sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Eu acredito em duendes*

Acho que desde a primeira vez em que estive no Engenhão, não pisava no Setor Oeste Superior. Pensando de maneira supersticiosa, poderia ser um incentivo para exterminar a sequência de empates e acompanhar o Glorioso voltar a vencer na competição. Coincidentemente, acabei encontrando a galera da Educação Física da UFRJ que torce pelo Botafogo e que vinha sendo pé-quente. Apesar da vitória não ter vindo, do oitavo empate consecutivo, do segundo empate sem gols, de nove jogos sem vencer, de não quebrar o tabu de vencer clássicos no estádio desde 2007, de cair para a oitava colocação na tabela... Mantivemos a invencibilidade no Engenhão, somos o time que menos perdeu nessas 30 rodadas e ficamos mais esperançosos com o retorno das 4 vagas do Campeonato Brasileiro para a Libertadores de 2011. Para os mais empolgados, como eu, a rodada foi excelente e diminuímos em 1 ponto a distância para o líder Cruzeiro, agora com o equivalente a três vitórias a nossa frente. Volto a frisar: nossa arrancada no primeiro turno começou no Barradão, na décima segunda rodada, contra o Vitória. Temos a chance de repetir esse filme, com uma boa sequência de jogos, mesmo com os diversos desfalques. E para o sonho de debutar-se campeão brasileiro novamente o apoio da torcida é primordial.

            Durante o jogo de Domingo passado, um comentário deveras pertinente do amigo Renato Sarti: “Prefiro vir ao jogo a pagar o pay per view; aqui a gente paga o ingresso e ouve diversas pessoas falando besteira enquanto no PPV apenas um fala!” Essa merece ir para o twitter. Mas a famosa Sofá-Fogo tem sua chance nas próximas rodadas de demonstrar o seu apoio à equipe, enchendo o estádio. Vale aproveitar o momento para cutucar as autoridades esportivas, administrações de clubes, mídia televisiva – principalmente – e governantes do país, que são os verdadeiros responsáveis pelos péssimos horários dos jogos, pelos altos preços dos ingressos e pela diminuição do acesso aos estádios (com a diminuição da capacidade, dificuldades de transporte etc.). Os momentos anteriores ao clássico marcaram a primeira manifestação da recém-fundada Associação Nacional dos Torcedores(1), iniciativa importante que deve ser abraçada de Norte a Sul do país para defendermos a socialização do futebol e demais esportes.

            Infelizmente, meu celular apagou a mensagem salva no rascunho com os comentários acerca do Clássico Vovô. Entretanto, levantarei alguns pontos relacionados ao Botafogo. Apesar de Renan ter dado conta do recado nas duas rodadas anteriores, foi legal ter o retorno da segurança de Jefferson, o paredão da Seleção Brasileira! A volta do Leandro Guerreiro após cumprir suspensão também foi algo positivo. Por incrível que pareça, Fahel parecia fazer falta nos trinta minutos iniciais. O setor defensivo sofreu com os ataques tricolores: enquanto Somália cumpria a função de anular totalmente o baixinho e habilidoso argentino, Marcelo Mattos ainda estava fora de ritmo de jogo, Marcio Rosário se encontrava atabalhoado e Lucio Flávio não corria para auxiliar. Joel Santana conseguiu acertar o conjunto do time e depois disso as principais jogadas de ataque e de perda de gols eram alvinegras. O ataque formado por Jobson e El Loco precisa caprichar mais nas conclusões. E, para variar: perdemos Antonio Carlos, mais um importante jogador contundido; e sofremos com as perseguições e inversões de falta por parte do árbitro Djalma Beltrami. Foram pelo menos dois cartões amarelos para o Botafogo que, em lances idênticos pelo lado do Fluminense, o árbitro relevou. Além de outros diversos pequenos lances ao longo da partida, fazendo com que o trio saísse pelo lado em que se encontrava a torcida tricolor. Eu até pensei que o nome do árbitro fosse João, já que a torcida do Fluminense pedia: “A benção, João de Deus...”. Assim como no primeiro turno, os tricolores só foram superiores aos alvinegros na quantidade de cores, porque no geral o Botafogo foi melhor, mas não conseguiu obter a vitória.

            Enfim, há oito jogos pela frente. São vinte e quatro pontos em disputa. A coluna do Márcio Guedes de hoje sobre o Botafogo(2) diz que “imaginar que repetirá a campanha do turno contra os mesmos adversários, é quase acreditar em duendes”. Pois estarei amanhã no Engenhão e para mudar voltarei ao setor das torcidas – Leste Inferior – para incentivar o elenco alvinegro no ainda possível sonho do título e da vaga na Libertadores. Nosso apoio é fundamental, não apenas acreditando em duendes, mas forjando seu aparecimento com os cantos, irreverência, palmas, apoio e pulos que colocará de volta a Estrela Solitária no caminho da vitória!


(1) Conheça a Associação Nacional dos Torcedores: http://www.torcedores.org/

(2) “Cálculo Difícil”; Coluna Contra-Ataque; Jornal O DIA; 22/10/2010.


*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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