terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um atípico Domingo*


Sou daqueles que consideram o Domingo o dia mais chato. Diversas vezes, insuportável. Contudo, no dia 12 de setembro, ele veio com céu azul, ensolarado, trazendo uma brisa suave que aliviava o calor. A subida à Cachoeira da Gruta, no Horto, parecia anunciar bons fluidos para a tarde que chegaria celeremente. Há muitas rodadas não acontecia jogo do Botafogo num Domingo. Com o ingresso já comprado, fazia a contagem regressiva para chegar cedo ao Engenhão, acompanhar o Show Alvinegro com a Isabela Taviani e participar do sorteio para concorrer no sorteio de camarote para o jogo contra o Cruzeiro. Essa talvez tenha sido minha única decepção, pois tenho quase certeza de ter sido um dos primeiros 2.000 alvinegros a entrar no Estádio, mas não recebi meu cupom e me contentarei em estar nas arquibancadas no próximo sábado para embalar a Estrela Solitária. Ainda pudemos acompanhar a reprise da famosa cavadinha, contra o assassino machista, de nosso irreverente, inteligente e ousado atacante uruguaio, que teve lançado o seu cartoon “La cavadita”.

            Pouco mais de 28.000 botafoguenses estiveram presentes, quantidade ainda aquém do que podemos colocar nos jogos. Apesar das boas ideias e incentivos por parte da gestão do Fogão, ainda dificultam os acessos ao Engenhão o trânsito conturbado e a má qualidade de nossos transportes públicos. Para exemplificar, até hoje não há uma rampa para cadeirantes atravessarem pela passarela sobre a linha do trem! Como não estamos em Copa do Mundo... “Que se dane a população carioca”, pensam E executam os governantes em nosso país, que, novamente, apresentam suas candidaturas durante nossa chegada para torcer, com camisas do time, propagandas falsas e pessoas exploradas para distribuir seus santinhos e garantirem uma pequena renda nos meses que precedem as eleições burguesas.

            Com o time entrando em campo, a torcida lançava balões que voavam, subiam. Estava simbolizada a campanha alvinegra: ascensão! O dia anterior apresentava bons resultados: as derrotas de Fluminense e Corinthians. Pressão? Mano Menezes novamente presente em terras suburbanas para observar o jogo. Intimidação? Simon na arbitragem. Complicação? Um adversário vindo embalado por três vitórias e sempre perigoso. Mas com um detalhe: vinha de São Paulo! Nosso oitavo confronto contra paulistas e não sucumbimos: são quatro vitórias e quatro empates nesse Brasileirão. E a sequência da rodada nos distanciou mais ainda de Internacional, com seu empate, e do Santos, com mais uma derrota. Só faltou o Cruzeiro, que também ascende junto ao Glorioso. Está chegando a hora do tira-teima com os mineiros.

            Não bastassem as ausências de Jobson e Somália, Herrera somou-se ao grupo escalado para o departamento médico. E há coisas que só acontecem ao Botafogo... Não havia boas recordações de dois jogadores se contundirem na mesma partida e o fantasma apareceu: Marcelo Cordeiro, aos 10 min do primeiro tempo; e Marcelo Mattos, que não tira o pé numa dividida, aos 40 min também da primeira etapa, quando o jogo estava morno, sem lances perigosos e com as redes intactas. Lembrei-me também de um Botafogo 0 x 2 São Paulo no Maracanã, se não me falha a memória em 2007, quando o Fogão embalou no primeiro turno mas começou a vacilar depois de vários problemas internos. Quem está com problemas internos esse ano? O freio já funciona bem nas Laranjeiras... Sobre as contusões, Marcelo Mattos é o que mais me preocupa, pois há algum tempo já defendo que Joel escale Edno na ala esquerda.

            O segundo tempo chegou. Com ele, o Sol se punha e a sombra tomava conta das arquibancadas. Foi o impulso para acordar, eletrizar e sacudir a torcida alvinegra. Há muito tempo não sentia um clima tão contagiante, com muitos torcedores de pé e cantando. Os jogadores sentiram o clima e partiram para cima do tricolor paulista. Não! Não queremos um bombeiro para apagar o fogo em nosso peito! Mas ele veio: um bombeiro diferente, carismático, ídolo, que lançou oxigênio ao fazer 1 x 0 e tirou mais ainda do chão a torcida do Fogão. Ponto positivo para o trio canhotinho alvinegro. Apesar de El Loco ter marcado com a direita, minutos depois foi a jogada de esquerda protagonizada por Renato Cajá e Edno que fez Rogério Ceni buscar a segunda bola nas redes. O incêndio era iminente, que deixou as cinzas para os olés em campo e as olas na arquibancada. Uh, aceita!

            Enfim, congratulações ao Joel Santana, que segurou o esquema do time diante de cinco importantes ausências atualmente. Nosso paredão Jefferson não teve trabalho diante da disciplina tática e de conjunto da defesa do Botafogo, mas a vaga dele tem de estar garantida depois de excelentes atuações. Concorda, Mano? Bacana a oportunidade de Lucio Flávio voltar a jogar; ainda prefiro que seja ele o titular em vez do Fahel. Pelo terceiro jogo consecutivo, o garoto Caio entra muito bem, dando velocidade e ousadia às jogadas de ataque, apesar de precisar fazer as pazes com o gol. Vale destacar também a presença no banco de um Bruno (esqueci o sobrenome), que pela foto parece um garoto da base do clube! Maicossuel ainda não se encontra no ritmo ideal e precisa de jogadores de velocidade e criatividade ao seu lado para alavancar seu bom futebol. Aguardemos o retorno de Jobson!

            A ascensão alvinegra vem num ótimo momento. A manutenção da terceira posição, na cola dos líderes, na segunda rodada do segundo turno, está excelente. Não podemos vacilar com o espírito Robin Hood amanhã, pois é necessário acumular pontos e ganhar confiança para o sprint final na corrida rumo ao título. Sábado a torcida está convocada para o jogo em que acontece uma pesada concorrência.

Sem mais, fui feliz depois do jogo para Rio das Ostras, depois de um dia que nem parecia Domingo, com direito a Sol, cachoeira, apetitoso almoço familiar e Engenhão, em ótima companhia.


Obs.1: Essa postagem ficou longa devido à empolgação e aos inúmeros comentários importantes e atrasou devido a um acidente de bicicleta somado ao dente quebrado ontem em Rio das Ostras.


*Gabriel Rodrigues Daumas Marques
Botafoguense desde 30/05/1985

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