Ponto de encontro: 6:50, na porta do CEPURB
 Saída do ônibus: no máximo às 7:30
 Desembarque na Praia Vermelha: por volta de 8:20
 Orientações gerais, alongamento e aquecimento: 8:30 às 8:50
 Caminhada pela Pista Cláudio Coutinho: 8:50 às 9h
 Subida até o Morro da Urca: 9h às 9:40
 Lanche coletivo(3) e observação panorâmica da cidade do Rio de Janeiro: 9:40 às 10:30
 Descida e caminhada até o local de estacionamento do ônibus: 10:30 às 11:20
 Previsão de retorno para o CEPURB: 12:10

Por fim, seria interessante que fôssemos até o Morro do Pão de Açúcar, atividade gratuita para instituições públicas de ensino. Porém, a reserva precisa ser realizada no início do ano e para 2009 não há mais vagas(4). É nosso anseio organizar para garantir com maior qualidade essa atividade em 2010. Solicitamos, encarecidamente, à Direção, que viabilize as condições para que possamos materializar esse projeto inicial.

Atenciosamente,

Professor Gabriel Marques.


(1) Os recursos necessários serão destinados ao aluguel do transporte coletivo e pagamento de dois bilhetes para subida e descida ao Morro da Urca, visto que uma das alunas da turma se encontra impossibilitada de realizar a caminhada e será necessário o acompanhamento da mesma por um profissional do Colégio.


(2) Já foi mencionada com alguns professores do Colégio a possibilidade de realizarmos essa atividade ainda no ano de 2009.

(3) O lanche será levado pelos próprios estudantes para realizarmos um piquenique coletivo e garantirmos as condições para não sujar o ambiente.


(4) Estive pessoalmente na administração responsável pelo Bondinho para estudar as possibilidades de nossa atividade.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Cartinha de final de ano para alunos

Carta de final de ano distribuída para meus alunos do C. E. Professor Ubiratan Reis Barbosa:

“Cresçam como bons revolucionários. Estudem bastante para dominar as técnicas que permitem dominar a natureza. Sobretudo, sejam sempre capazes de sentir profundamente quaisquer injustiças praticadas contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Essa é a qualidade mais linda de um revolucionário.”


Essas palavras fazem parte da carta de Ernesto Che Guevara a seus filhos. Nesse segundo semestre de 2009, tive a oportunidade de estar com vocês no CEPURB e gostaria de registrar que aprendi e cresci bastante, com as aulas, conversas mas também com os conflitos! Agradeço pelo retorno nas avaliações, que no seu conjunto aprovaram o trabalho desenvolvido nas aulas de Educação Física, onde certamente pudemos refletir, criticar e questionar.

Vivemos em uma sociedade cruel, desigual e opressora, que apresenta como conseqüências a fome, a miséria e o desemprego. Mas não podemos aceitar que esse quadro é natural. Podemos e devemos nos organizar coletivamente para transformar efetivamente. Por isso, não aceitem ordens a vida inteira. Analisem, discutam, critiquem e questionem. Cresçam para combatermos as injustiças!


Que venha 2010! Boas férias!

Prof. Gabriel

Monografia defendida e aprovada

Na última sexta-feira, 11 de dezembro de 2009, ocorreu a defesa de minha monografia de conclusão do curso de especialização em Educação Física Escolar (CESPEB-UFRJ), com o título História e Historiografia da Educação do Corpo e do Ensino de Educação Física, na Faculdade de Educação da UFRJ. Foi um excelente preparativo para a defesa da dissertação de Mestrado, que almejo que ocorra no próximo ano. A monografia foi aprovada pela banca, com nota 10. Agora é só entregar a versão final e referendar o título de Especialista em Educação Física Escolar pela UFRJ. Agradeço às mensagens de apoio e aos que puderam participar presencialmente. Em breve disponibilizarei por aqui o link para download da versão completa do trabalho.














sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Defesa de Monografia na próxima sexta

CONVITE PARA DEFESA DE MINHA MONOGRAFIA

Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Curso de Especialização Saberes e Práticas da Educação Básica
Educação Física Escolar

Título
História e Historiografia da Educação do Corpo e do Ensino de Educação Física

Autor
Professor Gabriel Rodrigues Daumas Marques

Orientador
Prof. Dr. Marcos Antônio Carneiro da Silva

Banca
Prof. Dr. Marcos Antônio Carneiro da Silva (FE-UFRJ)
Prof.ª Dr.ª Irma Rizzini (FE-UFRJ)
Prof. Dr. José Jairo Vieira (FE-UFRJ)

Data, Horário e Local
Sexta-feira, 11/12/2009, às 17h, na Sala de Vídeo
(2º andar da Faculdade de Educação da UFRJ, campus Praia Vermelha)

Resumo
O trabalho discorre sobre a produção teórica acerca da história da Educação Física, cujo ingresso e consolidação nos programas escolares é marcado por influências diversas, como o militarismo, o higienismo e/ou o desportivismo. A partir da busca das expressões Educação do Corpo, Educação Physica, Gymnastica, História da Educação Física Escolar e História da Educação Física, foram encontradas, por meio do Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, 25 teses e 90 dissertações produzidas em Programas de Pós-Graduação de diferentes áreas e localidades do país entre os anos de 1994 e 2008. Referenciado teoricamente pelas contribuições do campo da História da Educação, nosso objetivo é investigar, por meio dos resumos, o universo dessa produção histórica e historiográfica, analisando mais detalhadamente os trabalhos pautados na Educação do Corpo e/ou no ensino de Educação Physica ou Gymnastica em instituições educacionais e/ou legislações de ensino, durante o período republicano no Brasil. Após essa significativa revisão de literatura, somada à articulação da obra de importantes autores do campo, percebemos que há muito que avançar na pesquisa sobre a história disciplinar da Educação Física.

Dedicatória

A meus avós Moacyr, Teresa e Dulce
A meus pais Mario e Talita
Á companheira Vanessa, a minha irmã Priscilla e todos os demais familiares
Que, ao longo desses 24 anos, contribuíram para minha formação
E estiveram presentes nas conquistas pessoais, acadêmicas, profissionais e políticas


Aos companheiros e companheiras de militância,
Principalmente do Coletivo Marxista e do Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa,
Que combativamente direcionam suas forças e suas vidas
Para possibilitar a efetiva transformação da sociedade em que vivemos


Guiado por grandes sentimentos de amor, dedico.


Agradecimentos

A conclusão desse curso de especialização, ao final de 2009, certamente significa uma importante vitória e superação acadêmica, política e profissional.

Para ingressar no Curso de Especialização Saberes e Práticas da Educação Básica, o requisito era atuar na rede pública de ensino, uma coerente opção política da coordenação. Durante o processo seletivo, em 2008, atuava como professor contratado ao Setor Curricular de Educação Física do Colégio de Aplicação da UFRJ, instituição organizadora do curso conjuntamente com a Faculdade de Educação da UFRJ. A aula inaugural do CESPEB, em 3 de setembro de 2008, paradoxalmente acontece num dos dias em que mais sofri nesses 24 anos de vida. Entre 12 e 13h daquele dia, ocorrera a reunião do Setor de Educação Física do CAp, na qual fui cobrado e questionado por cinco professores – efetivos do colégio – pelo fato de minha assinatura eletrônica conter referência a meu cargo como Professor Ed. Física do CAp-UFRJ e ter sido veiculada por meio de listas eletrônicas após profundas críticas e posicionamentos contra o Plano Diretor da UFRJ, projeto que materializava o REUNI e o sucatemanto da Educação Superior promovido pelo Governo Lula/PT e implementado pela Reitoria de Aloísio Teixeira. A situação de constrangimento e pressão política sofrida impulsionou horas de choro e caminhada, solitariamente, pelas ruas da Lagoa e do Jardim Botânico, antes de me dirigir para a aula inaugural, no campus da Praia Vermelha.

No dia 4 de novembro, a prática arbitrária de coerção e retaliação foi confirmada. Apesar do desenvolvimento de uma excelente relação profissional com professores de outras áreas, funcionários, alunos, pais e responsáveis, licenciandos e professores da Prática de Ensino; da apresentação e implementação de um trabalho crítico e criativo como eixo norteador do Planejamento Pedagógico; da assiduidade e pontualidade e da participação ativa no cotidiano do Colégio – reuniões, conselhos de classe, Olimpíadas CApianas, Semana de Arte, Ciência e Cultura etc., depois de mais de 1 mês da decisão ter sido tomada, fui informado pelo Chefe do Setor que meu contrato não seria renovado para 2009, em virtude, segundo ele, de não me encaixar no perfil docente que o Setor desejava, decisão unânime dentre os professores do mesmo. Nenhum motivo ou argumento político, administrativo, pedagógico foi apresentado. As batalhas travadas política e institucionalmente nas semanas seguintes me desgastaram e desanimaram em diversas oportunidades, chegando a mencionar a possibilidade de me desligar do CESPEB, após ser classificado como péssimo profissional, nazista e moleque pela Direção do Colégio. No ano em que o CAp-UFRJ comemorava seus 60 anos de existência, tais atitudes destoam de sua referência para a Educação Pública e tentam desqualificar um professor recém-formado e com bastante disposição, energia, esperança e vigor.

O quadro acima demonstrou que, apesar de atuar na militância política desde 2000, o quanto é duro e difícil lidar com uma situação de perseguição política. Entretanto, após o resumido resgate dessa história, urge que agradeça o total, irrestrito, combativo e confortante apoio protagonizado por meus familiares e meus e minhas camaradas de militância, que posso considerar como duas grandes famílias. O presente trabalho é dedicado a eles e a elas justamente porque foi a partir de seu apoio que juntei forças para superar as noites mal dormidas e as lágrimas que escorriam ao recordar os embates diários. Ficam registrados meus agradecimentos a essas famílias, que se preocupam, discutem, orientam, mas principalmente se situam sempre ao meu lado, fornecendo os alicerces materiais, emocionais e políticos, que tanto contribuíram para minha formação humana.

Agradeço também:

Aos meus ex-alunos do Colégio de Aplicação da UFRJ, das turmas 13B, 14A, 14B, 15A e 15B, com quem convivi e aprendi demasiadamente durante o meu primeiro ano (2008) lecionando como professor de Educação Física.

Aos Licenciandos em Educação Física da UFRJ, que realizaram suas Práticas de Ensino Supervisionado nas tardes ensolaradas de terças e quintas no CAp-UFRJ, inovando e aprimorando nossas aulas.

Aos companheiros e companheiras de diversas gestões do Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ, que, desde 2003, fazem parte de meu ciclo de amizades, desenvolvendo relações sólidas de confiança, companheirismo e combatividade em defesa da Educação Pública e da transformação da sociedade, especialmente Cláudio, Brunão, Bruno G., Bruno Rodolfo, Bruninho, Murilo, Cinthia, Ian, Marcello, Luiz Carlos, Daniel, Vivian, Thiago, Gustavo e Elielsom. A Vera, Leila e Carlos, pela imensa contribuição e consolidação de meus conhecimentos marxistas. A Leonardo, Adolpho, Ludmila, Vinícius, Paulo Tiago, valorosos(as) companheiros(as).

Aos(às) signatários(as) da moção de repúdio à perseguição política no CAp-UFRJ, defendendo a renovação de meu contrato. A Ricardo Kubrusly, José Simões, Cinda, Ronaldo, Janete, José Henrique, Cleusa, Regina, Lucia, Leandro, Kátia, Eduardo, Dianne, docentes da UFRJ, pelo apoio político. A Themis, Adriana, Roberto, Luis Sergio, Jonas, Hajime, André, Waldyr, combativos(as) professores(as) de Educação Física, pelo apoio político.

Ao orientador da monografia e coordenador do curso de Educação Física Escolar Marcos Antônio Carneiro Silva e à coordenadora geral Maria Luíza Rocha, docentes sempre presentes e em quem podemos perceber o envolvimento para garantir a qualidade do curso bem como a sua continuidade pública e gratuita. Aos demais professores do curso, pelas aulas e discussões, em especial às Professoras Regina Celi e Lilia Pougy.

Aos demais componentes da Banca Examinadora, professores José Jairo Vieira e Irma Rizzini.

Aos colegas de turma, pelas animadas e envolventes aulas das noites de segundas e quartas e manhãs e tardes de sábados.

domingo, 29 de novembro de 2009

Socializem as mangas!

Socializem as Mangas!*

“Devolva, isso não é seu!”


“Se você mexer nas coisas dos outros, vai ficar de castigo!”

Frases como essas compõem o cotidiano de diversas crianças, mundo afora. A ordem supostamente natural preserva, conserva e perpetua as relações sociais entre os seres humanos. Pais responsáveis, portanto, devem ensinar seus filhos o essencial, primordial e principal respeito: a propriedade privada!

Diego Gomes Martins (9 anos) e Daniel Diego (10 anos), crianças do Parque do Sabiá, em Piracicaba-SP, certamente escutaram frases semelhantes. Todavia, nossas infâncias parecem se identificar com rebeldias e experimentações. Lampejos de questionamentos por meio de nãos ou fazeres escondidos dos adultos. Ah, como os adultos, maduros, experientes, vividos, precisam desses lampejos... Talvez a sorte dessas crianças tivesse outro destino.

Nessa Primavera, flores e frutas nos brindam com coloridos, aromas e sabores. No quintal do vizinho de Diego e Daniel, há uma mangueira. Mangas docinhas que deveriam ser saboreadas por todos. Mangas que em outros períodos de nosso passado colonial, escravocrata, formariam uma combinação letal para quem comesse e tomasse leite, ludibriando os escravos para que se contentassem com as frutas.

Mas no quintal do vizinho também há Enclosures mangos. Cercas de arame foram colocadas para proteger as mangueiras. Protegê-las não de formigas, mosquitos ou morcegos; mas de parasitas com tele-encéfalo altamente desenvolvido e polegares opositores: os seres humanos! Mais particularmente aqueles que ainda não assimilaram que, por existir uma cerca ao redor, aquela mangueira não lhes pertence. Como se não bastasse tal cerceamento para impedir brincadeiras e travessuras sem que fosse um Dia das Bruxas, a cerca fora clandestinamente ligada ao fio do poste, tornando-se eletrocutável.

Diego e Daniel, que desrespeitaram os ditames da propriedade privada, foram punidos. Com apenas 9 anos, Diego deu adeus ao mundo que mal pôde entender, sem levar sequer uma manga. Seu amigo Daniel foi internado em Unidade de Tratamento Intensivo. Felizmente já está liberado, mas certamente lamenta a ausência do companheiro de traquinices e também ficou sem mangas.

Nossos corações choram a perda de crianças como Diego e tantas outras tão vítimas da barbárie que nos assola com balas perdidas, prostituição, trabalho infantil ou arrastões pelo asfalto. Até onde vai o limite da propriedade? Até quando acompanharemos a destruição, a exploração e a opressão de seres humanos por outros mesmos seres humanos? Não basta chorarmos! Lutemos para que as mangas sejam socializadas!


* Gabriel Rodrigues Daumas Marques

Mais informações:


Feijoada - 172 anos do Colégio Pedro II

No Sábado, 12 de dezembro de 2009, ocorrerá na Unidade São Cristóvão do Colégio Pedro II mais uma edição da tradicional Feijoada, comemorando os 172 anos da instituição a partir das 13h. Tive a oportunidade de comparecer em 2007 e 2008 e é bastante interessante acompanhar diversas gerações de ex-alunos entoando o Hino dos Ex-Alunos e a Tabuada!

Espero rever diversos dos amigos com quem compartilhei bons momentos entre 1996 e 2002 na Unidade Engenho Novo II e entre 2001 e 2002 na Unidade Tijuca II. Minha relação com o Colégio é forte desde 1995, quando decidi que estudaria muito para passar no concurso de seleção. Objetivo alcançado e 5ª série iniciada em 1996.

Lá iniciei minha militância no Movimento Estudantil, fazendo parte do Grêmio Estudantil entre 2000 e 2002, Comando de Greve de 2001, representante de turma por diversas vezes; participei de minha primeira passeata - em defesa do Passe Livre; aprofundei o desejo pela leitura e pela escrita, publicando redações e vencendo um concurso de crônicas; mas principalmente me inspirei e fui influenciado para escolher ser Professor.

Depois de sete anos cursando o segundo ciclo do Ensino Fundamental e o Ensino Médio, além do curso técnico em Processamento de Dados, voltei em 2007 para concluir a Prática de Ensino em Educação Física - na mesma Unidade Engenho Novo II - e atualmente a história do Colégio é objeto de minha dissertação de Mestrado.

Para finalizar, transcrevo as palavras de Nelson Rodrigues, da edição de 29 de setembro de 1963 do Diário Carioca:

"1- Amigos, a manchete é um dos vícios fatais da nossa época. Se um jornal anunciar o fim do mundo em uma coluna, ninguém vai se assustar. Pelo seguinte: - porque o homem só sabe vibrar em oito colunas. E a catástrofe que não venha no alto da página, aberta de fora a fora, perde todo o impacto. É a obsessão da manchete.


2- E, no entanto, vejam vocês: - a poesia do jornal está, por vezes. Na notícia miúda, no registro pequeno, em tipo liliputiano. Ainda ontem, por exemplo, eu li um simples texto-legenda que é uma preciosidade. Imaginem vocês que o Pedro II ganhou os Jogos da Primavera, a maior olimpíada do mundo! Claro que houve, lá no velho e eterno Colégio, uma euforia brutal.



3- E o Pedro II resolveu trazer para a rua sua alegria fabulosa. Houve passeata, escarcéu, correrias, o diabo. Amigos, o brasileiro servil teve a reputação de povo triste. E, de fato, o sujeito não dá um passo, aqui, sem esbarrar numa melancolia, sem tropeçar numa depressão. Nas esquinas, nos botecos, há sempre um brasileiro pingando hipocondria. Lembro-me de um turista que perguntava intrigadíssimo: - ‘Quem é que morreu?



4- De fato, temos por vezes o ar de quem chora um imaginário defunto. Mas se este povo é triste, há uma imensa, jocunda, deslumbrante exceção: - o aluno do PedroII. Tenho um amigo meu que vive rosnando: - Nesta terra, até as cadeiras são neuróticas.

- Ao que eu responderia: - Menos as cadeiras do Pedro II -. Porque, lá, os móveis também são coniventes no humor dos alunos.



5- Uma das mágoas que eu tenho na vida é a de não Ter sido, na minha infância ou juventude, aluno do Pedro II. Andei por colégios mais lúgubres do que a casa do Agra. Mas há, em mim, até hoje, a nostalgia de não Ter estudado ou fingido que estudava lá. A rigor, não são os professores que me interessam no Pedro II. Nem os seus problemas de ensino. O que me deslumbra no aluno do Pedro II não é o estudante, mas o tipo humano. Ele deve ser um mau aluno (tomara que seja), mas que natureza cálida, que apetite vital, que ferocidade dionisíaca.



6 – Olhem para as nossas ruas. Em cada canto, há alguém conspirando contra a vida. Não o aluno do Pedro II. Há quem diga, e eu concordo, que ele é a única sanidade mental do Brasil. E, realmente, não há por lá os soturnos, os merencórios, os augustos dos anjos. Os outros brasileiros deveriam aprender a rir com os alunos do Pedro II.



7- Volto ao texto-legenda. Em poucas linhas está descrita a comemoração da vitória. E não se lê, no jornal, uma palavra de simpatia, e pelo contrário: - é evidente a irritação. Quem redigiu a nota está indignado com a euforia total dos estudantes. Mas reparem como o jornal hipocondríaco está sendo bem brasileiro. De fato, nós somos uns ressentidos contra a alegria, e repito: - a alegria ofende e humilha os impotentes do sentimento.



8- Por fim, o colega chama os meninos de ‘pequenos vândalos’. Não se pode desejar uma incompreensão mais nostálgica. Por que ‘vândalos’? Porque andaram quebrando umas cadeiras e, sobretudo, porque andaram chupando chica-bom sem pagar. Vamos admitir, risonhamente, que é lamentável. Mas nunca houve um 7 de setembro, ou um 14 de junho, sem atropelos inevitáveis. Os apertões cívicos derrubam senhoras, asfixiam menores. E nas procissões há quem bata carteira, ou atropele, ou desmaie. Vamos concluir que os patriotas e os devotos são vândalos?



9- Numa terra de deprimidos, o alegre devia ser carregado na bandeja como um leitão assado. E devíamos subvencionar o Pedro II para inundar a cidade, diariamente, com a sua alegria total, ululante. E vamos arrancar a máscara de nossa hipocrisia. Pois, no fundo, invejamos amargamente a garotada que lambeu de graça tanto chica-bom.”

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

I Jornada CESPEB - UFRJ

Nos próximos dias 24 a 26 de novembro, ocorrerá a I Jornada do Curso de Especialização Saberes e Práticas da Educação Básica, que congrega cursos de Educação Física Escolar, Ensino de História, Alfabetização e Leitura, Políticas Públicas, e Jovens e Adultos (por enquanto), reunindo entre o corpo discente professores e professoras da rede pública de ensino. A pós-graduação lato sensu funciona na Faculdade de Educação e no Colégio de Aplicação, Unidades do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ e é pública, gratuita e de qualidade.

Os(as) interessados(as) em participar como ouvintes devem preencher a ficha de inscrição abaixo e enviá-la para cespeb.alunos2008@yahoo.com.br ou cespeb@cfch.ufrj.br. A inscrição é gratuita e os(as) ouvintes receberão certificado de participação. O edital para seleção de alunos para 2010 já está disponível no seguinte endereço: http://movimentoquemvemcomtudonaocansa.blogspot.com/2009/11/edital-de-selecao-de-alunos-para-o.html (inscrições até 18 de dezembro).

Muitos de nós, estudantes do CESPEB, apresentaremos nossas monografias durante a Jornada e contamos com a participação e contribuição com perguntas, críticas e sugestões nas noites de quarta e quinta. Na terça, teremos a Conferência de Abertura. A programação final também segue abaixo.


Formulário de Inscrição - participante externo


Nome completo:

CPF:

RG:

Endereço Eletrônico (e-mail):

Telefone:

Celular:

Endereço (rua, número e complemento):

Bairro:

CEP:

Cidade:

UF:

Instituição em que trabalha/estuda:

Município:

Cidade:

Bairro:

Categoria:
Estudantes de graduação ( )
Estudantes de pós-graduação ( )
Professores de ensino básico ( )
Professores de ensino superior ( )


1ª Jornada CESPEB - Programação



Universidade & Escola:
diálogo entre saberes na formação continuada


Dia 24 de novembro de 2009
18:00h – Coquetel de Abertura
19:00h às 21:00h
Conferência - Profª Alice Ribeiro Casimiro Lopes – sala Anísio Teixeira

Dias 25 e 26 de novembro de 2009
18:00h – Coquetel de Abertura
19:00h às 21:30h
Apresentação dos trabalhos dos alunos CESPEB/2008

Quarta-feira, 25/11
Sala de Vídeo (Faculdade de Educação)

19h - 19:20 - Avaliação das relações de gênero, corpo e sexualidade nas aulas de Educação Física Escolar a partir da visão discente.
Autor: Cinthia Ramos de Pinho Barreto
Orientador: José Jairo Vieira

19:20 - 19:40 - A precarização do trabalho de professores de Educação Física na escola publica
Autor: Ian Anderson de Andrade Nascimento
Orientador: Marcos Antonio Carneiro da Silva

19:40 - 20h - Folclore na escola: ampliando os conteúdos da Educação Física Escolar
Autor: Katia Laguna de Oliveira
Orientador: Tiago Lisboa Bartholo

20h - 20:20 - História e Historiografia da educação dos corpos e do ensino de Educação Física
Autor: Gabriel Rodrigues Daumas Marques
Orientador: Marcos Antonio Carneiro da Silva

20:20 - 20:40 - As aulas de Educação Física na modalidade de ensino EJA: desafios e avanços
Autor: João Fabio Toniato
Orientador: Tiago Lisboa Bartholo

20:40 - 21h - Proposta Curricular para Educação Física: construção e aplicação em uma escola do município de Volta Redonda
Autor: João Ferreira Carvalho Junior
Orientador: Alvaro Rego Millen Neto

21h - 21:20 - A Educação Física e seu espaço nos documentos curriculares da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Autor: Cassia Marques Cândido
Orientador: Tiago Lisboa Bartholo

Sala 214 (Faculdade de Educação)

19h - 19:20 - O Ensino de História na Educação de Jovens e Adultos: da concepção de tempo histórico à realização do ENEM
Autor: Philipe Augusto Saúde Ribeiro de Souza
Orientador: Carmen Teresa Gabriel

19:20 - 19:40 - Ensino de História com uso de jornais: construindo olhares investigativos
Autor: Raquel França dos Santos Ferreira
Orientador: Fabio Garcez de Carvalho

19:40 - 20h - Avaliação e Ensino de História: perspectivas e práticas
Autor: Marcus Leonardo Bomfim Martins
Orientador: Carmen Teresa Gabriel

20h - 20:20 - Patrimônio Cultural Imaterial em livros didáticos para o ensino de História nos anos iniciais
Autor: Karina Siciliano Oliva Saraiva
Orientador: Ana Maria Monteiro

20:20 - 20:40 - A escola vai ao teatro e o teatro vai à escola: a História e a Educação Artística
Autor: Ignacio Augusto dos Santos Neto
Orientador: Ana Maria Monteiro

20:40 - 21h - Ensinamos Português e Matemática ou isso é História?
Autor: Gizele Gonçalves Costa Lopes
Orientador: Ana Maria Monteiro

Quinta-feira, 26/11
Sala de vídeo (Faculdade de Educação)

19h - 19:20 - Linhas e entrelinhas da temporalidade infantil
Autor: Fernanda Leocadio Bittencourt
Orientador: Antonio Jorge Gonçalves Soares

19:20 - 19:40 - A Educação Física vivida e representada nas escolas de ensino supletivo no estado do Rio de Janeiro da coordenadoria metropolitana IV – um estudo de caso
Autor: Catarina Braga de Santana
Orientador: Tiago Lisboa Bartholo

19:40 - 20h - Saúde renovada: uma proposta de empowerment?
Autor: Marcos Felipe Zanco Felix
Orientadores: Antonio Jorge Gonçalves Soares e Marcos Santana Ferreira (UERJ)

20h - 20:20 - A Educação Física na escola: entre a teoria e a prática
Autor: Camila Ferreira
Orientador: Antonio Jorge Gonçalves Soares

20:20 - 20:40 - Como os professores da Educação Física do município de Nova Iguaçu descrevem estratégias, periodicidade e finalidades da avaliação em suas aulas.
Autor: Suellen Graziani Veloso Dutra
Orientador: Antonio Jorge Gonçalves Soares

20:40 - 21h - Educação Física nas escolas do município de Japeri: representação de professores e alunos
Autor: Luciane Eloy Cruz dos Anjos
Orientador: Antonio Jorge Gonçalves Soares

21h - 21:20 - Portfolio: uma proposta de avaliação para Educação de Jovens e Adultos (EJA) na disciplina Educação Física
Autores: Cassia Marques Candido & Fernanda Leocadio Bitencourt
Orientador: Tiago Lisboa Bartholo

Sala 214 (Faculdade de Educação)

19h - 19:20 - A relação pedagógica entre o programa Escola Aberta e a escola formal
Autor: Ana Neri Gaspar Barreto
Orientador: Enio Serra

19:20 - 19:40 - A Escola Aberta é parceira na reintegração social
Autor: Fatima das Graças Lima Barros
Orientador: Enio Serra

19:40 - 20h - A escola que queremos: a construção do Projeto Político Pedagógico de uma escola pública no município do Rio de Janeiro
Autor: Sandra Olivia Reis de Souza
Orientador: Rejane Maria de Almeida Trisotto

20h - 20:20 - As parcerias do Bairro-Escola: relação sociedade escola
Autor: Elisangela Soares do Rosario
Orientador: Enio Serra

20:20 - 20:40 - A importância da literatura infantil nas turmas de educação infantil
Autor: Cristiane Dutra Lanor da Silva
Orientador: Patrícia Corsino

20:40 - 21h - Formação de professores – tecendo fios
Autor: Adriana Barbosa Soares
Orientador: Ludmila Thomé Andrade

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Doe sangue!

Na sexta-feira passada, fui doar sangue. Foi a terceira vez que doei, mas já não doava desde 2005. É importantíssimo que haja reservas suficientes, pois muitas pessoas necessitam de transfusão. Não dói, é rápido e você ainda recebe um lanchinho no final. Mas é preciso também que o sistema de saúde agilize o atendimento aos doadores, sem existência de filas; elabore alternativas para evitar o constrangimento com as perguntas sobre questões íntimas; e impulsione as campanhas de doação e amplie os postos de atendimento!

Na página a seguir, você pode encontrar algumas orientações e dicas importantes: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=119






sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Assistência Estudantil e Movimento Estudantil

Recupero abaixo um texto da véspera do Dia do Trabalhador em 2006, que enviei para contatos e listas eletrônicas que participava. Muito mais um desabafo, que demonstrava a situação da Reforma Universitária e algumas questões específicas da UFRJ. A diretoria da AdUFRJ-SSind, na época, forneceu um espaço para publicar uma versão resumida do texto no jornal do sindicato dos professores. Interessante que eu era bolsista de um projeto de extensão e tive problemas pelo fato de minha assinatura eletrônica conter o nome do projeto; logo depois, tive de mudar a assinatura para "Bolsista do Projeto Conexões de Saberes".

Mais de três anos depois do texto, há mudança: depois de muita luta, hoje temos um Restaurante Universitário na UFRJ, Nelson Maculan não é mais Secretário de Ensino Superior do MEC; a CONLUTE foi diluída e a ANEL (recém-criada) não responde às necessidades da juventude brasileira; eu ainda era estudante de Educação Física e membro da gestão do DCE Mario Prata; tinha um flogão...

Porém, as vagas do Alojamento são as mesmas 504; o valor da bolsa permanece R$300; a Reitoria de Aloísio Teixeira está no segundo mandato, rezando a cartilha de sucateamento promovida pelo Governo Lula/PT; Lula está no segundo mandato, prosseguindo o receituário neoliberal; a UNE está mais degenerada que nunca, abraçando até José Sarney...

Boa leitura!


Contribuições sobre Assistência Estudantil e
a importância de participação no ME


Domingo, 30 de Abril de 2006 20:57

Cadê o dinheiro? Que Ninguém Viu!
Pro investimento em Assistência Estudantil!!!

Hoje, domingo à noite, "deu na telha" e decidi trazer algumas contribuições acerca da assistência estudantil e a importância de ingressarmos no Movimento Estudantil, de maneira combativa, a fim de fortalecer a juventude, e, principalmente, derrubar a hegemonia existente na sociedade em que vivemos.

O assunto "assistência estudantil" sempre foi travado e com certeza configura-se como algo bastante específico, pois, ao obtermos vitórias, são questões parciais para os estudantes, que devem rumar a uma conscientização ainda maior.

Apesar de compartilhar esse texto com diversas listas e endereços eletrônicos, estarei trazendo alguns elementos relacionados à atualidade da UFRJ.

O projeto inicial de Alojamento Estudantil previa a construção de oito blocos. Muitos anos depois, temos dois, sendo um masculino e um feminino, que abrigam 504 estudantes dos mais de 36.000 da instituição. Além disso, encontra-se em situação precária, com insetos e ratos, falta de encanamento de gás, falta de acesso à internet, bolsas com valor MENOR que o salário MÍNIMO etc. Por conta da necessidade de "selecionar" quem serão os alojados, os critérios que se baseiam não apenas em renda, mas em distância de local de moradia, fatores psicológicos etc., os mesmos são questionados, já que nem TODOS e TODAS podem ser contemplados(as).

Muitas vezes, alguns se esquecem do fator principal e acabam enfrentando apenas os critérios. Há algumas semanas, tivemos o ENCE (Encontro Nacional de Casas do Estudante), em Goiás, que com certeza ratificou a situação bastante complicada em diversos locais do país.

Em nossa instituição, em que alguns "enchem a boca" para dizer que é a maior universidade federal do país, fazendo-se valer de elementos numéricos, no início da década de 1990, o então reitor Nelson Maculan EXTERMINOU, ACABOU COM os RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS, popularmente conhecidos como BANDEJÕES. (Obs: esse senhor é o ATUAL SECRETÁRIO DE ENSINO SUPERIOR DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - É bom relacionarmos as práticas como reitor e atualmente como responsável pela SESU... Depois retomarei o papel da Reforma Universitária).

Atualmente, a Reitoria de Aloísio Teixeira acena com a proposta de restaurante universitário, que será (será que será?) construído com verbas advindas do Banco do Brasil, visto que o mesmo utiliza-se de diversos espaços de nossa Universidade. Porém, a proposta foi qualificada (corretamente, a meu ver) como faraônica pelo ME da UFRJ, visto que apresenta estacionamento, cor das paredes, som ambiente etc., mas não focaliza no fator principal: A GRATUIDADE DO FORNECIMENTO DA ALIMENTAÇÃO. Ou seja, o Bandejão virá intrinsecamente ligado à iniciativa privada, visto que a UFRJ não pode abrir concursos para cozinheiros e demais técnico-administrativos de um RU e a UFRJ NÃO TEM VERBAS para arcar com os custos. Por conta disso, chegou-se a cogitar valores de R$3,00 a R$6,00 para a refeição, o que não se qualifica como política de ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL, necessária para a permanência no Ensino Superior.

O terceiro ponto que trago como específico é relacionado às bolsas acadêmicas. Hoje, a UFRJ possui "a maior política de bolsas do país, do país, do país !!!" (parafraseando certas pessoas). Essa política de bolsas é relativa a diversas modalidades, a saber, auxílio moradia (alojamento) e auxílio (que podem ser acumuladas) e apoio, extensão, iniciação científica, LIG, iniciação artístico-cultural - todas no valor de R$300,00 - MENOR QUE O SALÁRIO MÍNIMO. E o total das bolsas é de pouco mais de 3.000, ou seja, MENOS DE 10% DO CORPO DISCENTE da instituição. Nem vou entrar nos freqüentes atrasos...

Pois bem, apresentando esse quadro específico, vamos relacioná-lo à conjuntura nacional no presente momento. Temos governando o país Lula e o Partido dos Trabalhadores, além do PCdoB como um dos principais aliados. Desde a sua campanha, tinha claramente a intenção (naquele momento, secundarista, apoiei e fiz campanha para Lula; não ingenuamente, mas não tinha a clareza e o embasamento que hoje possuo - e que ainda são bem pequenos) de continuar a política neoliberal de FHC, mas com um fator facilitador: a cooptação dos Movimentos Sindical (CUT) e Estudantil (UNE), que vêm constantemente demonstrando sua estreita ligação com os reformistas do PT e do PCdoB, até mesmo com seus sindicalistas ou ex-diretores recebendo cargos em ministérios.

Como citei o Sr. Maculan (espero não recorrer a esse nome novamente), que é atual secretário de Ensino Superior do MEC, trago mais algumas contribuições. O MEC, que já "passou pelas mãos" de Cristóvam Buarque, Tarso Genro, e, atualmente, Fernando Haddad, vem implementando a dita REFORMA UNIVERSITÁRIA, que se encontra em sua 4º versão. Apesar de a mesma ainda não ter sido aprovada pelo Congresso, pontos cruciais foram implementados através de medidas provisórias, decretos-ponte etc., a saber:

  • o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior), que possui o mesmo caráter do antigo "Provão", ou seja, estabelece notas, ranqueamento entre as instituições, além de desta vez possibilitar a disponibilidade de recursos para as instituições privadas. Nele encontra-se o ENADE (Exame Nacional de Avaliação do Desempenho Estudantil), que se baseia na lógica meritocrática e oferece como prêmios para o primeiro colocado de cada área bolsas de mestrado e doutorado em qualquer local do país.

  • o Pró-Uni (Programa Universidade Para Todos), com propaganda de Gabriel (o "pensador" - que comigo só tem semelhança no nome) e sob a balela de que só desse jeito diversos jovens poderão ter acesso ao ensino superior, política de democratização de acesso e sob a falácia de que as instituições filantrópicas, confessionais ou comunitárias, que antes não pagavam impostos, agora oferecem benesses para a população. Não vou entrar em questões de qualidade de ensino;

  • as Parcerias Público-Privadas, que vêm legalizar a entrada de capital privado, as fundações universitárias (aqui na UFRJ são QUATRO), a transformação do espaço acadêmico em shopping centers (vide nosso Centro de Ciências da Saúde) etc.

  • a Lei de Inovação Tecnológica, atrelando um dos componentes da tríade universitária (pesquisa), o conhecimento científico, deixando-o à mercê de interesses mercadológicos. A propagação de laboratórios de pesquisa com "donos" (professores donos de empresas) está cada vez mais forte (vide COPPE).
E, agora (por que agora em 2006??? - Algo relacionado com ano eleitoral???), o Governo apresenta a proposta de estabelecimento de cotas, com o intuito de "democratizar" o acesso. Não vou aprofundar no momento a questão. Se não, não irei terminar e você não irá ler até o final (se é que alguém chegou até aqui - rs).

Quero trazer como reflexão a necessidade de os estudantes ingressarem, participarem do MOVIMENTO ESTUDANTIL, que hoje encontra-se próximo da inércia, por conta da falta de mobilização e de referência nacional, visto que a UNE (PELEGA) apóia a Reforma Universitária do Governo Lula/PT/FMI/Banco Mundial e não FALA EM NOSSO NOME !!!! NÃO NOS REPRESENTA!!!!

Inserirmo-nos em Centros Acadêmicos (CAs), Diretórios Acadêmicos (DAs), DCEs (Diretório Central dos Estudantes) é tarefa prioritária dos estudantes que acreditam na superação, na força, na mobilização e na construção do Movimento Estudantil, apresentando possibilidades de mudança. Quero deixar claro que hoje me encontro na construção da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (CONLUTE) como alternativa de luta perante à falência da UNE, mas não é o intuito dessas contribuições propagandear esse espaço.

Esse texto não configura-se como um trabalho científico, mas sim como um grande desabafo e um GRANDE CHAMADO aos ESTUDANTES, aos meus COLEGAS que não estão participando ou fornecendo o devido valor ao MOVIMENTO ESTUDANTIL, que com certeza é um GIGANTE ADORMECIDO EM BERÇO ESPLÊNDIDO!!! Trabalhemos para despertá-lo.

Vamos Com Tudo Sem Cansar! Em busca de Mobilização, Luta, Conscientização e TRANSFORMAÇÃO!

Amanhã é Feriado! DIA DO TRABALHADOR !!! E viva o Trabalho !!! Categoria fundante do ser humano enquanto ser social !!! Um excelente dia para refletirmos acerca do que queremos como projeto de sociedade !!!

Um bom feriado a todos e todas e FORÇA NA LUTA,



Gabriel Marques
Centro Acadêmico de Educação Física e Dança
Diretório Central dos Estudantes - UFRJ
Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa
Projeto Conexões de Saberes
Msn: grdmarques@hotmail.com
Cel: (21) 97519889
"O mal de quase todos nós é que preferimos ser estragados pelo elogio a ser salvos pela crítica."

domingo, 1 de novembro de 2009

Grêmio Estudantil

Em setembro de 2007, uma amiga, estudante da Universidade Celso Lisboa, me entrevistou para um trabalho sobre Grêmio Estudantil. Trago abaixo um pouco da experiência que tive, participando entre 2000 e 2002 do Grêmio do Colégio Pedro II – Unidade Escolar Engenho Novo II, oportunidade que me propiciou imenso crescimento pessoal, político, acadêmico e intelectual. Ao lado, uma reportagem publicada pelo Jornal EXTRA, em 2001, durante uma das grandes greves dos funcionários públicos federais contra o Governo Fernando Henrique Cardoso/PSDB. Nessa época, fui membro do Comando de Greve do CPII.










1. Como surgiu a idéia ou o interesse de participar de um Grêmio?

Era estudante do Colégio Pedro II, quando tive contato com a entidade Grêmio. Ingressei na instituição em 1996, na 5ª série do Ensino Fundamental. Um ano depois, tivemos uma eleição para a disputa do Grêmio, que era organizada pelo Setor de Orientação Educacional (SOE) do Colégio. Duas meninas que eu conhecia eram de uma das chapas e acabei votando na mesma. A gestão deles acabou realizando umas festinhas e nada mais, com algum tempo depois minguando e desmobilizando, até ficarmos mais um tempo sem diretoria. Como já vinha de uma formação crítica, já que meu pai é professor da rede pública de ensino, conhecia a dinâmica de greves, passeatas e necessidade de organização para reivindicações. Em 2000, o SOE novamente, sob pressão de alguns estudantes, abriu processo eleitoral para a disputa do Grêmio da Unidade onde eu estudava. Foi aí que aconteceram algumas situações interessantes. Uma das chapas, bastante politizada, estava sendo organizada por um colega com quem havia estudado na 6ª série e um outro menino do turno da noite que eu não conhecia, além de outras pessoas bastante inteligentes e dedicadas no Colégio. Durante o recreio, sempre ia conversar com ele sobre as propostas. Não entrei na chapa, mas iria apoiar. O mais atípico foi a inscrição de 8 chapas para a disputa do pleito. A chapa deles (7 – Atitude) foi a vencedora, com cerca de 450 votos. Porém, como a chapa era bastante crítica, na hora da contagem de votos e assinaturas, houve uma diferença de cédulas em relação à quantidade de assinaturas, sendo a eleição anulada pelo SOE, que teve uma atuação bastante complicada. Logo numa atitude oportunista, puxaram novo processo eleitoral, aumentando a quantidade da diretoria de 11 pessoas com a entrada de 6 suplentes. Com isso, as 7 demais chapas se juntaram para poder vencer a Atitude e impossibilitar um Grêmio mais politizado, crítico e atuante. Como durante a campanha anterior, havia inclusive passado em sala, distribuído panfletos e ajudado bastante, me convidaram para entrar como suplente na chapa Atitude. Prontamente, aceitei, até mesmo porque, com 15 anos, achava o máximo passar em sala, conversar com a galera e “ser do Grêmio” seria popular e conhecido. Nossa chapa, mesmo com todas as dificuldades, venceu com quase 800 votos a pouco mais de 500, chegando ao final do ano 2000.

2- Quais foram as idéias propostas por sua chapa? Essas idéias foram realizadas?

Além das questões básicas de representação perante a instituição e externamente, propusemos diversos pontos para integrar o alunado, bem como realizar eventos que pudessem identificar o Grêmio enquanto entidade representativa. Conseguimos, arrecadando dinheiro através de pedágio durante as férias, construir uma rádio com sistema de som, que funcionava durante os horários do recreio; realizamos oito edições do Jornal, informativo e com textos críticos, poesias, além dos torpedos que faziam o maior sucesso entre os estudantes; apoiamos iniciativas de organização dos alunos, como o teatro que acontecia; mobilizamos para as lutas e atividades em defesa da manutenção do passe livre, direito que os empresários de ônibus constantemente ameaçam retirar. Acho que a única coisa que não cumprimos mesmo foi a realização de uma Festa, embora tenhamos feito dois Saraus Culturais. Porém, o ponto alto da gestão Atitude foi durante a Greve dos Servidores Públicos Federais em 2001. Foi ali que demos um salto de qualidade enorme, participando do Comando de Greve e realizando mobilizações e atividades nunca antes vistas e tocadas pelo Grêmio Estudantil do Colégio Pedro II – Engenho Novo. Estivemos presentes em todas as Assembléias do SINDSCOPE (Sindicato que representa os funcionários e professores do Colégio), participamos dos Atos Públicos, falamos em carro de som, bem como organizamos 10 Assembléias dos Estudantes antes, durante e depois da Greve para votarmos qual era nosso posicionamento em relação à greve. Fizemos uma Assembléia que reuniu quase 300 pessoas, em que alguns pais tiveram que se mobilizar para nos enfrentar e retirar o apoio do Grêmio à greve. Teve uma atividade que fui falar em defesa da greve que um pai queria me agredir e outras duas mães gritavam apontando na minha direção; comecei a chorar, fui beber água, mas voltei para terminar minha fala e ser aplaudido por diversas outras pessoas. Acho que conseguimos cumprir o nosso papel, que terminou no início de 2002, com a vitória da chapa que apoiamos para seguir o trabalho, fato que infelizmente não ocorreu.

3- O que você acha dos movimentos estudantis? Você já participou de algum? (Se sim) Isso trouxe alguma mudança para instituição?

Organização é algo fundamental em nossas vidas, principalmente no que tange ao coletivo. Em sala de aula, os estudantes se organizam para um trabalho em grupo, para ir às festas ou passeios... Porém, mais importante ainda é o fato de termos problemas em comum e juntarmos nossas forças para resolvê-los de maneira unificada e organizada. Aí entra a tarefa do Movimento Estudantil e de suas entidades, como Grêmios, no caso dos colégios, e Centros e Diretórios Acadêmicos, no caso das faculdades. Conforme as perguntas iniciais, comecei a participar em 2000, no Grêmio do CPII-EN e tive algum contato com os Grêmios do CEFET e do CPII-Tijuca, onde fiz cursos técnicos. Depois, entrei para o curso de Licenciatura em Educação Física na UFRJ, participando do Centro Acadêmico de Educação Física e Dança entre 2003 e 2007, bem como atuando no Movimento Estudantil de área, participando de diversos eventos regionais e nacionais da Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física. Também no Movimento Estudantil Geral, participo da CONLUTE, que falarei mais adiante. Sim, várias mudanças foram geradas a partir dessa organização. Lembro que depois da Greve, no CPII-EN, conseguimos realizar uma manifestação com mais de 300 pessoas na porta do Colégio, aumentar a leitura e a participação dos estudantes etc. Na UFRJ, idem: não tínhamos nem uma sala para o Centro Acadêmico (CA), e hoje temos uma estrutura com freezer, dois micro-ondas, ar condicionado, aparelho de som; realizamos mais de 20 edições de O DARDO (jornalzinho com críticas, textos e informes); fizemos diversas festas e atividades culturais de integração dos estudantes. Enfim, há uma imagem equivocada e estereotipada sobre os estudantes de Educação Física, que pude contrapor logo ao ingressar no curso e perceber a grande capacidade e poder de mobilização que conseguimos ao longo desses anos.

4- Quando surgiram os movimentos estudantis, havia muito preconceito por parte da sociedade, hoje em dia, ainda existe esse tipo de preconceito?

Essa questão é intrigante. É preciso irmos a fundo no significado e na importância dos movimentos de resistência e de luta. Não que seja preconceito, mas temos que entender como os valores ideológicos aos quais estamos submetidos influenciam no pensamento hegemônico da sociedade. Vivenciamos a época de implementação do neoliberalismo, cujos valores ressaltam a individualidade, o egoísmo, o “olhar para o próprio umbigo”, “cada um por si e Deus por todos” etc. Quando surge algo que vai de encontro a esses princípios, necessariamente enfrenta esses valores, e mais ainda, luta contra a ordem social estabelecida. Ou seja, por conta de vivermos em uma sociedade de desigualdades sociais, com uma parcela significativa da sociedade sofrendo mazelas como fome, miséria e desemprego, e uma pequeníssima parcela se esbaldando em ouro e caviar, nitidamente temos um confronto de interesses totalmente antagônicos. Esses problemas não são individuais, mas de toda a estrutura da sociedade. O Movimento Estudantil, ao lutar por mais verbas para a educação (em detrimento de pagamento a empresários, latifundiários e banqueiros), por passe livre, por gratuidade do ensino etc., enfrenta esse modelo. Por conseguinte, como o pensamento vigente defende a manutenção do status quo e tem na mídia um grande alicerce, os movimentos sociais são atacados de diversas maneiras, para que não enxerguemos neles sua grande importância e necessidade para modificarmos a estrutura social vigente.

5- O que você acha dos movimentos estudantis da UNE?

A UNE... Ah, a UNE. Vamos lá: desde a década de 1990, essa entidade que existe há cerca de 70 anos, tocou lutas contra a Ditadura Militar, organizou os estudantes para campanhas como a dO Petróleo é Nosso, ficou clandestina durante alguns anos etc., vem sistematicamente se afastando do dia-a-dia dos estudantes. De uns tempos para cá, a UNE (bem como a União Estadual dos Estudantes, a Associação Muncipal dos Estudantes Secundaristas e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) se transformou em uma fábrica de carteirinhas (tentando inclusive monopolizar o direito da meia entrada) e só aparece nas escolas e faculdades do país durante época de eleições ou quando surge algum tipo de interesse a sua política. Durante o Governo fhc, mesmo distante dos estudantes, ainda tínhamos uma atuação de enfrentamento. Porém, a situação se modifica após a entrada de Lula/PT para governar o país. Apesar de toda a esperança depositada nesse Governo (inclusive fiz campanha em 2002, mesmo nunca sendo do PT ou de qualquer outro partido), diversos ataques neoliberais continuam sendo implementados. E a especificidade de Lula/PT é sua estreita ligação com os Movimentos Sociais, como a UNE, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o próprio MST. Essa ligação facilitou a realização desses ataques aos trabalhadores e à juventude de nosso país, pois a UNE e a CUT têm sido instrumentos de apoio do Governo inseridos na base dos Movimentos Sociais, freando as possíveis lutas que possam surgir e desencadear processos de mobilizações. O grupo que dirige a UNE conseguiu criar uma estrutura para se manter add eternum no poder da entidade, realizando fraudes, diminuindo as discussões etc. Com isso, a situação da UNE hoje é irreversível: ela se tornou uma entidade inclusive contra os estudantes. O Governo Lula tem implementado o processo de Reforma Universitária, com diversos pontos polêmicos. E a UNE, sem discutir com os estudantes, realizou caravanas para passar nas faculdades defendendo essa Reforma. Por isso, em 2004, aconteceu na Ilha do Fundão, um Encontro Nacional Contra a Reforma Universitária, com mais de 1500 estudantes de todo o país, onde foi criada a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (CONLUTE), que surge enquanto alternativa à falência da UNE, já que a mesma não vem tocando mais as lutas, se tornou um aliado do Estado (do Governo e até da Rede Globo) e se encastelou em sua estrutura burocrática. Em diversas Universidades, que estão em processos de lutas, a UNE tem sido expulsa, como nas recentes ocupações em defesa da Educação Pública, que ocorreram na USP, UniCamp, UFRJ, UFJF, UFRGS etc. Recentemente, temos inclusive a luta na Faculdade Santo André, instituição particular, que conta com uma greve de estudantes e professores por conta da ação truculenta da Reitoria e da polícia perante manifestação pacífica contra o aumento de até 122% das mensalidades! A CONLUTE tem servido como um grande instrumento de luta, mas a necessidade de uma nova entidade nacional se faz presente para que possamos ter uma organicidade maior e uma atuação mais concreta.

6- Mudou algo na sua forma de pensar e ou de agir depois que você começou a participar de um grêmio?

Com certeza. Conforme havia comentado, aceitei entrar na chapa porque seria popular no Colégio. E a participação no Comando de Greve em 2001 foi um salto de qualidade. Principalmente consegui acumular discussões e experiências que me possibilitaram melhorar a leitura, a fala, a escrita e até mesmo reflexões e elaborações.

7- O grêmio trouxe mudanças para os alunos na instituição? Os motivou em algo, trouxe algum ideal?

Sim, na verdade o Grêmio são os alunos da instituição! Às vezes, utilizamos nomenclaturas que parece que nos são alheias. Mas o Grêmio é o conjunto dos estudantes de um colégio, bem como um Centro ou Diretório Acadêmico é o conjunto dos estudantes de uma faculdade. Temos sim a necessidade de uma diretoria para organizar os trabalhos, mas a entidade representa todos. O maior acúmulo que podemos considerar é o avanço do nível de consciência, que se dá através de organização da entidade e de atividades que possibilitem conquistas. Posso dizer que houve motivações, principalmente na defesa do ensino público, gratuito e de qualidade.

8- Depois dessa participação, surgiu algum interesse ou aumentou seu interesse em relação a política?

Aumentou meu interesse, tanto que antes de começar na UFRJ, já imaginava como organizaria o Centro Acadêmico lá na Educação Física, pois achava que não teria nada organizado. Fui surpreendido ao encontrar um CA recém-formado e ajudar a impulsionar diversas atividades e lutas, bem como conhecer e integrar uma família mesmo, família com quem pude construir forças para entender a sociedade em que vivemos, a importância de nos instrumentalizarmos para ir de encontro a essa difícil maré em que estamos e que é preciso organizarmos os trabalhadores e estudantes para modificar essa situação. E o interesse em relação à política não significa disputa por cargos, como vemos acontecer bastante nos ex-militantes, mas estar presente nos sindicatos, nos Grêmios, nos CAs e DAs para garantirmos a defesa de nossos direitos e transformarmos a sociedade desigual em que estamos.

9- Que recado você daria para os jovens que estão lutando por seus ideais através dos grêmios estudantis?

Para finalizar, deixo um recado para o conjunto dos estudantes. Conforme Los Hermanos, é preciso força para sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê. Nascemos numa sociedade que possui um modelo desigual, um modelo de exploração, que nos coloca diversos conceitos como naturais e verdades como universais. Mas é preciso e possível questionarmos e refletirmos sobre transformações. Participar dos Movimentos Sociais é uma tarefa indispensável para solidificarmos mudanças significativas para nossa estrutura. Por isso, finalizo esse recado com os dois seguintes poemas de Bertolt Brecht, teatrólogo e poeta alemão. Por isso, estudantes da Celso Lisboa, Força na Luta, pois a Luta é para Vencermos!


Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há homens que lutam por um ano, e são melhores;
Há homens que lutam por vários anos, e são muito bons;
Há outros que lutam durante toda a vida, esses são imprescindíveis.




Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Total apoio à chapa QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA

CARTA DE APOIO À CHAPA
QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA
PARA O CENTRO ACADÊMICO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇA DA UFRJ



Em seus 70 anos de existência, a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) – outrora Escola Nacional de Educação Física e Desportos – se constitui nacionalmente em significativa referência para a formação de gerações de professores de Educação Física e recentemente Bacharéis em Dança. Durante esse período, o corpo discente esteve à altura dessa história, protagonizando eventos e situando-se na vanguarda das lutas, como a greve estudantil de 1956, a criação da União Nacional dos Estudantes de Educação Física, a resistência à Ditadura empresarial-militar, a realização de Encontros Nacionais e Regionais, a criação e consolidação da Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física etc.

A partir de 1990, a cartilha neoliberal imposta pelos organismos internacionais e a submissão dos sucessivos governantes brasileiros impulsionaram o processo de sucateamento da Educação Pública, materializado por meio de cortes de verbas, privatizações, terceirizações, aligeiramento da formação na graduação e na pós-graduação, intensificação da lógica produtivista, dentre outros. Nos anos 2000, acompanhamos mais ataques, como a Reforma Universitária do Governo Lula/PT, apresentada vagarosa e destrutivamente de maneira fatiada: Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior / Exame Nacional de Avaliação do Desempenho Estudantil (SINAES/ENADE); Programa Universidade Para Todos (Pró-Uni); Lei de Inovação Tecnológica; Parcerias Público-Privadas; Decreto das Fundações; e para sacramentar a adequação do Ensino Superior à divisão internacional do trabalho, travestido de democratização do acesso – o popular lobo em pele de cordeiro – o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Instituições Federais de Ensino Superior (REUNI), imposto através da força e da coerção sobre as comunidades universitárias em diversos locais do país.

Os dominantes lançam mão de diversos mecanismos para garantir a continuidade da ordem vigente. A aprovação da Lei que regulamenta a profissão de Educação Física em 1/9/1998 – em um mundo de trabalho cada vez mais desregulamentado – e a criação do famigerado sistema CONFEF/CREFs e suas estruturas fantoches estudantis como os CREFinhos e a CEEF-Br, visam jogar trabalhadores contra trabalhadores, funcionando enquanto um retrocesso para os profissionais de diversas áreas, como a Educação Física, a Dança, as Lutas, a Capoeira, a Yoga etc. Além disso, sua influência na fragmentação da formação em Licenciatura e Graduação ocorre de maneira camuflada porém nefasta.

Em tempos de crise estrutural da economia capitalista, vale reafirmarmos a importância de organizar a classe trabalhadora para enfrentar esses ataques que vêm de todos os lados – demissões, retirada de direitos, perseguições políticas etc. A juventude pode e deve ter um papel fundamental nesse contexto. O processo de ruptura com os velhos Movimentos Sindical e Estudantil em curso é importante de ser mencionado: a Central Única dos Trabalhadores e a União Nacional dos Estudantes são hoje instrumentos de sustentação da política de Lula/PT, ou seja, agentes políticos da classe dominante, que não nos servem mais. Nossa batalha para a construção do novo passa pela superação do velho e pelo enfrentamento aos nossos inimigos.

Diante do exposto, desde 2002 o Centro Acadêmico de Educação Física e Dança da UFRJ tem atuado para intervir com qualidade no dia-a-dia da EEFD, da UFRJ, do Movimento Estudantil de Educação Física, do Movimento Estudantil de Artes e nacionalmente no processo de construção de uma nova entidade estudantil nacional.

A conscientização política por meio de reuniões, Assembléias, panfletos, jornais O DARDO; as lutas em defesa das reivindicações estudantis, da Educação Pública, Gratuita e de Qualidade, de melhorias na EEFD, contra os cursos pagos; a participação em Encontros Nacionais e Regionais de Estudantes de Educação Física e Nacionais de Estudantes de Arte; a organização de eventos como o III e o IV Simpósio; a articulação com o conjunto da juventude e da classe trabalhadora brasileira; o protagonismo das lutas contra a Reforma Universitária e o REUNI de Lula/PT, pela regulamentação do Trabalho e contra a regulamentação da profissão, a defesa da Licenciatura Ampliada em vez da fragmentação curricular; enfim a construção do Movimento Estudantil combativo, formativo e presente no cotidiano fazem parte da realidade do CAEFD-UFRJ.

Tive a oportunidade de participar das gestões 2004, 2005, 2006 e 2007, assim como acompanhar as gestões 2008 e 2009 dessa entidade. Finalizo essa carta ratificando meu total e irrestrito apoio à chapa QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA para a gestão 2010, certo de que se configura como uma opção coerente, coesa, combativa e classista.


Professor Gabriel Marques
Mestrando em Educação (UFRJ)
Professor de Ed. Física da rede estadual do RJ e da rede municipal de Saquarema-RJ