Já era previsto. Não falo do resultado do jogo – ainda. Mas da quantidade de torcedores presentes. Depois de uma exagerada derrota para o Goiás e diante da ameaça de chuva, pouco mais de 16.000 torcedores estiveram presentes no Engenhão. Ainda temos muitos adeptos da Sofá-Fogo! Embalado pelo verso Experimente tomar banho de chuva... fui acompanhar a disputa momentânea pela terceira colocação no Campeonato Brasileiro no Estádio em que o Fogão defendia sua invencibilidade. A equipe cruzeirense tem ascendido bem no Brasileirão, é séria candidata ao título (a meu ver, mais que Corinthians e Fluminense e tanto quanto Botafogo e Internacional), tem ótimos jogadores e um técnico que dificilmente deixarei de gostar.
Foi notória a mudança de postura da equipe e o crescimento em qualidade e disposição com o retorno de Somália. No jogo de hoje, o técnico Joel Santana vacilou em alguns momentos. O principal dos vacilos é a manutenção do jogador Fahel na equipe. Se ele tem contrato com o clube, coloquem-no para jogar o torneio sub-23! Joel, tira o Fahel! Sem dúvida foi a mais correta ponderação dos torcedores presentes. Edno deveria ter iniciado como titular, mas Joel o colocou no lugar do Renato Cajá! Alguém entende por que não sacou o Fahel? Danny Moraes não comprometeu e o considero um bom reserva. A ligação entre os setores do Alvinegro ainda deixa bastante a desejar: algumas reposições equivocadas de Jefferson e muitos chutões dos zagueiros para que os atacantes se virem. Um jogador em especial tem crescido bastante durante a ascensão da Estrela Solitária: perseguido em outros momentos, Alessandro tem feito ótimas partidas e hoje foi premiado com um golaço, de muita categoria e tranqüilidade. Óbvio que ainda comente algumas falhas, mas o Cabeçudo tem muita raça. 1 x 0 para o Fogão com poucos minutos do primeiro tempo.
Além da qualidade do adversário, tivemos de lidar com as falhas excessivas da pista de pouso de mosquito, o árbitro paranaense Héber Roberto Lopes, que deixou de marcar inúmeras faltas a nosso favor. Após o intervalo, parecia que Caio tinha brincado de Meus pintinhos, venham cá, respondendo tenho medo da Raposa! Num pênalti infantil cometido pelo atacante, veio o empate mineiro. Minutos depois, nova perda de bola do xodó. Enquanto Papai Joel mantinha nosso Hermano no banco, o indigesto argentino cruzeirense passou fácil ao passo que a defesa alvinegra cochilava e mandou para os fundos da rede de Jefferson, que simplesmente pôde assistir ao golaço alheio. Quanto tudo parecia caminhar para a derrota, o time enfim despertou, Maicossuel mostrou que pode desequilibrar ao ousar e abusar nos dribles e sofreu o pênalti para nosso carismático atacante converter. El Loco, enfim de esquerda, marcou seu quarto gol em quatro jogos. A torcida também acordou e tentou impulsionar o Glorioso, que partiu para cima. Todavia, saímos derrotados na disputa pela medalha de bronze provisória. Mas valeu pelo esforço, pela manutenção da invencibilidade em casa e pelo jogo, que foi bem disputado!
Antes de finalizar, três questões. A primeira delas é a cisma dos jogadores de futebol de pararem em determinados lances aguardando a marcação do árbitro. Que amadorismo! É preciso correr atrás da bola, principalmente em lances de perigo. Se ouvir o apito depois, ótimo. Em segundo lugar, sei que a torcida alvinegra é impaciente em demasia. E que aqui no Brasil ocorrem vaias para times que estão entre as primeiras colocações. Irônico? Mas o garoto Caio não pode ter síndrome neymariana. Não devemos culpabilizá-lo pelo empate, tampouco o mesmo pode fazer gestos obscenos quando os torcedores o criticarem! Por fim, não saio triste com o empate de hoje: pior foi termos perdido por 1 x 0 para o Cruzeiro no Mineirão no primeiro turno, num jogo em que o Botafogo foi bem superior mas desperdiçou inúmeras oportunidades, inclusive um pênalti.
O líder Corinthians está seis pontos à frente, com um jogo a menos. Restam ainda 15 rodadas e temos condições plenas de alcançar e ultrapassar os atuais três primeiros colocados. Após o empate de hoje – sétimo no Engenhão – Joel precisa reorganizar a equipe, que tende a melhorar com o retorno progressivo dos que estavam no Departamento Médico. Com o fundamental e imprescindível apoio da torcida, podemos vencer o Bacalhau e o Atlético-PR e recuperar a confiança para disputar o título.
Obs: em tempo, bacana a iniciativa da diretoria ao lançar a Revista Preliminar.
*Gabriel Marques
Botafoguense desde 30/05/1985
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