sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Se meu pai fosse mulher, eu teria duas mães*


Depois de mais uma aprontada pela Prefeitura de Rio das Ostras, que trocou por sábados letivos os pontos facultativos de segundas-feiras, tive que assistir ao jogo do Fogão num quiosque na Praia do Centro. Pela terceira vez nesse Brasileirão, fiquei na torcida a cerca de 180 km de distância do Engenhão. Era a 25ª rodada e o jogo de ida contra o Atlético-PR não trazia boas recordações, pois o Glorioso permitira a virada após abrir dois gols de vantagem no primeiro tempo. O conjunto de desfalques era outra preocupação para esse jogo e a torcida também desfalcou, comparecendo com pouco peso. Na própria entrada para o campo, atitude bacana do elenco, ao carregar a faixa “Força, Maicosuel, estamos contigo!”.

            Apesar de muitas mudanças na equipe, o entrosamento inicialmente aparentou estar em dia. Com 22 minutos, uma excelente e habilidosa tabelinha entre Jobson e Túlio Souza desencadeou dribles do ousado atacante alvinegro dentro da área, que apenas escorou para o canhotinho Edno não vacilar e marcar 1 x 0. Infelizmente, a ligação entre os setores permanece complicada: em diversos momentos, o Botafogo tem a bola no campo de ataque e atrasa para a defesa dar chutões e contar com a sorte de sair alguma boa jogada. No primeiro tempo, mais uma vez tivemos de enfrentar os equívocos dos auxiliares ou bandeirinhas. Numa cabeçada para trás do jogador atleticano, a bola sobrara livre para Jobson, que rumava para ficar frente a frente com o goleiro Neto. Equivocadamente, foi marcado o impedimento, em jogada que talvez definisse algum vitorioso no duelo entre os goleiros convocados por Mano Menezes, ambos em ação no Engenhão. Os passes errados no meio são outro problema seríssimo. E num deles, o Atlético-PR armou o contra-ataque e obrigou nosso paredão Jefferson a mostrar serviço e o porquê de estar na Seleção Brasileira! A mania de se jogar em lances polêmicos e abrir mão da tentativa de gol ainda é hegemônica entre os atacantes. E a fantasia pouco antes de terminar a etapa inicial custou um cartão amarelo a Jobson e sua suspensão para o jogo seguinte.

            O jogo demonstrava que temos bons jogadores e, com mais atenção e cautela, é possível vencer os jogos, mesmo desfalcado. Lucio Flávio subiu de produção e ainda é uma excelente opção para jogar uns 60 minutos. O meia até deu carrinho para disputar a bola! Edno se movimentou muito bem e armou boas jogadas e dribles pretensiosos. A entrada de Paulo Baier é sempre preocupante; ele adora aprontar contra o Fogão. Enquanto o Atlético-PR tinha facilidade em cima da lentidão do cansado Túlio Souza e do limitadíssimo Fahel, contávamos com a segurança do Jefferson e a falta de pontaria do adversário. Caio e Renato Cajá fornecem maior movimentação, mas precisam de maior eficiência com a bola nos pés. Apesar dos diversos problemas, os 3 pontos se aproximavam cada vez mais, até que... Elizeu, que acabara de entrar, errou um passe primário – desses que são ensinados em escolinhas para crianças de 6 anos de idade – e possibilitou um contra-ataque do rubro-negro paranaense: Guerrón passou facilmente por Fabio Ferreira e chutou quase sem ângulo para empatar a partida nos minutos finais. Só deu tempo para o detalhe, o azar, o quase... surgir como protagonista. Numa sobra de bola na entrada da área, chute (quase) perfeito do garoto Caio... Quase comemoramos, mas a bola caprichosamente espancou o travessão, ratificando o décimo empate no campeonato. Ah, se essa bola tivesse entrado, se o Elizeu não tivesse errado o passe, se o impedimento não fosse marcado...

            Como não podemos nos submeter à lógica do Quase ou Se meu pai fosse mulher, eu teria duas mães, não adianta lamentarmos os problemas, os desfalques, as suspensões, os erros de arbitragem (impressionante, voltaram a acontecer todo jogo) e a desatenção e o cochilo da equipe nos momentos finais. É preciso acertar onde os equívocos têm acontecido e ficar acordado de verdade até o apito final. Todavia, contrariando os torcedores pessimistas, o sonho do título ainda é muito possível e temos de apoiar para torná-lo real. Nas seis primeiras rodadas do primeiro turno, o Botafogo conquistara 8 pontos; nesse segundo turno, são 9. Nossa arrancada começou contra o Vitória, na 12ª rodada, após uma sequência de 3 empates...

*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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