Na semana em que um dos principais ídolos da Gloriosa história do Botafogo completaria 77 anos caso estivesse vivo, a magia do ex-camisa 7 teria de embalar o elenco. O saudoso Garrincha, que não pude ver jogar, possui uma vitoriosa e folclórica carreira no clube da Estrela Solitária, com seus famosos dribles e humildes frases. Faltando 7 rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, o jogo contra um dos principais fregueses dos últimos tempos ocorreu na Arena do Jacaré, no município de Sete Lagoas. Com o histórico supersticioso da torcida alvinegra, twittaram mais uma: hoje é dia 30/10/2010: pela numerologia, 3 + 1 + 2 + 1 = 7. Nos últimos dezoito confrontos entre Atlético-MG e Botafogo, contabilizavam-se onze vitórias cariocas, uma vitória mineira e seis empates. Que retrospecto! Infelizmente não pude ir a Minas Gerais para torcer pelo Fogão e o jeito foi acompanhar pelo PPV.
O Galo vinha embalado com uma boa sequência de resultados para se afastar da degola do rebaixamento, situação complicada que Vanderlei Luxemburgo deixou de herança para o técnico que ousou enfrentar Neymar – Dorival Junior. Pelo lado do Fogão, uma vitória feia por 1 x 0 sobre o Vitória após uma sequência de oito empates consecutivos, ou seja, a defesa de nove jogos de invencibilidade. A rodada não foi muito favorável com as vitórias de Fluminense e Cruzeiro, que mantiveram seis pontos à frente do Botafogo. Mas podemos comemorar o empate da urubuzada contra os queridinhos da CBF e o empate no qual o Peixe fora garfado contra o Colorado. Com a vitória, ascendemos à quarta posição e ratificamos a Estrela Solitária no retrovisor dos três primeiros colocados.
O primeiro tempo foi morno demais. Num campo de pequenas dimensões, a bola chegava rapidamente ao ataque. Antes do jogo iniciar, já me perguntava por que não escalar o Edno no lugar de Fahel para explorar os contra-ataques, com um trio formado pelo canhotinha, Jobson pela direita e El Loco de centro-avante. Mas o empresário de Fahel realmente merece uma salva de palmas por conseguir a proeza dele ser quase sempre escalado como titular. O meia conseguiu errar um bizonho passe aos 33 min que possibilitou contra-ataque atleticano e chute de Obina. E, aos 37 min, lá estava ele com a velha mania: puxar a camisa do adversário dentro da área... Sua atuação sempre me dá medo! Marcio Rosário oscilou com boas antecipações e falhas grotescas que poderiam ter prejudicado. Os únicos lances de finalização do Botafogo foram chutes por cima do gol de Fahel, Lucio Flávio e Somália. O maestro, que não vive bom momento, apareceu apenas para fazer um bom cruzamento na área, em que o afoito Jobson se jogou para cavar o pênalti. Mas, essa cavadinha não é a especialidade do Fogão.
No segundo tempo, um duelo entre Jobson e Obina que culminou apenas em chances desperdiçadas por ambos os atacantes. Quando o ataque do Atlético-MG acertava em gol, lá estava nosso paredão da Seleção Brasileira para garantir mais um jogo sem tomarmos gol. Segundos depois de El Loco perder um gol incrível após rebote em chute de Jobson, eu tive a certeza de que sairíamos com os três pontos: com muita categoria, Diego Tardelli arriscou de fora da área e caprichosamente a bola tocou o travessão. No minuto seguinte, Lucio Flávio deu lugar a Edno, que vinha entrando mal nos últimos jogos. E seis minutos depois, a canhotinha de Edno voltou a funcionar, lançando El Loco, que não fomeou e devolveu para o carequinha completar para as redes. Caio entrou no lugar de Jobson quando o placar já nos estava favorável. E começou a preocupação após duas faltas invertidas a favor do Galo, uma em cima de Somália e outra em cima do xodó. Apreensivo e comemorando a cada bicão para longe do gol de Jefferson, eis que Edno protagonizou um novo contra-ataque, deixando El Loco sozinho para carregar a bola, contar com o montinho artilheiro para executar sua mortal cavadita e sacramentar uma boa vitória por 2 x 0 em cima do Atlético-MG.
Terminado o jogo, o que mais ouvia após nossa comemoração eram os latidos da cachorrada aqui em casa! É canja de galinha! Mais uma vitória contra o Galo, duas vitórias consecutivas para embalar a Arrancada Final da equipe disparadamente com o menor número de derrotas na competição. Mais um jogo sem tomar gols e com o ataque voltando a marcar! Apesar de todos os desfalques, alcançamos a décima segunda vitória e atingimos 51 pontos. E a boa ideia é a torcida lotar o Engenhão, apoiando o elenco do início ao fim, fazendo a nossa parte para o Botafogo vencer e prosseguir na busca pelo bi-campeonato. Enquanto isso, outra boa ideia é secar Fluminense, Cruzeiro e Corinthians, para que em breve sejam ultrapassados pela Estrela Solitária, brilhando isoladamente no céu da tabela.
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985